sábado, 14 de julho de 2018

Igreja Protestante debate se “Deus é homem, mulher ou gênero neutro”


Onze anos atrás, o movimento judaico reformista mudou sua linguagem para referir-se a Deus em seu livro de orações, passando a trocar o masculino pelo “gênero neutro”. Em 2017 foi a vez da Igreja Nacional da Suécia, de confissão luterana, que passou a instruir os pastores e bispos a referir-se a Deus de “uma maneira neutra”. Ou seja, Deus podia ser chamado tanto de “Mãe” quanto de “Pai” nas orações.

Esta semana a cúpula da Igreja Episcopal debate nos Estados Unidos a proposta de revisão de seu “Livro de Oração Comum”, usado nas igrejas da denominação em todo o mundo. Conforme noticia o jornal Washington Post, será tomada uma decisão para determinar se Deus tem (ou não) gênero.

“Enquanto ‘homens’ e ‘Deus’ estiverem na mesma categoria, nosso trabalho em direção à equidade estará incompleto. Eu honestamente acho que isso não importa em alguns aspectos”, disse o reverendo Wil Gafney, professor de Antigo Testamento na Brite Divinity School, Texas.

Ao longo da história do cristianismo, Deus sempre foi tratado em orações como um ser masculino, incluindo termos como “Pai”, “Rei” e “Senhor”. No Novo Testamento, Jesus ensinou a orar a Deus usando o termo masculino.

Porém, Gafney e os outros membros do comitê da Igreja Episcopal tendem e recomendar uma mudança na linguagem, alegando que Deus é “maior do que qualquer gênero”.

As 3 grandes Ordens Religiosas Militares da história da Igreja


Na sua acepção cristã primitiva, a expressão ordo militaris, justaposta a ordo ecclesiasticus (o clero), designava os fiéis leigos com a sua respectiva legislação; todo cristão, por efeito do Batismo e da Crisma, é, sim, um militante de Cristo. À medida que as ordens monásticas se foram desenvolvendo, ordo militaris (ordem militar) passou a ser o título de famílias religiosas organizadas para lutar em defesa da fé, dos pobres e dos oprimidos.

Já que o ideal das ordens militares se prende de perto ao do cavaleiro medieval, será oportuno lembrar, antes do mais, alguns traços característicos deste último.

1. O cavaleiro medieval


Entre os múltiplos elementos com que os invasores bárbaros contribuíram para a formação da cultura e da mentalidade medievais, conta-se a instituição dos cavaleiros. Esta se foi delineando aos poucos: a princípio tinha a índole um tanto brutal que caracterizava tudo que se referia à guerra entre os bárbaros; mas, com o tempo, impregnou-se de mentalidade profundamente cristã. O cavaleiro foi-se mais e mais considerando servo de Deus, portador de missão religiosa; o Senhor Altíssimo lhe era apresentado como o primeiro Soberano, e a fidelidade ou a fé como a virtude básica.

Assim, as normas da cavalaria se tornaram autêntica escola de formação do jovem medieval, cujo programa se resumia no lema: «Minha alma, a Deus; minha vida, ao rei; meu coração, à dama; a honra, para mim». O cavaleiro aprendia não somente o manejo das armas e a técnica do combate, mas, a fim de disciplinar as paixões e servir devidamente aos seus nobres objetivos, era educado na prática das virtudes e do amor (amor a Deus e ao próximo).

A formação do cavaleiro se processava em três etapas:

Até os 7 anos, o candidato ficava sob os cuidados de sua mãe e das amas, que lhe insuflavam os rudimentos da educação cristã; passava a maior parte do tempo em jogos infantis. Aos sete anos, tornava-se pajem ou donzel (domicellus) e geralmente era transferido para a corte de um príncipe ou para o castelo de um senhor feudal, a cujo serviço ele se dedicava tanto em casa como na caça e em viagem. A instrução religiosa era-lhe ministrada pelo capelão do castelo, que, não raro, nos longos serões do inverno, lhe narrava os episódios do Antigo e do Novo Testamento, assim como a vida dos santos. Uma das grandes tarefas do pajem consistia na aprendizagem das sete «probitates» do cavaleiro: a natação, a equitação, o manejo do arco, o duelo, a caça, o jogo do xadrez, a arte da rima. A título de recreio, era-lhe dado ouvir o trovador, que periodicamente visitava o castelo, deleitando os ouvintes com suas canções e com as narrativas dos feitos exímios dos antigos heróis.

