O tema da misericórdia
tem sido recorrente desde o começo do pontificado do Papa Francisco, atingindo
o seu cume com a proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Segundo
o Papa, reconhecer a própria miséria e acolher a misericórdia de Deus que se
aproxima de nós em meio às nossas infidelidades é condição necessária para que
possamos também nós ter um olhar misericordioso em favor dos outros.
Aí
é que entra a família, como “primeira escola de misericórdia”. “A família é a
primeira escola das crianças (onde a compreendem quando possibilitamos que elas
experimentem desta misericórdia), é o ponto de referência imprescindível para
os jovens, é o melhor lar para os idosos. Acrescento que a família é também a
primeira escola de misericórdia, porque ali se é amado e se aprende a amar, se
é perdoado e aprende-se a perdoar.”
É
no amor dos pais que podemos encontrar a referência mais clara do amor que Deus
tem por nós: um amor que salva sem condenar, exorta sem julgar, liberta sem
usar, acolhe sem pôr barreiras, bastando que exista uma fresta aberta para
receber esse amor. Não é à toa que Deus mesmo se identifica como pai e como mãe
em várias passagens da Bíblia.
Embora
já de antemão orientado para essa doação total, mesmo o amor dentro da família
deve ter sempre em seu horizonte o amor de Deus, evitando todo o risco de cair
no egoísmo, na autossuficiência, no comodismo, no apego desordenado e na busca
dos próprios interesses. É preciso cultivar um coração que se sensibiliza com
as fragilidades do outro, que não põe limites em se doar para fazer o bem e que
sabe perdoar sem senso de superioridade.
Se
nós não nos decidirmos, não a partir de nossa própria capacidade, mas tendo por
fonte o amor que recebemos, a amar sem medida e a ver o perdão e a misericórdia
como valores fundamentais a serem transmitidos em nossas famílias, como esperar
qualquer mudança em nossa sociedade, em relação ao respeito à dignidade da vida
humana, em todas as suas formas? O descaso com os mais pobres, o aborto, a
violência doméstica, a discriminação, a sexualidade vivida de forma trivial e
egoísta; os grandes problemas da atualidade têm uma mesma raiz e, portanto, uma
mesma solução: trata-se, como aponta o logotipo do Ano Santo, de mudar o olhar,
de cultivar um olhar de misericórdia – e esse cultivo começa na família.”
___________________________________
Revista Shalom
Maná / Movimentos de Casais Jovens
Nenhum comentário:
Postar um comentário