sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Algoritmos da ingratidão


A ingratidão tem uma vasta tipologia especificada pelos motivos que a conformam. É-se ingrato por malícia; é-se ingrato por fraqueza; é-se ingrato por ignorância. Estas três espécies gerais da ingratidão se subdividem em incontáveis tipos mais ou menos deletérios, os quais muitas vezes se mesclam e cooperam de diferentes maneiras para fazer arraigar na alma de alguém este vício.

Exemplifiquemos:

> O estúpido — enquadrado na subespécie da ignorância — não pode ser grato;

> O susceptível — enquadrado na subespécie da fraqueza — não pode ser grato;

> O invejoso — enquadrado na subespécie da malícia — não pode ser grato.

Enfatize-se que se está a falar do hábito da ingratidão, e não de atos isolados dela, embora estes últimos representem sinais de fumaça a indicar o seguinte: nalgum lugar crepita um fogo horroroso, o fogo da doença que despersonaliza a pessoa e a torna refém de emoções desgovernadas, as quais vão aos poucos afastando a inteligência do centro da personalidade. Em suma, o ingrato é derrotado por paixões que o fazem não enxergar a beleza dos valores morais. Este verdadeiro aleijão gnosiológico cria uma deformidade monstruosa na vontade, que, a partir de certa altura, passa a apetecer o bem caoticamente — sem ordená-lo de acordo com os graus de ser pelos quais se faz presente na realidade.

Os algoritmos conformadores da ingratidão são análogos à tabela periódica da química, na qual os elementos estão sistematicamente dispostos de acordo com as suas propriedades. No caso de que se trata, a mescla entre graus de impureza no ato propriamente humano contribui para formar-se o hábito da ingratidão; conhecer, pois, o magma funesto dessas combinações é imprescindível para o estudioso da alma humana elaborar o juízo que aquilatará, em cada circunstância, o tamanho desta enfermidade moral. Tais misturas são os reais ingredientes da ingratidão; se forem compreendidas a contento, podem até trazer a cura a quem padece deste mal.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Papa Francisco muda o parágrafo do Catecismo sobre a pena de morte


O Santo Padre recebeu em audiência, no dia 11 de maio p.p., no Vaticano, o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Luís Ladaria, durante a qual aprovou a nova redação do Catecismo da Igreja Católica (n. 2267), sobre a “pena de morte”.

O novo Rescrito do Papa, ou seja, a decisão papal sobre a questão da pena de morte, foi publicado na manhã desta quinta-feira, no Vaticano:

“Durante muito tempo, o recurso à pena de morte, por parte da legítima autoridade, era considerada, depois de um processo regular, como uma resposta adequada à gravidade de alguns delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum”.

No entanto, hoje, torna-se cada vez mais viva a consciência de que a dignidade da pessoa não fica privada, apesar de cometer crimes gravíssimos. Além do mais, difunde-se uma nova compreensão do sentido das sanções penais por parte do Estado. Enfim, foram desenvolvidos sistemas de detenção mais eficazes, que garantem a indispensável defesa dos cidadãos, sem tirar, ao mesmo tempo e definitivamente, a possibilidade do réu de se redimir.

É isso que o Papa João Paulo II afirma na sua encíclica Evangelium Vitae, no número 56, porém, mantendo a possibilidade da pena de morte "em casos de absoluta necessidade":

"Nesta linha, coloca-se o problema da pena de morte, à volta do qual se registra, tanto na Igreja como na sociedade, a tendência crescente para pedir uma aplicação muito limitada, ou melhor, a total abolição da mesma. O problema há-de ser enquadrado na perspectiva de uma justiça penal, que seja cada vez mais conforme com a dignidade do homem e portanto, em última análise, com o desígnio de Deus para o homem e a sociedade. Na verdade, a pena, que a sociedade inflige, tem «como primeiro efeito o de compensar a desordem introduzida pela falta». A autoridade pública deve fazer justiça pela violação dos direitos pessoais e sociais, impondo ao réu uma adequada expiação do crime como condição para ser readmitido no exercício da própria liberdade. Deste modo, a autoridade há-de procurar alcançar o objetivo de defender a ordem pública e a segurança das pessoas, não deixando, contudo, de oferecer estímulo e ajuda ao próprio réu para se corrigir e redimir.

