sexta-feira, 22 de junho de 2018

Para muitos sírios, a Copa é um breve alívio da guerra


Em um campo de deslocados no norte da Síria, dezenas de adultos e adolescentes se reúnem para ver as transmissões do Mundial da Rússia em uma grande barraca equipada com projetores.

Desde 14 de junho é o mesmo ritual. Em um acampamento da cidade de Ain Issa, 50 km de Raqa, a ex-"capital" do grupo Estado Islâmico, os torcedores de futebol se reúnem para ver os jogos e fugir do calor.

Depois de sete anos de guerra, o Mundial representa um breve alívio para suas preocupações e o dia a dia no acampamento.

A barraca para as transmissões das partidas foi montada por iniciativa de uma associação de caridade local.

"É uma iniciativa muito boa poder assistir o Mundial em um acampamento. Permite atenuar o mal-estar", afirma Abdullah Fadel al Obeid, um ex-jogador de futebol.

"A gente se diverte acompanhando as partidas. Todo mundo gosta de esporte", acrescenta, o sírio de cerca de 30 anos e que fugiu há mais de um ano de Maskana, subúrbio de Aleppo, quando o regime sírio lançou uma ofensiva contra os jihadistas do EI.

Coisa de infiéis

Abddulah Fadel al Obeid conta como em sua localidade natal os jihadistas prendiam os jogadores alegando que o futebol era uma "tradição própria dos infiéis".

"Graças a Deus, nos livramos disso e podemos ver as partidas em liberdade. Apesar das circunstâncias difíceis, estamos felizes", comenta.

Torcedor da equipe egípcia "Faraós", ele lamenta a derrota do Egito ante o Uruguai (1-0) e a ausência do craque Mohamed Salah, ídolo no mundo árabe. "Eles o estão guardando para a próxima partida", afirma.

O entusiasmo é a única coisa que alegra este acampamento sem decorações esportivas e onde estão abrigados 13.000 deslocados, segundo a ONU.

Na barraca, os filhos se sentam junto aos pais, alguns sobre almofadas, outros em cadeiras improvisadas.

Do lado de fora, Maabad al Mohamad, de 23 anos, comenta que este Mundial acontece em um momento extremamente difícil de sua vida. 

O rapaz vive no acampamento há mais de um ano, depois de ter fugido de Raqa, sua cidade natal.

"Sentimos falta de nossos amigos, da animação de vermos as partidas juntos", lamenta.

O raio de luz no momento da concepção: um milagre de Deus a ser admirado, e não explorado por nós


Ao longo da Sagrada Escritura, a presença e o poder de Deus são associados à luz. Isso é mais obviamente verdadeiro em todos os escritos do Apóstolo João. Na verdade, como nos diz João em sua primeira carta, “Deus é luz e nele não há escuridão alguma”.

Mas isso vai além do histórico e do metafórico. Na verdade, é algo observável também reino microscópico.

A chamada de um artigo publicado recentemente no jornal inglês The Telegraph resume uma notável descoberta feita por pesquisadores da Northwestern University, que fica perto de Chicago: “Pela primeira vez, cientistas mostraram que a vida humana começa com um clarão de luz no momento em que um esperma fecunda um óvulo, após registrarem impressionantes ‘fogos de artifício’ em uma filmagem. Uma explosão de pequenas partículas surge do óvulo exatamente no momento da concepção”.

Pense nisso por um momento. No instante em que você, eu e cada ser humano que já viveu foram concebidos, ocorreu, em nível microscópico, algo que se parece com a explosão de fogos de artifício. Uma espécie de mini “Big Bang”.

Como escreveu Simcha Fisher no portal Aleteia, quando ela viu a manchete, sua resposta foi: “É como se… algo incrível estivesse ocorrendo! Algo em que não deveríamos interferir!”

Infelizmente, não foi assim que reagiram as pessoas responsáveis por essa descoberta. Depois de verem os “fogos de artifício” da natureza, começaram a pensar em como poderiam usar o que viram para controla-la e manipulá-la natureza.

Uma das coautoras do estudo chamou os resultados de “transformadores” e “importantes”. Por quê? Porque, disse ela, isso faz com que a fertilização in vitro se torne mais confiável. Como disse ela ao Telegraph: “Atualmente, não há ferramentas disponíveis que nos mostram se um óvulo é de boa qualidade. Muitas vezes, nós não sabemos se o óvulo ou o embrião são verdadeiramente viáveis até constatarmos o desenvolvimento da gravidez”.

