terça-feira, 22 de maio de 2018

Chile: Gay, vítima de abuso, conta que o Papa disse 'Deus te fez assim'. Será?...


Como muitos de vocês devem estar acompanhando, a Santa Sé tem dedicado especial atenção aos casos de pedofilia relacionados a sacerdotes do Chile. Recentemente, o Papa Francisco recebeu um grupo de adultos que foram vítimas desses padres quando eram crianças ou adolescentes.

A audiência durou cerca de 40 minutos. Uma das vítimas recebidas na audiência privada, Juan Carlos Cruz deu uma entrevista ao jornal “El Pais” revelando o suposto conteúdo de sua conversa com o papa. E aí começou a treta...

Segundo Juan Carlos Cruz, o papa teria dito: “Juan Carlos, você ser gay não importa. Deus te fez assim, te ama assim e a mim não importa".

MASOKÊ??!!! O Papa disse isso mesmo? Bem, é impossível checar. Muitos órgãos de imprensa tentaram, em vão, confirmar a afirmação com a Sala de Imprensa da Santa Sé. Nesses casos, a Sala de Imprensa não se pronuncia.

Se a conversa foi privada, o Vaticano entende que tudo deve ser tratado com sigilo. E especialmente por se tratar de um caso tão delicado, nem mesmo os nomes e o número de vítimas recebidas pelo Papa foram revelados à imprensa.

Então, o que o Papa Francisco pensa a respeito dos homossexuais? O bom senso e a prudência nos deixam como única alternativa considerar apenas o que foi ENSINADO POR ELE PUBLICAMENTE, como na Amoris Laetitia:

...cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito... (...) No decurso dos debates sobre a dignidade e a missão da família, os Padres sinodais anotaram, quanto aos projetos de equiparação ao matrimônio das uniões entre pessoas homossexuais, que não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família. - Papa Francisco. Amoris Laetitia, pontos 250-251

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Homilética: Solenidade do Sagrado Coração de Jesus - Ano B: "O Sagrado Coração é fonte inesgotável do amor de Deus para o mundo".


Na solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus, a Igreja oferece à nossa contemplação este mistério, o mistério do coração de um Deus que se comove e derrama todo o seu amor sobre a humanidade. Um amor misterioso, que nos textos do Novo Testamento nos é revelado como paixão incomensurável pelo homem. Ele não se rende perante a ingratidão, e nem sequer diante da rejeição do povo que Ele escolheu para si; pelo contrário, com misericórdia infinita, envia ao mundo o seu Filho, o Unigênito, para que assuma sobre si o destino do amor aniquilado a fim de que, derrotando o poder do mal e da morte, possa restituir dignidade de filhos aos seres humanos, que o pecado tornou escravos. Tudo isto a caro preço: o Filho Unigênito do Pai imola-se na cruz: "Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim" (cf. Jo 13, 1). Símbolo de tal amor, que vai além da morte é o seu lado traspassado por uma lança. A este propósito, a testemunha ocular, o Apóstolo João, afirma: "Um dos soldados perfurou-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água" (cf. Jo 19, 34).

Queridos irmãos e irmãs: O mundo de hoje, com as suas lacerações sempre mais dolorosas e preocupantes, precisa do Deus, que é Amor, e anunciá-lo é tarefa da Igreja. A Igreja, para poder executar esta tarefa, deve permanecer indissoluvelmente abraçada a Cristo e não deixar-se nunca separar dele: necessita de Santos que morem “no Coração de Jesus” e sejam testemunhas felizes do Amor Trinitário de Deus. E os Sacerdotes, para servirem a Igreja e o Mundo, precisam ser Santos! De fato, os sacerdotes não podem santificar-se sem trabalhar pela santificação dos irmãos, e não podem trabalhar pela santificação dos irmãos sem que primeiro tenham trabalhado e ainda trabalhem em sua própria santificação. Para isso, nós pedimos: rezai pelos sacerdotes. Pois, como dizia o Santo Cura d’Ars: O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus! 

Reitor do Santuário Nacional de Aparecida pede liberdade de Lula em Missa


A presidente do PT, Gleisi Hoffmann havia anunciado no início do mês que militantes de seu partido fariam uma peregrinação à Basílica de Aparecida, maior Santuário católico do país, neste domingo (20).

