quinta-feira, 11 de abril de 2019

Nova TV Brasil fará transmissões ao vivo de Bolsonaro e sua equipe de governo


O presidente Jair Bolsonaro havia dito durante a sua campanha presidencial, no ano passado, que mandaria fechar a TV Brasil, uma vez que ela serviria apenas para dar gastos ao governo e promover políticas de esquerda. Entretanto, sua estratégia mudou completamente.

Ao invés de fechar a emissora estatal, Bolsonaro fez um "limpa" no veículo de comunicação, excluindo os funcionários petistas, provavelmente enxergando o potencial da emissora no tocante ao enfrentamento da militância jornalística contra o governo.

Agora, aparentemente atendendo aos pedidos dos seguidores na internet, a intenção é usar o canal para fazer transmissões ao vivo sobre os atos do governo e renovar a sua grade de programação, alinhando com a nova gestão administrativa do país.

Com isso, a partir hoje (10), a TV Brasil terá nova programação, após três meses consecutivos em que a emissora se mantém como a sétima mais assistida no Brasil – posição que inclui tanto canais abertos quanto fechados. A nova grade, que agrega conteúdos produzidos pela NBR, foi anunciada ontem (9) na sede da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), segundo a Agência Brasil.

Entre as novidades estão os flashes ao vivo da Presidência da República e dos ministérios ao longo da programação, apresentando atos e ações do governo federal.

“Daremos uma nova plástica à TV Brasil. Teremos mais entretenimento, informação e acessibilidade, adotando como conceito o de ser a rede mais brasileira do país”, explicou o gerente executivo da TV Brasil e Rede, Vancarlos Alves, durante o anúncio na sede da EBC em Brasília.

“A junção das duas TVs em uma grade agregará valores e servirá de fonte com credibilidade para os atos do governo”, disse Vancarlos, ressaltando que, apesar de não ser esta a prioridade da emissora, a audiência será ampliada, uma vez que “os assuntos do governo são de interesse público”.

"Psicologia política": Como militantes manipulam a psicologia para impor suas ideologias


Recentemente o Conselho Federal de Psicologia (CFP) fez uma publicação divulgando a existência da "Associação Brasileira de Psicologia Política (ABPP)", uma entidade que, naturalmente, possui o direito de existir, mas que passa longe dos fundamentos científicos que alicerçam a ciência psicológica, de fato.

A organização não foi criada recentemente. Ela existe desde o ano 2000, possui várias publicações "científicas" (risos) e vem ganhando adeptos, evidentemente, com o apoio do próprio Conselho Federal de Psicologia, autarquia responsável pela fiscalização e regulamentação da profissão de psicólogo no Brasil.

Na publicação, o CFP insinua que o país vive um momento de autoritarismo ou mesmo ditadura, deixando evidente a sua militância, observe: "O objetivo é apresentar a importância da Psicologia Política em práticas que visam a democratização da sociedade brasileira e a promoção e efetivação dos direitos humanos. (destaques nossos daqui em diante).

No próprio site da ABPP é possível constatar o objetivo pretendido por eles, ao dizer que o grupo "tem reunido esforços de estudantes, pesquisadoras/es e militantes que, de alguma maneira, buscam difundir e fortalecer a Psicologia Política no Brasil"

Em seu histórico, o artigo do professor Leoncio Camino também reforça o caráter militante da "psicologia política" no país, ao dizer que "a psicologia não se encontra à margem da política; afirma-se que a própria Psicologia contém implícita ou explicitamente pressupostos ideológicos".

Seguindo adiante, Alessandro Soares da Silva explica qual é a linha de pensamento ideológico seguida pelos membros da ABPP, como segue:

"A partir da produção intelectual militante de Silvia Lane se construiu no Brasil uma Psicologia comprometida social e politicamente, inclusive tendo efeitos sob determinadas correntes clínicas de corte marxista", escreve Alessandro.

"Campos como a Psicologia Social, a Psicologia (Social) Comunitária e a Psicologia Política – no Brasil e na América Latina – passam a ter um significado único e singular quando surgem e se fortalecem tendo o matiz e a influência de Sílvia Lane", conclui.

Poderíamos destacar inúmeros pontos críticos em diversos textos e pensamentos associados a tal "psicologia política" em questão, bem como citar vários autores que refutam esse conceito, mas o texto ficaria muito longo e esse não é o propósito nesse momento.

Consideraremos que já não é novidade alguma para o leitor(a), especialmente o profissional da psicologia, o significado de "aparelhamento ideológico" na psicologia.

