Ao longo da Sagrada Escritura, a presença e o poder de Deus são associados à luz. Isso é mais obviamente verdadeiro em todos os escritos do Apóstolo João. Na verdade, como nos diz João em sua primeira carta, “Deus é luz e nele não há escuridão alguma”.
Mas isso vai além do histórico e do metafórico. Na verdade, é algo observável também reino microscópico.
A chamada de um artigo publicado recentemente no jornal inglês The Telegraph resume uma notável descoberta feita por pesquisadores da Northwestern University, que fica perto de Chicago: “Pela primeira vez, cientistas mostraram que a vida humana começa com um clarão de luz no momento em que um esperma fecunda um óvulo, após registrarem impressionantes ‘fogos de artifício’ em uma filmagem. Uma explosão de pequenas partículas surge do óvulo exatamente no momento da concepção”.
Pense nisso por um momento. No instante em que você, eu e cada ser humano que já viveu foram concebidos, ocorreu, em nível microscópico, algo que se parece com a explosão de fogos de artifício. Uma espécie de mini “Big Bang”.
Como escreveu Simcha Fisher no portal Aleteia, quando ela viu a manchete, sua resposta foi: “É como se… algo incrível estivesse ocorrendo! Algo em que não deveríamos interferir!”
Infelizmente, não foi assim que reagiram as pessoas responsáveis por essa descoberta. Depois de verem os “fogos de artifício” da natureza, começaram a pensar em como poderiam usar o que viram para controla-la e manipulá-la natureza.
Uma das coautoras do estudo chamou os resultados de “transformadores” e “importantes”. Por quê? Porque, disse ela, isso faz com que a fertilização in vitro se torne mais confiável. Como disse ela ao Telegraph: “Atualmente, não há ferramentas disponíveis que nos mostram se um óvulo é de boa qualidade. Muitas vezes, nós não sabemos se o óvulo ou o embrião são verdadeiramente viáveis até constatarmos o desenvolvimento da gravidez”.
Os “fogos de artifício” sugerem que possa haver “um modo não invasivo e facilmente visível de diagnosticar a saúde de um óvulo e, consequentemente, de um embrião antes da implantação”. Isso, ela prossegue, “nos ajudará a saber qual embrião deve ser transferido, a evitar muitas angústias e a chegar até a gravidez de forma mais rápida”.
Foi isso o que consideraram “transformador” nessa descoberta incrível?
Lembro-me de quando John Piper disse que ninguém observa o Grand Canyon e pensa: “Sou incrível”. Aparentemente, porém, há pessoas que – nas palavras de Fisher – “observam o próprio clarão de luz da vida” e dizem: “Pensem nas possibilidades comerciais”.
Para Fisher, essa história trouxe à mente uma cena de O Sobrinho do Mago, de C. S. Lewis. O mago do título, Tio André, teve o privilégio de presenciar a criação de Nárnia, no momento em que Aslan, com seu canto, criou o mundo. Não obstante, assim como o fazem esses pesquisadores, ele só consegue pensar em plantar árvores de ferro em Nárnia e vendê-las em casa para lucrar.
Ao que responde Franco, o cocheiro: “Oh, pare com isso, distinto, pare com isso – disse o cocheiro. É hora de ver e ouvir, não de falar”.
Franco, o cocheiro e Fisher estão certos. Para aqueles de nós que têm o privilégio de testemunhar algo incrível, até sagrado, a resposta deveria ser a admiração e a reverência, até mesmo o silêncio reverencial. Já que não temos nada que ver com o milagre que ocorre diante dos nossos olhos, nossa resposta deveria ser o espanto e a gratidão e, no final das contas, a adoração – e não planos para explorar nosso conhecimento e brincar de Deus com o objetivo de lucrar.
Naturalmente, a resposta correta requer o reconhecimento de que não temos nada que ver com aquele milagre e, portanto, não podemos explorá-lo. E a humildade, que é pré-requisito para a adoração e a gratidão, está cada vez mais escassa.
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Disponível em: Notifam
Publicado com a permissão de Break Point.
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