domingo, 30 de abril de 2017

A origem traumática da homossexualidade masculina


Como um psicólogo que trata homens de orientação homossexual, assisto com desânimo o movimento LGBT convencer o mundo que a palavra ‘gay’ precisa de uma revisão da compreensão da pessoa humana.

A profissão da psicologia tem muita culpa nessa mudança. Uma vez, era geralmente consenso que a normalidade é “aquilo que funciona de acordo com seu propósito.” Não havia algo como “uma pessoa gay”, porque a humanidade era reconhecida como naturalmente e fundamentalmente heterossexual. Nos meus mais de 30 anos de prática clínica, eu pude ver como é verdade esse entendimento antropológico inicial.

Homossexualidade é, na minha opinião, primariamente um sintoma de trauma de gênero. Apesar de que algumas pessoas podem ter nascido com algum condicionamento biológico (influência de hormônios pré-natais, sensitividade emocional interna) que as tornaria especialmente vulneráveis a este trauma, o que distingue a condição homossexual humana é que houve uma interrupção no processo natural de identificação masculina.

O comportamento homossexual é uma tentativa sintomática de “reparar” a ferida original que deixou o menino alienado de sua masculinidade inata que ele falhou em reclamar. Isso o diferencia da heterossexualidade, que surge naturalmente no desenvolvimento imperturbado da identidade de gênero.

O conflito básico na maioria da homossexualidade é a seguinte: o menino – normalmente uma criança sensível, mais inclinada que a maioria à feridas emocionais – deseja o amor e aceitação do seu progenitor de mesmo sexo, mas sente frustração e raiva contra ele porque esse progenitor é tido por essa criança em especial como abusivo ou insensível. (Vale notar que essa criança pode ter irmão que experiencia o mesmo progenitor de maneira diferente).

A atividade homossexual pode ser uma encenação erótica desse relacionamento de amor e ódio. Como todas as “perversões” – e eu uso esse termo não para ser rude, mas no sentido de que o desenvolvimento homossexual “perverte”, ou “distancia a pessoa de”, seu biologicamente apropriado objeto de ligação erótica – o eroticismo ao mesmo sexo contém uma dimensão de hostilidade intrínseca.

Assim, a homossexualidade é inerentemente enraizada em conflito: conflito de aceitação do gênero natural de uma pessoa, conflito no relacionamento pai e filho, e geralmente, conflito em relação ao ostracismo por pares do mesmo sexo. Isso significa que observamos o surgimento de temas de submissão/dominação contaminando os relacionamentos homossexuais.

Para os homens de orientação homossexual, sexualidade é uma tentativa de incorporar, “acolher”, e “dominar” outro homem. Funciona como uma “possessão” simbólica da outra pessoa que é geralmente mais agressiva do que carinhosa. Um cliente descreveu sua sexualização de homens que provocam medo como “a vitória do orgasmo”. Outro, como “analgésico orgásmico”.

Existem algumas exceções para o modelo traumático do desenvolvimento homossexual. Temos encontrado em nossa clínica uma outra forma de homossexualidade que é caracterizada como apego mútuo, afetivo, normalmente observado mais comumente em nossos clientes adolescentes e adultos imaturos. Nesse tipo de atração homossexual não há características dependentes de hostilidade, mas de uma qualidade romântica adolescente – um entusiasmo que tem uma manifestação sexual. Tais ligações podem ocorrer por períodos de meses ou anos e então serem abandonadas, para nunca mais serem retomadas, por essa fase de atração passar.

Ainda assim, a regra geral permanece: Se uma criança é traumatizada de uma forma particular que afeta o gênero, ele se tornará homossexual, e se não se traumatiza essa criança dessa maneira particular, o processo natural de desenvolvimento heterossexual se manifesta. 

São José Benedito Cottolengo


Hoje, lembramos São José Benedito Cottolengo que nasceu em Bra, na Itália, onde desde de pequeno demonstrou-se inclinado à caridade. Com o passar do tempo e trabalho com sua vocação, tornou-se um sacerdote dos desprotegidos na diocese de Turim.