Claro está que, para bem conseguir todos estes fins, a medida e a qualidade da pena hão-de ser atentamente ponderadas e decididas, não se devendo chegar à medida extrema da execução do réu senão em casos de absoluta necessidade, ou seja, quando a defesa da sociedade não fosse possível de outro modo. Mas, hoje, graças à organização cada vez mais adequada da instituição penal, esses casos são já muito raros, se não mesmo praticamente inexistentes.

Em todo o caso, permanece válido o princípio indicado pelo novo Catecismo da Igreja Católica: « na medida em que outros processos, que não a pena de morte e as operações militares, bastarem para defender as vidas humanas contra o agressor e para proteger a paz pública, tais processos não sangrentos devem preferir-se, por serem proporcionados e mais conformes com o fim em vista e a dignidade humana »." (EV)

A possibilidade de pena de morte, no entanto, foi repensada pelo Papa Francisco considerando "sistemas de detenção mais eficazes".

Por isso, a Igreja ensina, no Novo Catecismo, à luz do Evangelho, que “a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa, e se compromete, com determinação, em prol da sua abolição no mundo inteiro”. 

A perversão da linguagem


O grande meio empregado para corromper as idéias foi perverter a linguagem.

A Franco-maçonaria soube fazer adotar pelo público a palavra laicização no lugar de descristianização; secularização no lugar de separação entre a ordem religiosa e a ordem civil, na família e na sociedade; neutralidade escolar no lugar de ensino ateu; separação entre a Igreja e o Estado no lugar de ateísmo no governo e nas leis; denúncia da Concordata no lugar de espoliação da Igreja; [desafetação] no lugar de confisco; leis existentes no lugar de decretos arbitrários e ilegais; tolerância em lugar de licença dada aos piores erros etc, etc. 

Ela construiu as palavras clericalismo, inalienabilidade etc., espantalhos; seduções, como as palavras liberdade, igualdade, fraternidade, democracia etc. 

"São_ dizia Bonald_ expressões de sentido dúbio, nas quais as paixões encontram primeiro um sentido claro e preciso, sobre o qual a razão se esforça em vão para fazê- las voltar através de explicações tardias: as paixões atêm-se ao texto e rejeitam o comentário"1. 

"Apesar dos ensinamentos dados pela razão e da evidência produzida por nossas catástrofes_ diz Le Play_ essa fraseologia que embrutece fornece alimento diário às tendência revolucionárias encarnadas na nossa raça. Sob essa influência penetram cada vez mais, nas camadas inferiores da sociedade, o desprezo pela lei de Deus, o ódio às superioridades sociais e o espírito de revolta contra toda autoridade" 2. 

Mazzini não pensava diferentemente de Le Play sobre esse ponto. Dizia: "As discussões eruditas não são nem necessárias, nem oportunas. Há palavras regeneradoras3 que contêm tudo o que é necessário repetir freqüentemente ao povo: liberdade, direitos do homem, progresso, igualdade, fraternidade. Eis o que o povo compreenderá, sobretudo quando opusermos a estas as palavras despotismo, privilégios, tirania etc". 

O sentido inteiro das palavras liberdade, igualdade, progresso, espírito moderno, ciência etc., que reaparecem sem cessar nos discursos e nos artigos dos políticos e nas profissões de fé dos candidatos patrocinados pelas lojas, é revolução, destruição da ordem social, retorno ao estado de natureza pelo desaparecimento de toda autoridade que limite a liberdade, destruição de toda hierarquia, que rompe a igualdade, e o estabelecimento de uma ordem de coisas, através da fraternidade, em que todos os direitos e todos os bens serão comuns. Os iniciados, ao pronunciarem essas palavras, sabem que estão anunciando um programa contra as leis de Deus e seus representantes na terra, que estão exprimindo o conceito de estado social cuja fórmula foi dada por J.-J. Rousseau. Os outros, repetindo-as após eles, tolamente, preparam para a aceitação desse estado social aqueles que a Franco-maçonaria não poderia atingir diretamente.4 

Que é a direção suprema da Franco-maçonaria quem escolhe essas palavras, que as lança e que encarrega seus adeptos de propagá-las, não há a menor dúvida. "Vamos começar_ tinham dito as Instruções secretas_ a pôr em circulação os princípios humanitários". Reformas, melhoramentos, progresso, república fraterna, harmonia da humanidade, regeneração universal: todas essas palavras enganosas são lidas nas Instruções. Picollo-Tigre fá-las seguir destas: "A felicidade da igualdade social" e "os grandes princìpios da liberdade". Nubius acrescenta: "A injusta repartição dos bens e das honras". Resumindo tudo, Gaétan regozija-se de ver o mundo lançado no caminho da democracia. 

