Protesto contra a revisão das leis que permitem o direito ao aborto nos Estados Unidos diante da Suprema Corte, em Washington. |
A Suprema Corte dos Estados Unidos anunciou
nesta terça-feira (28) uma série de decisões sobre uma tentativa do Indiana de
revisar a lei local que dá direito ao aborto até o primeiro trimestre da
gestação. Em plena ofensiva de conservadores, o Estado do nordeste americano
conseguiu tornar obrigatório o enterro ou a cremação de fetos abortados.
Após a determinação da Suprema Corte
americana, o Indiana passará a enterrar ou a cremar fetos abortados como
“restos humanos”, que não poderão mais ser descartados como “restos médicos”.
Segundo a mais alta instância da justiça americana, a determinação “não afetará
o direito das mulheres” de interromper voluntariamente a gravidez, como permite
a lei federal desde 1973.
A Suprema Corte também ratificou que o Estado
não pode impedir que as mulheres abortem devido ao sexo, a raça ou a
malformação do feto, especialmente em caso de Síndrome de Down no primeiro
trimestre da gestação. Em abril, o Indiana já havia modificado a lei, proibindo
quase todos os tipos de interrupções voluntárias de gravidez no segundo
trimestre, mesmo que esse tipo de procedimento seja extremamente raro no
Estado.
Essa não é a primeira vez que a Suprema Corte
se pronuncia sobre a tentativa do Indiana de limitar o direito ao aborto. Em
2017, duas leis promulgadas pelo então governador Mike Pence, atualmente
vice-presidente dos Estados Unidos, foram bloqueadas. O texto previa proibir o
aborto até mesmo em casos de malformação do feto – legalizado desde 1973 em
todo o país - mas foi invalidado pelo tribunal federal.
Logo depois de a Suprema Corte anunciar sua
decisão nesta terça-feira, Pence reagiu. Célebre por expressar sua fé cristã,
disse esperar que a alta instância da justiça valide as leis adotadas por
diversos Estados americanos contra abortos que o vice-presidente classifica
como “seletivos”.
Por meio de comunicado, Pence também elogiou a
obrigação do enterro ou cremação de restos de fetos no Indiana. “O vice-presidente
saúda a validação de uma disposição do Estado protegendo o caráter sagrado da
vida e estabelecendo que os resquícios de bebês abortados sejam tratados com
respeito e dignidade”, afirma o documento.
Ofensiva ultraconservadora
Desde a nomeação do juiz ultraconservador
Brett Kavanaugh à Corte Suprema dos Estados Unidos, os republicanos lançaram
uma ofensiva inédita no país para limitar o acesso das mulheres ao aborto nos
Estados onde governam.
Uma das leis mais severas contra o direito à
interrupção da gravidez foi aprovada recentemente no Alabama. Ela proíbe que as
mulheres abortem mesmo em caso de incesto ou estupro e prevê uma pena de 10 a
99 anos de prisão aos médicos que realizarem o procedimento, salvo no caso de
urgência vital da mãe ou de “anomalia letal” do feto.
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As Vozes do Mundo
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