Aos 14 anos, o pajem era promovido a escudeiro, recebendo do sacerdote ao pé do altar a espada e o cinturão bentos, ao passo que as esporas de prata lhe eram fixadas aos pés pelos assistentes; estes, em seu nome, prometiam amor e lealdade. De então por diante, a ocupação principal do jovem era o uso das armas, que ele carregava ao acompanhar o seu senhor na guerra e na caça.

Aos 21 anos, o escudeiro era instituído cavaleiro numa cerimônia (dita adubamento) rica de simbolismo. Na véspera do grande dia purificava-se com um banho (comparado a novo batismo), após o qual se revestia de «cotta» (camisa) preta (símbolo da morte), túnica branca (emblema da pureza) e manto vermelho (significativo do sangue que ele devia estar pronto a derramar pela fé). Assim trajado, o candidato ia para a capela, onde passava a noite em «vigília de armas»; de manhã cedo confessava-se e participava da Santa Missa e recebia a Santa Comunhão. Seguia-se a investidura propriamente dita: após a bênção da espada, o candidato ouvia de joelhos a leitura dos seus futuros deveres, entre os quais primavam os de servir a Deus e à Igreja, não mentir, proteger os fracos. Feito isto, os padrinhos lhe impunham uma blusa, um casaco de malha, polainas de ferro e a espada; o cavaleiro jurava solenemente fidelidade aos seus ideais de guerreiro cristão; por fim, para encerrar o rito, o seu senhor tocava-o três vezes com a espada, dizendo: «Em nome de Deus, de São Miguel e de Nossa Senhora, constituo-te cavaleiro».

Infelizmente os varões assim preparados não estiveram sempre à altura do seu nobre programa. Aos poucos, o entusiasmo foi diminuindo; o cavaleiro se tornou burguês e cortesão; a entrada na cavalaria veio a ser obrigatória para que alguém gozasse dos privilégios da nobreza; em suma, o título de cavaleiro passou a ser mera distinção honorífica. Como quer que seja, a instituição, em seus tempos áureos, produziu frutos notáveis tanto no plano natural como no sobrenatural, dentro da sociedade medieval.

À luz destas ideias, entende-se que tenham surgido na Santa Igreja famílias religiosas que professavam empunhar as armas a serviço da mais nobre das causas, que é a do Reino de Cristo.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

O Espírito Santo e o Corpo de Cristo


O corpo do Cristo ressuscitado, agora à Direita do Pai, é pleno do Espírito Santo, é Seu Templo. É nesta santíssima humanidade do Senhor Jesus Cristo, humanidade toda glorificada, que o Santo Espírito habita!

Ora, nós entramos, mística, mas realmente, nesse Corpo pelo Batismo; e, misteriosamente, esse corpo é realmente a Igreja. Assim, batizados no Espírito, entramos na Igreja, Corpo e Esposa do Senhor Jesus. Sim, "fomos batizados num só Espírito para formarmos um só Corpo" (1Cor 12,13), participando do Corpo eucarístico do Senhor.

Do mesmo modo que habita no corpo pessoal do Cristo nos Céus, o Santo Espírito habita no Seu corpo eclesial, que é a Sua Igreja. Assim, o Espírito é a alma da Igreja, é como a seiva que mantém os ramos unidos ao tronco, é como a energia que vem da cabeça para os membros. Por isso, a Igreja realmente vive de Cristo, da Sua energia, da Sua presença no Espírito. Assim sendo, a Igreja jamais envelhecerá, jamais caducará, jamais passará. Ela é sempre nova, não por nossa causa, não por nossas idéias da última moda, mas devido à vida nova no Espírito que, vindo de Cristo, nos renova continuamente. Ela sempre será atraente, não porque dança e faz gracinhas, não porque dá desconto na fé e adocica o Evangelho do Cristo, mas porque é o "lugar", o "espaço", do Santo Espírito do Ressuscitado.