Os “fogos de artifício” sugerem que possa haver “um modo não invasivo e facilmente visível de diagnosticar a saúde de um óvulo e, consequentemente, de um embrião antes da implantação”. Isso, ela prossegue, “nos ajudará a saber qual embrião deve ser transferido, a evitar muitas angústias e a chegar até a gravidez de forma mais rápida”.

Foi isso o que consideraram “transformador” nessa descoberta incrível?

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Diante de uma sociedade desenraizada, Papa chama os cristãos a conservar suas raízes


PEREGRINAÇÃO ECUMÊNICA DO PAPA FRANCISCO A GENEBRA 
POR OCASIÃO DO 70º ANIVERSÁRIO DA FUNDAÇÃO 
DO CONSELHO MUNDIAL DAS IGREJAS

SANTA MISSA
Palexpo – Genebra
Quinta-feira, 21 de junho de 2018

Pai, pão, perdão: três palavras, que encontramos no Evangelho de hoje; três palavras, que nos levam ao coração da fé.

«Pai»: começa assim a oração. Pode-se continuar com palavras diferentes, mas não é possível esquecer a primeira, porque a palavra «Pai» é a chave de acesso ao coração de Deus; com efeito, só dizendo Pai é que rezamos em língua cristã, é que rezamos «cristão»: não um Deus genérico, mas Deus que é, antes de mais nada, Papá. De facto, Jesus pediu-nos para dizer «Pai nosso que estais nos céus»; não «Deus dos céus, que sois Pai». Antes de tudo, antes de ser infinito e eterno, Deus é Pai.

D’Ele provém toda a paternidade e maternidade (cf. Ef 3, 15). N’Ele está a origem de todo o bem e da nossa própria vida. Então «Pai nosso» é a fórmula da vida, aquela que revela a nossa identidade: somos filhos amados. É a fórmula que resolve o teorema da solidão e o problema da orfandade. É a equação que indica o que se deve fazer: amar a Deus, nosso Pai, e aos outros, nossos irmãos. É a oração do nós, da Igreja; uma oração sem o eu nem o meu, mas toda voltada para o vós de Deus («o vosso nome», «o vosso reino», «a vossa vontade») e que se conjuga apenas na primeira pessoa do plural. «Pai nosso»: duas palavras que nos oferecem a sinalética da vida espiritual.

Desta forma, sempre que fazemos o sinal da cruz no princípio do dia e antes de cada atividade importante, sempre que dizemos «Pai nosso», reapropriamo-nos das raízes que nos servem de fundamento. Precisamos de o fazer nas nossas sociedades frequentemente desenraizadas. O «Pai nosso» revigora as nossas raízes. Quando está o Pai, ninguém fica excluído; o medo e a incerteza não levam a melhor. Prevalece a memória do bem, porque, no coração do Pai, não somos personagens virtuais, mas filhos amados. Ele não nos une em grupos de partilha, mas gera-nos juntos como família.

Não nos cansemos de dizer «Pai nosso»: lembrar-nos-á que não existe filho algum sem Pai e, por conseguinte, nenhum de nós está sozinho neste mundo; mas lembrar-nos-á também que não há Pai sem filhos: nenhum de nós é filho único, cada um deve cuidar dos irmãos na única família humana. Ao dizer «Pai nosso», afirmamos que cada ser humano é parte nossa e, face aos inúmeros malefícios que ofendem o rosto do Pai, nós, seus filhos, somos chamados a reagir como irmãos, como bons guardiões da nossa família e a trabalhar para que não haja indiferença perante o irmão, cada irmão: tanto do bebé que ainda não nasceu como do idoso que já não fala, tanto dum nosso conhecido a quem não conseguimos perdoar como do pobre descartado. Isto é o que o Pai nos pede, nos manda: amar-nos com coração de filhos, que são irmãos entre si.

Pão: Jesus diz para pedir cada dia, ao Pai, o pão. Não é preciso pedir mais: só o pão, isto é, o essencial para viver. O pão é, antes de mais nada, o alimento suficiente para hoje, para a saúde, para o trabalho de hoje; aquele alimento que, infelizmente, falta a muitos dos nossos irmãos e irmãs. Por isso digo: ai daqueles que especulam sobre o pão! O alimento básico para a vida quotidiana dos povos deve ser acessível a todos.

