quarta-feira, 12 de junho de 2019

Novo documento do Vaticano bate forte na Ideologia de Gênero



A Congregação para a Educação Católica lançou na última segunda (10) um documento chamado “Homem e Mulher os criou”, que traça uma abordagem para as questões de gênero nas instituições católicas de ensino. Também dá algumas diretrizes para a atuação de educadores católicos, mesmo fora de instituições confessionais.

Segundo o Cardeal Giuseppe Versaldi, prefeito da congregação, o documento procura diferenciar a ideologia de gênero que, segundo o Papa Francisco pretende “impor-se como um pensamento único que determine a educação infantil”, dos estudos de gênero, que aprofundam adequadamente as diferenças entre homens e mulheres nas diversas culturas. Essa diferença precisa ser estabelecida para que se possa abrir um justo diálogo com as áreas de estudo, deixando de lado a imposição ideológica.

Partindo disso, o cardeal afirma que “o documento traça a história, concentra-se em pontos de encontro razoáveis e propõe a visão antropológica cristã” como via para a educação.

O documento é dividido em 3 partes principais: ouvir, analisar e propor. Abaixo, um breve resumo de cada uma.

O único Salvador e Sua única Igreja


Caro Amigo, gostaria, de recordar uma declaração da Santa Sé, da Congregação para a Doutrina da Fé, publicada por ordem de São João Paulo II, a Declaração Dominus Iesus. O objetivo do documento era, na verdade, “recordar aos Bispos, aos teólogos e a todos os fiéis católicos alguns conteúdos doutrinais imprescindíveis” para a nossa fé católica e apostólica.

Primeiramente o texto critica uma ideia muito difundida hoje em dia que afirma que todas as religiões têm o mesmo valor, pois cada uma ensina uma parte da verdade. A verdade divina é tão grande – dizem alguns – que nenhuma religião por si só pode exprimi-la totalmente. Assim, Jesus Cristo seria apenas parte da verdade de Deus. Mas esta verdade precisaria ser completada pelo que outras religiões apresentam: Buda, Confúcio, Maomé, etc, seriam outras manifestações da única verdade divina. Jesus poderia até ser a manifestação mais completa desta verdade, mas Ele não seria a verdade absoluta e universal.

Que pensar de tal opinião? O Documento insiste que é necessário “reafirmar, antes de mais, o caráter definitivo e completo da revelação de Jesus Cristo. Deve, de fato, crer-se firmemente na afirmação que no mistério de Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado, que é o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14,6), dá-se a revelação da plenitude da verdade divina. (...) A verdade profunda, tanto a respeito de Deus como da salvação dos homens, manifesta-se a nós por esta revelação na Pessoa de Jesus Cristo que é simultaneamente o mediador e a plenitude da revelação”.

Em outras palavras, “é contrária à fé da Igreja a tese que defende o caráter limitado, incompleto e imperfeito da revelação de Jesus Cristo, que seria complementar da que é presente nas outras religiões. (...) Temos em Jesus Cristo a revelação plena e completa do mistério salvífico de Deus!” Assim, Jesus é a revelação plena do Pai e tudo quanto contradiga Sua revelação não está de acordo com a verdade divina. Isso não significa que as religiões não-cristãs sejam más: elas têm elementos da verdade e até podem ajudar o homem na sua busca de Deus, que “não deixa de Se tornar presente sob variadas formas quer aos indivíduos, quer aos povos, através de suas riquezas espirituais, das quais a principal e essencial expressão são as religiões, mesmo se contêm lacunas, insuficiências e erros”. Contudo tais religiões não são fruto da revelação divina e sim da busca de verdade que, por vontade de Deus, reside no coração do homem.

Quanto aos textos “sagrados” dessas religiões (o Corão, o Veda, etc), são expressão dessa busca que se encontra no íntimo de cada ser humano e, neste sentido, merecem nosso respeito. Contudo não são inspirados pelo Espírito Santo no sentido da inspiração bíblica.

Espanha: Barcelona concede licença de construção à Sagrada Família após 137 anos


O templo expiatório da Sagrada Família recebeu em 7 de junho a licença de construção da prefeitura de Barcelona (Espanha) após 137 anos em construção; isso permite que o conselho de construção continue o projeto de Antoni Gaudí.