É o Espírito também Quem mantém a Igreja sempre unida, apesar da diversidade de pessoas, mentalidades, culturas, etc. "O Amor de Cristo (que é o Santo Espírito) nos uniu"...

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Brasileiros querem um Presidente contrário ao aborto e legalização das drogas

Brasileiro é contrário à legalização do aborto.

Uma pesquisa divulgada mostra que o brasileiro pretende eleger para Presidente da República alguém com o perfil contrário ao aborto e à legalização das drogas. A “Pesquisa de Opinião Pública — As Características Ideais do Futuro Presidente do Brasil” foi  encomendada ao instituto Real Time Big Data pela RecordTV e Portal R7.


Dos entrevistados, 70% dos brasileiros são contrários à liberação do aborto contra 30% dos pesquisados. Ainda neste tema, vale dizer que a maioria das mulheres, um percentual de 69%, opinaram contra a prática do aborto, contrariando as feministas.

Padre Antônio Vieira: leitura atual em tempos de Lava Jato


Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa em 1608 e morreu na Bahia em 1697. Viveu praticamente todo o século XVII, sendo uma de suas principais figuras em termos de história e literatura. A beleza e a atualidade de seus sermões fazem de Vieira um autor de leitura prazerosamente indispensável.

Sou católico e graduado em Letras Português, mas não foi dentro da Igreja nem da Universidade que conheci os sermões do Padre Antônio Vieira. Comecei a ler o jesuíta por conta própria, quando tive que ministrar minhas primeiras aulas sobre literatura barroca.

Imaginem só a situação: sermões do século XVII em vários volumes, livros extensos e surrados, aparência de coisa ultrapassada, citações em latim… Lembro-me que fui à biblioteca sonolento, na certeza de que não terminaria o primeiro sermão sem antes cochilar duas ou três vezes. Mas logo no começo a leitura foi impactante. As primeiras páginas me tiraram o sono e o engano inicial. Logo me senti entusiasmado com a profundidade da reflexão e com o estilo fascinante e provocante da escrita do Padre Antônio Vieira.

No comecinho do Sermão no Sábado Quarto da Quaresma, Vieira comenta o evangelho da mulher adúltera: “Esta mulher nesta mesma hora foi achada em adultério (Jo 8, 4). Esta mulher? E o cúmplice? Foram dois os pecadores, e é uma só a culpada? Sempre a justiça é zelosa contra os que podem menos.” Observemos as interrogações, tão próprias da literatura barroca, que interpelam o leitor, chamando sua atenção.

Notemos também o aforismo, a máxima, o ensinamento que resume uma verdade: sempre a justiça é zelosa contra os que podem menos. Assim suas palavras se apresentam como exemplares, citáveis, possíveis de serem reinscritas em diferentes textos, o que favorece e incentiva sua circulação.

Também essas frases, em virtude de sua forma generalizante, proporcionam ao texto grande impessoalidade, como se não houvesse uma pessoa como autor particular concreto, mas apenas a voz do Sagrado exprimindo uma verdade imutável. Convém assinalar ainda que essas palavras do Padre Antônio Vieira nos servem como denúncia do vício machista de sempre querer colocar a culpa na mulher, vício esse que, infelizmente, persiste nos dias de hoje. Vieira é atualíssimo!

Também é impossível, em tempos de Lava Jato, não perceber a absoluta atualidade do Padre Antônio Vieira ao ler o Sermão do Bom Ladrão, em que o jesuíta fala dos ladrões “de maior calibre e de mais alta esfera” – gente do governo que rouba por todos os modos, em todas as pessoas e em todos os tempos, sempre na voz ativa, enquanto o povo sofre o roubo, passivamente.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Incômodas realidades da Vida Religiosa


O Senhor guia a Igreja, o Senhor está presente nela. Seu Espírito vivifica, suscita, orienta, sustenta... Não nos pede licença, não nos consulta: é soberano! Eleva, rebaixa, exalta, humilha... tudo para nos conduzir a Cristo, tudo para o bem da Igreja, tudo para que o mundo reconheça em Jesus o único Salvador, enviado pelo Pai para toda a humanidade.