Pedir o pão de cada dia é dizer também: «Pai, ajuda-me a fazer uma vida mais simples». A vida tornou-se tão complicada; apetece-me dizer que hoje, para muitos, a vida de certo modo está «drogada»: corre-se de manhã à noite, por entre mil chamadas e mensagens, incapazes de parar fixando os rostos, mergulhados numa complexidade que fragiliza e numa velocidade que fomenta a ansiedade. Impõe-se uma opção de vida sóbria, livre de pesos supérfluos. Uma opção contracorrente, como outrora fez São Luís Gonzaga que hoje recordamos. A opção de renunciar a muitas coisas que enchem a vida, mas esvaziam o coração. Irmãos e irmãs, optemos pela simplicidade, a simplicidade do pão, para voltar a encontrar a coragem do silêncio e da oração, fermento duma vida verdadeiramente humana. Optemos pelas pessoas em vez das coisas, para que levedem relações, não virtuais, mas pessoais. Voltemos a amar a genuína fragrância daquilo que nos rodeia. Em casa, quando eu era criança, se o pão caísse da mesa, ensinavam-nos a apanhá-lo imediatamente e a beijá-lo. Apreciar o que temos de simples cada dia e guardá-lo: não usar e jogar fora, mas apreciar e guardar.

E não esqueçamos também que «o Pão de cada dia» é Jesus. Sem Ele, nada podemos fazer (cf. Jo 15, 5). Ele é o alimento básico para viver bem. Às vezes, porém, reduzimos Jesus a um condimento; mas, se não for o nosso alimento vital, o centro dos nossos dias, o respiro da vida quotidiana, tudo é vão, temos condimento e nada mais. Ao suplicar o pão, pedimos ao Pai e dizemos para nós mesmos cada dia: simplicidade de vida, cuidado por aquilo que nos rodeia, Jesus em tudo e antes de tudo.

Discurso do Papa Francisco no Encontro Ecumênico em Genebra


PEREGRINAÇÃO ECUMÊNICA DO PAPA FRANCISCO A GENEBRA 
POR OCASIÃO DO 70º ANIVERSÁRIO DA FUNDAÇÃO 
DO CONSELHO MUNDIAL DAS IGREJAS

ENCONTRO ECUMÊNICO
Centro Ecumênico WCC – Genebra
Quinta-feira, 21 de junho de 2018

Amados irmãos e irmãs!

Estou feliz por vos encontrar e grato pela vossa calorosa receção. Agradeço de modo particular ao Secretário-Geral, Reverendo Dr. Olav Fykse Tveit, e à Moderadora, Dra. Agnes Abuom, pelas suas palavras e por me terem convidado por ocasião do septuagésimo aniversário da criação do Conselho Mundial das Igrejas.

Biblicamente, o cômputo de setenta anos evoca a duração completa duma vida, sinal de bênção divina. Mas, setenta é também um número que traz à mente duas passagens famosas do Evangelho. Na primeira, o Senhor mandou perdoar-nos, não até sete vezes, mas «até setenta vezes sete» (Mt 18, 22). O número não pretende por certo indicar um limite quantitativo, mas abrir um horizonte qualitativo: não mede a justiça, mas alonga a medida para uma caridade desmesurada, capaz de perdoar sem limites. É esta caridade que nos permite, depois de séculos de contrastes, estar juntos como irmãos e irmãs reconciliados e agradecidos a Deus nosso Pai.

O facto de nos encontrarmos aqui deve-se também a quantos nos precederam no caminho, escolhendo a estrada do perdão e consumindo-se para responder à vontade do Senhor: que «todos sejam um só» (Jo 17, 21). Impelidos pelo desejo ardente de Jesus, não se deixaram manietar pelos nós complicados das controvérsias, mas encontraram a audácia de olhar mais além e acreditar na unidade, superando as barreiras das suspeitas e do medo. É verdade aquilo que afirmava um antigo pai na fé: «Se verdadeiramente o amor conseguir eliminar o medo e este se transformar em amor, então descobrir-se-á que o que salva é precisamente a unidade» (São Gregório de Nissa, Homilia 15 sobre o Cântico dos Cânticos). Somos os beneficiários da fé, da caridade e da esperança de muitos que tiveram, com a força desarmada do Evangelho, a coragem de inverter o sentido da história; aquela história que nos levara a desconfiar uns dos outros e a alhear-nos mutuamente, seguindo a espiral diabólica de incessantes fragmentações. Graças ao Espírito Santo, inspirador e guia do ecumenismo, o sentido mudou e ficou indelevelmente traçado um caminho novo e, ao mesmo tempo, antigo: o caminho da comunhão reconciliada, rumo à manifestação visível daquela fraternidade que já une os crentes.

