sábado, 2 de março de 2019

Todos os caminhos levam ao Terço


Desde que passei a rezar o terço diariamente, minha vida mudou - e para melhor. Muitas vezes, ao contemplar um dos mistérios da antiga oração popularizada por São Domingos, abrem-se para mim novos caminhos de entendimento de cuja existência eu nem suspeitava. Os passos de Jesus e da Sagrada Família são uma espécie de compêndio de tudo que acontece na vida humana. Você pode nem desconfiar, mas a sua biografia pessoal, caro leitor, é uma repetição do terço.

Alegro-me ao verificar como o terço marca as pessoas. Há alguns dias, o amigo Matheus Bazzo, cujas belas fotos por vezes ilustram a Avenida Paraná, estava em viagem para Roma, quando foi obrigado a fazer uma demorada conexão em Frankfurt, o que permitiu a ele dar um passeio pelo centro da cidade alemã. Meu amigo decidiu então visitar a Catedral de São Bartolomeu, uma das igrejas mais antigas da região. Era uma quinta-feira chuvosa; Matheus conseguiu chegar à catedral por volta das 16h30.

Matheus chegou à igreja e passou os olhos pelo quadro de avisos aos fiéis. Em Frankfurt, segundo ele, é raro encontrar placas ou cartazes em outras línguas que não o alemão, mesmo inglês. Contudo, para sua grande surpresa, havia um folheto escrito em sua língua natal: "Oração do terço em português todas as quintas às 16:40". Matheus estava dez minutos adiantado.

Meu amigo então se dirigiu à capela onde se rezava o terço na língua de Camões. A iniciativa era de uma senhora alemã chamada Brigitte Henss, que viveu sete anos no Brasil quando criança. Começou rezando sozinha, depois pediu autorização ao pároco da catedral para fazer a oração todas as semanas.

Quando Matheus perguntou a ela o motivo de rezar o terço no nosso idioma, algo tão peculiar numa cidade alemã, obteve uma resposta comovedora: "Eu senti que o Brasil precisa muito de orações, então decidi rezar em português na intenção de todos os brasileiros".

Palavra de Vida: “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36).





De acordo com a narração de São Lucas, Jesus, depois de ter anunciado as bem-aventuranças aos seus discípulos, propõe-lhes o seu revolucionário convite: amar cada pessoa como a um irmão, mesmo que se revele um inimigo.

Jesus sabe bem o que isso significa e explica-o: somos irmãos porque temos um único Pai, que está sempre à espera dos seus filhos.

Ele quer estabelecer um relacionamento com cada um de nós, apelando para isso à nossa responsabilidade. Mas, ao mesmo tempo, mostra que o seu amor é um amor que se preocupa, que trata, que nutre. A sua é uma atitude maternal, de compreensão e ternura.

Assim é a misericórdia de Deus que vai, pessoalmente, ao encontro de cada ser humano, com todas as suas fragilidades. Aliás, Ele tem predileção por aqueles que estão à beira da estrada, os que são excluídos e marginalizados.

A misericórdia é um amor que enche o coração, para depois transbordar sobre os outros, tanto sobre os vizinhos como sobre os estranhos, sobre a sociedade à sua volta.

Porque somos filhos deste Deus, podemos assemelhar-nos a Ele naquilo que O carateriza, isto é, no amor, no acolhimento, no saber esperar os tempos do outro.

Homilética: 8º Domingo do Tempo Comum - Ano C: "A boca fala do que o coração está cheio".



O tema central da liturgia deste domingo convida-nos a refletir sobre esta questão: aquilo que nos enche o coração e que nós testemunhamos é a verdade de Jesus, ou são os nossos interesses e os nossos critérios egoístas?

O Evangelho dá-nos os critérios para discernir o verdadeiro do falso “mestre”: o verdadeiro “mestre” é aquele que apenas apresenta a proposta de Jesus gerando, com o seu testemunho, comunhão, união, fraternidade, amor; o falso “mestre”, ao contrário, é aquele que manifesta intolerância, hipocrisia, autoritarismo e cujo testemunho gera divisões e confusões: o seu anúncio não tem nada a ver com o de Jesus.