Quando teve que atender uma senhora grávida, que devido à falta de assistência social, morreu em seus braços; espantado, retirou-se em oração e nisso Deus fez desabrochar no seu coração a necessidade da criação de uma casa de abrigo que, mesmo em meio às dificuldades, foi seguida por outras. Esse grande homem de Deus acolhia pobres, doentes mentais, físicos, ou seja, todo tipo de pessoas carentes de amor, assistência material, físico e espiritual.

Confiando somente nos cuidados do Pai do Céu, estas casas desde a primeira até a verdadeira cidade da caridade que surgiu, chamou-se “Pequena Casa da Divina Providência”. Diante do Santíssimo Sacramento, José Cottolengo e outros cristãos, que se uniram a ele nesta experiência de Deus, buscavam ali forças para bem servir aos necessitados, pois já dizia ele: “Se soubesses quem são os pobres, os servirias de joelhos!”.

Entrou no Céu com 56 anos.

Ó Senhor, pelos méritos de São José Benedito, coloco em Vossas mãos as minhas dificuldades materiais, emocionais e espirituais. Com confiança filial na Vossa Divina Providência, espero as graças que me são necessárias para que eu supere tudo o que me oprime. Amém.


São José Benedito Cottolengo, rogai por nós!

sábado, 29 de abril de 2017

Papa ao clero: "A inveja é um câncer que arruína o corpo".


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO EGITO 
(28-29 DE ABRIL DE 2017)


ENCONTRO DE ORAÇÃO COM O CLERO,  RELIGIOSOS E SEMINARISTAS
DISCURSO DO SANTO PADRE

Cairo  Seminário Patriarcal em Maadi
Sábado, 29 de abril de 2017



Beatitudes,
Queridos irmãos e irmãs,


Al Salamò Alaikum (a paz esteja convosco)!

«Este é o dia que o Senhor fez, alegremo-nos n’Ele! Cristo venceu a morte para sempre, alegremo-nos n’Ele!»

Sinto-me feliz por me encontrar entre vós neste lugar, onde se formam os sacerdotes e que representa o coração da Igreja Católica no Egito. Sinto-me feliz por saudar em vós – sacerdotes, consagrados e consagradas do pequeno rebanho católico no Egito – o «fermento» que Deus prepara para esta terra abençoada, para que, juntamente com os nossos irmãos ortodoxos, cresça nela o seu Reino (cf. Mt 13, 33).

Desejo, antes de mais nada, agradecer o vosso testemunho e todo o bem que fazeis cada dia, trabalhando no meio de muitos desafios e, frequentemente, poucas consolações. Desejo também encorajar-vos. Não tenhais medo do peso do dia-a-dia, do peso das circunstâncias difíceis que alguns de vós têm de atravessar. Nós veneramos a Santa Cruz, instrumento e sinal da nossa salvação. Quem escapa da cruz, escapa da Ressurreição. «Não temais, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino» (Lc 12, 32).

Trata-se, pois, de crer, testemunhar a verdade, semear e cultivar sem esperar pela colheita. Na realidade, nós recolhemos os frutos de muitos outros, consagrados e não consagrados, que generosamente trabalharam na vinha do Senhor: a vossa história está cheia deles!

No meio de muitos motivos de desânimo e por entre tantos profetas de destruição e condenação, no meio de numerosas vozes negativas e desesperadas, sede uma força positiva, sede luz e sal desta sociedade; sede a locomotiva que faz o comboio avançar para a meta; sede semeadores de esperança, construtores de pontes, obreiros de diálogo e de concórdia.

Isto é possível se a pessoa consagrada não ceder às tentações que todos os dias encontra no seu caminho. Gostaria de evidenciar algumas dentre as mais significativas. Já as conheceis, porque estas tentações foram bem descritas pelos primeiros monges do Egito. 

