quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Isabel conheceu e amou a Cristo nos pobres


Isabel começou muito cedo a distinguir-se na virtude. Em toda a sua vida foi consoladora dos pobres; a dada altura dedicou-se inteiramente aos famintos e, junto de um castelo seu, mandou construir um hospital onde recolhia muitos enfermos e estropiados. Distribuía largamente os dons da sua beneficência, não só a quantos ali acorriam a pedir esmola, mas em todos os territórios da jurisdição de seu marido, chegando ao ponto de gastar nessas obras de assistência todas as rendas provenientes dos quatro principados e vendendo por fim, para utilidade dos pobres, todos os objetos de valor e vestes preciosas.

Costumava visitar duas vezes por dia, de manhã e à tarde, todos os seus doentes, ocupando-se pessoalmente dos que apresentavam aspecto mais repugnante. Dava de comer a uns, deitava outros na cama, transportava outros aos ombros e dedicava-se a todo o gênero de serviço humanitário. Em todas estas coisas nunca ela encontrou má vontade em seu marido de grata memória. Finalmente, depois da morte deste, no desejo da suma perfeição, pediu-me com lágrimas que a autorizasse a pedir esmola de porta em porta.

Precisamente no dia de Sexta-Feira Santa, estando desnudados os altares, numa capela da sua cidade, onde acolhera os Frades Menores, na presença de testemunhas e postas as mãos sobre o altar, renunciou à sua própria vontade, a todas as pompas do mundo e ao que o Salvador no Evangelho aconselha a deixar. Feito isto e vendo que poderia ser absorvida pelo tumulto do século e pela glória mundana naquela terra, em que no tempo do marido vivera com tanta grandeza, veio para Marburgo contra minha vontade. Nesta cidade construiu um hospital para receber doentes e aleijados dos quais sentou à sua mesa os mais miseráveis e desprezados.

Além destas atividades caritativas, diante de Deus o afirmo, raras vezes encontrei mulher mais dada à contemplação. Algumas religiosas e religiosos viram muitas vezes que, quando voltava do recolhimento da oração, o seu rosto resplandecia maravilhosamente e os seus olhos brilhavam como raios de sol.

Antes de morrer ouvi-a de confissão. Perguntando-lhe o que se devia fazer dos seus haveres e mobiliário, respondeu-me que tudo quanto parecia possuir era já dos pobres desde há muito tempo e pediu-me que distribuísse tudo por eles, exceto a pobre túnica com que estava vestida e com a qual desejava ser sepultada. Depois recebeu o Corpo do Senhor e, seguidamente, até à hora de Vésperas, falou muitas vezes do que mais a tinha impressionado na pregação. Por fim, encomendou devotamente a Deus os que lhe assistiam e expirou como quem adormece suavemente.



Da Carta de Conrado de Marburgo,
diretor espiritual de Santa Isabel da Hungria
(Ao Sumo Pontífice, no ano 1232; A. Wyss, Hessisches urkundenbuch I, Leipzig 1879, 31-35)

Ao meu Santo Anjo da Guarda!


Meu bom Anjo da Guarda, não sei quando e de que modo irei morrer. É possível que eu seja levado de repente ou que antes do meu último suspiro, eu me veja privado das minha capacidades mentais. E há tantas coisas que eu quereria dizer a Deus no limiar da eternidade… Por isso hoje, com a plena liberdade de minha vontade, venho pedir, Anjo da minha guarda, que faleis por mim nesse temível momento. Direis, então, ao Senhor:

- Que quero morrer na Santa Igreja Católica Apostólica Romana, no seio da qual morreram todos os santos, depois de Jesus Cristo, e fora da qual não há salvação;

- Que peço a graça de participar nos méritos infinitos do meu Redentor e que desejo morrer pousando os meus lábios na Cruz que foi banhada com Seu sangue;

- Que aborreço e detesto os meus pecados que ofenderam a Jesus e que, por amor a Ele, perdoo os meus inimigos, como eu próprio desejo ser perdoado; 

Santa Isabel de Hungría


Isabel da Hungria era princesa, foi rainha e se fez santa. Nasceu no ano de 1207, e desde o nascimento já foi prometida em casamento para o princípe Luís, da Turíngia. Cresceu e foi educada junto com o marido. 

O jovem príncipe Luís amava verdadeiramente Isabel, que se tornava cada dia mais bonita, amável e modesta. Luís admirava a noiva, amável nas palavras e atitudes, que vivia em orações e era generosa em caridade com pobres e doentes. 

