Parece que não é permitido aos pais bater no
filhos:
1. Com efeito, o Apóstolo escreve: “Vós, pois,
não exciteis à ira vossos filhos” (Ef 6, 4). Ora, os açoites excitam mais a
ira, e são mais graves do que as ameaças. Logo, os pais não devem bater nos
filhos.
2. Além disso, o Filósofo declara: “A palavra
paterna é só para advertir, não para coagir”. Ora, bater é uma forma de coação.
Logo, os pais não devem bater em seus filhos.
3. Ademais, a cada um é permitido corrigir o
outro. É uma esmola espiritual, como já se explicou. Se é lícito aos pais bater
em seus filhos para os corrigir, de maneira semelhante, todos poderiam bater em
qualquer um. O que é evidentemente falso. Logo, também a premissa.
EM SENTIDO CONTRÁRIO, está escrito no livro
dos Provérbios: “Quem poupa a vara, odeia seu filho (13, 24). E, mais longe:
“Não deixes de corrigir o menino, porque se o fustigas com a vara, ele não
morrerá. Tu o fustigarás com a vara e livrarás sua alma do inferno”.
Como a mutilação, as pancadas fazem mal ao
corpo, mas de maneira diferente. Enquanto a mutilação priva o corpo de sua
integridade, as pancadas causam apenas uma sensação de dor, o que é um dano
menor. É interdito causar um dano a outrem, a não ser como castigo para o bem
da justiça. Ora, alguém só pune justamente a quem está sob sua jurisdição.
Portanto, apenas aquele que tem autoridade poderá bater em um outro. E uma vez
que o filho está sujeito ao pai, o pai pode bater no filho, em vista de o
corrigir e formar.