terça-feira, 8 de outubro de 2019

As heresias do Instrumentum Laboris


Após ler todo o Documento de Trabalho do Sínodo para a Região Amazônica, queria fazer um resumo para quem não o leu ainda por falta de tempo ou outras atividades, ao mesmo tempo queria mostrar não as minhas opiniões, mas o texto em si. Tenho certeza de que o sentido sobrenatural da Fé encontrará a problemática deste Documento em pouco tempo. Lembro o leitor que este Documento não é Magistério da Igreja, pois é um texto de trabalho; o Sínodo não tem documento magisterial, pois ainda [está acontecendo,] em Roma.

Deixem-me sublinhar duas coisas positivas no Documento para que não se pense que eu só percebi o negativo e que sou pessimista. O n. 144 fala que é preciso purificar comportamentos indígenas contrários ao Evangelho, ou seja, é preciso, “também rever com consciência crítica uma série de comportamentos e realidades dos povos indígenas, que são contrários ao Evangelho”. A segunda coisa é a pequena observação contra o aborto que se encontra no número 146/e.

Contudo, os pontos positivos não compensam os inúmeros pontos negativos. Vejamo-lo:

O n. 14 afirma que a vida na Amazônia está ameaçada também pela “perda da sua cultura originária e de sua identidade (idiomas, práticas espirituais e costumes)”. Mais ainda, o Documento diz que as “práticas espirituais” são garantias de vida na Amazônia. Como se pode ver pelo restante do texto quando se trata do mesmo assunto em contextos semelhantes, tal afirmação significa defender o paganismo em detrimento do Cristianismo. A religião amazônica parece tão certa que nós é que vamos aprender dela:

    “O Sínodo da Amazônia se transforma assim em um sinal de esperança para o povo amazônico e para a humanidade inteira. Trata-se de uma grande oportunidade para que a Igreja possa descobrir a presença encarnada e ativa de Deus: nas mais diferentes manifestações da criação; na espiritualidade dos povos originários; nas expressões da religiosidade popular” (n. 33). A Igreja agora é “irmã e discípula” dos povos e da natureza (n. 92).

Por outro lado, o n. 25 parece dar a entender que a civilização ocidental é uma ameaça para a Amazônia, pois nestas terras ainda “não atingidas pelo influxo da civilização ocidental se reflete na crença e nos ritos sobre a atuação dos espíritos, da divindade – chamada de inúmeras maneiras – com e no território, com e em relação à natureza”. Mais ainda, as variadas religiões pagãs indígenas oferecem à Igreja uma nova vinda do Espírito Santo: “a diversidade original que oferece a região amazônica – biológica, religiosa e cultural – evoca um novo Pentecostes” (n. 30). Sendo assim, a colonização, e, porque não afirmá-lo, a mesma evangelização dos nossos antigos missionários, é valorizada negativamente no n. 76 como se tivesse feito a esses povos mais mal do que bem.

Aquela visão que a Igreja Católica é a única verdadeira se desmoronaria se esta outra fosse assegurada: “A abertura não sincera ao outro, assim como uma atitude corporativista, que reserva a salvação exclusivamente ao próprio credo, são destruidoras desde mesmo credo” (n. 39). E, contudo, essa maneira de pensar é coerente com a visão relativista do que significa o “converter-se a Cristo” do Documento; por exemplo, o n. 43 diz que no encontro com Cristo surgem processos de conversão e abrem-se caminhos para a existência de novos ministérios mais adequados a estes tempos. Impressionante: a conversão não é para Cristo, mas parte de Cristo rumo a alguma coisa não definida e é, nesse contexto a se definir, que surgem os novos ministérios. Aqui o objetivo não é Cristo, mas ele é apenas um ponto de partida. Então o que surgirá dependerá muitos dos tais “processos de conversão”, mas nada disso parece muito definido. Contudo, a experiência bimilenária da Igreja nos mostra várias definições indubitáveis.

