NOTA DA
CNBB
A Igreja Católica, especialmente por sua
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, historicamente, é defensora
incondicional da vida, desde a sua concepção até a morte natural. Nesse
sentido, é contrária a qualquer ato de violência. Atentados contra a vida merecem
a mais severa condenação por parte de toda a sociedade civil e, principalmente,
das autoridades devidamente constituídas.
Dedicamos a nossa atenção ao julgamento, em
curso, no Supremo Tribunal Federal, da Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão (ADO 26) e do trâmite no Senado Federal do Projeto de Lei 672/2019 para
alterar a Lei 7.716/1989. Nosso posicionamento é alicerçado em princípios ético
morais que defendem o respeito a todos, sem distinções.
O Magistério da Igreja indica o acolhimento
solidário e respeitoso, evitando-se todo sinal de discriminação. Isto não
significa se omitir ou negar o que ensina a sua doutrina: o matrimônio é a
união entre o homem e a mulher, com a possibilidade de gerar vida. Nesse
sentido, em diálogo com os setores da sociedade que buscam fortalecer a punição
para os casos de homofobia, a Igreja pede clareza nos processos em curso no
Judiciário e Legislativo: a liberdade religiosa, que pressupõe o respeito aos
códigos morais com raízes na fé, deve ser compatibilizada com as decisões
judiciais relacionadas à criminalização da homofobia. A doutrina religiosa não
semeia violência, mas, ao contrário, partilha um código de condutas que promove
a defesa da vida. Informar e orientar os fiéis sobre o matrimônio,
aconselhá-los em questões relacionadas à família e à conduta pessoal não pode
ser considerado ofensa contra pessoa ou grupo.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) confia e espera que as autoridades do Judiciário e do Legislativo,
cônscios de suas responsabilidades, trabalhem, de modo adequado, dedicando-se,
com profundidade, a essa questão que exige também ouvir diferentes
perspectivas. Um tema tão delicado e complexo exige ser tratado pelo amplo
diálogo e pela reflexão de toda a sociedade. Assim, é possível contribuir para
promover a harmonia social em uma sociedade que precisa superar as
polarizações. Assegurar cada vez mais a integridade do cidadão, a partir do
respeito fraterno que todo ser humano deve cultivar em relação a seu
semelhante. Esse compromisso requer irrestrito respeito a princípios morais e
religiosos intocáveis.
Em espírito de comunhão e serviço, a CNBB quer
colaborar para que se encontre o caminho necessário para vencer injustiças e
perseguições – a violência contra o ser humano, que inclui também o desrespeito
à liberdade religiosa e aos valores do Evangelho de Jesus Cristo, “ caminho,
verdade e vida”.
Brasília, 12 de junho de 2019.
Dom
Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo
de Belo Horizonte – MG
Presidente
da CNBB
Dom
Jaime Spengler, OFM
Arcebispo
de Porto Alegre – RS
1º
Vice-Presidente da CNBB
Dom
Mário Antônio da Silva
Bispo
de Roraima – RR
2º
Vice-Presidente da CNBB
Dom
Joel Portella Amado
Bispo
Auxiliar de S. Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Secretário-Geral
da CNBB
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CNBB
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