1– A tentação de deixar-se arrastar e não guiar. O bom pastor tem o dever de guiar o rebanho (cf. Jo 10, 3-4), de o conduzir a pastagens verdejantes e até à nascente das águas (cf. Sal 23/22, 2). Não pode deixar-se arrastar pelo desânimo e o pessimismo: «Que posso fazer?» Aparece sempre cheio de iniciativas e de criatividade, como uma fonte que jorra mesmo quando vem a seca; sempre oferece a carícia da consolação, mesmo quando o seu coração está alquebrado; é um pai quando os filhos o tratam com gratidão, mas sobretudo quando não lhe são agradecidos (cf. Lc 15, 11-32). A nossa fidelidade ao Senhor nunca deve depender da gratidão humana: «teu Pai, que vê o oculto, há de recompensar-te» (Mt 6, 4.6.18).

2– A tentação de lamentar-se continuamente. Sempre é fácil acusar os outros: as faltas dos superiores, as condições eclesiais ou sociais, as escassas possibilidades… Mas a pessoa consagrada é alguém que, pela unção do Espírito Santo, transforma cada obstáculo em oportunidade, e não cada dificuldade em desculpa! Na realidade, quem se lamenta sempre é uma pessoa que não quer trabalhar. Por isso o Senhor, dirigindo-Se aos pastores, disse: «Levantai as vossas mãos fatigadas e os vossos joelhos enfraquecidos» (Heb 12, 12; cf. Is 35, 3).

3– A tentação da crítica e da inveja. E esta é feia! O perigo é sério, quando a pessoa consagrada, em vez de ajudar os pequenos a crescer e a alegrar-se com os sucessos dos irmãos e irmãs, se deixa dominar pela inveja tornando-se numa pessoa que fere os outros com a crítica. Quando, em vez de se esforçar por crescer, começa a destruir aqueles que estão crescendo; em vez de seguir os bons exemplos, julga-os e diminui o seu valor. A inveja é um câncer que arruína qualquer corpo em pouco tempo: «Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode perdurar; e se uma família se dividir contra si mesma, essa família não pode subsistir» (Mc 3, 24-25). Com efeito – não vos esqueçais –, «por inveja do diabo é que a morte entrou no mundo» (Sab 2, 24). E a crítica é o seu instrumento e a sua arma. 

Papa: "O único extremismo permitido aos cristãos é o da caridade".


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO EGITO
(28-29 DE ABRIL DE 2017)

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
HOMILIA DO SANTO PADRE

Cairo ― Estádio Aeronáutica Militar
Sábado, 29 de abril de 2017


Al Salamò Alaikum (A paz esteja convosco)!

Hoje, o Evangelho do terceiro domingo de Páscoa fala-nos do itinerário dos dois discípulos de Emaús que deixaram Jerusalém. Um Evangelho que se pode resumir em três palavras: morte, ressurreição e vida.

Morte. Os dois discípulos voltam à sua vida quotidiana, repletos de desânimo e desilusão: o Mestre morreu e, por conseguinte, é inútil esperar. Sentiam-se desorientados, enganados e desiludidos. O seu caminho é um voltar atrás; é um afastar-se da experiência dolorosa do Crucificado. A crise da Cruz – antes, o «escândalo» e a «loucura» da Cruz (cf. 1 Cor 1, 18, 2, 2) – parece ter sepultado todas as suas esperanças. Aquele sobre quem construíram a sua existência morreu, derrotado, levando consigo para o túmulo todas as suas aspirações.

Não podiam acreditar que o Mestre e Salvador, que ressuscitara os mortos e curara os doentes, pudesse acabar pregado na cruz da vergonha. Não podiam entender por que razão Deus Todo-Poderoso não O tivesse salvo duma morte tão ignominiosa. A cruz de Cristo era a cruz das suas ideias sobre Deus; a morte de Cristo era uma morte daquilo que imaginavam ser Deus. Na realidade, eram eles os mortos no sepulcro da sua limitada compreensão.

Quantas vezes o homem se autoparalisa, recusando-se a superar a sua ideia de Deus, um deus criado à imagem e semelhança do homem! Quantas vezes se desespera, recusando-se a crer que a omnipotência de Deus não é omnipotência de força, de autoridade, mas é apenas omnipotência de amor, de perdão e de vida!