Mas, o número setenta proporciona-nos um segundo motivo evangélico: lembra aqueles discípulos que Jesus, durante o ministério público, enviou em missão (cf. Lc 10, 1) e são objeto de celebração no Oriente cristão. O número destes discípulos alude ao número das nações conhecidas, elencadas nos primeiros capítulos da Sagrada Escritura (cf. Gn 10). Que sugestão nos deixa isto? Que a missão tem em vista todos os povos, e cada discípulo, para ser tal, deve tornar-se apóstolo, missionário. O Conselho Ecuménico das Igrejas nasceu como instrumento do movimento ecuménico que foi suscitado por um forte apelo à missão: como podem os cristãos evangelizar, se estão divididos entre si? Esta premente interpelação orienta ainda o nosso caminho e traduz o pedido do Senhor para permanecermos unidos a fim de que «o mundo creia» (Jo 17, 21).

Permiti-me, amados irmãos e irmãs, que, além de viva gratidão pelo empenho que dedicais à unidade, vos manifeste também uma preocupação. Esta deriva da impressão de que o ecumenismo e a missão já não aparecem tão intimamente interligados como no princípio. E todavia o mandato missionário, que é mais do que a diakonia e a promoção do desenvolvimento humano, não pode ser esquecido nem anulado. Em causa está a nossa identidade. O anúncio do Evangelho até aos últimos confins da terra é conatural ao nosso ser de cristãos. Com certeza, a maneira de exercer a missão varia segundo os tempos e lugares e, perante a tentação – infelizmente habitual – de se impor seguindo lógicas mundanas, é preciso lembrar-se de que a Igreja de Cristo cresce por atração.

Mas, em que consiste esta força de atração? Não está por certo nas nossas ideias, estratégias ou programas: não se crê em Jesus Cristo através duma recolha de consensos, nem o Povo de Deus se pode reduzir ao nível duma organização não-governamental. Não! A força de atração está toda naquele dom sublime que conquistou o apóstolo Paulo: «Conhecer a [Cristo], na força da sua ressurreição e na comunhão com os seus sofrimentos» (Flp 3, 10). Este é o nosso único motivo de glória: «o conhecimento da glória de Deus, que resplandece na face de Cristo» (2 Cor 4, 6) e que nos foi dado pelo Espírito vivificador. Este é o tesouro que nós, frágeis vasos de barro (cf. 2 Cor 4, 7), devemos oferecer a este nosso amado e atribulado mundo. Não seríamos fiéis à missão que nos foi confiada, se reduzíssemos este tesouro ao valor dum humanismo puramente imanente, ao sabor das modas do momento. E seríamos maus guardiões, se quiséssemos apenas preservá-lo, enterrando-o com medo de sermos provocados pelos desafios do mundo (cf. Mt 25, 25).

Papa Francisco explica como é o diálogo entre China e Vaticano


Em entrevista à agência de notícias Reuters, o Papa Francisco explicou que as relações entre o Vaticano e a China estão “em um bom ponto” e disse que o diálogo entre os dois Estados tem três aspectos.

O Santo Padre assinalou que a primeira forma de diálogo é “a oficial”, que ocorre quando “a delegação chinesa vem a Roma, fazemos reuniões e depois a delegação vaticana vai à China. Há boas relações e conseguimos fazer muitas coisas positivas”.

A segunda forma de diálogo, continuou, é “de todos e com todos. ‘Sou o primo do ministro fulano que mandou dizer que… ’ e sempre há uma resposta. ‘Sim, está bem, vamos em frente’. Existem estes canais abertos periféricos que são, digamos assim, humanos e não queremos interrompê-los. Pode-se ver a boa vontade tanto por parte da Santa Sé quanto por parte do governo chinês”.

A terceira forma de diálogo é cultural, que para o Papa é “o mais importante no diálogo de reaproximação com a China”.

“Há sacerdotes que trabalham nas universidades chinesas. E também consideramos muito a cultura, como a mostra que fizemos no Vaticano e na China, é o caminho tradicional, como o dos grandes, como Matteo Ricci”, disse o Santo Padre recordando o sacerdote jesuíta que evangelizou a China no século XVI.

