quarta-feira, 29 de maio de 2019

CHARIS: Um novo serviço para a Renovação Carismática Católica

 
Vatican News pediu ao Pe. Alexandre Awi Mello, Secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e a Jean-Luc Moens, primeiro Moderador de CHARIS, para apresentar este novo serviço pedido pelo próprio Papa Francisco.

No dia de Pentecostes se põe em marcha o CHARIS, um novo serviço para a Renovação Carismática Católica. Vatican News (VN) pediu ao Pe. Alexandre Awi Mello, Secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e a Jean-Luc Moens, primeiro Moderador de CHARIS, que nos apresentem este novo serviço pedido pelo próprio Papa Francisco.

No dia 8 de dezembro de 2018, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida erigiu um novo e único serviço para a “corrente de graça” que é a Renovação Carismática Católica. Este serviço se chama CHARIS, um acrônimo de Catholic Charismatic Renewal International Service, Serviço Internacional para a Renovação Carismática Católica. Quais são os seus objetivos?

P. Awi – CHARIS está chamado a servir todas as expressões da “corrente de graça”. Seus estatutos entrarão em vigor no dia 9 de junho de 2019, na Solenidade de Pentecostes. Nesse mesmo dia, a Fraternidade Católica de Comunidades Carismáticas de Aliança (conhecida como Catholic Fraternity) e o ICCRS (International Catholic Charismatic Renewal Services) cessarão definitivamente as suas atividades. É importante destacar que CHARIS não é uma fusão entre esses dois organismos, mas um novo serviço que inaugura uma nova etapa para a Renovação Carismática Católica Internacional. Acredito que depois de Pentecostes essa novidade se manifestará cada vez mais claramente. Deve-se destacar também que CHARIS não é um organismo de governo, mas um Serviço de Comunhão, de acordo com a vontade explícita do Santo Padre.

Como se estrutura este novo serviço?

P. Awi - CHARIS está sob a responsabilidade de um Moderador, assistido por um conselho que se chama Serviço Internacional de Comunhão, formado por 18 pessoas de todo o mundo. Alguns representam os diversos continentes e outros representam as diferentes realidades da Renovação Carismática. Para este primeiro mandato todos foram nomeados pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.

O primeiro Moderador é Jean-Luc Moens, um leigo casado, pai de família, comprometido com a Renovação Carismática por mais de 45 anos. O primeiro Assistente Eclesiástico, por vontade do Santo Padre, é o Pe. Raniero Cantalamessa, OFM.Cap., Pregador da Casa Pontifícia.

O Papa quis que fosse a Santa Sé a constituir CHARIS, para que a Renovação Carismática e toda a Igreja saibam que a Renovação Carismática pertence plenamente à Igreja universal.

Um dos pontos essenciais enfatizados pelo Santo Padre é a importância da comunhão, ou seja, da unidade na diversidade. CHARIS serve a todas as realidades carismáticas do mundo, e nenhuma delas tem prioridade sobre as demais. Em nenhum país pode uma comunidade, um grupo, uma organização ou um movimento atribuir-se a liderança da Renovação Carismática Católica.

Em nível local, nos diferentes países, que mudanças acontecerão? Mudarão as atuais estruturas locais da Renovação Carismática?

P. Awi – Os estatutos de CHARIS estabelecem a constituição em cada país de um Serviço Nacional de Comunhão que reúna, na maior medida possível, todas as realidades carismáticas do país, sem que nenhuma delas predomine sobre as demais. Em alguns países, o estabelecimento deste serviço será uma verdadeira novidade, porque até agora algumas expressões da Renovação Carismática têm convivido, mas sem cultivar uma real comunhão entre elas, às vezes inclusive, se ignorando ou se excluindo mutuamente. Em outros países, a estrutura existente já é uma estrutura de verdadeira comunhão. Neste caso não há nada a mudar. Corresponderá a CHARIS ajudar a configurar estes diferentes serviços nacionais.

Uma proposta do novo serviço unificado da Renovação Carismática Católica


Em nossa jornada de preparação espiritual para o Pentecostes de 2019, já refletimos sobre a importância da oração para receber o Espírito Santo. Nesta segunda reflexão, meditaremos sobre a importância da conversão.