Os discípulos reconheceram Jesus no ato de «partir o pão» (Lc 24, 35), na Eucaristia. Se não deixarmos romper o véu que ofusca os nossos olhos, se não deixarmos romper o endurecimento do nosso coração e dos nossos preconceitos, nunca poderemos reconhecer o rosto de Deus.

Ressurreição. Na obscuridade da noite mais escura, no desespero mais desconcertante, Jesus aproxima-Se dos dois discípulos e caminha pela sua estrada, para que possam descobrir que Ele é «o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6). Jesus transforma o seu desespero em vida, porque, quando desaparece a esperança humana, começa a brilhar a divina: «O que é impossível aos homens é possível a Deus» (Lc 18, 27; cf. 1, 37). Quando o homem toca o fundo do fracasso e da incapacidade, quando se despoja da ilusão de ser o melhor, ser o autossuficiente, ser o centro do mundo, então Deus estende-lhe a mão para transformar a sua noite em alvorada, a sua tristeza em alegria, a sua morte em ressurreição, o seu voltar atrás em regresso a Jerusalém, isto é, regresso à vida e à vitória da Cruz (cf. Heb 11, 34).

Com efeito, depois de ter encontrado o Ressuscitado, os dois discípulos retornam cheios de alegria, confiança e entusiasmo, prontos a dar testemunho. O Ressuscitado fê-los ressurgir do túmulo da sua incredulidade e tristeza. Encontrando o Crucificado-Ressuscitado, acharam a explicação e o cumprimento de toda a Escritura, da Lei e dos Profetas; acharam o sentido da aparente derrota da Cruz.

Quem não faz a travessia desde a experiência da Cruz até à verdade da Ressurreição, autocondena-se ao desespero. Com efeito, não podemos encontrar Deus, sem crucificar primeiro as nossas ideias limitadas dum deus que reflete a nossa compreensão da omnipotência e do poder. 

Uma Igreja sempre fundada pelo Senhor


Durante todo o tempo pascal a Igreja nos faz contemplar o Ressuscitado e o fruto da Sua obra: o dom do Espírito, que gera a Igreja e a vivifica, que nos santifica, sobretudo pelos sacramentos que nascem do lado aberto do Salvador; sacramentos celebrados pela Igreja, Esposa do Cordeiro, desposada no leito da cruz...

Primeiramente, é necessário que se diga sem arrodeios: Cristo sonhou com a Igreja, a amou e fundou-a. A Igreja, portanto, é obra do Cristo, foi por Ele fundada e a Ele pertence! Ela não se pertence a si mesma, não se pode fundar a si própria, não pode estabelecer ela própria a sua verdade.

A Igreja não é nossa; é de Cristo, somente de Cristo! Tudo nela deve referir-se a Cristo e a Ele – somente a Ele! - deve conduzir!


Eis aqui uma realidade que deveríamos ter presente: não é muito preciso, não é suficiente dizer que Cristo “fundou” a Igreja. Não! Isto é pouco, muito pouco!

A fundação da Igreja não terminou ainda: Cristo continua fundando-a, Cristo funda-a ainda hoje, ainda agora, por exemplo, em cada Eucaristia sagrada!

Continuamente, o Cordeiro de pé como que imolado, Cabeça da Igreja que é o Seu Corpo, funda, renova, sustenta, santifica, Sua dileta Esposa pela Palavra e pelos sacramentos: “Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela, a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela Palavra, para apresentá-la a Si mesmo a Igreja, gloriosa, sem mancha nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível!” (Ef 5,25-27).

São afirmações impressionantes, belas, profundas: 

Sobre as doutrinas modernistas, Papa Pio X


CARTA ENCÍCLICA PASCENDI DOMINICI GREGIS
DO SUMO PONTÍFICE PIO X
AOS PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS, BISPOS  E OUTROS ORDINÁRIOS EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

