Caros amigos,
Ouvi algumas canções natalinas enquanto escrevia esta mensagem, ao lado de uma bela árvore repleta de piscantes luzes coloridas. Estrondos me fizeram dar um salto da cadeira. As luzes se transformaram em explosões. Gritos apavorados. Choros estridentes.
Apaguei os primeiros parágrafos. E meus olhos deixaram de perseguir
São Bonifácio e São Nicolau e fitaram uma cidade castigada pela guerra: Aleppo.
Milhares de mortos em cinco anos. Milhares de refugiados. Crianças órfãs e
assustadas. A imagem de um garoto resgatado dos escombros atravessou o mundo e
tocou milhões de corações. O que o pequeno Omran, de cinco anos, e seus conterrâneos
refugiados têm a ver com o Natal?
Nesta semana, nossos olhos se voltam para a manjedoura. Há mais de
dois mil anos, contemplando o recém-nascido, José e Maria não imaginavam que o
nascimento improvisado em um estábulo – talvez uma gruta –, no meio de uma
viagem tumultuada, era o começo de uma jornada mais árdua e longa. Pouco
depois, precisariam fugir da perseguição atroz de um rei tão sanguinário que
nem piscaria os olhos para ordenar o massacre de bebês. E se refugiariam em um
país seguro naquela época: o Egito. Não há registros da passagem da Sagrada
Família por lá. Mas, certamente, esses humildes refugiados foram bem acolhidos.
Não importa a época, os episódios da vida de Cristo carregam uma
mensagem sempre atual. Como comentei em textos natalinos anteriores, não basta
olharmos para o presépio e festejarmos o Natal com nossas famílias. É preciso
buscar Cristo além. Neste momento, consigo vê-lo em Aleppo e em inúmeros campos
de refugiados, fugindo da perseguição atroz e vergonhosa de líderes inescrupulosos.
A mensagem é bastante clara. Sim, ela é tão óbvia que me poupa algumas linhas.