É supérfluo absolver um documento de cada motivação política, quando os seus objetivos religiosos são definidos repetida e claramente fora deles. Algumas ações são proibidas porque ofendem diretamente a religião e favorecem movimentos anti-religiosos. A excomunhão com que aqueles que professam a doutrina materialista e anti-cristã são punidos não é inspirada por políticas, é óbvio para quem está familiarizado com questões religiosas.
O Decreto pode ser dividido em duas partes. Na primeira parte, trata-se de ações que são proibidas por conta da contribuição direta e indireta que elas fazem com a doutrina ou ação anti-religiosa, mesmo que a pessoa que os apoia não professe esta doutrina. Qualquer pessoa agindo com pleno conhecimento e de seu próprio livre-arbítrio torna-se indigno de receber os Sacramentos. A segunda parte trata com aqueles que professam, e acima de tudo com aqueles que defendem e espalham, a doutrina materialista e anti-religiosa do comunismo. Sem mais delongas eles estão excomungados.
Podemos afirmar então que nos países da Europa Ocidental a primeira parte é mais importante do que a segunda. Na Itália, na Bélgica, na França e assim por diante, há muitos católicos que, enganados pelas promessas de líderes comunistas, ou seduzidos pelo desejo de reformas sociais, favorecem o comunismo sem a adoção de sua doutrina fundamental. Estes, por isso, não incorrem em excomunhão. Mas a Santa Sé confronta-os com sua grave responsabilidade pelo apoio dado por eles aos inimigos obstinados da religião cristã, e com o perigo de envenenar suas próprias mentes com as idéias falsas continuamente espalhadas pela imprensa comunista.
Não é lícito emprestar o próprio nome para partidos comunistas ou para favorecê-los.
Como os comunistas podem ser divididos em vários partidos (pensemos da Yugoslávia), falamos de “partidos” no plural. A estes devem ser adicionados, em seguida, os movimentos que são organizadas diretamente pelo comunismo; por exemplo, o Movimento da Juventude Comunista, os Sindicatos comunistas propriamente ditos, e assim por diante. Quem matricula a si próprio nesses movimentos é culpado de uma ação ilícita. As razões são apresentadas na resposta à primeira pergunta.
Comunismo, como existe hoje, como é apresentado pela doutrina de Karl Marx e Engels, e como se propaga pelo bolchevismo, é materialista e anti-cristão. Foram feitas tentativas para separar os princípios sociais e econômicos do comunismo, do seu sistema doutrinal anti-religioso, mas eles falharam. O que quer que alguns adeptos intelectuais do comunismo possam dizer, este último é e continua a ser fundamentalmente materialista. Por razões de propaganda, como Lenin explicitamente aconselha, líderes comunistas, por vezes, afirmam que eles não são adversários da religião. Mas esta afirmação deles é refutada pelos fatos inegáveis. Onde quer que o comunismo está no poder, mais cedo ou mais tarde, a Igreja Católica é privada dos seus direitos inalienáveis e é submetida a perseguição violenta. Consequentemente, a ação dos comunistas é materialista e anti-cristã até quando a questão é doutrina. O decreto visa abrir os olhos daqueles católicos que se deixam enganar pelas falsas palavras dos propagandistas do comunismo. Os fatos falam muito mais alto do que as palavras.