Filme contra o aborto arrasa nas bilheterias dos EUA

Filme está sofrendo uma campanha de boicote por parte da indústria abortista e da mídia panfletária

Com receita de 6,1 milhões de dólares no seu primeiro fim de semana, o filme “Unplanned” (“Não Planejado“) conquistou o notável sucesso de ficar em 5º lugar entre as maiores bilheterias dos Estados Unidos na sua primeira semana de exibição nos cinemas do país, apesar da forte campanha de boicote realizada por grupos abortistas contra esta produção pró-vida.

Os primeiros 100 dias da atuação da imprensa no governo Bolsonaro

A mídia avalia o governo Bolsonaro através de uma lente ideológica esquerdista em que todos os atos de Bolsonaro serão sempre piores do que as atitudes de Fidel Castro ou Maduro. Diante disso, analisamos os primeiros 100 dias da atuação da imprensa no governo.

A mídia inteira avalia os primeiros 100 dias do governo Bolsonaro através de uma lente ideológica esquerdista. Isso significa que não importa o que Bolsonaro faça seus atos serão sempre piores do que as atitudes de Fidel Castro ou Maduro. A mídia está seguindo o mesmo modus operandis da imprensa americana: transformar os atos mais desprezíveis em escândalo nacional como a notícia publicada pelo Estadão em que Bolsonaro chega na churrascaria antes do aniversariante.

O corte de mais de 10 bilhões com publicidade estatal, a flexibilização da posse, mais de 12 concessões aeroportuárias, a apresentação da Reforma e do Pacote Anticrime, o novo recorde da bolsa, a extinção de mais de 21 mil cargos públicos estão sendo completamente ignorados por cortinas de fumaça como a polêmica de menino veste azul e menina veste rosa.

Diante de tantos problemas, resolvemos analisar os primeiros 100 dias da atuação da imprensa no governo Bolsonaro, comentadas por Luciano Oliveira e André Assi Barreto, editor e colunista do Senso Incomum.

Exposição de "virgem abortista" na Argentina completa um mês sem sanção alguma


Apesar da rejeição de milhares de cidadãos, de grupos de advogados, do Partido Democrata Cristão e do próprio Secretário de Culto da Argentina, Alfredo Abriani, a imagem mariana chamada "virgem abortista" ainda está exposta em um centro cultural em Buenos Aires (Argentina).

No dia 7 de abril completou um mês desde que a imagem da Imaculada Conceição, pintada com um lenço verde no rosto, foi instalada no Centro Cultural da Memória Haroldo Conti, em Buenos Aires, como parte da "exposição feminista Para Todes, tode [Plano de luta]" de Kekena Corvalán.

A rejeição à imagem ofensiva foi imediata. A Corporação de Advogados Católicos exigiu medidas administrativas contra o centro cultural e mais de 20 mil pessoas assinaram na plataforma cidadã CitizenGo para solicitar a retirada da "virgem abortista".

Do total de assinaturas, cerca de 17 mil foram apresentadas pelo grupo Advogados pela Vida ao secretário de Culto da Argentina, Alfredo Abriani.

O Diagnóstico de Bento XVI sobre a crise da Igreja e dos abusos sexuais do clero


O Papa Emérito Bento XVI escreveu recentemente um texto intitulado "A Igreja e os abusos sexuais", no qual oferece suas reflexões sobre a atual situação eclesial e apresenta suas propostas para enfrentar esta grave crise.

O texto (escrito em alemão) é dividido em três partes. No primeiro apresenta o contexto histórico a partir dos anos 1960, no segundo se refere aos efeitos na vida dos sacerdotes e no terceiro se propõe uma resposta adequada da Igreja.

Originalmente, o mesmo seria publicado na Semana Santa pelo Klerusblatt, um jornal mensal para o clero de algumas dioceses bávaras da Alemanha; no entanto, terminou sendo divulgado na quarta-feira, 10 de abril, pelo jornal New York Post.

ACI Digital oferece uma tradução ao português do documento na íntegra, que é, nas palavras do próprio Bento XVI, sua contribuição para "ajudar a Igreja nesta hora tão difícil".

A seguir, o texto completo do Papa Bento XVI:

A Igreja e o Escândalo do abuso sexual

De 21 a 24 de fevereiro, a convite do Papa Francisco, os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo se reuniram no Vaticano para discutir a crise da Fé e da Igreja, uma crise palpável em todo o mundo após as estarrecedoras revelações dos abusos perpetrado por clérigos contra menores. A extensão e a gravidade dos incidentes relatados têm afligido profundamente tanto sacerdotes quanto leigos, e levou a não poucas pessoas a questionarem a própria fé da Igreja. Era necessário enviar uma mensagem forte e procurar um novo começo, com tal de tornar a Igreja novamente verdadeiramente credível como uma luz entre os povos e como uma força ativa contra os poderes da destruição.