SOBRE AS DOUTRINAS MODERNISTAS
  
Veneráveis Irmãos, 
saúde e bênção apostólica

INTRODUÇÃO

A missão, que nos foi divinamente confiada, de apascentar o rebanho do Senhor, entre os principais deveres impostos por Cristo, conta o de guardar com todo o desvelo o depósito da fé transmitida aos Santos, repudiando as profanas novidades de palavras e as oposições de uma ciência enganadora. E, na verdade, esta providência do Supremo Pastor foi em todo o tempo necessária à Igreja Católica; porquanto, devido ao inimigo do gênero humano nunca faltaram homens de perverso dizer (At 20,30), vaníloquos e sedutores (Tit 1,10), que caídos eles em erro arrastam os mais ao erro (2 Tim 3,13). Contudo, há mister confessar que nestes últimos tempos cresceu sobremaneira o número dos inimigos da Cruz de Cristo, os quais, com artifícios de todo ardilosos, se esforçam por baldar a virtude vivificante da Igreja e solapar pelos alicerces, se dado lhes fosse, o mesmo reino de Jesus Cristo. Por isto já não Nos é lícito calar para não parecer faltarmos ao Nosso santíssimo dever, e para que se Nos não acuse de descuido de nossa obrigação, a benignidade de que, na esperança de melhores disposições, até agora usamos.

E o que exige que sem demora falemos, é antes de tudo que os fautores do erro já não devem ser procurados entre inimigos declarados; mas, o que é muito para sentir e recear, se ocultam no próprio seio da Igreja, tornando-se destarte tanto mais nocivos quanto menos percebidos.

Aludimos, Veneráveis Irmãos, a muitos membros do laicato católico e também, coisa ainda mais para lastimar, a não poucos do clero que, fingindo amor à Igreja e sem nenhum sólido conhecimento de filosofia e teologia, mas, embebidos antes das teorias envenenadas dos inimigos da Igreja, blasonam, postergando todo o comedimento, de reformadores da mesma Igreja; e cerrando ousadamente fileiras se atiram sobre tudo o que há de mais santo na obra de Cristo, sem pouparem sequer a mesma pessoa do divino Redentor que, com audácia sacrílega, rebaixam à craveira de um puro e simples homem.

Pasmem, embora homens de tal casta, que Nós os ponhamos no número dos inimigos da Igreja; não poderá porém, pasmar com razão quem quer que, postas de lado as intenções de que só Deus é juiz, se aplique a examinar as doutrinas e o modo de falar e de agir de que lançam eles mão. Não se afastará, portanto, da verdade quem os tiver como os mais perigosos inimigos da Igreja. Estes, em verdade, como dissemos, não já fora, mas dentro da Igreja, tramam seus perniciosos conselhos; e por isto, é por assim dizer nas próprias veias e entranhas dela que se acha o perigo, tanto mais ruinoso quanto mais intimamente eles a conhecem. Além de que, não sobre as ramagens e os brotos, mas sobre as mesmas raízes que são a Fé e suas fibras mais vitais, é que meneiam eles o machado.

Batida pois esta raiz da imortalidade, continuam a derramar o vírus por toda a árvore, de sorte que coisa alguma poupam da verdade católica, nenhuma verdade há que não intentem contaminar. E ainda vão mais longe; pois pondo em obra o sem número de seus maléficos ardis, não há quem os vença em manhas e astúcias:  porquanto, fazem promiscuamente o papel ora de racionalistas, ora de católicos, e isto com tal dissimulação que arrastam sem dificuldade ao erro qualquer incauto; e sendo ousados como os que mais o são, não há consequências de que se amedrontem e que não aceitem com obstinação e sem escrúpulos. Acrescente-se-lhes ainda, coisa aptíssima para enganar o ânimo alheio, uma operosidade incansável, uma assídua e vigorosa aplicação a todo o ramo de estudos e, o mais das vezes, a fama de uma vida austera. Finalmente, e é isto o que faz desvanecer toda esperança de cura, pelas suas mesmas doutrinas são formadas numa escola de desprezo a toda autoridade e a todo freio; e, confiados em uma consciência falsa, persuadem-se de que é amor de verdade o que não passa de soberba e obstinação. Na verdade, por algum tempo esperamos reconduzi-los a melhores sentimentos e, para este fim, a princípio os tratamos com brandura, em seguida com severidade e, finalmente, bem a contragosto, servimo-nos de penas públicas.