A primeira leitura, na mesma linha, dá um conselho muito prático, mas muito útil: não julguemos as pessoas pela primeira impressão ou por atitudes mais ou menos teatrais: deixemo-las falar, pois as palavras revelam a verdade ou a mentira que há em cada coração.

A segunda leitura não tem, aparentemente, muito a ver com esta temática: é a conclusão da catequese de Paulo aos coríntios sobre a ressurreição. No entanto, podemos dizer que viver e testemunhar com verdade, sinceridade e coerência a proposta de Jesus é o caminho necessário para essa vida plena que Deus nos reserva. Do nosso anúncio sincero de Jesus, nasce essa comunidade de Homens Novos que é anúncio do tempo escatológico e da vida que nos espera.

Igreja trabalha para colocar em prática acordo com China, afirma Cardeal Parolin



O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, declarou que a prioridade atual para a Igreja na China é colocar em prática o Acordo realizado em 22 de setembro do ano passado com a República Popular da China sobre a nomeação de bispos neste país.

Em declarações recolhidas e divulgadas por Vatican News nesta sexta-feira, 1º de março, o Cardeal Parolin explica que "o acordo com a China exigiu um longo trabalho. No final, conseguimos e esperamos que possa realmente dar frutos para o bem da Igreja e do país”.

"O próximo passo – assinalou – será implementar o acordo sobre a nomeação de Bispo, ou seja, fazê-lo funcionar na prática".

O acordo realizado com as autoridades comunistas chinesas implica, explicou a Santa Sé, a readmissão "à plena comunhão eclesial dos Bispos 'oficiais' ordenados sem mandato pontifício" que ainda não estavam em comunhão com Roma.

O Vaticano defendeu em todo momento que se trata de um acordo pastoral, não político, que permitirá que a Igreja cumpra a sua missão de difundir o Evangelho.

Com esse acordo, décadas de divergências diplomáticas entre a Igreja Católica e a China comunista foram encerradas.

A política do Partido Comunista Chinês contra a liberdade religiosa levou à divisão da Igreja na China em duas instituições: a Igreja Patriótica Chinesa, leal ao Partido Comunista, e a chamada "Igreja clandestina", em comunhão com o Pontífice.

Após anos de negociações complicadas, a última grande questão sobre a qual havia discordância e que impedia a normalização das relações era justamente a nomeação de bispos.

As autoridades chinesas se recusavam a aceitar as nomeações de Bispos realizadas pelo Papa e insistiam em nomear eles mesmos os titulares das sedes episcopais, algo rejeitado pelo Vaticano.

Os Bispos legítimos que permanecem fiéis ao Papa vivem uma situação próxima à clandestinidade, constantemente perseguidos pelas autoridades comunistas.

Antes da assinatura deste acordo, todo Bispo reconhecido pelo governo chinês deveria ser membro da Associação Patriótica, e muitos bispos nomeados pelo Vaticano que não são reconhecidos ou aprovados pelo governo chinês enfrentaram perseguição.

Agora, em virtude do acordo realizado, esta situação chegaria ao fim. No entanto, o acordo encontrou oposição interna na Igreja.

Sínodo da Amazônia: rumo a uma Igreja ecológica que enxota Jesus Cristo e desagrega o Brasil?



A jornalista holandesa Jeanne Smits ficou estarrecida quando tomou conhecimento do documento preparatório do Sínodo especial sobre a Amazônia.

Esse será realizado em outubro de 2019, em Roma, reunindo os bispos da “Pan-Amazônia” – portanto, dos nove países que dividem a soberania sobre essa imensa região geográfica.

Jeanne está acostumada a ler os documentos comuno-católicos mais radicais, dos quais, aliás, não comparte nem os pressupostos nem os fins.

Porém, o que se está preparando em ambientes católicos “progressistas” para a Amazônia superou todos os erros e horrores filosóficos e morais que já viu, escreve pormenorizadamente em seu site.

Cultura e crenças pagãs e primitivas inspirariam nova Igreja mais ‘cristã’ e ‘ecologicamente correta’. Maloca na fronteira com o Peru

A nota dominante, segundo ela, é seu “caráter horizontal”, quer dizer, seu igualitarismo extremado. Pois não é a mera igualdade niveladora da sociologia marxista que, infelizmente, desabrocha em tantos documentos eclesiásticos de nova data.

