O anúncio do
nascimento de Jesus, que os pastores recebem, revela a grandeza e, ao mesmo
tempo, a simplicidade do maior acontecimento da história, que devem encontrar a
partir de um “sinal” (cf. Lc 2,11): “Encontrareis um recém-nascido envolto em
faixas e deitado numa manjedoura.” (Lc 2,12). Todo o esplendor do Natal se
resume no fato que Deus se fez pequeno e próximo. Naquele tempo, como hoje,
passa quase despercebido aos olhos humanos e segundo a lógica das notícias
relevantes. “E não havia lugar para eles na sala” (Lc2,7). Perdidos entre
tantas ocupações e preocupações “veio para o que era seu e os seus não o receberam”
(Jo 1,11). Haverá lugar para uma manjedoura, com uma pequena imagem do Menino
Jesus, nos ambientes e vidas saturadas pelo Papai Noel?
Fez-se pequeno. “A Palavra eterna fez-se
pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-se criança, para que a
Palavra possa ser compreendida por nós” (Bento XVI). Este menino tão normal e
frágil é o Emanuel, o Deus-conosco. O anúncio aos pastores diz: “nasceu-vos
hoje o Salvador, que é o Messias, o Senhor.” (Lc 2,11). Ninguém o teria
imaginado assim. Fugiu a todas as expectativas da chegada do Messias. Foi
prometido por Deus, anunciado pelos profetas e esperado com ânsia por todos,
sobretudo por Maria, sua Mãe. Tão pequeno, tão frágil, totalmente sujeito aos
cuidados de Maria e José. Como haverá de apresentar-se ao mundo como Messias?
Desde seu nascimento aprendemos que a onipotência de Deus se manifesta na
sua misericórdia. Deus assume um rosto humano. Ele pode ser visto, ser tocado.
Comunica-se conosco com palavras humanas. Sem deixar de ser Deus, faz-se um de
nós e vive como nós. Prova a alegria e o sofrimento. Isto tudo porque Deus é
unicamente movido pelo amor, qual Bom Pastor que se inclina sobre a humanidade
ferida. Então, não cremos num Deus distante e indiferente, nem somente em
belas teorias, mas no “Verbo que se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).
Sua vida e seu jeito de ser é o evangelho para a humanidade, que fixa o olhar
nele para buscar sentido para viver. São Paulo dirá que “Ele esvaziou-se
a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens.”
(Fl 2, 6). O Natal nos ajude a nos esvaziarmos de nossas pretensões de grandeza
e poder. Esvazie o orgulho que incha, fere e afasta. Esvazie nossa ânsia de
“consumistas desenfreados” (Papa Francisco). Ao contemplar o nascimento de
Jesus, dizia Santa Terezinha: “Não posso temer um Deus que se fez tão pequeno
por mim. [...] Eu o amo!”
Trouxe alegria. O anúncio do Natal é uma
“notícia de grande alegria” (Lc 2,10). E o motivo é único: “A luz verdadeira,
aquela que ilumina todo o homem, estava chegando ao mundo” (Jo 1,9). A noite
fica iluminada. “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles
que habitavam na região tenebrosa resplandeceu uma luz” (Is 9,1). Jesus Cristo
será sempre a razão da alegria para todo o ser humano. Ele é o grande presente
do Natal. Não é uma alegria que se confunde com bem-estar ou com a fruição de
um banquete festivo. “Hoje, amados filhos de Deus, nasceu nosso Salvador.
Alegremo-nos! Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que,
dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade”
(São Leão Magno).
Contemplemos, neste Natal, o mistério do Deus
Menino, que se faz pequeno e nos traz alegria. Festejemos e alegremo-nos, pois
“o sol nascente nos veio visitar” (Lc 1, 78). Feliz e abençoado Natal a todos
diocesanos e vossas famílias.
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