O Templo Expiatório da Sagrada Família, também conhecido como a Sagrada Família, é uma basílica projetada pelo arquiteto Antoni Gaudí. Sua construção começou em 1882 e está prevista para terminar em 2026. É um dos monumentos mais visitados da Espanha e a igreja mais visitada da Europa, depois da Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Quando a construção do templo começou no século XIX, a licença correspondente foi solicitada ao município de San Martín de Provensais, que na época era um município independente. No entanto, após a anexação deste município à cidade de Barcelona, ​​nenhuma nova licença foi solicitada.

Em outubro de 2018, a Prefeitura Municipal de Barcelona e o conselho de construção da Sagrada Família chegaram a um acordo para a regulamentação da licença do projeto, que foi finalmente concedida em 7 de junho.

Como parte deste acordo, o Conselho de Construção da Sagrada Família se comprometeu a fazer uma indenização de 36 milhões de euros pelo inconveniente causado pelo turismo no bairro, que será usado para fazer melhorias no entorno e nos transportes. Este pagamento inclui 4,6 milhões de euros como um conceito de Imposto Predial, Instalação e Obras e a taxa de licença de construção.

SP: Jovem de 16 anos esquartejada em Araraquara participava de grupo de oração


A adolescente Yasmin da Silva Nery, de 16 anos, foi brutalmente assassinada e esquartejada por um jovem de 17 anos neste domingo, 9 de junho, em Araraquara, no interior do Estado de São Paulo.

Assassino confesso, o rapaz declarou em depoimento à polícia, segundo o portal ACidadeON, que matou Yasmin motivado apenas pelo absurdo desejo de “ver como é” (!)

O mesmo site informa que a namorada do assassino, igualmente menor de idade, também foi apreendida porque ajudou a ocultar o corpo de Yasmin.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) impede que sejam divulgados os nomes dos dois criminosos por serem menores de idade.

Grupo de oração

Yasmin participava havia 3 anos do grupo de oração da Obra Shalom, cuja comunidade local declarou em nota:

“Confiamo-nos, junto com sua família e amigos, às orações de todos os fiéis que prestam solidariedade nesse momento doloroso, gratos por todo o apoio recebido”.

Assassinos sem mostra de remorso

O delegado de polícia Fernando Bravo observou que os dois assassinos não demonstraram arrependimento:

“Ele contou que a parte do corpo guardada na casa dele era um troféu. Pouco antes de deixar a delegacia, disse que não estava arrependido. A ex-namorada apresentou algum arrependimento na frente da mãe, mas, quando ela estava com a gente, até dava risada do que estava acontecendo”.

A legislação está mesmo “recuperando infratores”?

A criminosa foi encaminhada à Fundação Casa de Franca. O criminoso, a uma unidade da Fundação Casa cuja localização não foi confirmada.

O site ACidadeON, que cobre o noticiário da região onde ocorreu a barbárie, observa que, de acordo com a atual legislação brasileira, o assassino deverá ser solto aos 20 anos de idade como réu primário.

É o caso de se questionar (pela enésima vez) até que ponto os legisladores brasileiros estão agindo com base na realidade ao partirem da premissa de que uma pessoa de 17 anos de idade não pode ser plenamente responsabilizada por assassinar um inocente para “saber como é” – em especial quando essa mesma pessoa é reputada consciente e responsável para eleger, desde os 16 anos de idade, os próprios legisladores que a consideram “uma criança”.

As causas reais e as consequências reais desses fatos reais merecem um debate real. Enfaticamente.

Nota da CNBB sobre julgamento no STF a respeito da criminalização da homofobia


NOTA DA CNBB

A Igreja Católica, especialmente por sua Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, historicamente, é defensora incondicional da vida, desde a sua concepção até a morte natural. Nesse sentido, é contrária a qualquer ato de violência. Atentados contra a vida merecem a mais severa condenação por parte de toda a sociedade civil e, principalmente, das autoridades devidamente constituídas.

Dedicamos a nossa atenção ao julgamento, em curso, no Supremo Tribunal Federal, da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO 26) e do trâmite no Senado Federal do Projeto de Lei 672/2019 para alterar a Lei 7.716/1989. Nosso posicionamento é alicerçado em princípios ético morais que defendem o respeito a todos, sem distinções.

