quarta-feira, 29 de maio de 2019

Homenagens a Nossa Senhora


O mês de maio, que ora se finda, é tradicionalmente o mês de Maria: por isso se explicam tantas homenagens dedicadas a  ela, a Mãe de Jesus, o Filho eterno do Pai feito homem, e nossa Mãe espiritual.

Convidado a participar, no dia 13 de maio, de um evento especial na Câmara Federal em Brasília, em homenagem a Nossa Senhora de Fátima, no meu discurso laudatório, ressaltei que os portugueses nos legaram a fé e o amor a Maria Santíssima, a cuja devoção devemos ser fiéis, bem como à nossa identidade cristã.

Creio que por isso mesmo, fui também convidado, pelos representantes da Frente Parlamentar Católica, a outra homenagem à Mãe de Deus, no dia 21 de maio, no Palácio do Planalto, diante do Presidente da República. No site do Palácio do Planalto, na agenda do Presidente,para esse dia, constava:“Ato de Consagração do Brasil a Jesus Cristo por meio do Imaculado Coração de Maria”. Talvez essa notícia e os anúncios antecipados nas redes sociais criaram a expectativa de uma ação muito maior do que de fato estava programado e realmente aconteceria, o que causou certa frustração.

Para ser mais preciso, deveria constar “Renovação da Consagração...”. Porque o Brasil realmente já foi consagrado diversas vezes e de diferentes modos a Nossa Senhora. Em 1904, Nossa Senhora Aparecida, por decreto da Santa Sé, em nome do Papa São Pio X, foi coroada Rainha do Brasil. Em 1930, o Papa Pio XI a proclamou oficialmente Padroeira do Brasil, proclamação ratificada pelas autoridades eclesiásticas, civis e militares, diante do então Presidente da República, Getúlio Vargas. Em 31 de maio de 1946, o Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Jaime de Barros Câmara,na presença do Arcebispo de São Paulo, de 40 Bispos e do Presidente da República,consagrou nossa pátria ao Imaculado Coração de Maria. Além das inúmeras consagrações que se fazem em nosso Santuário Nacional em Aparecida, especialmente pelos Bispos da CNBB e pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes. Portanto, o Brasil já é de Nossa Senhora! Outras consagrações são ratificação e renovação das que já foram feitas.

Ademais, uma consagração realmente é feita a Jesus Cristo, por meio de Nossa Senhora, que é uma só e tem um só coração, nos seus variados títulos, seja Fátima, Lourdes ou Aparecida.

É claro que o ideal e oficialmente mais válida seria uma renovação da consagração ou entrega do Brasil a Nossa Senhora feita por todo o Episcopado Brasileiro, com o seu Primaz, junto com o Núncio Apostólico, na presença do Presidente da República, em Aparecida, no final de uma Assembleia Geral da CNBB. Essa seria sim uma verdadeira Consagração do Brasil! Que esse sonho um dia se realize!

Mas, enquanto esse dia não chega, não custa apoiar uma boa iniciativa dos leigos católicos que militam na política,- eles também têm esse direito - de promover uma consagração ao Imaculado Coração de Maria, pedida por ela em Fátima, diante do Presidente da Nação.

Assim, fui convidado para, com esses Representantes da Frente Parlamentar Católica e dos vários Movimentos Marianos, entregar nas mãos do Presidente da República o Ato com o qual se confia, ou se consagra, o Brasil ao Imaculado Coração de Maria. Esse objetivo foi cumprido e, da parte do governo, o General Floriano Peixoto, ministro da Secretaria Geral da Presidência, assinou conosco a consagração.

Muitos esperavam que o presidente mesmo consagrasse o Brasil a Nossa Senhora. Isso ele não fez.  Foi pena. Não sendo eu promotor do evento nem seu organizador, apenas convidado, vendo a pressão dos bastidores, o que causou certo embaraço, fui perguntar ao chefe do cerimonial do Palácio se o presidente não poderia ler comigo a consagração. Ele achou melhor não, dizendo que o Presidente não falaria, apenas compareceria e prestigiaria com a sua presença. Respeitei sua decisão e não quis forçar nada. Afinal não estávamos em nossa casa. Quem sabe um dia...?!

Mas fizemos o nosso papel. O presidente foi cordato em participar da homenagem e rezou conosco um mistério do Rosário diante da Imagem de Nossa Senhora. E o texto da consagração assinado foi-lhe entregue. Depois, eu li o texto da Consagração.Esperamos que Nossa Senhora aceite esta homenagem e este nosso ato de Consagração e proteja o nosso tão necessitado Brasil.

Ressalto que a minha participação foi a uma homenagem a Nossa Senhora no Palácio do Planalto na presença do Presidente da República. Não significou apoio político ao presidente nem a nenhum movimento ou a quem quer que seja. Não teve essa conotação.

Creio que, mesmo não sendo totalmente satisfatório, o evento foi válido pela homenagem a Nossa Senhora, pelo anúncio e intenção da consagração, pela assinatura da consagração por nós e pelo representante do governo, pela oração na presença do presidente e com ele e pela entronização da Imagem de Nossa Senhora no Palácio do Governo. Coisa que há tempos não acontecia! Foi o máximo que se conseguiu. Mas, apesar de tantas pressões e dificuldades, já foi um grande passo. Esperemos coisas melhores.O cristão é otimista e alegre pela esperança: “Sede alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração”(Rm 12,12).

Os que me atacaram, criticaram e injuriaram, pelas redes sociais, recebam o meu perdão e compreensão. Rezei por todos na minha Santa Missa. Que Deus não leve esses doestos em consideração e Nossa Senhora, mãe de misericórdia, guarde a todos em seu coração materno. A todos a minha bênção cordial.


Dom Fernando Arêas Rifan,
bispo administrador apostólico da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.

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