Nos números 44, 84, 121, 146/d a expressão “Mãe Terra” aparece em maiúscula e plenamente assumido pelo documento. Afirma-se então que a Mãe Terra é agredida, mas também que a espiritualidade (pagã) desta região está ameaçada, que ir contra essa espiritualidade pagã afeta a vida da humanidade inteira. O n. 46 também dá apoio às espiritualidades indígenas. Espiritualidade e teologia dos povos indígenas devem ser transmitidas (cf. n. 50). Imaginem? Um missionário trabalhando, não para anunciar a doutrina católica, mas a espiritualidade e as teologias dos povos indígenas. Esse tema aparece de novo no n. 72 onde a metrópole não parece ser valorizada afirmativamente porque ela modificaria a religião dos índios. Dá a impressão que o Documento de Trabalho quer manter a religião dos índios a qualquer preço. No n. 75 há outra explicação das tradições familiares na qual sequer palpita certo valor negativo das crenças e do “diálogo com os espíritos” realizados pelos indígenas. No número 85, o Instrumento fala que “os rituais e as cerimônias indígenas são essenciais para a saúde integral, pois compõem os diferentes ciclos da vida humana e da natureza. (…) Protegem a vida contra os males que podem ser provocados tanto por seres humanos como por outros seres vivos. Ajudam a curar as doenças que prejudicam o meio ambiente, a vida humana e outros seres vivos”; semelhante valorização do rituais indígenas se encontra no n. 89. Mas, tudo isso não parece lembrar Maurice Strong e seu Culto da adoração da Terra naqueles 146 mil hectares norte-americanos que abriga templos de diversas religiões pagãs do mundo?

Para conseguir todo esse ambientalismo, há planos; por exemplo, o Documento propõe que entre na formação dos futuros padres a ecoteologia e a teologia indígena (cf. 99/b.1). Por outro lado, o que significa essa “reforma das estruturas dos seminários, para favorecer a integração dos candidatos ao sacerdócio nas comunidades” (n. 99/b.2)? Mais ainda, as pressas aparecem para conseguir os objetivos: “Exija-se o ensino da teologia indígena pan-amazônica em todas as instituições educativas” (n. 99/c.3). Além do mais valoriza-se a teologia da libertação em sua versão “teologia latino-americana” e “teologia índia” (n. 113).

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Papa pede prudência aos Bispos do Sínodo da Amazônia


O Papa Francisco pediu prudência aos padres sinodais que participam no Sínodo sobre a Amazônia, que está sendo celebrado, em Roma, até o próximo 27 de outubro.

No discurso de abertura pronunciado nesta segunda-feira, 7 de outubro, na Sala do Sínodo, o Santo Padre pediu aos participantes do Sínodo "delicadeza e prudência na comunicação que faremos fora", em concreto, com os jornalistas.

Assinalou como legítima "a vocação de servir" dos jornalistas e sua necessidade de comunicar, mas explicou que "para ajudar a isso estão previstos os serviços de imprensa, os ‘briefings’” que serão feitos todos os dias para explicar os avanços dos trabalhos desenvolvidos na Sala do Sínodo.

 O Pontífice justificou esse pedido com a necessidade de custodiar os processos eclesiais, como o Sínodo. “Têm necessidade de ser custodiados, como o bebê, acompanhados no início, cuidados com delicadeza. Precisam do calor da comunidade, precisam do calor da Igreja Mãe”.

“Um processo eclesial cresce assim. Por isso, a atitude de respeito, de cuidar da atmosfera fraterna, o ar de intimidade é importante, e trata-se de não ventilar tudo como vem de fora”, destacou.

Alba Teresa Cediel diz que as freiras da Amazônia escutam confissão, embora não dêem absolvição


Durante a coletiva de imprensa após a primeira reunião geral do Sínodo da Amazônia, Cediel Castillo indicou que eles batizam na Amazônia , testemunham amor quando um casal quer se casar e até ouvem confissões, mesmo que não possam Dê absolvição .

«A participação de nós como mulheres, como se diz em italiano: piano, piano, piano. Pouco a pouco, estamos caminhando em direção à Igreja que nos reconhece . A presença de mulheres na selva da Amazônia é muito grande e há muito poucos padres e eles precisam ir de um lugar para outro, no entanto, fazemos presença constante ”, afirmou.

“Que se abra caminho para ordenação presbiteral de homens casados” diz cardeal Hummes no Sínodo da Amazonia


O Papa Francisco pediu aos bispos sul-americanos na segunda-feira que falem “corajosamente” em uma reunião de alto nível na Amazônia, onde a escassez de padres é tão aguda que o Vaticano está pensando em ordenar homens casados ​​e em dar igreja oficial a mulheres ministérios.

Francisco abriu o trabalho do Sínodo de três semanas, ou reunião de bispos, depois que líderes indígenas, grupos missionários e um punhado de bispos cantaram e fizeram danças nativas em frente ao altar principal da Basílica de São Pedro.