No Evangelho a palavra conversão se apresenta em dois contextos diferentes e é dirigida a duas categorias diversas de ouvintes. A primeira é dirigida a todos, a segunda àqueles que já haviam aceito o convite à conversão e estavam neste processo por algum tempo. Vamos mencionar a primeira apenas para entender melhor a segunda que é mais interessante para nós, neste momento pelo qual passa a Renovação Carismática Católica. A pregação de Jesus começa com as palavras programáticas:

“Completou -se o tempo e o reino de Deus está próximo: fazei penitência e crede no Evangelho” (Mc 1,15).

Antes de Jesus, a conversão sempre significava um ‘retorno’ (a palavra hebraica, shub, significa reverter o curso, refazendo os passos de alguém). Indica o ato de alguém que, em um certo momento da vida, percebe que está ‘fora do caminho’. Então ele pára, reflete e decide retornar à observância da lei e retomar a aliança com Deus, fazendo uma verdadeira ‘inversão de direção’. A conversão, neste caso, tem um significado fundamentalmente moral e sugere a ideia de algo doloroso para realizar: mudar os costumes.

Este é o significado usual de conversão nos lábios dos profetas, até e incluindo João Batista. Mas nos lábios de Jesus esse significado muda. Não porque ele gosta de mudar os significados das palavras, mas porque, com a sua vinda, as coisas mudaram. ‘Completou-se o tempo e o Reino de Deus chegou!’ A conversão não significa voltar à antiga aliança, à observância da lei, mas significa, sobretudo, dar um passo adiante e entrar no reino, agarrando-se à salvação dada aos homens gratuitamente por livre e soberana iniciativa de Deus.

Conversão e salvação invertem de posição. Não mais primeiramente a conversão e depois, como conseqüência, a salvação mas, o contrário: primeiro a salvação, e depois como exigência desta, a conversão. Não mais: convertei-vos e o Reino estará entre vós, o Messias virá, como os últimos profetas haviam dito, mas: arrependei-vos porque o reino veio, está entre vós! Converter é tomar a decisão que salva, a ‘decisão da hora’, como as parábolas do reino a descrevem.

‘Arrepender-se e acreditar’ não significa, portanto, duas coisas diferentes e sucessivas, mas a mesma ação fundamental: convertei-vos, isto é, crede! Convertei-vos, crendo! Tudo isso requer uma verdadeira ‘conversão’, uma profunda mudança na maneira de entender o nosso relacionamento com Deus. Ele pede para passar da idéia de um Deus que pede, ordena, ameaça, para a ideia de um Deus que vem com as mãos cheias para nos dar tudo. É a conversão da ‘lei’ para a ‘graça’ que era tão cara a São Paulo.

Como os apóstolos foram preparados para a vinda do Espírito Santo? Rezando!


No próximo Pentecostes, entrará em funcionamento o CHARIS, novo corpo único de serviço de toda a corrente de graça da Renovação Carismática Católica. É uma oportunidade única para uma renovada efusão do Espírito sobre nós e sobre toda a Igreja. O propósito desta e das duas reflexões que me foram solicitadas pelo comitê de coordenação é justamente apoiar e estimular com motivações bíblicas e teológicas o compromisso de oração com o qual muitos irmãos e irmãs desejam contribuir para o sucesso espiritual do evento.

Como os apóstolos foram preparados para a vinda do Espírito Santo? Rezando! “Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as  mulheres, entre elas Maria, a Mãe de Jesus, e os irmãos dele” (Atos 1,14). A oração dos apóstolos reunidos no Cenáculo com Maria, é a primeira grande epíclese, é a inauguração da dimensão epiclética da Igreja, daquele “Vinde, Espírito Santo” que continuará a ressoar na Igreja por todos os séculos e a quem a liturgia invocará em primeiro lugar antes de todas as suas ações mais importantes.

Enquanto a Igreja estava em oração, “de repente veio do céu um ruído como se soprasse um vento impetuoso… ficaram todos cheios do Espírito Santo” (Atos 2,2-4). Repete-se o que havia acontecido no batismo de Cristo: “Estando ele a orar, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele” (Lc 3, 21-22). Se dirá que para São Lucas foi a oração de Jesus que rasga os céus e atrai o Espírito sobre ele. O mesmo aconteceu em Pentecostes.