O Magistério da Igreja indica o acolhimento solidário e respeitoso, evitando-se todo sinal de discriminação. Isto não significa se omitir ou negar o que ensina a sua doutrina: o matrimônio é a união entre o homem e a mulher, com a possibilidade de gerar vida. Nesse sentido, em diálogo com os setores da sociedade que buscam fortalecer a punição para os casos de homofobia, a Igreja pede clareza nos processos em curso no Judiciário e Legislativo: a liberdade religiosa, que pressupõe o respeito aos códigos morais com raízes na fé, deve ser compatibilizada com as decisões judiciais relacionadas à criminalização da homofobia. A doutrina religiosa não semeia violência, mas, ao contrário, partilha um código de condutas que promove a defesa da vida. Informar e orientar os fiéis sobre o matrimônio, aconselhá-los em questões relacionadas à família e à conduta pessoal não pode ser considerado ofensa contra pessoa ou grupo.

Relicário com restos mortais de beato português é roubado de Igreja em Viana do Castelo


O relicário com os restos mortais do Beato Bartolomeu dos Mártires foi roubado na tarde de terça-feira, 11 de junho, da Igreja de São Domingos, em Viana do Castelo (Portugal).

De acordo com a imprensa portuguesa, o caso aconteceu por volta das 16h30 e a Polícia de Segurança Pública Portuguesa (PSP) foi acionada, mas, por se tratar de uma peça de arte sacra, ficou sob responsabilidade da Polícia Judiciária de Braga.

Para o Bispo de Viana do Castelo, Dom Anacleto Oliveira, este roubo é um “atentado à sensibilidade” dos católicos. Em entrevista à Agência Ecclesia, do episcopado português, o Prelado lamentou o ocorrido é expressou a necessidade de descobrir “quem, o porquê e com que fim foi feito o roubo do relicário”.

“É mais uma ofensa à Igreja do que à figura de tão insigne” bispo, disse o Prelado, segundo o qual, os católicos da região têm uma “veneração muito grande” pelo arcebispo português do século XVI.

Por sua vez, o pároco de São Domingos, Pe. Vasco Gonçalves, assinalou que o “dourado do relicário deve ter encantado” quem cometeu o ato.

Em declarações ao site ‘Correio da Manhã’, o sacerdote disse que o relicário roubado “não tem valor comercial nenhum”, porém, ressaltou que “para nós é um tesouro que nos roubaram pela devoção que temos ao Frei Bartolomeu”.

Conforme recorda o mesmo site, já na segunda-feira à tarde, a mesma igreja havia sofrido uma tentativa de assalto. “Usaram a espada da imagem de Nossa Senhora das Dores e tentaram arrombar a caixa de esmolas”, contou o pároco.

Dois meses após incêndio, será celebrada primeira Missa na Catedral de Notre Dame


Será celebrada no próximo fim de semana a primeira Missa na Catedral de Notre Dame, em Paris (França), dois meses após o incêndio que assolou este templo em 15 de abril deste ano.

A Missa será presidida pelo Arcebispo de Paris, Dom Michel Aupetit, em uma capela ao fundo da Catedral, que não foi afetada pelo incêndio, com a presença de um número reduzido de pessoas, as quais deverão usar capacetes como medida de segurança.

A data escolhida para a Missa se deve à festa da Dedicação da Catedral de Paris, que costuma ser celebrada em 16 de junho.

Em declarações à revista católica ‘Famille Chrétienne’ (Família Cristã), o reitor da Catedral, Mons. Patrick Chauvet, disse que “esta data é simbólica. Será a festa da dedicação da catedral, da consagração do altar”.

“É muito importante poder mostrar ao mundo que o papel da catedral é mostrar a glória de Deus. Celebrar a eucaristia nesse dia, ainda que num grupo reduzido, será um sinal dessa glória e dessa graça”, acrescentou.

Além disso, espera-se ainda a decisão das autoridades em relação à abertura do pátio em frente ao templo, permitindo a aproximação dos parisienses e dos turistas.

Ainda em entrevista a esta revista católica, o reitor falou sobre o projeto de construção de um pequeno “santuário mariano”, com uma réplica da Virgem do Pilar de Notre-Dame, onde os católicos possam ir durante o período de restauração da Catedral.