O objetivo seria rezar e “expressar nossa fé e pedir pela liberdade de Lula, Presidente dos pobres”. Não demorou muito para que o Santuário emitisse uma nota informando que esta peregrinação, assim como ocorre com outras romarias provenientes do Brasil todo, não foi “combinada” com o Santuário e disse ainda que "o Santuário Nacional de Aparecida é um espaço sagrado que acolhe todos os filhos e filhas de Nossa Senhora Aparecida, sem distinção mas que se coloca contra toda e qualquer utilização do seu espaço para fins políticos ou ideológicos, por isso, sob qualquer hipótese se posiciona ou se posicionará em favor de quaisquer líderes políticos, refutando toda e qualquer iniciativa que queira utilizar-se do Altar da Eucaristia para fins de promoção individual ou partidária" alegou ainda que não estava “organizando ou convidando pessoas para se mobilizarem em favor deste ou daquele político” e que “nenhuma celebração deste ou em qualquer outro dia na rotina deste Santuário é realizado com fim específico que não o de evangelização”.

Apesar disto, não só os petistas estiveram em Aparecida como o próprio reitor do Santuário, Padre João Batista de Almeida, um militante defensor do Socialismo e indiferente à luta contra corrupção, rezou uma missa pela liberdade do criminoso condenado Lula. Confira o vídeo:

Maria, Mãe da Igreja


Este fato já estava presente de algum modo no sentir eclesial a partir das palavras premonitórias de Santo Agostinho e de São Leão Magno. De fato, o primeiro diz que Maria é a Mãe dos membros de Cristo porque cooperou, com a sua caridade, para o renascimento dos fiéis na Igreja. O segundo, diz que o nascimento da Cabeça é, também, o nascimento do Corpo, o que indica que Maria é, ao mesmo tempo, Mãe de Cristo, Filho de Deus, e Mãe dos membros do seu Corpo Místico, isto é, da Igreja. Estas considerações derivam da maternidade divina de Maria e da sua íntima união à obra do Redentor, que culminou na hora da cruz.

A Mãe, que estava junto à cruz (cf. Jo 19, 25), aceitou o testamento do amor do seu Filho e acolheu todos os homens, personificados no discípulo amado, como filhos para regenerar à vida divina, tornando-se a amorosa nutriz da Igreja que Cristo gerou na cruz entregando o Espírito. Por sua vez, no discípulo amado, Cristo elegeu todos os discípulos como herdeiros do seu amor para com a Mãe, confiando-a para que a recebam com amor filial.

Dedicada guia da Igreja nascente, Maria iniciou a própria missão materna já no cenáculo, rezando com os Apóstolos na expectativa da vinda do Espírito Santo (cf. At 1, 14). Ao longo dos séculos, por este modo de sentir, a piedade cristã honrou Maria com os títulos, de certo modo equivalentes, de Mãe dos discípulos, dos fiéis, dos crentes, de todos aqueles que renascem em Cristo e, também, “Mãe da Igreja”, como aparece nos textos dos autores espirituais assim como nos do magistério de Bento XIV e Leão XIII.

Assim, resulta claramente sobre qual fundamento o Beato Papa Paulo VI, a 21 de Novembro de 1964, por ocasião do encerramento da terceira sessão do Concílio Vaticano II, declarou a Bem-aventurada Virgem Maria “Mãe da Igreja, isto é, de todo o Povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores, que lhe chamam Mãe amorosíssima” e estabeleceu que “com este título suavíssimo seja a Mãe de Deus doravante honrada e invocada por todo o povo cristão”.

A Sé Apostólica, por ocasião do Ano Santo da Reconciliação (1975), propôs uma Missa votiva em honra de Santa Maria, Mãe da Igreja, que foi inserida no Missal Romano, concedeu também a possibilidade de acrescentar a invocação deste título na Ladainha Lauretana (1980), e publicou outros formulários na Coletânea de Missas da Beata Virgem Maria (1986). Para algumas nações e famílias religiosas que pediram, concedeu a possibilidade de acrescentar esta celebração no seu Calendário particular.

O Sumo Pontífice Francisco, considerando atentamente quanto a promoção desta devoção pode favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos Pastores, nos religiosos e nos fiéis, assim como a genuína piedade mariana, estabeleceu que esta memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, seja inscrita no Calendário Romano na Segunda-feira depois do Pentecostes, e que seja celebrada todos os anos.

Esta celebração nos ajudará a recordar que o crescimento na vida cristã deve fundamentar-se no mistério da Cruz, na oblação de Cristo no banquete eucarístico e na Virgem oferente, Mãe do Redentor e dos redimidos.

Senhora Mãe da Igreja, Mãe de Jesus, Mãe nossa, que ensinastes ao menino Deus a beleza do amor humano, e aprendestes com Ele a grandeza do amor divino, Intercedei por nós! Caminhando com Jesus no mistério de sua vida, aprendestes com Ele a ouvir, a acolher e a por em prática a Palavra do Senhor. Assim, vos fizestes discípula de teu Filho, e Ele vos fez Mãe da comunidade, Mãe da Igreja!