Além disso, o Pontífice afirmou: “Agrada-me pensar nas relações com a China assim, multifacetado, não se limitar apenas ao oficial diplomático, porque os outros dois caminhos enriquecem muito”.

“Na sua pergunta – acrescentou o Papa –, o senhor falou de dois passos para frente e um para trás, mas eu digo que os chineses merecem o prêmio Nobel da paciência, porque são bons, sabem esperar, o tempo é deles e têm séculos de cultura. É um povo sábio, muito sábio. Eu respeito muito a China”, destacou.

Atualmente, a China e o Vaticano não têm relações diplomáticas oficiais. Estas relações se romperam em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas, os quais expulsaram os clérigos estrangeiros.

Há algum tempo, ambos os Estados têm um diálogo que deveria levar a um acordo para a nomeação de bispos na China. No começo deste ano, alguns meios especularam sobre a possível assinatura de um tratado, algo que foi negado no final de março pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

Um dos principais opositores do acordo entre a China e o Vaticano é o Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, Bispo Emérito de Hong Kong, que no final de janeiro publicou uma carta na qual informou que o Vaticano havia solicitado a dois bispos suas renúncias para permitir que prelados relacionados ao governo assumissem seus cargos.

Médicos de hospital anunciam objeção de consciência frente a projeto do aborto na Argentina


Menos de uma semana depois da aprovação do projeto do aborto na Câmara dos Deputados da Argentina, todos os médicos do Hospital Materno Neonatal da Cidade de Misiones anunciaram que pedirão a objeção de consciência para não participar destas práticas.

Depois de 20 horas de discussão, o projeto de lei do aborto foi aprovado com 129 votos a favor, 125 contra e uma abstenção. Agora, deverá ser enviado à Câmara do Senado para ser debatido.

Até o momento, a iniciativa permite o aborto livre até a 14ª semana de gestação e até os nove meses de gestação em casos de violação, de risco de saúde da mãe e inviabilidade do feto.

O projeto do aborto permite que os profissionais se oponham à objeção consciência de maneira “individual e por escrito”. Entretanto, não haverá objeção de consciência institucional.

O gerente do hospital, David Halaque, confirmou a postura a favor da vida dos médicos e disse que esta decisão foi tomada há três anos, quando entrou em vigor o “protocolo do aborto não punível” em casos de gravidez por violação.

Halac explicou a Radio Libertad de Posadas que o hospital é regido por um protocolo estabelecido, portanto, sabem como agir e para onde encaminhar os casos. Mesmo assim, atualizarão a lista de objetores a fim de saber se algum profissional do local mudou de posição.

Genebra: "A divisão entre cristãos contradiz a vontade do Senhor", diz Papa


PEREGRINAÇÃO ECUMÊNICA DO PAPA FRANCISCO A GENEBRA 
POR OCASIÃO DO 70º ANIVERSÁRIO DA FUNDAÇÃO 
DO CONSELHO MUNDIAL DAS IGREJAS

Oração Ecumênica
Centro Ecumênico WCC – Genebra
Quinta-feira, 21 de junho de 2018

Amados irmãos e irmãs!

Ouvimos as palavras do apóstolo Paulo aos Gálatas, a braços com transtornos e lutas internas. De facto, havia grupos que se contrapunham e acusavam mutuamente. É neste contexto que por duas vezes, em poucos versículos, o apóstolo convida a «caminhar segundo o Espírito» (cf. Gal 5, 16.25).

Caminhar: o homem é um ser a caminho. Durante toda a vida, é chamado a pôr-se a caminho, saindo continuamente donde se encontra: desde quando sai do ventre da mãe e vai passando duma idade da vida a outra; desde que deixa a casa dos pais até quando sai desta existência terrena. O caminho é uma metáfora que revela o sentido da vida humana, duma vida que não se basta a si mesma, mas está sempre à procura de algo mais. O coração convida-nos a caminhar, a alcançar uma meta.

Mas caminhar requer disciplina, causa fadiga; é necessária paciência diária e treinamento constante. É preciso renunciar a tantas estradas, para se escolher a que conduz à meta e mantê-la viva na memória para não se extraviar dela. Meta e memória. Caminhar requer a humildade de rever os próprios passos, quando for necessário, e a solicitude pelos companheiros de viagem, porque só se caminha bem juntos. Em suma, caminhar exige uma conversão contínua de si mesmo. É por isso que muitos desistem, preferindo a tranquilidade doméstica, onde pode cuidar comodamente dos seus negócios sem se expor aos riscos da viagem. Mas, assim, prende-se a seguranças efémeras, que não dão aquela paz e aquela alegria por que aspira o coração e que se encontram apenas saindo de si próprio.