Afirmo isto pensando na vida religiosa. Ela é uma realidade carismática presente na Igreja: não foi instituída diretamente por Cristo, mas é fruto da ação do Seu Espírito Santo, como sinal do Reino de Deus e das exigências para quem deseja seguir o Cristo Jesus. Foi assim que nasceu aquele modo livre, radical, estranho e aparentemente louco de seguir a Cristo: homens e mulheres que deixavam tudo por causa do Senhor e iam viver no deserto uma vida de oração, penitência, constante meditação da Palavra de Deus e serviço aos pobres. Eram loucos, eram incompreensíveis para o mundo... É isto a vida religiosa: loucura, embriaguez por amor ao Cristo nosso Senhor! É isto, nem mais nem menos! E quando deixa de ser isso, perde o sentido, torna-se insossa e definha!

No decorrer dos tempos, as formas de vida religiosa foram mudando, evoluindo: primeiro, viúvas ou virgens que moravam em comunidade sob o cuidado do Bispo, depois, monges solitários no deserto; posteriormente, as grandes abadias medievais, com 300, 500 monges, dedicados à oração, ao canto dos salmos, ao trabalho no campo e à vida intelectual; mais adiante, os loucos mendicantes – franciscanos, dominicanos e carmelitas -, que tudo deixavam e andavam pelas ruas das cidades européias, pregando e esmolando por amor de Cristo. Viviam em comunidade, na pobreza, castidade e obediência. Na Idade Moderna surgiram os jesuítas, práticos e eficientes, parecendo um exército de Cristo e do Papa, pronto para a batalha. Depois surgiu uma constelação de congregações com um carisma particular. Era uma novidade: uma vida religiosa com o objetivo não somente de viver simplesmente o Evangelho, mas destinada também a um trabalho (carisma) específico: escolas, hospitais, missões, cuidado dos pobres, trabalho paroquial, etc...

O importante era que em toda essa evolução – das origens a hoje – houve sempre algumas características que marcavam a saúde, o vigor e a fidelidade desse modo de viver:

1) a “separação” da família e do modo de viver do mundo para viver “de modo realmente diferente” numa vida de comunidade fraterna por causa de Jesus Cristo;

2) uma intensa vida de piedade e oração, penitência e sobriedade; 

3) a clara vivência dos votos de pobreza material, castidade efetiva, física, e obediência muito concreta e custosa;

4) a ruptura com os costumes do mundo (mesmo aqueles costumes honestos e legítimos), expresso no hábito religioso, que identificava e deixava claro para o religioso e para os outros a sua consagração e expresso também no modo de viver simples, recolhido e piedoso de quem abraçava essa vida...

É esta vida religiosa que está em crise. Na verdade, sempre estará em crise, pois ser religioso é ser livre, pobre, simples, radical, apartado do mundo... E há sempre uma tendência de acomodamento, de que, pouco a pouco, as estruturas que os próprios religiosos vão criando com o correr do tempo, sufoquem a simplicidade, a fraternidade originais e vão apagando o Espírito com a praga do comodismo, da frieza e da secularização...