A constância com que, nos Atos dos Apóstolos, a vinda do Espírito Santo está relacionada com a oração, é impressionante. O papel decisivo do batismo não é mantido em silêncio (cf. At 2,38), mas há ainda mais insistência sobre a oração. Saulo “estava orando” quando o Senhor enviou Ananias para curar sua visão e para que ele ficasse cheio do Espírito Santo (cf. At 9,9-11). Quando os apóstolos souberam que Samaria havia recebido a Palavra, enviaram Pedro e João e eles “desceram e oraram para que recebessem o Espírito Santo” (Atos 8, 15).

Quando, na mesma ocasião, Simão, o Mago, tenta pagar para receber o Espírito Santo, os apóstolos reagiram indignados (cf. Atos 8,18ss). O Espírito Santo não pode ser adquirido, ele só pode ser implorado na oração. O próprio Jesus havia ligado o dom do Espírito Santo à oração, dizendo: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem” (Lc. 11,13). Ele o ligou não somente a nossa oração, mas também e sobretudo à Sua oração, quando disse: “E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador” (Jo 14, 16). Entre a oração e o dom do Espírito há a mesma circularidade e interpenetração que existe entre graça e liberdade. Precisamos receber o Espírito Santo para podermos orar e precisamos orar para receber o Espírito Santo. No início, há o dom da graça, mas depois precisamos orar para que esse presente seja preservado e aumentado.

Mas tudo isso não pode permanecer como um ensinamento abstrato e genérico. Ele deve dizer algo para mim pessoalmente. Você quer receber o Espírito Santo? Você se sente fraco e quer ser coberto pelo poder do alto? Você se sente morno e quer ser aquecido? Árido e quer ser regado? Rígido e quer ser maleável? Descontente com a vida passada e quer ser renovado? Rezem, rezem, rezem! Que o grito de sua boca mesmo que silencioso seja: Veni Sancte Spiritus, vem Espírito Santo! Se uma pessoa ou um grupo de pessoas, com fé, se coloca em oração ou estando em retiro, determina-se a não se levantar até que tenha sido revestido pelo poder do alto e sido batizado no Espírito, assim lhe será feito e até muito mais.  E foi o que aconteceu naquele primeiro retiro de Duquesne, no qual nasceu a Renovação Carismática Católica.

Assim como foi a oração de Maria e dos apóstolos, deve ser a nossa, deve ser uma oração “concordante e perseverante”. Concorde ou unânime (homothymadon) significa, literalmente, feito com apenas um coração (con-corde) e com “uma só alma”. Jesus disse: “Digo-vos ainda isso: se dois de vós se unirem sobre a terra e concordarem em pedir qualquer coisa, consegui-lo-ão de  meu Pai que está nos céus” (Mt 18,19).

A outra característica da oração de Maria e dos apóstolos é que foi uma oração “perseverante”. O termo grego original que expressa esta qualidade de oração cristã (proskarteroúntes) indica uma ação tenaz e insistente, de se estar ocupado com assiduidade e coerência a respeito de alguma coisa. É traduzido como perseverança ou oração assídua. Também poderia ser traduzido “fortemente agarrado” à oração.

Essa palavra é importante porque é a que ocorre com maior frequência toda vez que o Novo Testamento fala de oração. Nos Atos, ela retornará logo em seguida, quando falarem dos primeiros crentes que abraçaram a fé, que eram “assíduos aos ensinamentos, à fração do pão e às orações” (Atos 2,42). Também S. Paulo recomenda estarem “perseverando na oração” (Rm 12,12, e Col 4, 2). Em uma passagem da Carta aos Efésios lemos: “Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos” (Ef 6, 18).