Mas vós bem sabeis, Veneráveis Irmãos, como tudo foi debalde; pareceram por momento curvar a fronte, para depois reerguê-la com maior altivez. Poderíamos talvez ainda deixar isto desapercebido se tratasse somente deles; trata-se, porém, das garantias do nome católico.

Há, pois, mister quebrar o silêncio, que ora seria culpável, para tornar bem conhecidas à Igreja esses homens tão mal disfarçados.

E visto que os modernistas (tal é o nome com que vulgarmente e com razão são chamados) com astuciosíssimo engano costumam apresentar suas doutrinas não coordenadas e juntas como um todo, mas dispersas e como separadas umas das outras, afim de serem tidos por duvidosos e incertos, ao passo que de fato estão firmes e constantes, convém, Veneráveis Irmãos, primeiro exibirmos aqui as mesmas doutrinas em um só quadro, e mostrar-lhes o nexo com que formam entre si um só corpo, para depois indagarmos as causas dos erros e prescrevermos os remédios para debelar-lhes os efeitos perniciosos. 

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Esta é a verdade sobre vídeo de “sacerdote drag queen”.


Há alguns dias, começou a circular nas redes sociais e em diversos meios de comunicação um vídeo que mostra um suposto sacerdote de Ohio (Estados Unidos) que se transforma em “drag queen”  à noite, algo que provocou o repúdio de milhares de fiéis.

Entretanto, o protagonista do vídeo, divulgado originalmente em 2009 pelo programa ‘Impacto’ da rede Univisión, não é um sacerdote católico. Trata-se de Vincent Capretta, que se chama “Padre Anthony” e faz parte da “Antiga Igreja Católica Independente” (IOCC na sigla em inglês), uma organização cismática que se descreve como “inclusiva” e aceita toda “orientação sexual”.

Do mesmo modo, como informa ‘Catholic Online’, Capretta se autoproclama gay e diz que “sai do armário” em honra ao mês do orgulho LGBT proclamado pelo então presidente Barack Obama. Além disso, dentro da IOCC, Capretta é reitor da Comunidade da Caridade.

A IOCC tem vários elementos que podem confundir e levar a pensar que se trata da Igreja Católica. Porém, esta organização não está em comunhão com a Santa Sé.

Egito: Francisco faz visita de cortesia a Tawadros II, chefe da Igreja Copta Ortodoxa


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO EGITO 

(28-29 DE ABRIL DE 2017)


VISITA DE CORTESIA A S.S. PAPA TAWADROS II
DISCURSO DO SANTO PADRE

Cairo ― Patriarcado Copto-Ortodoxo
Sexta-feira, 28 de abril de 2017




Al Massih kam, bilhakika kam (O Senhor ressuscitou; ressuscitou verdadeiramente)!
Santidade, Irmão caríssimo!

Ocorreu há poucos dias a grande solenidade da Páscoa, centro da vida cristã, que, este ano, tivemos a graça de celebrar no mesmo dia. Assim proclamamos em uníssono o anúncio da Ressurreição, revivendo de certo modo a experiência dos primeiros discípulos, que naquele dia, juntos, «se encheram de alegria por verem o Senhor» (Jo 20, 20). Hoje, esta alegria pascal é enriquecida pelo dom de adorarmos, juntos, o Ressuscitado na oração e por trocarmos novamente, em seu nome, o ósculo santo e o abraço de paz. Sinto-me muito grato por isto: ao chegar aqui como peregrino, tinha a certeza de receber a bênção dum Irmão que me esperava. Grande era a expectativa de nos encontrarmos: com efeito conservo bem viva a lembrança da visita de Vossa Santidade a Roma, pouco depois da minha eleição no dia 10 de maio de 2013, uma data que felizmente se tornou ocasião para celebrar anualmente o Dia da Amizade Copto-Católica.