No relatório do 3° Congresso das Lojas do Leste, em Nancy, 1822, lê-se: "Nos últimos graus (os mais altos da hierarquia maçônica), está condensado um trabalho maçônico universal de uma grande profundidade. Não seria desses cumes que nos chegam as palavras misteriosas que, partidas não se sabe de onde, atravessam às vezes as multidões em meio a um grande convulsão, e as levanta para a felicidade (!) da humanidade?" 

É de notar que a maçonaria se serviu da língua francesa para forjar suas fórmulas revolucionárias. Isto não escapou a de Maistre, que tão bem conheceu o poder misterioso de nossa língua. Na terceira das Lettres d’un royaliste savoisien à ses compatriotes, escritas nos dias da Revolução, ele diz: "O reinado dessa língua não pode ser contestado. Esse império jamais foi tão evidente e jamais será mais fatal do que no momento presente. Uma brochra alemã, inglesa, italiana etc., sobre os Direitos do Homem, divertiria, quando muito, um camareiro do país: escrita em francês, ela sublevará num piscar de olhos todas as forças do universo"5.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

A cultura indígena é prejudicada pela evangelização? Sabe de nada, inocente!


A partir da canonização de São José de Anchieta, veio mais uma vez à tona a discussão sobre os possíveis danos à cultura indígena provocados pela evangelização. Os defensores dessa tese cultivam a ideia romântica de que os índios seriam uma espécie de “povo intocável”, que não pode entrar em contato com outras culturas e nem ser influenciado por elas, para não se corromper.

Deem só uma olhada no nível dos twits sobre o tema:


Como piada esses comentários até que são úteis (confesso que ri do “espirro tuberculoso”), mas a pretensão de conhecimento de causa desse povinho faz tudo isso ser digno de lástima, assim como a matéria infame que saiu na “Carta Capital”. Eita mainha, quanta opinião ordináaaaaaria!

Ora, as interações culturais entre os povos são comuns em toda a parte. Nessa dinâmica, são absorvidas coisas boas e ruins, mas nenhum povo jamais achou bacana fechar-se numa bolha, de modo a isolar-se do resto do mundo para manter seus costumes eternamente imutáveis. Porém, o mito do bom selvagem, que ganhou força com Rousseau, difundiu entre os ocidentais a ideia de que os índios são ingênuos, puros e vivem em perfeita harmonia, e o contato com a civilização só pode lhes degenerar.

Basta um leve esforço de estudo para descobrir que a história é bem diferente. Canibalismo e guerras entre tribos eram muito comuns, já bem antes de os homens brancos chegarem por essas bandas (Hans Staden que o diga). E muitos índios resolveram abandonar a vida nas aldeias e adotar nomes de brancos, por livre e espontânea vontade, como descreve muito bem o “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” (saiba mais aqui).


Na verdade, nem precisa estudar história para saber que muitos índios desejam absorver a cultura dos brancos; é só olhar as notícias nos jornais. Cada vez mais indígenas cursam escolas e faculdades, têm acesso à internet, buscam assistência médica, jogam futebol, são usuários de telefonia celular e desejam morar em casas com TV e água quente no chuveiro. Ironicamente, quem zela por manter o povo indígena eternamente dependente do cuidado dos brancos e petrificado no tempo das cavernas são os brancos, não os índios.

Nos Estados Unidos, a coisa é bem diferente. Os índios mantêm muitos dos costumes de seus ancestrais, mas estão perfeitamente integrados à sociedade americana. Não são coitadinhos, não precisam que o Estado lhes sirva de babá nem que representantes de ONGs lhes prestem favores ou briguem pro seus direitos. Eles são independentes e, a seu modo, bem-sucedidos (saiba mais aqui).

