Caros diocesanos. O Natal se aproxima e é tempo de
preparar os corações para acolher o maior presente que a humanidade já recebeu:
Deus se faz um de nós, vem morar conosco, em Jesus Cristo. O versículo de Jo 1,
14: “O Verbo se fez carne e veio morar entre nós” sempre me fascinou. Nele
sinto-me envolvido profundamente pela Palavra de Deus e o mistério da
encarnação, no qual Deus se fez pequeno, menor, para estar muito próximo de
nós, como Emanuel: Deus conosco. Fez-se criança, ao nascer de Maria, na gruta
de Belém. Como diz o papa Bento XVI: “A Palavra eterna fez-Se pequena; tão
pequena que cabe numa manjedoura. Fez-Se criança, para que a Palavra possa ser
compreendida por nós. Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui
somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver:
Jesus de Nazaré” (VD 12). Quando o Verbo (a Palavra) se fez carne algo
extraordinário aconteceu para nossa dignidade humana, dando-nos plenitude de
vida nova, como exulta um Prefácio natalino: “No momento em que vosso Filho assume
nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao
tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos” (Prefácio do Natal do
Senhor, III).
Este Deus continua a encarnar-se na história de
todos os tempos, tornando-se pequeno, menor, para ser acessível à realidade
humana, a fim de salvá-la e uni-la ao divino, na perene troca de dons entre o
céu e a terra. Como afirma um dos Prefácios do Advento: “Agora e em todos os
tempos, ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o
acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz
realização de seu Reino” (Prefácio do Advento 1A). Esta iniciativa de Deus
deseja encarnar-se, inculturar-se, inserir-se no chão da vida: nas pessoas, nas
famílias, nas comunidades, no trabalho, na vida da cidade e do campo. É na
realidade humana que Deus quer fazer sua tenda, sua casa, por mais simples e
humilde que seja. Olhemos o exemplo da simplicidade e do amor de José e de
Maria Santíssima que, na palavra do Papa Francisco, “sabe transformar um curral
de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura”
(EG 286).
São Francisco de Assis, criador do primeiro
presépio, em Greggio – Itália, assim se expressa sobre o nascimento de Jesus
Cristo: “Um Menino santíssimo e dileto nos foi dado e nasceu por nós (cf. Is 9,
6) no caminho e foi colocado no presépio (cf. Lc 2, 7) porque ele não tinha um
lugar na hospedaria (cf. Lc 2, 7)” (Ofício da Paixão do Senhor, 5ª parte – No
Tempo do Natal do Senhor, 7). Sim, Jesus nasceu no caminho ou a caminho ou
durante o caminho, na realidade dos pequenos e desprezados de sua época, numa
gruta de animais, nos arredores de Belém, pois não havia lugar nas casas (Lc 2,
7), recebendo a visita de humildes pastores e de magos que vieram do oriente,
guiados pela estrela da fé. Sumos sacerdotes e escribas sabiam tudo sobre Jesus
(Mt 2, 4-6), mas não se encontraram com Ele. Não basta conhecer Jesus, mas é
preciso encontrar-se com Ele. E eu, vou encontrar-me com Jesus, neste Natal?
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul, RS
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