Há quem diga que, diante da possibilidade de um
segundo turno entre Bolsonaro e Ciro, optaria por este, pois aquele superaria em
quesito de ódio aos princípios católicos. Seria verdade? Nesta próxima seção de
“Análise de políticos à luz da DSI” tentaremos esclarecer.
Nascido em Pindamonhangaba, Ciro Gomes formou-se em
Direito pela Universidade Federal do Ceará. Desde jovem já possuía um apreço
grande pela política, era militante estudantil e disputou, em 1979, as eleições
da UNE. Nessa época, embora não fosse um comunista de carteirinha, era
vinculado ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) e, como ele mesmo disse, a sua
“aproximação
era mais com a esquerda católica" [1]. Dessa afirmação, já
imaginamos o que vem por aí.
Fez um bom passeio na política brasileira. Esteve
em sete partidos. Foi eleito pela primeira vez em 1982, concorrendo pelo PDS,
como deputado estadual do Ceará. Depois, em 1983, filiou-se ao PMDB, partido
pelo qual se elegeu prefeito de Fortaleza em 1988. Vale ressaltar que neste
mandato implantou o primeiro imposto progressivo do Brasil. Se
trata do aumento progressivo da tributação por dois motivos: em razão do valor
do imóvel e do descumprimento da função social. Embora a Igreja seja
contundente quanto à função social da propriedade, ao ser enfática no dever do
proprietário de utilizar dos seus bens e recursos deles providos para promoção
do bem comum, sem permitir a ociosidade da propriedade e fazer dela ocasião de
danos sociais, este tema do imposto progressivo se mostra delicado. Por óbvio,
a sua aplicação em razão do valor do imóvel nada mais é do que a estratégia
marxista da distribuição forçada de renda dos mais ricos aos mais pobres, ou
melhor, da coletivização da propriedade, passando tudo para o “papai” Estado
distribuir conforme seu bel prazer – sabemos bem que, muito provavelmente, será
para si próprio. Porém, a tributação progressiva em razão do descumprimento da
função social, embora pareça estar em consonância com os ensinamentos do
magistério “O direito à propriedade privada é intrinsecamente inerente à função
social" [2] tem-se que pensar que a tributação faz com que a pena seja
paga ao Estado pouco efetivo na distribuição de renda, em vez de ser paga à
sociedade.
Ciro Gomes foi um dos fundadores do PSDB (Partido
da Social Democracia Brasileira) que hoje já está escancarado como papel higiênico
do PT, mas que segundo ele seria “uma alternativa progressista, não-reacionária
de oposição ao PT” [3]. Vale lembrar que um ano antes, em 1989, o PSDB apoiou
Lula no segundo turno na eleição em que este disputava contra Fernando Collor,
com afirmação pública de Ciro Gomes de que teria dado seu voto a Lula.