“Esta ideia de que o guarani tem que ser o mesmo guarani de 1500 é absurda, na medida em que a gente pensa que a gente também não é igual aos nossos avós. Então porque esperar que os guaranis sejam iguais e seus antepassados?” - Letícia Bauer. Diretora do Museu das Missões (São Miguel das Missões-RS)


Voltando à questão histórica. A colonização das Américas e, portanto, o intenso contato entre índios e brancos era inevitável. A cultura indígena sofreria influências dos brancos e também os influenciaria, com ou sem a ação dos jesuítas. Porém, sem os jesuítas, o número de índios mortos e escravizados teria sido imensamente superior.

Os bandeirantes, inicialmente, acharam vantagem em atacar as missões, onde os índios se encontravam reunidos e pacificados. Mas os padres reagiram, não só conseguindo que Portugal reafirmasse com maior vigor a proibição da escravização de índios, como também metendo bala em sujeito folgado. Em 1638, o Padre Montoya foi a Madri, onde conseguiu a autorização do rei para que os índios se defendessem com armas de fogo. E, nas guerras guaraníticas, os jesuítas pegaram em armas para defender os índios contra o poder colonial português e espanhol, provando com sangue seu amor pelo povo indígena (duvido que você tenha aprendido isso na escola).

“O Brasil dos jesuítas era um Brasil onde os indígenas tinham um poder muito grande em comparação com o poder que têm hoje. Onde o idioma dos índios era falado pelas pessoas no cotidiano". - Edgar Leite Castro, professor de história da Uerj

Mas, bem pior do que os não-católicos desinformados acusando a Igreja de destruir a cultura indígena, são os próprios católicos apoiando a ideia herética de que os índios são tão perfeitos que não precisam ser evangelizados. Entretanto, a palavra de Cristo não poderia ser mais clara: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." (Mt 28,19). TODAS AS NAÇÕES, certo? Isso não parece deixar de lado as nações indígenas.

terça-feira, 31 de julho de 2018

De "gay" a fundador de uma comunidade de vida religiosa


Querida Igreja Católica, como um ex-homossexual que voltou para vós à procura de Deus, gostaria que soubésseis que não, vós não me deveis nenhum pedido de desculpas. Nunca, em nenhum momento, ao longos dos meus 43 anos levando um estilo de vida homossexual, eu me senti marginalizado pela Igreja. A Igreja nunca me abandonou. Jamais me senti como tivesse sido desamparado. Fui eu que me desamparei a mim mesmo. Nem por uma vez sequer eu me senti rejeitado pela Igreja, como se não tivesse lugar nela. Vossas portas sempre estiveram abertas para mim. Fui eu quem as atravessei e fui embora.

Vós tendes de saber que não houve um só dia, ao longo dos meus 43 anos, em que eu não reconhecesse o quão ofensivo a Deus era o meu comportamento. Olhando para trás, posso dizer honestamente que o obstáculo entre Deus e eu, posto por mim mesmo, constituiu um dos meus maiores sofrimentos. O que me manteve afastado da Igreja foi a minha estupidez e o meu sentimento de culpa. Vós me destes a verdade e eu a rejeitei.

Como isso pôde ter acontecido? Muito simples. Eu usava desculpas. Insistia em que não detinha nenhum autocontrole sobre o meu pecado. Entrei numa mentalidade de que talvez, por acaso, um Deus de Amor estivesse bem com tudo o que eu fazia. Qualquer que fosse a verdadeira razão para isto, achei muito mais fácil ocultar toda a minha culpa no recanto mais escondido da minha consciência. E, então, durante 43 anos, todo aquele pecado e toda aquela culpa permaneceram empoeirados e sem arrependimento algum.

Obrigado por me dar a coragem de proclamar o que me tendes ensinado há tanto tempo. Vós não me deveis nada. Sou eu que vos devo tudo.

Vós não me deveis nenhum pedido de desculpas. Fui eu quem ofendi a Deus, a Sua Igreja e os Seus ensinamentos. Fizestes a vossa parte. Proclamastes a verdade na caridade, mas eu ignorei-a. Eu tenho e assumo a total responsabilidade por meus caminhos pecaminosos. Fui eu quem rejeitei as muitas cruzes que o Senhor me deu. Fui eu quem enfrentei meus demónios. Fui eu quem rejeitei a salvação que vós me oferecestes.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

O inferno não é incompatível com o amor de Deus?