A essência deste ensinamento deriva de Jesus, que contou a parábola da viúva importuna apenas para nos dizer que é necessário “rezar sempre, sem jamais deixar de fazê-lo” (cf. Le 18, 1). A mulher cananéia é uma ilustração viva dessa oração insistente que não se deixa desencorajar por nada e que, no final, justamente por isso, consegue o que deseja. Ela pede pela filha uma primeira vez, e Jesus – está escrito – “nem sequer lhe dirige a palavra”. Ela insiste e Jesus responde que ele é enviado apenas para as ovelhas de Israel. Ela se lança a seus pés, e Jesus responde que não é bom tirar comida da mesa das crianças para dar aos cães. Estas respostas já eram o bastante para deixar qualquer um desencorajado. Mas a mulher cananéia não desiste, ela continua: “Sim, mas também os cães…” e Jesus responde alegremente: “Mulher, a tua fé é verdadeiramente grande. Faça-se como tu queres” (Mt 15, 21ss).

Rezar por muito tempo, com perseverança, não significa orar com muitas palavras, numa conversa sem fim como fazem os pagãos (cf. Mt 6, 7). Ser perseverante na oração significa pedir freqüentemente, não parar de esperar a resposta, nunca desistir. Significa não se dar descanso e nem dar descanso a Deus: “Vós que deveis manter desperta a memória do Senhor, não vos concedais descanso algum e não o deixeis em paz, até que tenha restabelecido Jerusalém” (Is 62, 6-7).

Mas por que a oração deve ser perseverante e por que Deus não ouve imediatamente? Não é ele mesmo que na Bíblia promete ouvir imediatamente, assim que se reza, ou antes de terminar de oração? “Antes mesmo que me chamem – ele diz – eu lhes responderei, estarão ainda falando – ele continua – e já serão atendidos” (Is 65, 24). Jesus reitera: “Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos que estão clamando por ele dia e noite, porventura tardará em socorre-los? Digo-vos que em breve lhes fará justiça”(Lc 18, 7).  A experiência não contradiz flagrantemente essas palavras? Não, Deus prometeu sempre ouvir e ouvir imediatamente nossas orações, e assim o faz. Somos nós que temos que abrir nossos olhos.

E é bem verdade, ele mantém sua palavra: ao atrasar o socorro ele já socorre;  de fato, esse adiamento é em si um socorro. Isso ocorre para que não aconteça que, ouvindo muito rapidamente a vontade de quem pede, ele não possa dirigi-lo a num caminho de perfeita santidade. É necessário distinguir o cumprimento de acordo com a vontade da pessoa que reza e o cumprimento de acordo com a necessidade da pessoa que reza, é a sua salvação. Jesus disse: “Procurai e achareis, batei e vos será aberto” (Mt 7: 7). Quando alguém lê estas palavras, imediatamente pensa que Jesus promete nos dar todas as coisas que pedimos a ele, e ficamos perplexos porque vemos que isso raramente acontece. Mas ele sobretudo intencionava nos dizer uma coisa: “Procura por mim e tu vais me encontrar, bata à porta e eu a abrirei a ti”. Ele promete dar-se para além das coisas triviais que pedimos a ele, e essa promessa é sempre infalivelmente mantida. Aqueles que o procuram, o encontram; a quem bate, ele abre a porta  e quando o encontramos, todo o resto fica em segundo lugar.

Homenagens a Nossa Senhora


O mês de maio, que ora se finda, é tradicionalmente o mês de Maria: por isso se explicam tantas homenagens dedicadas a  ela, a Mãe de Jesus, o Filho eterno do Pai feito homem, e nossa Mãe espiritual.

Convidado a participar, no dia 13 de maio, de um evento especial na Câmara Federal em Brasília, em homenagem a Nossa Senhora de Fátima, no meu discurso laudatório, ressaltei que os portugueses nos legaram a fé e o amor a Maria Santíssima, a cuja devoção devemos ser fiéis, bem como à nossa identidade cristã.

Creio que por isso mesmo, fui também convidado, pelos representantes da Frente Parlamentar Católica, a outra homenagem à Mãe de Deus, no dia 21 de maio, no Palácio do Planalto, diante do Presidente da República. No site do Palácio do Planalto, na agenda do Presidente,para esse dia, constava:“Ato de Consagração do Brasil a Jesus Cristo por meio do Imaculado Coração de Maria”. Talvez essa notícia e os anúncios antecipados nas redes sociais criaram a expectativa de uma ação muito maior do que de fato estava programado e realmente aconteceria, o que causou certa frustração.