Já que eu mesmo me encontrava servindo em uma posição de responsabilidade como pastor da Igreja no momento da eclosão pública da crise e durante seu desenvolvimento, eu tive que me perguntar – ainda que como emérito já não seja mais diretamente responsável por essa situação - o que eu podia fazer para contribuir com um novo começo em retrospecto. Assim, durante o período que vai do anúncio até a realização da reunião dos Presidentes das Conferências Episcopais, compilei algumas anotações com as quais creio poder oferecer uma ou duas observações e ajudar a Igreja nessa hora tão difícil. Tendo entrado em contato com o Secretário de Estado, Cardeal [Pietro] Parolin e o Santo Padre [Papa Francisco], pareceu-me apropriado publicar o texto resultante deste esforço no "Klerusblatt" (NdT: um jornal mensal para o clero de algumas dioceses da Baviera).

Meu trabalho está dividido em três partes. Na primeira, pretendo apresentar brevemente o contexto societário mais amplo da questão, sem o qual o problema não pode ser entendido. Eu tento mostrar que na década de 60 ocorreu um evento excepcional, em uma escala sem precedentes na história. Pode-se dizer que, nos 20 anos decorridos entre 1960 e 1980, os padrões vinculantes relativos à sexualidade até então entraram em colapso por completo, gerando uma ausência de normativa que já foi objeto de tentativas laboriosas de compreensão.

Na segunda parte, pretendo destacar os efeitos dessa situação na formação dos sacerdotes e na vida dos sacerdotes.

Finalmente, na terceira parte, gostaria de desenvolver algumas perspectivas para uma resposta adequada por parte da Igreja.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Frei Damião: O capuchinho que evangelizou o nordeste brasileiro e é agora Venerável


Entre os sete decretos assinados pelo Papa Francisco que reconhecem as virtudes heroicas de novos Veneráveis está também o de Frei Damião de Bozzano, capuchinho que evangelizou o Nordeste brasileiro e dizia ser apenas um mensageiro de Deus.

Frei Damião nasceu em Bozzano, na Itália, em 5 de novembro de 1898, tendo recebido o nome de Pio Gianotti. Era o segundo dos cinco filhos do casal de camponeses Felice e Maria Giannotti, de sólida formação católica.

Ainda aos 10 anos, após ser crismado, começou a expressar os primeiros sinais de vocação e, aos 13 anos, ingressou no Seminário Seráfico de Camigliano, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em 17 de março de 1911.

Aos 17 anos, em julho de 1915, emitiu os primeiros votos e recebeu o nome de Frei Damião de Bozzano. Entretanto, precisou interromper os seus estudos de Filosofia após ser convocado, em setembro de 1918, para o serviço militar na Primeira Guerra Mundial.

Retornou ao Convento ao fim da Guerra e emitiu sua profissão perpétua. Em 1920, foi estudar Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma.

Frei Damião foi ordenado sacerdote em 25 de agosto de 1923, na igreja do antigo Colégio São Lourenço de Bríndisi, em Roma. E, em 1931, foi enviado ao Brasil, onde chegou em 17 de junho, tendo se estabelecido no Convento Nossa Senhora da Penha, em Recife (PE). Após esta chegada, foram 66 anos dedicados às Santas Missões.

As Santas Missões eram vistas como “tempo forte de graça e conversão”, que costumavam durar de segunda-feira a domingo. Durante esta semana missionária, o frade proclamava a Palavra de Deus em uma cidade, por isso, afirmava ser apenas um mensageiro de Deus.

As Santas Missões contavam com sermões, catequeses, encontros específicos com homens, mulheres, jovens, crianças, visitava os doentes, os presos. Além disso, dedicava-se ao sacramento da Reconciliação, atendendo confissões por mais de 12 horas por dia, orientando os corações para Cristo.

Com os anos, adquiriu uma deformação na coluna que o deixou encurvado, provocando dificuldades na fala e na respiração. Além disso, durante muito tempo, sofre de erisipela, devido à má circulação sanguínea.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Quarta pregação da Quaresma 2019: "Adorarás o Senhor teu Deus"




MEDITAÇÃO PARA A QUARESMA
"Adorarás o Senhor teu Deus"
 

Este ano celebramos o oitavo centenário do encontro de Francisco de Assis com o Sultão do Egito al-Kamil, em 1219. Recordo-o aqui por um detalhe que diz respeito ao tema das nossas meditações sobre o Deus vivo.