Liderados em procissão pelo papa, os bispos seguiram para o sínodo para traçar novos caminhos para a Igreja Católica ministrar melhor a comunidades indígenas remotas e cuidar da floresta tropical que eles chamam de lar.

Entre as propostas mais controversas da agenda está se os anciãos casados ​​podem ser ordenados sacerdotes, uma mudança potencialmente revolucionária na tradição da igreja, dado que os padres católicos do rito romano fazem voto de celibato.

A proposta está em cima da mesa porque os católicos indígenas em partes remotas da Amazônia podem passar meses sem ver um padre ou receber os sacramentos, ameaçando o próprio futuro da igreja e sua missão secular de espalhar a fé na região.

Outra proposta pede que os bispos identifiquem novos “ministérios oficiais” para as mulheres, embora a ordenação sacerdotal para elas esteja fora de questão.

O cardeal Claudio Hummes, arcebispo aposentado de São Paulo e principal organizador do sínodo, disse que a falta de padres levou a uma “quase total ausência da Eucaristia e de outros sacramentos essenciais para a vida cristã diária”.

“Será necessário definir novos caminhos para o futuro”, disse ele, chamando a proposta de padres e ministérios casados ​​para mulheres uma das seis “questões centrais” que os bispos sinodais devem abordar.

“A igreja vive na Eucaristia, e a Eucaristia é o fundamento da igreja”, disse ele, citando São João Paulo II.

Francisco abriu a reunião exaltando as culturas nativas e instando os bispos a respeitarem suas histórias e tradições, à medida que descobrem maneiras de espalhar melhor a fé.

"Instrumentum laboris do Sínodo é um documento destinado a ser destruído", diz Papa


Em seu discurso aos participantes do Sínodo da Amazônia, cujos trabalhos começaram nesta segunda-feira, 7 de outubro, o Papa Francisco afirmou que o Instrumentum laboris é um documento "mártir" destinado a ser destruído.

Ao explicar a importância da ação do Espírito Santo no Sínodo, o Santo Padre lembrou que antes deste evento foram realizadas “consultas, discussões nas conferências episcopais, no Conselho Pré-sinodal, elaborou-se o Instrumentum laboris, que, como sabem, é um texto mártir destinado a ser destruído, porque é como ponto de partida para o que o Espírito vai fazer em nós. E, agora, nós devemos caminhar sob a guia do Espírito Santo”.

O Pontífice confirmou assim o que disse há alguns dias o Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, que em coletiva de imprensa explicou que o Instrumentum laboris não é um documento magisterial ou pontifício.

"Há críticas ao Instrumentum laboris e a primeira coisa que devo dizer é que não é um documento pontifício", disse o Cardeal italiano em entrevista coletiva em 3 de outubro, na Sala de Imprensa do Vaticano.

O Purpurado explicou que o texto é o resultado de dois anos de trabalho durante os quais “os povos amazônicos foram escutados e essa expressão foi coletada não apenas em uma única assembleia”, mas em várias, nas quais “os bispos, responsáveis diretos da evangelização, escutam o povo e devem registrar isso. Foram dois anos de preparação e essa é a síntese”.

O Secretário-Geral do Sínodo também indicou que, “se há um cardeal ou um bispo que não concorda e vê que há conteúdos que não correspondem, tudo bem. Contudo, direi que é necessário escutar e não julgar, porque (o Instrumentum laboris) não é um documento magisterial. É o documento de trabalho que será entregue aos padres sinodais e que será a base para poder começar os trabalhos e construir o documento final do zero”.

Em seu discurso nesta manhã, o cardeal italiano disse que, “nas três semanas de trabalho que hoje estão abertas diante de nós, o Instrumentum laboris constituirá o ponto de referência e a base necessária da reflexão e do debate sinodal e não um texto para fazer emendas".

A função do Instrumentum laboris, destacou, "conclui com a elaboração do Documento final, que reunirá os resultados alcançados por esta assembleia e por todo o processo sinodal".

Em missa, Papa adverte bispos e pede vivência do serviço no sacerdócio


SANTA MISSA PARA A ABERTURA 
DO SÍNODO DOS BISPOS PARA A AMAZÔNIA

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

XXVII Domingo do Tempo Comum, 
6 de outubro de 2019
Basílica Vaticana

O apóstolo Paulo, o maior missionário da história da Igreja, ajuda-nos a «fazer Sínodo», a «caminhar juntos»; parece dirigido a nós, Pastores ao serviço do povo de Deus, aquilo que escreve a Timóteo.