Para ser mais preciso, deveria constar “Renovação da Consagração...”. Porque o Brasil realmente já foi consagrado diversas vezes e de diferentes modos a Nossa Senhora. Em 1904, Nossa Senhora Aparecida, por decreto da Santa Sé, em nome do Papa São Pio X, foi coroada Rainha do Brasil. Em 1930, o Papa Pio XI a proclamou oficialmente Padroeira do Brasil, proclamação ratificada pelas autoridades eclesiásticas, civis e militares, diante do então Presidente da República, Getúlio Vargas. Em 31 de maio de 1946, o Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Jaime de Barros Câmara,na presença do Arcebispo de São Paulo, de 40 Bispos e do Presidente da República,consagrou nossa pátria ao Imaculado Coração de Maria. Além das inúmeras consagrações que se fazem em nosso Santuário Nacional em Aparecida, especialmente pelos Bispos da CNBB e pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes. Portanto, o Brasil já é de Nossa Senhora! Outras consagrações são ratificação e renovação das que já foram feitas.

Ademais, uma consagração realmente é feita a Jesus Cristo, por meio de Nossa Senhora, que é uma só e tem um só coração, nos seus variados títulos, seja Fátima, Lourdes ou Aparecida.

É claro que o ideal e oficialmente mais válida seria uma renovação da consagração ou entrega do Brasil a Nossa Senhora feita por todo o Episcopado Brasileiro, com o seu Primaz, junto com o Núncio Apostólico, na presença do Presidente da República, em Aparecida, no final de uma Assembleia Geral da CNBB. Essa seria sim uma verdadeira Consagração do Brasil! Que esse sonho um dia se realize!

Mas, enquanto esse dia não chega, não custa apoiar uma boa iniciativa dos leigos católicos que militam na política,- eles também têm esse direito - de promover uma consagração ao Imaculado Coração de Maria, pedida por ela em Fátima, diante do Presidente da Nação.

Fertilização In-Vitro: descarta a vida humana e apresenta riscos para saúde dos envolvidos


A Fertilização In-Vitro e inseminação artificial são amplamente ofertadas no Brasil como uma técnica inofensiva para o ser humano, uma “solução perfeita” para casais inférteis. Mas são omitidos da população todos os problemas éticos dela decorrentes, como a manipulação e o descarte dos embriões, seres humanos em estágio inicial de desenvolvimento, bem como, todos os riscos que a técnica apresenta para a mulher que se submete a ela e para os bebês que serão concebidos.  Aos que sofrem o drama da infertilidade, recomendo ao final desse artigo, um link com informações sobre a NaProTecnologia, que é mais eficaz que a FIV e não tem apresenta problemas éticos ou de saúde como aqui destacamos.

Por causa da Fertilização In-Vitro (FIV), milhões de seres humanos em estágio embrionário são manipulados e descartados. Em geral, a cada procedimento tentam implantar 2 a 4 embriões, mas para obter esses, é fertilizado um número maior. Esse excedente de embriões é em parte descartado, congelado para uso futuro e, uma pequena parte doada para experimentos científicos. Estima-se que 1,7 milhão de embriões já tenham sido descartados em processos de FIV no mundo, mas a cifra pode ser bem superior. Quando a vida humana se torna objeto de descarte, as consequências para o ser humano que sobrevive e manipula os seus semelhantes, também não poderia ser das melhores.

Diversos estudos têm comparado indivíduos (bebês, crianças ou adultos) nascidos por concepção natural com pessoas concebidas artificialmente em processo de FIV. As pesquisas científicas apontam aumento nos riscos de saúde dessas pessoas, mas também para as mulheres que participam desse processo de manipulação de vidas em laboratório.

EUA: Indiana torna obrigatório enterro ou cremação de restos de fetos abortados

Protesto contra a revisão das leis que permitem o direito ao aborto nos Estados Unidos diante da Suprema Corte, em Washington.