Depois de retornar de sua viagem ao Oriente em 1219, Francisco de Assis escreveu uma carta dirigida “Aos Regentes dos povos". Nela dizia, entre outras coisas:

Sois obrigados a dar ao Senhor tanta honra entre o povo que vos foi confiado, que todas as tardes se anuncie, através de um pregoeiro ou qualquer outro sinal, a obrigação de se dar o louvor e a gratidão ao onipotente Senhor Deus de todo o povo. E, se não fizerdes isto, sabei que tereis de prestar contas a Deus perante vosso Senhor Jesus Cristo no dia do juízo [1].

Acredita-se amplamente que o santo tenha inspirado esta exortação no que tinha observado na sua viagem ao Oriente, onde ouviu o apelo vespertino à oração feita pelos muezins de cima dos minaretes. Um belo exemplo não só de diálogo entre as diferentes religiões, mas também de enriquecimento mútuo. Uma missionária que trabalha há muitos anos num país africano escreveu estas palavras: "Nós somos chamados a responder a uma necessidade fundamental dos homens, à necessidade profunda de Deus, à sede de Absoluto, a ensinar o caminho de Deus, a ensinar a rezar. É por isso que os muçulmanos fazem, nestas regiões, muitos prosélitos: ensinam imediatamente e de modo simples, a adorar a Deus". 

Nós, cristãos, temos uma imagem diferente de Deus - um Deus que é amor infinito antes mesmo que poder infinito -, mas isto não deve fazer-nos esquecer o dever primário da adoração. À provocação da mulher samaritana: "Os nossos pais adoraram neste monte; mas vós dizeis que é em Jerusalém que devemos adorar", Jesus responde com palavras que são a magna carta da adoração cristã:

“Mulher, acredi­ta-me, vem a hora em que não adorareis o Pai, nem neste monte nem em Jerusalém. Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade”. (Jo 4,21-24).

Foi o Novo Testamento que elevou a palavra adoração a esta dignidade que não tinha antes. No Antigo Testamento, além de Deus, o culto é também dirigido em alguns casos a um anjo (cf. Nm 22,31) ou ao rei (1 Sam 24,9); pelo contrário, no Novo Testamento toda vez que se tenta adorar alguém que não seja Deus e a pessoa de Cristo, mesmo que seja um anjo, a reação imediata é: "Não faça isso!  É Deus que deve ser adorado"[2].  É quase como se alguém estivesse correndo, caso contrário, um perigo mortal. É o que Jesus, no deserto, recorda peremptoriamente ao tentador que lhe pediu que o adorasse: "Está escrito: O Senhor, teu Deus adorarás, só a ele darás culto" (Mt 4, 10).

A Igreja retomou este ensinamento, fazendo da adoração o ato por excelência do culto de Latria, distinto da chamada dulia reservada aos Santos e da chamada hiperdulia reservada à Virgem.  A adoração é, pois, o único ato religioso que não pode ser oferecido a mais ninguém, em todo o universo, nem sequer a Nossa Senhora, mas apenas a Deus. Aqui está a sua dignidade e força única.

A adoração (proskunesis) no início indicava o gesto material de prostrar-se ao chão diante de alguém, como sinal de reverência e submissão. Neste sentido plástico a palavra ainda é usada nos Evangelhos e no Apocalipse. Neles a pessoa diante da qual se prostrar, na terra é Jesus Cristo e na liturgia celestial o Cordeiro imolado ou o Onipotente. Só no diálogo com a samaritana e em 1 Cor 14,25 é que aparece agora dissolvida do seu significado exterior e indica uma disposição interior da alma para com Deus. Este se tornará cada vez mais o sentido ordinário do termo e, neste sentido, no credo, dizemos do Espírito Santo que "adorado e glorificado" com o Pai e o Filho.

Para indicar a atitude externa correspondente à adoração, prefere-se o gesto de dobrar os joelhos, a genuflexão. Este último gesto também é reservado exclusivamente para a divindade. Podemos estar de joelhos diante da imagem de Nossa Senhora, mas não fazemos genuflexão diante dela, como fazemos diante do Santíssimo Sacramento ou do Crucifixo. 

O que significa adorar

Mas, mais do que o significado e o desenvolvimento do termo, estamos interessados em saber em que consiste e como podemos praticar a adoração. A adoração pode ser preparada por uma longa reflexão, mas termina com uma intuição e, como qualquer intuição, ela não dura muito tempo. É como um clarão de luz na noite. Mas de uma luz especial: não tanto a luz da verdade, mas a luz da realidade. É a percepção da grandeza, da majestade, da beleza e, ao mesmo tempo, da bondade de Deus e da sua presença que tira o fôlego. É uma espécie de naufrágio no oceano sem costas e sem fundo da majestade de Deus. Adorar, segundo a expressão de Santa Ângela de Foligno mencionada no início, significa "recolher-se em unidade e mergulhar no abismo infinito de Deus".