Não é incompatível porque Deus nos dá o poder de escolher, poder este essencial para a habilidade de amar. Escolher Deus implica em Céu; rejeitá-Lo implica em Inferno. Por quê? Porque Deus é a fonte de toda bondade, vida e felicidade. Se você se afasta Dele, estará se afastando destas coisas também.

Que espécie de Céu seria esse se Deus forçasse aqueles que não O amam a passar toda a eternidade com Ele? Isto seria amor? [Para os que O rejeitaram] isto seria menos tormentoso do que o Inferno?

domingo, 29 de julho de 2018

Por que os católicos costumam usar a cruz no peito?


Jesus morreu crucificado, e sua cruz, juntamente com seu sofrimento, seu sangue e sua morte, foram o instrumento de salvação para todos nós. A Cruz não é uma vergonha, mas um símbolo de glória, primeiro para Cristo e depois para os Cristãos. Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos? (1 Cor 1, 23). Jesus nunca diminuiu o escândalo da cruz, mas sim nos mostrou que sua crucificação ocultava um profundo mistério de vida nova.

Ademais, pelo sangue derramado na cruz, Deus reconciliou todos os homens? (Col 1,20) e suprimiu as antigas divisões entre os povos, causadas pelo pecado (Ef 2,14-18). Com efeito, Cristo morreu por todos (1 Ts 5,10) quando nós ainda éramos pecadores (Rm 5,6), dando-nos assim a prova suprema de amor (Jo 15,13) ( 1 Jo 4,10). Morrendo por nossos pecados (1 Cor 15,3) (1 Pd 3,18) reconciliou-nos com Deus por sua morte (Rm 5,10), de modo que já podemos receber a herança prometida (Hb 9,15).

A cruz de Cristo segundo o apóstolo Paulo, vem a ser o coração do Cristão. Por sua fé no Crucificado, o Cristão foi crucificado com Cristo no batismo e ademais morreu para a lei do Antigo Testamento para viver com Deus. Por minha parte, seguindo a lei, cheguei a ser morto para a lei a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo, e agora não vivo eu, senão Cristo que vive em mim? (Gl 2,19-20). Assim o Cristão põe sua confiança na única força de Cristo, pois do contrário, se mostraria inimigo da cruz?. Porque muitos vivem como inimigo da cruz de Cristo? (Fl 3,18).

Na vida cotidiana do Cristão, ?o homem velho é crucificado? (Rm 6,6) a tal ponto que fique plenamente livre do pecado. O cristão diariamente assumirá a sabedoria da cruz, se converterá, a exemplo de Jesus, em humilde e ?obediente até a morte e morte de cruz?.

sábado, 28 de julho de 2018

A Igreja Zumbi


Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. (Lv 19,2)

A Santa Igreja Católica ensina que através do Sacramento do Batismo, somos ingressados na vida sobrenatural da Fé, e consequentemente na comunidade dos Santos, a Igreja de Deus (cf. CIC 1236). Com efeito, foi o próprio Cristo que nos ensinou: Quem não nascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus (Jo 3,5).

Porém, através do pecado somos afastados da vida de Graça, desta vida sobrenatural da Fé. E por esta mesma razão, Nosso Senhor instituiu o Sacramento da Reconciliação, para que através dele possamos voltar à comunidade dos Santos de Deus: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhe serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos” (Jo 20,22-23).

Quantos católicos realmente se reconciliam com Deus através do Sacramento da Reconciliação? Infelizmente é notório notar que a grande maioria não. Se estão mortos para a vida sobrenatural da Fé, não passam de mortos que acreditam estar vivos.

O Sacramento da Reconciliação

O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 1446 ensina que: “Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. E a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça”.

Como dissemos, é através dele que nós pecadores voltamos à vida de Graça no seio do redil do Senhor, que é a Igreja. A Santa Igreja com maternal amor nos lembra de que “Não há pecado algum, por mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. ‘Não existe ninguém, por mau e culpado que seja, que não deva esperar com segurança a seu perdão, desde que seu arrependimento seja sincero.” Cristo que morreu por todos os homens, quer que, em sua Igreja, as portas do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que recua do pecado’” (Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 982).