A Suprema Corte dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (28) uma série de decisões sobre uma tentativa do Indiana de revisar a lei local que dá direito ao aborto até o primeiro trimestre da gestação. Em plena ofensiva de conservadores, o Estado do nordeste americano conseguiu tornar obrigatório o enterro ou a cremação de fetos abortados.

Após a determinação da Suprema Corte americana, o Indiana passará a enterrar ou a cremar fetos abortados como “restos humanos”, que não poderão mais ser descartados como “restos médicos”. Segundo a mais alta instância da justiça americana, a determinação “não afetará o direito das mulheres” de interromper voluntariamente a gravidez, como permite a lei federal desde 1973.

A Suprema Corte também ratificou que o Estado não pode impedir que as mulheres abortem devido ao sexo, a raça ou a malformação do feto, especialmente em caso de Síndrome de Down no primeiro trimestre da gestação. Em abril, o Indiana já havia modificado a lei, proibindo quase todos os tipos de interrupções voluntárias de gravidez no segundo trimestre, mesmo que esse tipo de procedimento seja extremamente raro no Estado.

Essa não é a primeira vez que a Suprema Corte se pronuncia sobre a tentativa do Indiana de limitar o direito ao aborto. Em 2017, duas leis promulgadas pelo então governador Mike Pence, atualmente vice-presidente dos Estados Unidos, foram bloqueadas. O texto previa proibir o aborto até mesmo em casos de malformação do feto – legalizado desde 1973 em todo o país - mas foi invalidado pelo tribunal federal.

Logo depois de a Suprema Corte anunciar sua decisão nesta terça-feira, Pence reagiu. Célebre por expressar sua fé cristã, disse esperar que a alta instância da justiça valide as leis adotadas por diversos Estados americanos contra abortos que o vice-presidente classifica como “seletivos”.

Por meio de comunicado, Pence também elogiou a obrigação do enterro ou cremação de restos de fetos no Indiana. “O vice-presidente saúda a validação de uma disposição do Estado protegendo o caráter sagrado da vida e estabelecendo que os resquícios de bebês abortados sejam tratados com respeito e dignidade”, afirma o documento.

O que disse o papa Francisco na carta que enviou a Lula




"O papa Francisco enviou uma carta a Lula em que manifesta "proximidade espiritual" com o ex-presidente e lhe pede para "não desanimar e continuar confiando em Deus".

No texto, uma resposta a correspondência enviada por Lula em março, o pontífice menciona "as duras provas" que o ex-presidente viveu ultimamente, "especialmente a perda de alguns entes queridos" – a esposa, Marisa Letícia, o irmão Genival Inácio e o neto Arthur.

 
Em referência à carta que recebeu de Lula, o papa afirma que a avaliação que o ex-presidente fez "sobre o atual contexto sócio-político brasileiro" será "de grande utilidade".

"Tal como os meus Antecessores, estou convencido de que a política pode tornar-se uma forma eminente de caridade, se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas", escreve o papa mais adiante.

Em referência à Páscoa – a carta, conhecida agora, foi enviada em 3 de maio –, o pontífice diz que a passagem de Jesus da morte à vida permite que passemos também "da incredulidade e do desespero para a alegria serena e profunda de quem acredita que, no final, o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a condenação"."

Mensagem do Papa para o Dia Mundial do Migrante e Refugiado 2019


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO

PARA O DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO REFUGIADO
29 de setembro de 2019

Tema: «Não se trata apenas de migrantes»

Queridos irmãos e irmãs!

A fé assegura-nos que o Reino de Deus já está, misteriosamente, presente sobre a terra (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes, 39); contudo, mesmo em nossos dias, com pesar temos de constatar que se lhe deparam obstáculos e forças contrárias. Conflitos violentos, verdadeiras e próprias guerras não cessam de dilacerar a humanidade; sucedem-se injustiças e discriminações; tribula-se para superar os desequilíbrios econômicos e sociais, de ordem local ou global. E quem sofre as consequências de tudo isto são sobretudo os mais pobres e desfavorecidos.