A mãe de Luís, não gostava da devoção da sua futura nora, assim tentou convencer o filho de desistir do casamento. Mas Luís foi categórico dizendo preferir abdicar do trono a desistir de Isabel. Isabel se tornou rainha aos catorze anos de idade. Ela foi a única soberana que se recusou a usar a coroa, símbolo da realeza, durante a cerimônia realizada na Igreja. Alegou que diante do nosso Rei coroado de espinhos, não poderia usar uma coroa tão preciosa. 

Foi um casamento feliz. Luís nunca colocou obstáculos à vida de oração, penitência e caridade da rainha. Depois de seis anos a rainha Isabel ficou viúva, com três filhos pequenos. O cunhado de Isabel, para assumir o poder, a expulsou do palácio junto com os três reais herdeiros ainda crianças. 

Isabel ingressou então na Ordem Terceira de São Francisco e se dedicou à vida de religião e à assistência aos leprosos no hospital ela própria havia construído. Mas graças a ajuda dos amigos de seu esposo Isabel voltou ao trono. 

Isabel da Hungria faleceu no dia 17 de novembro de 1231, com apenas vinte e quatro anos de idade, sendo canonizada quatro anos depois. 



Deus, nosso Pai, Santa Isabel foi um conforto para os pobres e defensora dos desesperados. A ninguém negava sua caridade e o apoio nas horas difíceis. Colocou a serviço dos necessitados todas as suas riquezas. Transformai também o nosso interior, para que sejamos luz para o mundo de hoje, como Santa Isabel o foi para o seu tempo. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

CNBB manifesta apreensão com tramitação de projetos sobre legalização dos jogos de azar no Brasil


NOTA DA CNBB SOBRE A LEGALIZAÇÃO 
DOS JOGOS DE AZAR NO BRASIL

Uma árvore má não pode dar frutos bons (cf. Mt 7,18)


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através de sua Presidência, acompanha com apreensão a avançada tramitação na Câmara de Deputados e no Senado Federal do PL 442/91 e do PLS 186/14, que têm como objetivo regulamentar a exploração de jogos de azar no país. Reafirmamos o nosso histórico posicionamento acerca desta questão, rejeitando essas novas tentativas de legalização dos jogos de azar. 

Os argumentos de que a legalização do jogo de azar aumentará a arrecadação de impostos, favorecerá a criação de postos de trabalho e contribuirá para tirar o Brasil da atual crise econômica, seguem a nefasta tese de que “os fins justificam os meios”. Esses falsos argumentos não consideram a possibilidade de associação dos jogos de azar com a lavagem de dinheiro e o crime organizado. Os cassinos podem facilmente transformar-se em instrumentos para que recursos provenientes de atividades criminosas assumam o aspecto de lucros e receitas legítimas. Preocupa-nos a falta de uma discussão aprofundada da questão e a indiferença de muitos frente às graves consequências da legalização dos jogos de azar no Brasil. 

Papa: suportar com paciência as fraquezas do próximo


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Dedicamos a catequese de hoje a uma obra de misericórdia que todos conhecemos muito bem, mas que talvez não colocamos em prática como deveríamos: suportar pacientemente as fraquezas do próximo. Somos todos muito bravos em identificar uma presença que pode incomodar: acontece quando encontramos alguém pelo caminho, ou quando recebemos um telefonema… Logo pensamos: “Por quanto tempo terei que ouvir as lamentações, as fofocas, os pedidos ou as vaidades dessa pessoa?”. Acontece também, às vezes, que as pessoas que incomodam são aquelas mais próximas a nós: entre os parentes sempre há alguém; no local de trabalho não falta; nem mesmo no tempo livre estamos livres. O que devemos fazer com essas pessoas? Mas também nós tantas vezes somos assim com os outros. Por que entre as obras de misericórdia está inserida esta? Suportar pacientemente as fraquezas das pessoas?

Na Bíblia vemos que o próprio Deus deve usar misericórdia para suportar as lamentações do seu povo. Como exemplo no livro do Êxodo o povo resulta realmente insuportável: primeiro chora porque é escravo no Egito, e Deus o liberta; depois, no deserto, se lamenta porque não tem o que comer (cfr 16, 3) e Deus manda codornizes e maná (cfr 16, 13-16), mas apesar disso as lamentações não param. Moisés se fazia de mediador entre Deus e o povo e também ele algumas vezes foi um pouco visto como um incômodo para o Senhor. Mas Deus teve paciência e assim ensinou a Moisés e ao povo também esta dimensão essencial da fé. 

