O Papa Francisco enviou uma mensagem ao presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, por ocasião da XXIII Sessão Pública das
Academias Pontifícias. A solenidade anual foi realizada no final da tarde desta terça-feira (4), no Palácio da Chancelaria, em Roma - o edifício renascentista mais antigo da cidade e que faz parte
do Patrimônio Mundial da Humanidade.
A cerimônia intitulada “Eternidade, a outra face da vida”, onde também estavam presentes os presidentes de outras seis universidades, além de cardeais,
bispos, embaixadores e estudantes, abriu espaço para intervenções, inclusive musicais, sobre o tema. Na oportunidade, o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, entregou o “Prêmio
das Academias Pontifícias” para promover e apoiar o trabalho junto aos jovens, ao ler a mensagem do Pontífice dirigida a Dom Ravasi, também presidente do Conselho de Coordenação entre
as universidades pontifícias.
O Papa Francisco iniciou sua declaração lembrando das origens da solenidade, criada em 1995 depois da reforma das Academias Pontifícias no pontificado de João
Paulo II, e valorizando a entrega do Prêmio para que contribua “à promoção de um novo humanismo cristão”.
“ A experiência de encontrar com Deus transcende qualquer conquista humana e constitui uma meta infinita e sempre nova. ”
Tema da Eternidade é ignorado nas missas
Sobre a temática do encontro solene, o Papa parabenizou a escolha que “nos estimula a refletir novamente e melhor sobre um âmbito, não
somente teológico que, mesmo sendo essencial e central na experiência cristã”, não tem sido tão valorizado nas pesquisas acadêmicas dos últimos anos e nem na formação
dos fiéis.
Francisco recordou, então, o quanto tratameos da “ressureição dos mortos e da vida eterna” todos os domingos, na missa, porque
“se trata do núcleo essencial da fé cristã”, ligado diretamente a fé de Jesus Cristo morto e ressuscitado. Mesmo assim, é uma reflexão que “não encontra o
espaço e a atenção que merece”, advertiu o Papa, que tem a impressão que seja um tema “intencionalmente esquecido e ignorado porque é aparentemente distante, estranho à
vida quotidiana e à sensibilidade contemporânea”.
Ao aprofundar a questão, Francisco comentou que é uma realidade que não surpreende, já que um dos fenômenos que marca a cultura
atual “é justamente o fechamento dos horizontes transcendentes, o se fechar em si mesmo, o apego quase exclusivo ao presente, esquecendo ou censurando as dimensões do passado e, sobretudo, do futuro, sentido,
especialmente pelos jovens, como obscuro e cheio de incertezas. O futuro além da morte aparece, nesse contexto, inevitavelmente ainda mais distante, indecifrável ou completamente inexistente”, afirmou o
Pontífice.