As sociedades economicamente mais avançadas tendem, no seu seio, para um acentuado individualismo que, associado à mentalidade utilitarista e multiplicado pela rede mediática, gera a «globalização da indiferença». Neste cenário, os migrantes, os refugiados, os desalojados e as vítimas do tráfico de seres humanos aparecem como os sujeitos emblemáticos da exclusão, porque, além dos incômodos inerentes à sua condição, acabam muitas vezes alvo de juízos negativos que os consideram como causa dos males sociais. A atitude para com eles constitui a campainha de alarme que avisa do declínio moral em que se incorre, se se continua a dar espaço à cultura do descarte. Com efeito, por este caminho, cada indivíduo que não quadre com os cânones do bem-estar físico, psíquico e social fica em risco de marginalização e exclusão.

Por isso, a presença dos migrantes e refugiados – como a das pessoas vulneráveis em geral – constitui, hoje, um convite a recuperar algumas dimensões essenciais da nossa existência cristã e da nossa humanidade, que correm o risco de entorpecimento num teor de vida rico de comodidades. Aqui está a razão por que «não se trata apenas de migrantes», ou seja, quando nos interessamos por eles, interessamo-nos também por nós, por todos; cuidando deles, todos crescemos; escutando-os, damos voz também àquela parte de nós mesmos que talvez mantenhamos escondida por não ser bem vista hoje.

«Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!» (Mt 14, 27). Não se trata apenas de migrantes: trata-se também dos nossos medos. As maldades e torpezas do nosso tempo fazem aumentar «o nosso receio em relação aos “outros”, aos desconhecidos, aos marginalizados, aos forasteiros (…). E isto nota-se particularmente hoje, perante a chegada de migrantes e refugiados que batem à nossa porta em busca de proteção, segurança e um futuro melhor. É verdade que o receio é legítimo, inclusive porque falta a preparação para este encontro» (Homilia, Sacrofano, 15 de fevereiro de 2019). O problema não está no facto de ter dúvidas e receios. O problema surge quando estes condicionam de tal forma o nosso modo de pensar e agir, que nos tornam intolerantes, fechados, talvez até – sem disso nos apercebermos – racistas. E assim o medo priva-nos do desejo e da capacidade de encontrar o outro, a pessoa diferente de mim; priva-me duma ocasião de encontro com o Senhor (cf. Homilia na Missa do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, 14 de janeiro de 2018).

«Se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os publicanos?» (Mt 5, 46). Não se trata apenas de migrantes: trata-se da caridade. Através das obras de caridade, demonstramos a nossa fé (cf. Tg 2, 18). E a caridade mais excelsa é a que se realiza em benefício de quem não é capaz de retribuir, nem talvez de agradecer. «Em jogo está a fisionomia que queremos assumir como sociedade e o valor de cada vida. (…) O progresso dos nossos povos (…) depende sobretudo da capacidade de se deixar mover e comover por quem bate à porta e, com o seu olhar, desabona e exautora todos os falsos ídolos que hipotecam e escravizam a vida; ídolos que prometem uma felicidade ilusória e efêmera, construída à margem da realidade e do sofrimento dos outros» (Discurso na Cáritas diocesana de Rabat, Marrocos, 30 de março de 2019).

«Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão» (Lc 10, 33). Não se trata apenas de migrantes: trata-se da nossa humanidade. O que impele aquele samaritano – um estrangeiro, segundo os judeus – a deter-se é a compaixão, um sentimento que não se pode explicar só a nível racional. A compaixão toca as cordas mais sensíveis da nossa humanidade, provocando um impulso imperioso a «fazer-nos próximo» de quem vemos em dificuldade. Como nos ensina o próprio Jesus (cf. Mt 9, 35-36; 14, 13-14; 15, 32-37), ter compaixão significa reconhecer o sofrimento do outro e passar, imediatamente, à ação para aliviar, cuidar e salvar. Ter compaixão significa dar espaço à ternura, ao contrário do que tantas vezes nos pede a sociedade atual, ou seja, que a reprimamos. «Abrir-se aos outros não empobrece, mas enriquece, porque nos ajuda a ser mais humanos: a reconhecer-se parte ativa dum todo maior e a interpretar a vida como um dom para os outros; a ter como alvo não os próprios interesses, mas o bem da humanidade» (Discurso na Mesquita «Heydar Aliyev» de Baku, Azerbeijão, 2 de outubro de 2016).