Cristo Rei, dia dos leigos e leigas


Na festa de Cristo Rei, último domingo do ano Litúrgico, comemoramos o dia dos cristãos leigos e leigas. Saudamos a todos os cristãos leigos e leigas que procuram ser sal na terra, luz no mundo e fermento na massa. Nesse ano, quando foi apresentado um documento sobre os cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade, temos certeza que o mundo será melhor e mais brilhante quando os cristãos viverem os sentimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. A sociedade será fermentada pela esperança, amor e justiça. A Igreja tomada por uma espiritualidade libertadora e encarnada, é a sementeira do Amor de Deus, sinais do seu Reino. É a festa de Cristo Rei, onde os cristãos procuram testemunhar o seu jeito bonito de seguir Jesus Cristo Rei e Senhor.

O Papa Francisco, na missa matutina do dia 10.11.2016, na casa Santa Marta, disse: “O Reino de Deus não é uma religião do espetáculo, que sempre procura coisas novas, revelações, mensagens… Deus falou em Jesus Cristo: esta é a última Palavra de Deus. As outras são como fogos de artifício que te iluminam por um instante e depois, o que fica? Nada. Não há crescimento, não há luz, não há nada: um instante. Muitas vezes, somos tentados por esta religião do espetáculo, tentados em procurar coisas estranhas à revelação, à mansidão e o Reino de Deus que está no meio de nós, cresce. E isto não é espetáculo: é a vontade de possuir algo em mãos. A nossa salvação se dá na esperança, a esperança que tem o homem que semeia o grão ou a mulher que prepara o pão, misturando fermento e farinha: a esperança que ela cresça. Ao contrário, esta luminosidade artificial se concentra em um momento e depois acaba, como os fogos de artifício. Não são suficientes para iluminar uma casa; é um espetáculo” … Precisamos cuidar com paciência. A paciência no nosso trabalho, nos nossos sofrimentos… Cuidar como cuida o homem que plantou a semente, protege a planta e se preocupa para que não tenha uma erva daninha perto dela, para que a planta cresça. Cuidar da esperança. E aqui está a pergunta que eu faço a vocês hoje: se o Reino de Deus está no meio de nós, se todos nós temos esta semente dentro, temos o Espírito Santo ali, como eu cuido dele? Como discirno, como posso discernir a planta boa do grão da intriga? O Reino de Deus cresce e nós o que devemos fazer? Cuidar. Crescer na esperança, cuidar da esperança. Porque na esperança fomos salvos. E este é o elo: a esperança é o elo da história da salvação. A esperança de encontrar o Senhor definitivamente … O Reino de Deus está no meio de nós, mas nós devemos com o repouso, com o trabalho, com o discernimento proteger a esperança deste Reino de Deus que cresce, até o momento em que virá o Senhor e tudo será transformado… E como diz Paulo aos cristãos de Tessalônica, naquele momento permanecemos todos com Ele”. 

Família: primeira porta de Misericórdia


O tema da misericórdia tem sido recorrente desde o começo do pontificado do Papa Francisco, atingindo o seu cume com a proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Segundo o Papa, reconhecer a própria miséria e acolher a misericórdia de Deus que se aproxima de nós em meio às nossas infidelidades é condição necessária para que possamos também nós ter um olhar misericordioso em favor dos outros.

Aí é que entra a família, como “primeira escola de misericórdia”. “A família é a primeira escola das crianças (onde a compreendem quando possibilitamos que elas experimentem desta misericórdia), é o ponto de referência imprescindível para os jovens, é o melhor lar para os idosos. Acrescento que a família é também a primeira escola de misericórdia, porque ali se é amado e se aprende a amar, se é perdoado e aprende-se a perdoar.”

É no amor dos pais que podemos encontrar a referência mais clara do amor que Deus tem por nós: um amor que salva sem condenar, exorta sem julgar, liberta sem usar, acolhe sem pôr barreiras, bastando que exista uma fresta aberta para receber esse amor. Não é à toa que Deus mesmo se identifica como pai e como mãe em várias passagens da Bíblia. 

Misericordiosos como o Pai


Estimados Diocesanos! Estamos concluindo o Ano Santo do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. É com espírito de gratidão que iremos fazê-lo, porque tivemos, durante este ano jubilar, a oportunidade de redescobrirmos a importância da misericórdia do Pai em nossa vida de fé.  Foi para resgatar a humanidade ferida e oprimida sob o jugo do pecado, que Deus enviou ao mundo seu Filho Jesus.  Este gesto revela o amor e a ternura de Deus pelos homens e mulheres, e Jesus de Nazaré, com a Palavra e os seus gestos, revela o rosto da misericórdia do Pai.

Na Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco nos lembrava que “precisamos sempre contemplar o mistério da misericórdia, fonte de alegria, serenidade e paz. É condição de nossa salvação... Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro, é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. É o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado” (MV).