Uma expressão de adoração, mais eficaz que qualquer palavra, é o silêncio. Na verdade, ele diz por si mesmo que a realidade está muito além de qualquer palavra.  Na Bíblia, a insinuação ressoa alto: "Toda a terra está em silêncio diante dele! (Hab 2,20) e: "Silêncio na presença do Senhor Deus!" (Sof 1, 7). Quando "os sentidos estão envoltos em silêncio sem limites e as memórias envelhecem com a ajuda do silêncio", disse um Padre do deserto, então tudo o que resta é adorar.

Foi um gesto de adoração o de Jó, quando, tendo vindo ver face a face o Onipotente no final da sua história, exclama: " "“Leviano como sou, que posso responder-te? Ponho a minha mão sobre a boca." (Jó 40,4). Neste sentido, o versículo de um salmo, mais tarde retomado pela liturgia, no texto hebraico, dizia: "Por ti o silêncio é louvor", Tibi silentium laus! (cf. Sl 65,2, texto Massorético). Adorar - segundo a estupenda expressão de São Gregório de Nazianzeno - significa elevar a Deus um "hino de silêncio"[3]. À medida que o ar se torna mais rarefeito ao se subir uma alta montanha, da mesma forma ao se aproximar de Deus a palavra deve tornar-se mais curta, até que se torne, no final, completamente silenciosa e se una em silêncio com aquele que é o inefável[4].

Se precisamente se busca "parar" a mente e impedi-la de vaguear sobre outros objetos, convém fazê-lo com a palavra mais curta que existe: Amém, Sim. Adorar, de fato, é consentir.  É deixar Deus ser Deus.  É dizer sim a Deus como Deus e a si mesmo como criaturas de Deus. Neste sentido, Jesus é definido no Apocalipse como o Amém, o Sim que se fez pessoa (cf. Ap 3,14), ou seja, repetir incessantemente com os Serafins: "Qadosh, qadosh, qadosh: Santo! Santo! Santo!

A adoração requer, portanto, que nos curvemos e fiquemos em silêncio.  Mas será que tal ato é digno do homem?  Não o humilha, derrogando a sua dignidade? Na verdade, isso é realmente digno de Deus? Que Deus é esse que precisa que as suas criaturas se inclinem à terra diante dele e se calem? É, Deus, como um daqueles soberanos orientais que inventaram a adoração para si próprios? É inútil negá-lo, a adoração implica para as criaturas também um aspecto de humilhação radical, de se tornarem pequenas, de se entregarem e de se submeterem. A adoração envolve sempre um aspecto de sacrifício, uma imolação de algo. Precisamente assim ela atesta que Deus é Deus e que nada nem ninguém tem direito de existir diante dele, senão na sua graça. Com a adoração se imola e se sacrifica o próprio eu, a própria glória, a própria autossuficiência. Mas esta é uma glória falsa e inconsistente, e é uma libertação para o homem se livrar dela.

Adorando, a pessoa "liberta a verdade que era prisioneira da injustiça". A pessoa torna-se "autêntica" no sentido mais profundo da palavra. Na adoração já se antecipa o retorno de todas as coisas a Deus. Há um abandono ao significado e ao fluxo do ser.  Assim como a água encontra a sua paz ao fluir em direção ao mar e o pássaro sua alegria ao seguir o curso do vento, assim também o adorador ao adorar. Adorar a Deus não é, portanto, tanto um dever, uma obrigação, mas um privilégio, uma necessidade. O homem precisa de algo majestoso para amar e adorar! Foi feito para isto. 

Portanto, não é Deus que precisa ser adorado, mas o homem que precisa adorar. Um prefácio da Missa diz: "Tu não precisas do nosso louvor, mas por um dom do teu amor nos chamas a dar-te graças; os nossos hinos de bênção não aumentam a tua grandeza, mas obtêm para nós a graça que nos salva, por Cristo nosso Senhor"[5]. F. Nietzsche estava completamente fora do caminho quando definiu o Deus da Bíblia como "aquele oriental ganancioso por honras em seu assento celestial"[6].

A adoração deve, no entanto, ser livre. O que torna a adoração digna de Deus e ao mesmo tempo digna do homem é a liberdade, entendida não só negativamente como ausência de coação, mas também positivamente como um alegre impulso, dom espontâneo da criatura que assim exprime a sua alegria de não ser ele próprio Deus, para poder ter um Deus acima de si para adorar, admirar, celebrar.