Na alegria de continuar fraternalmente o nosso caminho ecuménico, desejo recordar, antes de mais nada, aquele marco nas relações entre a Sé de Pedro e a de Marcos que é a Declaração Comum assinada pelos nossos Predecessores, há mais de quarenta anos, em 10 de maio de 1973. Naquele dia, depois de «séculos de história difícil», em que «surgiram diferenças teológicas, que foram alimentadas e acentuadas por fatores de caráter não-teológico» e por uma difidência cada vez mais generalizada nas relações, com a ajuda de Deus chegou-se a reconhecer, juntos, que Cristo é «perfeito Deus, quanto à sua divindade, e perfeito homem, quanto à sua humanidade» (Declaração Comum, assinada pelo Santo Padre Paulo VI e por Sua Santidade Amba Shenouda III, 10 de maio 1973). Mas, não menos importantes e atuais são as palavras imediatamente anteriores, com que reconhecemos «Nosso Senhor e Deus e Salvador e Rei de todos nós, Jesus Cristo». Com estas expressões, a Sé de Marcos e a de Pedro proclamaram o domínio de Jesus: juntos, confessamos que pertencemos a Jesus e que Ele é o nosso tudo.

Além disso compreendemos que, sendo seus, já não podemos pensar em avançar cada um pela sua estrada, porque trairíamos a sua vontade: que os seus «sejam todos um só (...), para que o mundo creia» (Jo 17, 21). Na presença do Senhor, que nos deseja «perfeitos na unidade» (Jo 17, 23), já não podemos esconder-nos atrás de desculpas de divergências de interpretação, nem atrás de séculos de história e tradições que nos tornaram estranhos. Como aqui disse Sua Santidade João Paulo II: «Não devemos perder tempo a este propósito! A nossa comunhão no único Senhor Jesus Cristo, no único Espírito Santo e no único Batismo já representa uma realidade profunda e essencial» (Discurso durante o Encontro Ecumênico, 25 de fevereiro de 2000, 4-5). Neste sentido, há não só um ecumenismo feito de gestos, palavras e compromisso, mas uma comunhão já efetiva, que cresce dia-a-dia no relacionamento vivo com o Senhor Jesus, está enraizada na fé professada e funda-se realmente no nosso Batismo, em sermos n’Ele «novas criaturas» (cf. 2 Cor 5, 17): em suma, «um só Senhor, uma só fé, um só Batismo» (Ef 4, 5). Daqui havemos de partir sempre de novo, para apressar o dia tão desejado em que estaremos em comunhão plena e visível no altar do Senhor.

Neste caminho apaixonante, que – como a vida – nem sempre é fácil e linear, mas no qual o Senhor nos exorta a prosseguir, não estamos sozinhos. Acompanha-nos uma série enorme de Santos e Mártires que, já plenamente unidos, nos impelem a sermos aqui na terra uma imagem viva da «Jerusalém do Alto» (Gl 4, 26). Dentre eles, hoje certamente se alegram de modo particular com o nosso encontro São Pedro e São Marcos. Grande é o vínculo que os une. Basta pensar no facto de São Marcos ter colocado no coração do seu Evangelho a profissão de fé de Pedro: «Tu és o Messias». Foi a resposta à pergunta, sempre atual, de Jesus: «E vós quem dizeis que Eu sou?» (Mc 8, 29). Ainda hoje há muitas pessoas que não sabem responder a esta pergunta; falta até mesmo quem a suscite e sobretudo quem ofereça, em resposta, a alegria de conhecer Jesus, a mesma alegria com que temos a graça de O confessarmos juntos.

Assim, juntos, somos chamados a testemunhá-Lo, a levar ao mundo a nossa fé, antes de tudo segundo o modo que é próprio da fé: vivendo-a, porque a presença de Jesus transmite-se com a vida e fala a linguagem do amor gratuito e concreto. Possam coptas ortodoxos e católicos falar juntos, sempre mais, esta língua comum da caridade: antes de empreender uma iniciativa benfazeja, seria bom perguntar-nos se a poderemos realizar com os nossos irmãos e irmãs que compartilham a fé em Jesus. Assim, construindo a comunhão com o testemunho vivido na existência diária concreta, o Espírito não deixará de abrir caminhos providenciais e inesperados de unidade.