Santa Maria, Mãe de Deus, olhai vossos filhos nas horas de luz e de cruz. Levai-nos ao Coração de Jesus, para aprendermos com Ele, a sermos discípulos missionários. Senhora Mãe da Igreja, caminhai conosco! Levai-nos a agir em favor dos irmãos Olhai por nós! Intercedei por nós! Amém!
_______________
* Decreto sobre a celebração da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja no Calendário Romano Geral.

Esta memória deverá, pois aparecer, em todos os Calendários e Livros Litúrgicos para a celebração da Missa e da Liturgia das Horas. - Robert Card. Sarah (Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos)
__________________________
Vatican/ Canção Nova

domingo, 20 de maio de 2018

Homilética: 8º Domingo do Tempo Comum - Ano B: "O Esposo que traz a alegria".



"Esposo" é um dos nomes que Deus dá a si mesmo (Is 54,5) para exprimir seu profundo amor pelo homem. Quando os profetas querem representar a relação Deus-Israel recorrem às imagens expressivas e audazes do simbolismo nupcial.

Oséias, particularmente (1ª leitura), em sua experiência conjugal, descobre o mistério da aliança entre Deus e seu povo. Se a aliança assume um nítido caráter esponsal, a traição de Israel se torna não só prostituição e idolatria, mas um verdadeiro adultério.

As leituras de hoje sublinham, no sentido nupcial, sobretudo o aspecto positivo de alegria e festa: alegria pelo amor reencontrado e reconquistado (1ª leitura) e alegria pela presença do esposo (evangelho). Numa aldeia palestinense, um casamento era ocasião de grande festa e alegria para todos. O ponto culminante da festa era naturalmente o banquete nupcial, de que participavam parentes, amigos e conhecidos. O banquete nupcial tinha, para Israel, uma densidade de sentido desconhecida do homem moderno. Evocava os fatos culminantes de sua vitória e prefigurava, no plano do sinal, a festa jubilosa do tempo messiânico.

Os dias do Messias são geralmente comparados, na literatura rabínica, a um banquete nupcial, e a figura do esposo evocava o Deus da aliança, o Esposo por excelência.

Com a vinda de Jesus, o esposo está presente. Celebra as suas núpcias com o povo presente ao banquete.

Seus discípulos têm razão em alegrar-se; não se jejua quando se participa das núpcias do esposo, núpcias que Jesus celebra com a Igreja, novo povo de Deus, em seu sangue, e que revive no banquete da nova e definitiva aliança. Isto nos permite descobrir o verdadeiro sentido da alegria cristã, que é alegria pascal, a que Jesus conquistou para nós "passando" através do sofrimento e da morte. Por isso, a nossa alegria também passará através do sacrifício e da paixão de Cristo. É a alegria das bem-aventuranças, que nasce de uma vida de pobreza, mansidão e paz. É a alegria que nasce do Espírito (Gl 5,22). A alegria cristã, típica do reino de Deus, se alimenta da participação na celebração eucarística, que é, por excelência, o lugar da comunhão esponsal entre Deus e seu povo, que a ele eleva a ação de graças como resposta aos seus dons. 

Papa Francisco: Reflexões sobre a Santa Missa – Ritos Finais (Parte 15/15)


PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 4 de abril de 2018

Ritos Finais

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Com esta catequese concluímos o ciclo dedicado à Missa, que é propriamente a comemoração, mas não somente como memória, se vive de novo a Paixão e a Ressurreição de Jesus. Na última vez chegamos até a Comunhão e a oração após a Comunhão; depois desta oração, a Missa se conclui com a benção concedida pelo sacerdote e a despedida do povo (cfr Instrução Geral do Missal Romano, 90). Como iniciou com o sinal da cruz, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ainda no nome da Trindade que é selada a Missa, isso é, a ação litúrgica.

Todavia, sabemos bem que enquanto a Missa termina, se abre o compromisso do testemunho cristão. Os cristãos não vão à Missa para cumprir uma tarefa semanal e depois se esquecem, não. Os cristãos vão à Missa para participar da Paixão e Ressurreição do Senhor e depois viver mais como cristãos: abre-se o compromisso do testemunho cristão. Saímos da igreja para “ir em paz” levar a benção de Deus nas atividades cotidianas, nas nossas casas, nos ambientes de trabalho, entre as ocupações da cidade terrena, “glorificando o Senhor com a nossa vida”. Mas se nós saímos da igreja conversando e dizendo: “olha este, olha aquele…”, com a língua longa, a Missa não entrou no meu coração. Por que? Porque não sou capaz de viver o testemunho cristão. Toda vez que saio da Missa, devo sair melhor do que entrei, com mais vida, com mais força, com mais vontade de dar testemunho cristão. Através da Eucaristia o Senhor Jesus entra em nós, no nosso coração e na nossa carne, a fim de que possamos “exprimir na vida o sacramento recebido na fé” (Missal Romano, Coleta da segunda-feira na Oitava de Páscoa).

