Casualmente,
vi na televisão um programa sobre a Chapada dos Veadeiros. Surpreso, fiquei
sabendo de quantas pessoas vivem ali à espera de um contato com
extraterrestres. Um desses devotos dos ETs vive numa verdadeira disciplina
ascética, preparando-se para o encontro com os seres de outros planetas; é
vegetariano, vive na pobreza e fez voto de castidade; chega mesmo a rezar para
eles...
Como é louca a humanidade! Como é
desorientada a nossa civilização ocidental! Primeiro, a partir do século XVIII,
declaramos que o homem se tornara adulto e emancipado. Era necessário matar
toda verdade religiosa e tudo quanto não coubesse na cachola miúda da razão
humana. Assim, negou-se toda religião sobrenatural, toda revelação de Deus a
Israel e inventou-se, no Ocidente, um deus distante, teórico, Arquiteto do
Universo, distante, frio e inútil... Depois, nosso Ocidente negou Deus de vez:
era preciso matar Deus – dizia-se – para que o homem vivesse de verdade. Assim,
esta nossa civilização ocidental, colocou o homem no trono que pertence somente
a Deus.
Esta razão endeusada e este homem
no centro de tudo (na escola no ensinaram o absurdo que foi um ótimo negócio
passar do teocentrismo medieval para o antropocentrismo do renascimento, como
se o homem fosse Deus e Deus fosse apenas um detalhe...) levaram o Ocidente a
duas guerras crudelíssimas, com mais 70 milhões de mortos... Depois das guerras
(do nazismo em nome da razão, do fascismo em nome da racionalidade, do marxismo
em nome da ciência e da história), veio a ressaca: não se crê mais em nada: nem
no Deus revelado, nem na razão, nem nas instituições, nem nos grandes
projetos...
Agora, não é mais o homem no
centro; é somente o indivíduo, sozinho, fechado, egoísta, com uma ilusãozinha,
uma moralzinha, um projetozinho, um deusinho segundo a sua imagem e semelhança
medíocre e escrava de mil paixões...