A Igreja celebra hoje a Festa da
Transfiguração do Senhor. Ante Pedro, Tiago e João, admirados, Jesus é
transfigurado pelo Pai, que o envolve com a Nuvem, símbolo do Espírito Santo,
glória e presença de Deus. Na glória de Jesus aparecem Moisés e Elias. E o Pai
proclama: “Este é o meu Filho amado! Escutai-o! ”Que realidades do céu podemos
encontrar nesse Mistério tão impressionante? Eis alguns, para sua contemplação:
Recorde-se do Antigo Testamento: Moisés
subiu ao Monte Sinai/Horeb e, ali, viu o Senhor Deus pelas costas, viu a glória
de Deus de relance. Elias também, após quarenta dias de caminho, subiu ao
Sinai/Horeb e, como Moisés, viu de relance, pelas costas, a glória de Deus.
Mas, agora, ambos sobre o Monte, contemplam face a face a glória de Deus,
glória que refulge radiante na face bendita de Cristo. Em outras palavras:
Cristo é Deus e nele podemos contemplar a glória do Pai!
Outro aspecto importante: Moisés e Elias
resumem todo o Antigo Testamento: o primeiro simboliza a Lei; o segundo, os
Profetas. Eis, pois: a Lei e os Profetas dão testemunho de Cristo e são por ele
iluminados. Somente na glória de Cristo é que o Antigo Testamento pode ser
compreendido em plenitude!
Mas, o que aconteceu mesmo com Cristo? Sua
humanidade, sua natureza humana, sujeita ao mesmo estado de servidão que a
nossa, foi totalmente envolta pelo Espírito de Glória, de modo que nela
transparece, de modo impressionante e inimaginável, a própria glória divina da
Pessoa do Filho eterno! Por um momento, Jesus faz-se ver naquela glória que sua
natureza humana terá depois da Ressurreição! Por isso mesmo o tema sobre o qual
conversa com Moisés e Elias: sua Paixão, que iria acontecer em Jerusalém.
Aqui também há uma profunda lição: somente
poderá compreender a glória de Cristo quem for com ele até a cruz. Não é por
acaso que, ao descerem do Monte, Jesus os proíbe de falar a quem quer que seja
sobre o que testemunharam “até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos
mortos”. Também não é por acaso que as três testemunhas da Transfiguração serão
as testemunhas da Agonia no Horto. Quem não ama a cruz de Cristo, tampouco verá
a glória de Cristo. Uma glória do Senhor compreendida sem a cruz é mundana e
não tem nada a ver com o desígnio de Deus.
Um outro aspecto: a glória que contemplamos
no Cristo, nossa Cabeça, é a glória que está destinada a toda a Igreja, Corpo
de Cristo, e a cada um de nós, membros seus. Deste modo, a Festa de hoje é
também festa nossa, penhor da nossa futura glorificação!