“É importante que os católicos tenham um lugar físico para realizar as suas orações. Mostra que, mesmo que a Notre Dame esteja em obras de reconstrução, ela está aberta, e isso manterá a ligação entre os fiéis e a Igreja”, declarou.

terça-feira, 11 de junho de 2019

A intolerância católica

 
Meus irmãos (…), nosso século clama: “tolerância, tolerância”. Tem-se como certo que um padre deve ser tolerante, que a religião deve ser tolerante. Meus irmãos, não há nada que valha mais que a franqueza, e eu aqui estou para vos dizer, sem disfarce, que no mundo inteiro só existe uma sociedade que possui a verdade e que esta sociedade deve ser necessariamente intolerante. Mas antes de entrar no mérito, distinguindo as coisas, convenhamos sobre o sentido das palavras para bem nos entendermos. Assim não nos confundiremos.    

A tolerância pode ser civil ou teológica. A primeira não nos diz respeito, e não darei senão uma pequena palavra sobre ela: se a lei tolerante quer dizer que a sociedade permite todas as religiões porque, a seus olhos, elas são todas igualmente boas ou porque as autoridades se consideram incompetentes para tomar partido neste assunto, tal lei é ímpia e ateia. Ela exprime não a tolerância civil como a seguir indicaremos, mas a tolerância dogmática que, por uma neutralidade criminosa, justifica nos indivíduos a mais absoluta indiferença religiosa. Ao contrário, se, reconhecendo que uma só religião é boa, a lei suporta e permite que as demais possam exercer-se por amor à tranquilidade pública, esta lei poderá ser sábia e necessária se assim o pedirem as circunstâncias, como outros observaram antes de mim (…).

Deixo porém este campo cheio de dificuldades, e volto-me para a questão propriamente religiosa e teológica, em que exponho estes dois princípios: primeiro, a religião que vem do céu é verdade, e é intolerante com relação às doutrinas errôneas; segundo, a religião que vem do céu é caridade, e é cheia de tolerância quanto às pessoas.    

Roguemos a Nossa Senhora vir em nossa ajuda e invocar para nós o Espírito de verdade e de caridade: Spiritum veritatis et pacis. Ave Maria.

Faz parte da essência de toda a verdade não tolerar o princípio que a contradiz. A afirmação de uma coisa exclui a negação dessa mesma coisa, assim como a luz exclui as trevas. Onde nada é certo, onde nada é definido, podem-se partilhar os sentimentos, podem variar as opiniões. Compreendo e peço a liberdade de opinião nas coisas duvidosas: in dubiis, libertas. Mas, logo que a verdade se apresenta com as características certas que a distinguem, por isso mesmo que é verdade, ela é positiva, ela é necessária, e por conseguinte ela é una e intolerante: in necessariis, unitas. Condenar a verdade à tolerância é condená-la ao suicídio. A afirmação se aniquila se duvida de si mesma, e ela duvida de si mesma se admite com indiferença que se ponha a seu lado a sua própria negação. Para a verdade, a intolerância é o instinto de conservação, é o exercício legítimo do direito de propriedade. Quando se possui alguma coisa, é preciso defendê-la, sob pena de logo se ver despojado dela.    

Assim, meus irmãos, pela própria necessidade das coisas, a intolerância está em toda a parte, porque em toda parte existe o bem e o mal, o verdadeiro e o falso, a ordem e a desordem. Que há de mais intolerante do que esta proposição: 2 mais 2 fazem 4? Se vierdes dizer-me que 2 mais 2 fazem 3 ou fazem 5, eu vos respondo que 2 mais 2 fazem 4…

Nada é tão exclusivo quanto a unidade. Ora, ouvi a palavra de São Paulo: “Unus Dominus, una fides, unum baptisma”. Há, no céu, um só Senhor: unus Dominus. Esse Deus, cuja unidade é seu grande atributo, deu à terra um só símbolo, uma só doutrina, uma só fé: una fides. E esta fé, esta doutrina, Ele confiou-as a uma só sociedade visível, uma só Igreja cujos filhos são, todos, marcados com o mesmo selo e regenerados pela mesma graça: unum baptisma. Assim, a unidade divina que esplende por todos os séculos na glória de Deus produziu-se sobre a terra pela unidade do dogma evangélico cujo depósito foi confiado por Nosso Senhor Jesus Cristo à unidade hierárquica do sacerdócio: um Deus, uma fé, uma Igreja: unus Dominus, una fides, unum baptisma.     

