A
Igreja de Cristo está vivendo o santo Tempo do Advento, quatro semanas que nos
preparam para o Natal do Senhor e nos recordam que Ele virá um Dia.
No século XII, pregando aos seus monges neste tempo de Advento, São Bernardo de Claraval, falava em três vindas de Cristo: aquela na humildade de nossa humana condição, em Belém; aquela gloriosa, como Juiz, que aguardamos para o final dos tempos e mais uma: aquela vinda pequena e escondida, de cada dia. Isso mesmo: Ele vem vindo, vem vindo sempre: nas situações, nas pessoas, na Sua Palavra santa e, sobretudo, na Eucaristia.
Sabemos reconhecê-Lo?
Sabemos
acolhê-Lo?
Sabemos
abrir-Lhe nosso coração e nossa vida?
Neste
tempo, a Igreja lê preferencialmente o livro do Profeta Isaías. Um pequeno
texto desse profeta afirma:
“Eis, uma voz que diz: ‘Clama’, ao que pergunto: ‘Que hei de clamar?’ – Toda carne é erva e toda a sua graça como a flor do campo. Seca-se a erva e murcha-se a flor... Mas a Palavra do nosso Deus subsiste para sempre” (Is 40,6-8).
Aqui duas coisas chamam atenção. Primeiro: a afirmação de que toda carne é erva. Na Bíblia, carne é o todo ser vivo (e o homem, especialmente) enquanto é frágil, passageiro, limitado, mortal e tendente à imperfeição.
Pois bem: o homem atual, iludido, quer fazer-se Deus, julga-se tão sábio e maduro a ponto de prescindir do Criador, acha que pode construir sozinho a sua vida, decidindo por si próprio o que é bem e o que é mal, o que é certo e o que é errado, o que lhe convém e o que não convém.
É preciso gritar-lhe, recordar-lhe: “Toda carne é erva, é pó! Tu és apenas erva, tu passarás. Tu não és Deus! Deus está no Céu e tu, ó pó pensante e saudoso, estás na terra!” Isto não é para nos humilhar, mas para fazer enxergar sem magalomanias a nossa realidade. O homem somente não passará se abrir-se para o Eterno, para Deus, que o plenifica e faz com que o seu sonho de vida, felicidade e plenitude não seja um quimera, mas uma doce e certa realidade!