Da celebração à vida, portanto, conscientes de que a Missa encontra realização nas escolhas concretas de quem se faz envolver em primeira pessoa nos mistérios de Cristo. Não devemos esquecer que celebramos a Eucaristia para aprender a nos tornar homens e mulheres eucarísticos. O que isso significa? Significa deixar Cristo agir nas nossas obras: que os seus pensamentos sejam os nossos pensamentos, os seus sentimentos os nossos, as suas escolhas as nossas escolhas. E isto é santidade: fazer como fez Jesus é santidade cristã. São Paulo exprime isso com precisão, falando da própria assimilação a Jesus, e diz assim: “Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gal 2, 19-20). Este é o testemunho cristão. A experiência de Paulo ilumina também nós: na medida em que mortificamos o nosso egoísmo, isso é, fazemos morrer aquilo que se opõe ao Evangelho e ao amor de Jesus, cria-se dentro de nós um espaço maior para o poder do seu Espírito. Os cristãos são homens e mulheres que se deixam alargar a alma com a força do Espírito Santo, depois de ter recebido o Corpo e o Sangue de Cristo. Deixem-se alargar a alma! Não estas almas assim estreitas e fechadas, pequenas, egoístas, não! Almas largas, almas grandes, com grandes horizontes…Deixem-se alargar a alma com a força do Espírito, depois de ter recebido o Corpo e o Sangue de Cristo.

Porque a presença real de Cristo no Pão consagrado não termina com a Missa (cfr Catecismo da Igreja Católica, 1374), a Eucaristia é conservada no tabernáculo para a Comunhão aos doentes e para a adoração silenciosa do Senhor no Santíssimo Sacramento; o culto eucarístico fora da Missa, seja em forma privada ou comunitária, ajuda-nos, de fato, a permanecer em Cristo (cgr ibid., 1378-1380).

sábado, 19 de maio de 2018

Papa Francisco: Reflexões sobre a Santa Missa – A Comunhão Sacramental (Parte 14/15)



PAPA FRANCISCO

AUDIÊNCIA GERAL
Praça São Pedro
Quarta-feira, 21 de março de 2018

A Comunhão Sacramental

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje é o primeiro dia de primavera: boa primavera! Mas o que acontece na primavera? Florescem as plantas, florescem as árvores. Far-vos-ei algumas perguntas. Uma árvore ou uma planta doentes, florescem bem, se estão doentes? Não! Uma árvore, uma planta que não for regada pela chuva ou artificialmente, pode florescer bem? Não! E uma árvore ou uma planta das quais foram tiradas as raízes, ou que não as têm, podem florescer? Não! Mas pode-se florescer sem raízes? Não! E esta é uma mensagem: a vida cristã deve ser uma vida que precisa de florescer em obras de caridade, em gestos de bem. Mas se tu não tens raízes, não poderás florescer; e quem é a raiz? Jesus! Se ali, nas raízes, não estiveres com Jesus, não florescerás! Se não regares a tua vida com a oração e os sacramentos, terás flores cristãs? Não! Porque a oração e os sacramentos irrigam as raízes e a nossa vida floresce. Faço-vos votos a fim de que esta primavera seja para vós uma primavera florida, como será a Páscoa florescida. Florida de boas obras, de virtudes, de gestos de bem para os outros. Recordai isto, é um pequeno verso muito bonito da minha Pátria: “O que a árvore tem de florescido vem daquilo que tem de enterrado”. Nunca cortemos as raízes com Jesus.

E agora continuemos com a catequese sobre a Santa Missa. A celebração da Missa, da qual percorremos os vários momentos, visa a Comunhão, ou seja, a nossa união com Jesus. A comunhão sacramental: não a comunhão espiritual, que podes fazer em casa, dizendo: “Jesus, gostaria de te receber espiritualmente”. Não, a comunhão sacramental, com o corpo e o sangue de Cristo. Celebramos a Eucaristia para nos alimentarmos de Cristo, que se oferece a nós quer na Palavra quer no Sacramento do altar, para nos conformar-nos com Ele. É o próprio Senhor quem o diz: «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e Eu nele» (Jo 6, 56). Com efeito, o gesto de Jesus que deu aos discípulos o seu Corpo e Sangue na última Ceia, continua ainda hoje através do ministério do sacerdote e do diácono, ministros ordinários da distribuição do Pão da vida e do Cálice da salvação aos irmãos.