A isto nos chama Deus, desde os primórdios. Já pedira a Abraão para deixar a sua terra, pondo-se a caminho armado apenas de confiança em Deus (cf. Gn 12, 1). De igual modo Moisés, Pedro e Paulo, e todos os amigos do Senhor viveram caminhando. Mas foi sobretudo Jesus que nos deu o exemplo. Por nós, saiu da sua condição divina (cf. Flp 2, 6-7) e desceu para caminhar entre nós, Ele que é o Caminho (cf. Jo 14, 6). Senhor e Mestre, fez-Se peregrino e hóspede no meio de nós. Tendo regressado ao Pai, deu-nos o seu próprio Espírito, para que também nós tenhamos a força de caminhar na sua direção, de realizar o que Paulo pede: caminhar segundo o Espírito.

Segundo o Espírito: se todo o homem é um ser a caminho e, fechando-se em si mesmo, renega a sua vocação, muito mais o cristão. Porque a vida cristã – assinala Paulo – depara-se com uma alternativa inconciliável: caminhar no Espírito, atendo-se ao traçado inaugurado pelo Batismo, ou «realizar os apetites da carne» (cf. Gal 5, 16). Que significa esta última expressão? Significa tentar realizar-se seguindo o caminho da acumulação de bens, a lógica do egoísmo, segundo a qual o homem procura, aqui e agora, agarrar tudo o que lhe apetece. Não se deixa levar docilmente para onde Deus indica, mas segue a própria rota. Temos diante dos olhos as consequências deste percurso trágico: na sua voracidade de coisas, o homem perde de vista os companheiros de viagem; em consequência, pelas estradas do mundo reina uma grande indiferença. Impelido pelos seus instintos, torna-se escravo dum consumismo desenfreado; em consequência, a voz de Deus é silenciada, os outros – sobretudo se incapazes de caminhar pelo próprio pé como bebés e idosos – são descartados porque importunos, a criação serve apenas para produzir à medida das necessidades.

Austrália sugere punir padres que não quebrem sigilo da confissão em casos de pedofilia


Um sacerdote australiano afirmou que junto com outros presbíteros estão dispostos a serem presos em vez de quebrar o segredo de confissão, como lhes exige uma nova lei quando, durante a administração do sacramento, o penitente revela algum caso de abuso sexual.

“O Estado vai exigir de nós, sacerdotes católicos, algo que vemos como o crime mais grave e não estou disposto a fazer isso”, disse Pe. Michael Whelan, pároco da Igreja St. Patrick, em Sydney, segundo informa um meio local.

Nesse sentido, assegurou que ele e outros sacerdotes estão “dispostos a ir para a cadeia” em vez de quebrar o segredo de confissão.

Quando perguntaram ao sacerdote se a Igreja está acima da lei, disse que “de jeito nenhum”; entretanto, advertiu que, “quando o Estado tenta intervir em nossa liberdade religiosa, prejudica a essência do que significa ser católico. Nós resistiremos”.

Pe. Whelan fez estas declarações depois que a Assembleia Legislativa do Território de Camberra aprovou, no dia 7 de junho, uma lei para obrigar os sacerdotes a quebrar o segredo de confissão quando, durante a administração do sacramento, saibam de algum caso de abuso sexual. Esta norma entrará em vigor em 31 de março de 2019.

Por sua parte, o território de South Australia aprovou uma lei semelhante que entrará em vigor em 1º de outubro deste ano, enquanto Nova Gales do Sul analisa a possibilidade de uma norma semelhante a esta.

Sobre a norma de South Australia, o Administrador Apostólico de Adelaide, Dom George O'Kelly, se pronunciou e assegurou que “os políticos podem mudar a lei, mas nós não podemos mudar a natureza do confessionário, onde acontece um encontro sagrado entre o penitente, que é alguém que busca o perdão, e um sacerdote que representa Cristo”.

Em declarações à rádio ABC em Adelaide, o Arcebispo disse que esta lei “não nos afeta”. “Entendemos que o segredo de confissão está na área do sagrado”, afirmou.