Trata-se de um igualitarismo materialista e evolucionista ecológico – e nisto nos adiantamos na apresentação – que nivela radicalmente todos os seres.

O homem fica no nível do animal, da planta, do minério, a ponto de desaparecer num magma erigido em divindade: a “Mãe Terra”, a “Pachamama”, “Gaia” ou qualquer outro nome usado nas utopias panteístas, pagãs ou ecologistas.

Religiosa na Missão Anchieta entre os indígenas da Amazônia: modelo da evangelização e civilização que o Sínodo panamazônico recusa.
 
O Sínodo especial, segundo aponta o Documento Preparatório do Sínodo dos Bispos para a Assembleia Especial para a Pan-Amazônia [outubro de 2019], visa a “conversão pastoral e ecológica” para essa nova pan-religiosidade. 

Segundo ele, não se trataria mais de levar o Evangelho aos pobres povos indígenas, como fizeram heroicos – e quantos santos e mártires! – missionários durante séculos.

Pelo contrario, a “melhor maneira de contribuir à salvação e à redenção (sic!) dos povos autóctones da bacia pan-amazônica” é a Igreja “conscientizá-los” do ambientalismo esotérico, da luta pela biodiversidade e do valor sagrado de suas primitivas “cosmovisões” e espiritualidades supersticiosas.

Smits discerne, “navegando sem cessar” nessas páginas do Vaticano, o mito iluminista e anticristão do bom selvagem de Jean-Jacques Rousseau!

Mas não é só isso. O documento transuda uma permanente denúncia da evangelização dos séculos passados, ainda viva em sacrificados e isolados missionários do presente.

A evangelização tradicional foi acompanhada da natural e indispensável civilização, levada a cabo por religiosos portugueses e espanhóis, em sua maioria, à custa de ingentes esforços que lhes consumiram por vezes a própria vida.

O fato pasmoso é essa meritória obra ser apresentada como um funesto prelúdio da globalização neoliberal, filha dos piores defeitos do capitalismo, inoculada facinorosamente pela Igreja e que agora se trataria de reparar.

Em suma, jogar novamente os índios no primitivismo. 

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Dom Orani, as frases soltas do Cabral e a Imprensa desesperada


Oi Povo Católico!

E mais uma vez as fake news vêm bater à nossa porta. Quase sempre é com o Papa Francisco. Mas agora resolveram tretar aqui pelo quintal mesmo: a ideia é carimbar no Cardeal Orani Tempesta (e, a reboque, em toda a Igreja do Brasil) o selo da corrupção.

Nestes últimos dias, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, fez a seguinte declaração durante um depoimento à Justiça:

“O dom Orani devia ter interesse nisso, com todo respeito ao dom Orani, mas ele tinha interesse nisso. Tinha o dom Paulo, que era padre, e tinha interesse nisso. E o Sérgio Côrtes nomeou a pessoa que era o gestor do Hospital São Francisco. Essa Pró-Saúde certamente tinha esquema de recursos que envolvia religiosos. Não tenho a menor dúvida”

"Devia", "Eu acho", "certamente"... ué? Cabral afinal sabe ou não sabe do que está falando? Sabe ou não sabe de algum esquema? Se sabe, porque não disse logo, em vez de ser tão vago?

Uma declaração sem pé nem cabeça, mas que fez os olhos da grande mídia brasileira brilharem: a chance de implicar um cardeal muito conhecido em alguma coisa. Literalmente, em qualquer coisa. E começou um festival de bobagens que chega a ser difícil de acreditar.

Uma das matérias que está circulando pelas redes sociais conta histórias de uma década atrás, quando Dom Orani nem sequer era arcebispo do Rio de Janeiro! A matéria fala dos gastos excessivos de Padre Edvino Steckel e do dia em que Monsenhor Abílio da Nova foi pego no aeroporto com dinheiro não declarado. Nenhum dos dois assuntos tem qualquer relação com o que foi dito pelo Cabral, e só servem de pretexto para atacar a Igreja. A matéria finaliza dizendo que ninguém foi punido. Mas para o jornalista, que parece querer ser juiz, escapa o detalhe de que, no caso do Edvino não houve crime, houve má administração e, por isso, ele foi punido sendo afastado do cargo de ecônomo da Arquidiocese. No caso de Monsenhor Abílio, houve punição, sim: levou a multa que qualquer um levaria nesses casos. Ponto final.

