O mês de maio, que ora se finda, é
tradicionalmente o mês de Maria: por isso se explicam tantas homenagens
dedicadas a ela, a Mãe de Jesus, o Filho
eterno do Pai feito homem, e nossa Mãe espiritual.
Convidado a participar, no dia 13 de maio, de
um evento especial na Câmara Federal em Brasília, em homenagem a Nossa Senhora
de Fátima, no meu discurso laudatório, ressaltei que os portugueses nos legaram
a fé e o amor a Maria Santíssima, a cuja devoção devemos ser fiéis, bem como à
nossa identidade cristã.
Creio que por isso mesmo, fui também
convidado, pelos representantes da Frente Parlamentar Católica, a outra
homenagem à Mãe de Deus, no dia 21 de maio, no Palácio do Planalto, diante do
Presidente da República. No site do Palácio do Planalto, na agenda do
Presidente,para esse dia, constava:“Ato de Consagração do Brasil a Jesus Cristo
por meio do Imaculado Coração de Maria”. Talvez essa notícia e os anúncios
antecipados nas redes sociais criaram a expectativa de uma ação muito maior do que
de fato estava programado e realmente aconteceria, o que causou certa frustração.
Para ser mais preciso, deveria constar
“Renovação da Consagração...”. Porque o Brasil realmente já foi consagrado
diversas vezes e de diferentes modos a Nossa Senhora. Em 1904, Nossa Senhora
Aparecida, por decreto da Santa Sé, em nome do Papa São Pio X, foi coroada
Rainha do Brasil. Em 1930, o Papa Pio XI a proclamou oficialmente Padroeira do
Brasil, proclamação ratificada pelas autoridades eclesiásticas, civis e militares,
diante do então Presidente da República, Getúlio Vargas. Em 31 de maio de 1946,
o Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Jaime de Barros Câmara,na presença do
Arcebispo de São Paulo, de 40 Bispos e do Presidente da República,consagrou
nossa pátria ao Imaculado Coração de Maria. Além das inúmeras consagrações que
se fazem em nosso Santuário Nacional em Aparecida, especialmente pelos Bispos da
CNBB e pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes. Portanto, o Brasil já
é de Nossa Senhora! Outras consagrações são ratificação e renovação das que já
foram feitas.
Ademais, uma consagração realmente é feita a
Jesus Cristo, por meio de Nossa Senhora, que é uma só e tem um só coração, nos
seus variados títulos, seja Fátima, Lourdes ou Aparecida.
É claro que o ideal e oficialmente mais válida
seria uma renovação da consagração ou entrega do Brasil a Nossa Senhora feita
por todo o Episcopado Brasileiro, com o seu Primaz, junto com o Núncio
Apostólico, na presença do Presidente da República, em Aparecida, no final de
uma Assembleia Geral da CNBB. Essa seria sim uma verdadeira Consagração do
Brasil! Que esse sonho um dia se realize!
Mas, enquanto esse dia não chega, não custa
apoiar uma boa iniciativa dos leigos católicos que militam na política,- eles
também têm esse direito - de promover uma consagração ao Imaculado Coração de
Maria, pedida por ela em Fátima, diante do Presidente da Nação.
Assim, fui convidado para, com esses
Representantes da Frente Parlamentar Católica e dos vários Movimentos Marianos,
entregar nas mãos do Presidente da República o Ato com o qual se confia, ou se
consagra, o Brasil ao Imaculado Coração de Maria. Esse objetivo foi cumprido e,
da parte do governo, o General Floriano Peixoto, ministro da Secretaria Geral
da Presidência, assinou conosco a consagração.
Muitos esperavam que o presidente mesmo
consagrasse o Brasil a Nossa Senhora. Isso ele não fez. Foi pena. Não sendo eu promotor do evento nem
seu organizador, apenas convidado, vendo a pressão dos bastidores, o que causou
certo embaraço, fui perguntar ao chefe do cerimonial do Palácio se o presidente
não poderia ler comigo a consagração. Ele achou melhor não, dizendo que o
Presidente não falaria, apenas compareceria e prestigiaria com a sua
presença. Respeitei sua decisão e não quis forçar nada. Afinal não estávamos em
nossa casa. Quem sabe um dia...?!
Mas fizemos o nosso papel. O presidente foi
cordato em participar da homenagem e rezou conosco um mistério do Rosário
diante da Imagem de Nossa Senhora. E o texto da consagração assinado foi-lhe
entregue. Depois, eu li o texto da Consagração.Esperamos que Nossa Senhora
aceite esta homenagem e este nosso ato de Consagração e proteja o nosso tão
necessitado Brasil.
Ressalto que a minha participação foi a uma
homenagem a Nossa Senhora no Palácio do Planalto na presença do Presidente da
República. Não significou apoio político ao presidente nem a nenhum movimento ou
a quem quer que seja. Não teve essa conotação.
Creio que, mesmo não sendo totalmente
satisfatório, o evento foi válido pela homenagem a Nossa Senhora, pelo anúncio
e intenção da consagração, pela assinatura da consagração por nós e pelo
representante do governo, pela oração na presença do presidente e com ele e
pela entronização da Imagem de Nossa Senhora no Palácio do Governo. Coisa que
há tempos não acontecia! Foi o máximo que se conseguiu. Mas, apesar de tantas
pressões e dificuldades, já foi um grande passo. Esperemos coisas melhores.O
cristão é otimista e alegre pela esperança: “Sede alegres na esperança, fortes
na tribulação, perseverantes na oração”(Rm 12,12).
Os que me atacaram, criticaram e injuriaram,
pelas redes sociais, recebam o meu perdão e compreensão. Rezei por todos na
minha Santa Missa. Que Deus não leve esses doestos em consideração e Nossa
Senhora, mãe de misericórdia, guarde a todos em seu coração materno. A todos a
minha bênção cordial.
Dom Fernando Arêas Rifan,
bispo administrador apostólico da Administração Apostólica Pessoal São
João Maria Vianney.
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