Na Missa, depois de ter partido o Pão consagrado, ou seja, o corpo de Jesus, o sacerdote mostra-o aos fiéis, convidando-os a participar no banquete eucarístico. Conhecemos as palavras que ressoam do santo altar: «Felizes os convidados para a Ceia do Senhor: eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo». Inspirado num trecho do Apocalipse — «Felizes os convidados para a ceia das núpcias do Cordeiro» (Ap 19, 9): diz “núpcias” porque Jesus é o Esposo da Igreja — este convite chama-nos a experimentar a íntima união com Cristo, fonte de alegria e de santidade. É um convite que rejubila e, ao mesmo tempo, impele a um exame de consciência, iluminado pela fé. Com efeito, se por um lado vemos a distância que nos separa da santidade de Cristo, por outro acreditamos que o seu Sangue é «derramado para a remissão dos pecados». Todos nós fomos perdoados no batismo, e todos nós somos perdoados ou seremos perdoados cada vez que nos aproximarmos do sacramento da penitência. E não nos esqueçamos: Jesus perdoa sempre. Jesus não se cansa de perdoar. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão. Precisamente pensando no valor salvífico deste Sangue, Santo Ambrósio exclama: «Eu, que peco sempre, devo ter sempre à disposição o remédio» (De sacramentis, 4, 28: PL 16, 446a). Nesta fé, também nós dirijamos o olhar para o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo, e invoquemo-lo: «Ó Senhor, não sou digno de participar na vossa mesa: mas dizei uma só palavra e eu serei salvo». Dizemos isto em cada Missa.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Papa Francisco: Reflexões sobre a Santa Missa – O Pai Nosso (Parte 13/15)


PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça São Pedro
Quarta-feira, 14 de março de 2018

O Pai Nosso

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Continuemos com a Catequese sobre a Santa Missa. Na última Ceia, depois de ter tomado o pão e o cálice do vinho, e de ter dado graças a Deus, sabemos que Jesus «partiu o pão». A esta ação corresponde, na Liturgia eucarística da Missa, a fração do Pão, precedida pela oração que o Senhor nos ensinou, ou seja, o “Pai-Nosso”.

E assim começam os ritos de Comunhão, prolongando o louvor e a súplica da Oração eucarística com a recitação comunitária do “Pai-Nosso”. Esta não é uma das tantas orações cristãs, mas é a oração dos filhos de Deus: é a grande oração que Jesus nos ensinou. Com efeito, entregue a nós no dia do nosso Batismo, o “Pai-Nosso” faz ressoar em nós os mesmos sentimentos de Jesus Cristo. Quando rezamos o “Pai-Nosso”, oramos como Jesus. Foi a oração que Jesus proferiu e que nos ensinou; quando os discípulos lhe disseram: “Mestre, ensina-nos a rezar como tu rezas”. E Jesus rezava deste modo. É tão bonito rezar como Jesus! Formados pelo seu divino ensinamento, ousamos dirigir-nos a Deus chamando-o “Pai” porque renascemos como seus filhos através da água e do Espírito Santo (cf. Ef 1, 5). Na verdade, ninguém poderia chamá-lo familiarmente “Abbá” — “Pai” — sem ter sido gerado por Deus, sem a inspiração do Espírito, como ensina São Paulo (cf. Rm 8, 15). Devemos pensar: ninguém pode chamá-lo “Pai” sem a inspiração do Espírito. Quantas vezes as pessoas dizem “Pai Nosso”, mas não sabem o que estão a dizer. Porque sim, é o Pai, mas será que quando dizes “Pai” sentes que Ele é o Pai, o teu Pai, o Pai da humanidade, o Pai de Jesus Cristo? Tens uma relação com este Pai? Quando rezamos o “Pai-Nosso”, entramos em relação com o Pai que nos ama, mas é o Espírito quem nos confere esta relação, este sentimento de sermos filhos de Deus.

Que oração melhor do que aquela que Jesus nos ensinou pode predispor-nos para a Comunhão sacramental com Ele? Além da Missa, o “Pai-Nosso” é rezado, durante a manhã e à noite, nas Laudes e nas Vésperas; deste modo, a atitude filial em relação a Deus e de fraternidade para com o próximo contribuem para dar forma cristã aos nossos dias.