Vaticano: Cardeal explica normas do Vaticano para acompanhar filhos de sacerdotes



O cardeal Beniamino Stella, prefeito da Congregação para o Clero (Santa Sé), explicou hoje em entrevista ao portal ‘Vatican News’ as diretrizes do Dicastério para os casos dos sacerdotes do rito latino que têm filhos.

O responsável sublinha que a Santa Sé segue, desde o pontificado de Bento XVI (2005-2013), a prática de dispensar padres com menos de 40 anos, “com o objetivo de salvaguardar o bem da prole, isto é, o direito das crianças de ter ao seu lado um pai e uma mãe”.

O portal de notícias do Vaticano recorda que, nos últimos dias, esteve em Roma o psicoterapeuta Vincent Doyle, filho de um padre católico irlandês e fundador da “Coping Internacional”, associação para a defesa dos direitos de crianças por padres católicos em todo o mundo.

Foi Doyle a falar publicamente de um documento da Congregação para o Clero, de uso interno, com diretivas para os casos de sacerdotes com filhos.

O prefeito da Congregação para o Clero assinala que, nestes casos, não está em causa apenas o “necessário apoio econômico”.

“O que deve acompanhar o crescimento de uma criança é, acima de tudo, o afeto dos pais, uma educação adequada, de facto, tudo o que envolve um exercício eficaz e responsável da paternidade, especialmente nos primeiros anos de vida”, sustenta o cardeal Stella.

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2019: «A criação encontra-se em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus» (Rm 8,19)



MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A QUARESMA 2019
Terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

«A criação encontra-se em expectativa ansiosa, 
aguardando a revelação dos filhos de Deus» (Rm 8, 19)

Queridos irmãos e irmãs!

Todos os anos, por meio da Mãe Igreja, Deus «concede aos seus fiéis a graça de se prepararem, na alegria do coração purificado, para celebrar as festas pascais, a fim de que (…), participando nos mistérios da renovação cristã, alcancem a plenitude da filiação divina» (Prefácio I da Quaresma). Assim, de Páscoa em Páscoa, podemos caminhar para a realização da salvação que já recebemos, graças ao mistério pascal de Cristo: «De facto, foi na esperança que fomos salvos» (Rm 8, 24). Este mistério de salvação, já operante em nós durante a vida terrena, é um processo dinâmico que abrange também a história e toda a criação. São Paulo chega a dizer: «Até a criação se encontra em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus» (Rm 8, 19). Nesta perspectiva, gostaria de oferecer algumas propostas de reflexão, que acompanhem o nosso caminho de conversão na próxima Quaresma.

1. A redenção da criação

A celebração do Tríduo Pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo, ponto culminante do Ano Litúrgico, sempre nos chama a viver um itinerário de preparação, cientes de que tornar-nos semelhantes a Cristo (cf. Rm 8, 29) é um dom inestimável da misericórdia de Deus.

Se o homem vive como filho de Deus, se vive como pessoa redimida, que se deixa guiar pelo Espírito Santo (cf. Rm 8, 14), e sabe reconhecer e praticar a lei de Deus, a começar pela lei gravada no seu coração e na natureza, beneficia também a criação, cooperando para a sua redenção. Por isso, a criação – diz São Paulo – deseja de modo intensíssimo que se manifestem os filhos de Deus, isto é, que a vida daqueles que gozam da graça do mistério pascal de Jesus se cubra plenamente dos seus frutos, destinados a alcançar o seu completo amadurecimento na redenção do próprio corpo humano. Quando a caridade de Cristo transfigura a vida dos santos – espírito, alma e corpo –, estes rendem louvor a Deus e, com a oração, a contemplação e a arte, envolvem nisto também as criaturas, como demonstra admiravelmente o «Cântico do irmão sol», de São Francisco de Assis (cf. Encíclica Laudato si’, 87). Neste mundo, porém, a harmonia gerada pela redenção continua ainda – e sempre estará – ameaçada pela força negativa do pecado e da morte.