A chamada “Marcha para Jesus” ocorrida no
feriado de Corpus Christi (20/06), assustou a grande mídia. Segundo o Jornal
Nacional, a 27ª edição do tradicional evento gospel “impressiona por estar
crescendo ano a ano”[1], já que, segundo os organizadores, foram mais de 3
milhões de participantes em São Paulo, contando com 4.500 caravanas de todo
país e do exterior[2].
Festival de música gospel e polêmicas para todos os gostos
O sucesso incontestável do evento também
conhecido pela imprensa como “festival de música gospel”, caminha lado a lado
com as polêmicas que envolvem a sua organização.
Em janeiro, o pastor da Assembleia de Deus
(Ministério Vitória em Cristo), Silas Malafaia, utilizou as redes[3] para
denunciar a perseguição que a Marcha para Jesus estaria sofrendo pelo Poder
Judiciário do Rio de Janeiro, uma vez que em 2013, o Ministério Público ajuizou
ação contra algumas autoridades e o próprio Malafaia na condição de presidente do Conselho dos Ministros
Evangélicos do Estado do Rio de Janeiro (COMERJ), entidade organizadora do
evento na capital. Considerando a possibilidade de indício de improbidade administrativa
no apoio financeiro da prefeitura no valor de R$ 1,6 milhão, a 3ª Vara de
Fazenda Pública recebeu a denúncia, causando revolta no pastor, que dentre
outros argumentos, ponderou que todo o valor gasto foi detalhado e aprovado
pelo Tribunal de Contas do município.
O pastor Malafaia reclamou do relativismo do
Judiciário ao não agir da mesma forma com os organizadores do Carnaval e a
“Parada Gay”, na qual – além de receber
recursos públicos – haveria prática de “crime”, quando alguns participantes
vilipendiam imagens de religião. Malafaia também conjecturou sobre a suposta
militância ideológica da juíza Mirela Erbisti, que em seu canal no YouTube
teria promovido a “defesa de transgêneros”.
A extrema-imprensa, por sua vez, não abandonou
sua narrativa malévola para estigmatizar evangélicos e tentar promover
acirramento do sectarismo no país aproveitando a “oportunidade de ouro” com o
“discurso” de um cantor gospel. Com a manchete “Marcha para Jesus tem recado
para católicos e desafio para fé de multidão em SP[4]”, a Folha de São Paulo inicia
sua reportagem tendenciosamente medíocre afirmando: “Nossa Senhora Aparecida,
tida por católicos como a padroeira do país, não tem vez na Marcha para Jesus”.
A declaração não veio de organizadores do evento, mas sim, de um dos
aproximadamente 30 cantores que se apresentaram no palco. Fernandinho teria
dito: “o Brasil não tem uma senhora, o Brasil tem um Senhor, e o nome dele é
Jesus”, causando reação dos católicos nas redes[5]. Os organizadores do evento
preferiram ignorar o ataque afrontoso à igreja católica em pleno feriado
religioso.
Aliás, como o intuito maior do jornal não era
relatar os acontecimentos da “Marcha para Jesus”, a reportagem passou a frisar
que a relação entre os dois maiores segmentos religiosos (católicos e
evangélicos), “nem sempre foi boa”, salientando que o AUGE DA HOSTILIDADE seu
deu em 1995, quando num programa da Record, um bispo da Igreja Universal chutou
a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Foram buscar no “fundo do baú” um
lamentável ato de intolerância da referida igreja neopentecostal que causou
repugnância das igrejas evangélicas tradicionais. Mas, se a finalidade era
deslegitimar o evento de real natureza pacífica para rotulá-lo como
“intolerante”, não deixou de ser uma “estratégia” num país em que alguns
religiosos de diversos segmentos trocam ofensas nas redes para impor à “força e
violência verbal” a sua fé ou ridicularizar a crença alheia…