É com este espírito apostólico construtivo que Vossa Santidade continua a reservar uma atenção genuína e fraterna para com a Igreja Copta Católica: uma proximidade de que lhe estou muito grato e que encontrou louvável expressão no Conselho Nacional das Igrejas Cristãs, que criou a fim de os crentes em Jesus poderem agir cada vez mais unidos em benefício de toda a sociedade egípcia. Muito apreciei também a generosa hospitalidade oferecida ao 13º encontro da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais, que aqui teve lugar no ano passado por vosso convite. É um bom sinal que o sucessivo encontro se tenha realizado este ano em Roma, como que a expressar uma particular continuidade entre as Sés de Marcos e de Pedro.

Na Sagrada Escritura, Pedro parece retribuir de algum modo o afeto de Marcos designando-o por «meu filho» (1 Ped 5, 13). Mas os laços fraternos do Evangelista e a sua atividade apostólica têm a ver também com São Paulo, que, antes de morrer martirizado em Roma, fala de Marcos como prestando grande ajuda no ministério (cf. 2 Tm 4, 11) e cita-o mais de uma vez (cf. Flm 24; Col 4, 10). Caridade fraterna e comunhão de missão: tais são as mensagens que nos confiam a Palavra divina e as nossas origens. São as sementes do Evangelho, que temos a alegria de continuar a regar e, com a ajuda de Deus, fazer crescer juntos (cf. 1 Cor 3, 6-7).

A maturação do nosso caminho ecuménico é sustentada, de modo misterioso e muito atual, também por um verdadeiro e próprio ecumenismo do sangue. São João escreve que Jesus veio «com água e com sangue» (1 Jo 5, 6); quem acredita n’Ele, assim «vence o mundo» (1 Jo 5, 5). Com água e sangue: vivendo uma vida nova no nosso Batismo comum, uma vida de amor incessante e por todos, mesmo à custa do sacrifício do sangue. Desde os primeiros séculos do cristianismo, nesta terra, quantos mártires viveram a fé heroicamente e até ao extremo, preferindo derramar o sangue que negar o Senhor e ceder às adulações do mal ou mesmo só à tentação de responder ao mal com o mal! Bem o testemunha o venerável Martirológio da Igreja Copta. Ainda há pouco, infelizmente, o sangue inocente de fiéis inermes foi cruelmente derramado: o seu sangue inocente nos une. Caríssimo Irmão, assim como é única a Jerusalém celeste, assim também é único o nosso martirológio, e os vossos sofrimentos são também os nossos sofrimentos. Fortalecidos pelo vosso testemunho, trabalhemos por nos opor à violência, pregando e semeando o bem, fazendo crescer a concórdia e mantendo a unidade, rezando a fim de que tantos sacrifícios abram o caminho para um futuro de plena comunhão entre nós e de paz para todos.

A maravilhosa história de santidade desta terra não é peculiar só pelo sacrifício dos mártires. Logo que terminaram as perseguições antigas, surgiu uma forma nova de vida que, doada ao Senhor, nada retinha para si: no deserto, começou o monaquismo. Assim, aos grandes sinais que antigamente Deus realizara no Egito e no Mar Vermelho (cf. Sal 106/105, 21-22), seguiu-se o prodígio duma vida nova, que fez o deserto florir de santidade. Com veneração por este património comum, vim como peregrino a esta terra, onde o próprio Senhor gosta de vir: aqui, glorioso, desceu sobre o Monte Sinai (cf. Ex 24, 16); aqui, humilde, encontrou refúgio quando era criança (cf. Mt 2, 14).

Santidade, Irmão caríssimo, o mesmo Senhor nos conceda a graça de recomeçar hoje, juntos, como peregrinos de comunhão e arautos de paz. Neste caminho, tome-nos pela mão Aquela que aqui acompanhou Jesus e que a grande tradição teológica egípcia aclamou, desde a antiguidade, como Theotokos, Mãe de Deus. Neste título, unem-se admiravelmente a humanidade e a divindade, porque, na Mãe, Deus fez-Se para sempre homem. A Virgem Santa, que sempre nos leva a Jesus, sinfonia perfeita do divino com o humano, traga ainda um pouco de Céu sobre a nossa terra.