No entanto, sobretudo depois do Vaticano II, com o pretexto de renovação, adaptação aos tempos modernos e de inserção no mundo, a vida religiosa entrou num profundo processo de esfriamento. Não sempre, mas muitíssimas vezes, os religiosos parecem aqueles que deixaram tudo para não deixarem nada: vivem como todo mundo, vestem-se como todo mundo, falam e agem como todo mundo. Os sinais do sagrado, do diferente, da radicalidade, da loucura e incongruência por amor de Cristo, desapareceram.

terça-feira, 10 de julho de 2018

O argumento filosófico contra o casamento civil gay


Você já se perguntou qual é a razão do Estado possuir um contrato de casamento? Qual o seu interesse em proteger contratualmente um consórcio que, em si, pertence a foro privado? Certamente não se trata de uma mera questão patrimonial ou previdenciária já que juridicamente existem outros contratos que suprem esta necessidade. Tampouco se trata de um contingente “contrato de reconhecimento afetivo” já que a afetividade é algo deveras subjetivo para ser contratualizado (por isso que, por exemplo, não existe algo como um “contrato civil de amizade”). O Estado protege as uniões heterossexuais com um contrato de casamento, pois, em sua essência, estas uniões são teleologicamente ordenadas a fins que beneficiam toda a sociedade, sendo, portanto, de interesse público a sua proteção e preservação. Tais fins, intrínsecos à própria natureza das uniões conjugais, são: a procriação e a formação integral de novos seres-humanos.

Acerca de sua finalidade procriativa, sem a qual sequer poderíamos falar em Estado ou em sociedade, entende-se que toda união heterossexual é teleologicamente ordenada à geração de novos indivíduos, uma vez que esta é a própria razão biológica para a chamada diferenciação sexual existir em nossa espécie. Por se tratar de um conceito ontológico, tal propriedade independe de seu sucesso, incluindo assim também aquelas uniões que não obtiveram sucesso na realização de seu fim, seja por motivos médicos, seja por motivos de escolha pessoal (i.e. casais estéreis e egoístas, respectivamente) [1].

Acerca de sua finalidade formativa, sem a qual não seria possível existir sociedades sadias, entende-se que toda união heterossexual é teleologicamente ordenada à formação integral de novos indivíduos já que apenas elas possuem as figuras essenciais para o desenvolvimento humano (isto é, a figura paterna e a figura materna). Assim como no fim procriativo, o fim formativo também abrange aquelas uniões que não obtiveram sucesso na realização de seu fim, seja por motivos associados à dedicação paterna (como pais que não tiveram tempo para seus filhos), seja por motivos associados a escolhas que lhes desvinculam de suas obrigações familiares (como por exemplo, abandono, aborto, etc).

Sem tais fins qualquer sociedade entraria em colapso. Daí surge a necessidade de não só se proteger contratualmente a instituição que lhes resulta, isto é, a união conjugal entre um homem e uma mulher, como também lhe promover enquanto um bem imanente que deve ser perpetuado.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Palavra de Vida: «Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza».


Na segunda carta à comunidade de Corinto, o apóstolo Paulo responde a algumas pessoas que punham em dúvida a legitimidade da sua atividade apostólica. Mas ele não se defende, nem enumera os seus méritos e sucessos. Pelo contrário, põe em evidência a obra que Deus realizou, nele e por seu intermédio.

Paulo faz referência a uma sua experiência mística de profunda relação com Deus (1), para logo a seguir partilhar o seu sofrimento, por causa de um “espinho” que o atormenta. Não explica do que é que se trata exatamente, mas compreende-se que é uma dificuldade grande, que o poderá limitar na sua tarefa de evangelizador. Por isso, confessa que pediu a Deus que o libertasse dessa limitação, mas a resposta de Deus é desconcertante:

«Basta-te a minha graça, 
porque a força manifesta-se na fraqueza».

Todos nós temos continuamente a experiência das fragilidades, próprias e alheias, tanto físicas como psicológicas e espirituais, e vemos à nossa volta uma humanidade que sofre e anda à deriva. Sentimo-nos fracos e incapazes de resolver essas dificuldades, e até de as enfrentar. Quando muito, limitamo-nos a não fazer mal a ninguém.

Esta experiência de Paulo, pelo contrário, abre-nos um horizonte novo: reconhecendo e aceitando a nossa fraqueza, podemos abandonar-nos completamente nos braços do Pai, que nos ama tal como somos e quer apoiar-nos na nossa caminhada. Prosseguindo essa carta, Paulo afirma ainda: «Quando sou fraco, então é que sou forte» (2).