Um pastor inglês teve a coragem de escrever um livro sobre a tolerância de Jesus Cristo, e certo filósofo de Genebra disse, falando do Salvador dos homens: “Não vejo que meu divino Mestre tenha formulado sutilezas sobre o dogma”. Bem verdadeiro, meus irmãos. Jesus Cristo não formulou sutilezas sobre o dogma, mas trouxe aos homens a verdade e disse: se alguém não for batizado na água e no Espírito Santo, se alguém se recusa a comer a minha carne e a beber o meu sangue, não terá parte em meu reino. Confesso que nisso não há sutilezas; há intolerância, há exclusão, a mais positiva, a mais franca. E mais: Jesus Cristo enviou seus Apóstolos para pregar a todas as nações, isto é, derrubar todas as religiões existentes para estabelecer em toda a terra a única religião cristã e substituir todas as crenças dos diferentes povos pela unidade do dogma católico. E, prevendo os movimentos e as divisões que esta doutrina iria incitar sobre a terra, Ele não se deteve e declarou que tinha vindo para trazer não a paz, mas a espada, e para acender a guerra não somente entre os povos, mas no seio de uma mesma família e separar, pelo menos quanto às convicções, a esposa fiel do esposo incrédulo, o genro cristão do sogro idólatra. A afirmação é verdadeira e o filósofo tem razão: Jesus Cristo não formulou sutilezas sobre o dogma (…).    

Falam da tolerância dos primeiros séculos, da tolerância dos Apóstolos. Mas isso não é assim, meus irmãos. Ao contrário, o estabelecimento da religião cristã foi, por excelência, uma obra de intolerância religiosa. No momento da pregação dos apóstolos, quase todo o universo praticava essa tolerância dogmática tão louvada. Como todas as religiões eram igualmente falsas e igualmente desarrazoadas, elas não se guerreavam; como todos os deuses valiam a mesma coisa uns para os outros, eram todos demônios, não eram exclusivos, eles se toleravam uns aos outros: Satã não está dividido contra si mesmo. O Império Romano, multiplicando suas conquistas, multiplicava seus deuses, e o estudo de sua mitologia se complica na mesma proporção que o da sua geografia. O triunfador que subia ao Capitólio fazia marchar diante dele os deuses conquistados com mais orgulho ainda do que arrastava atrás de si os reis vencidos. O mais das vezes, em virtude de um Senatus-Consulto, os ídolos dos bárbaros se confundiam desde então com o domínio da pátria, e o Olimpo nacional crescia como o Império.    

Quando aparece o Cristianismo (prestem atenção a isso, meus irmãos, são dados históricos de valor com relação ao assunto presente), quando o Cristianismo surge pela primeira vez, não foi repelido imediatamente. O paganismo perguntou-se se, em vez de combater a nova religião, não devia dar-lhe acesso ao seu solo. A Judéia tinha-se tornado uma província romana. Roma, acostumada a receber e conciliar todas as religiões, recebeu a princípio, sem maiores dificuldades, o culto saído da Judéia. Um imperador colocou Jesus Cristo, como a Abraão, entre as divindades de seu oratório, assim como se viu mais tarde outro César propor prestar-lhe homenagens solenes. Mas a palavra do profeta não tardou a se verificar: as multidões de ídolos que viam, de ordinário sem ciúmes, deuses novos e estrangeiros ser colocados ao lado deles, com a chegada do deus dos cristãos, lançam um grito de terror, e, sacudindo sua tranquila poeira, abalam-se sobre seus altares ameaçados: ecce Dominus ascendit, et commovebuntur simulacra a facie ejus (Is 19,1). Roma estava atenta a esse espetáculo. E logo, quando se percebeu que esse Deus novo era irreconciliável inimigo dos outros deuses; quando se viu que os cristãos, cujo culto se havia admitido, não queriam admitir o culto da nação; em uma palavra, quando se constatou o espírito intolerante da fé cristã, foi então que começou a perseguição.