Começa dizendo: «Recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos» (2 Tm 1, 6). Somos bispos, porque recebemos um dom de Deus. Não assinamos um acordo; colocaram-nos, não um contrato de trabalho nas mãos, mas mãos sobre a cabeça, para sermos, por nossa vez, mãos levantadas que intercedem junto do Senhor e mãos estendidas para os irmãos. Recebemos um dom, para sermos dons. Um dom não se compra, não se troca nem se vende: recebe-se e dá-se de prenda. Se nos apropriarmos dele, se nos colocarmos a nós no centro e não deixarmos no centro o dom, passamos de Pastores a funcionários: fazemos do dom uma função, e desaparece a gratuidade; assim acabamos por nos servir a nós mesmos, servindo-nos da Igreja. Ao passo que a nossa vida, dom recebido, é para servir. No-lo recorda o Evangelho, que fala de «servos inúteis» (Lc 17, 10); expressão esta, que pode querer dizer também «servos sem fins lucrativos». Por outras palavras, não trabalhamos para obter lucro, um ganho nosso, mas, sabendo que gratuitamente recebemos, gratuitamente damos (cf. Mt 10, 8). Colocamos toda a nossa alegria em servir, porque fomos servidos por Deus: fez-Se nosso servo. Queridos irmãos, sintamo-nos chamados aqui para servir, colocando no centro o dom de Deus.

Para sermos fiéis a esta chamada, à nossa missão, São Paulo lembra-nos que o dom deve ser reaceso. O verbo usado é fascinante: reacender, no original, significa literalmente «dar vida a uma fogueira» [anazopurein]. O dom que recebemos é um fogo, é amor ardente a Deus e aos irmãos. O fogo não se alimenta sozinho; morre se não for mantido vivo, apaga-se se a cinza o cobrir. Se tudo continua igual, se os nossos dias são pautados pelo «sempre se fez assim», então o dom desaparece, sufocado pelas cinzas dos medos e pela preocupação de defender o status quo. Mas «a Igreja não pode de modo algum limitar-se a uma pastoral de “manutenção” para aqueles que já conhecem o Evangelho de Cristo. O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial» (Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, 95). Porque a Igreja está sempre em caminho, sempre em saída; nunca fechada em si mesma. Jesus veio trazer à terra, não a brisa da tarde, mas o fogo.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Papa consagra Sínodo para a Amazônia a São Francisco de Assis



A Amazônia no Vaticano: a festa de São Francisco foi celebrada esta sexta-feira nos Jardins Vaticanos, com o Papa Francisco consagrando o Sínodo para a Amazônia ao santo de Assis.

A cerimônia foi marcada por cantos, reflexões, orações e gestos simbólicos. Foram convidados cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e representantes dos povos originários da Amazônia.

O relator-geral do Sínodo, cardeal Cláudio Hummes, foi um dos participantes e fez uma reflexão sobre “O papel de São Francisco como modelo e santo padroeiro do Sínodo para a Amazônia”.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

O diálogo no Sínodo da Amazônia



(IT, capítulo 4, números 36 a 42)

O diálogo do qual tratamos aqui é o diálogo evangelizador ao qual necessariamente o IT tem que se referir.

Esse diálogo tem como finalidade constitutiva, sem negar outras, “iluminar todos os homens e todos os povos (também os amazônicos) anunciando o Evangelho a toda criatura (Mc 16, 15), com a luz de Cristo que brilha e resplandece no rosto da Igreja” (Cfr LG1).

Qualquer outro diálogo ou qualquer outra finalidade do mesmo não responde nem ao ser nem à ação da Igreja que “existe para evangelizar” (Cristo crucificado e ressuscitado). Este não é um diálogo entre pessoas eruditas sobre culturas indígenas, mitos sobre o “bem viver” com a natureza, nem, muito menos, sobre a escatologia da “terra sem males”.

Não é uma reflexão conjunta ou um estudo respeitoso e participativo entre amigos, esforçado e perseverante, com a finalidade principal de “criar uma sociedade justa, capaz de memória e sem exclusões” (EG 238).

Isso significaria a morte do Evangelho e da Igreja. Esta ficaria reduzida à condição de uma grandiosa e imponente ONG universal, especialista em humanismo, chegando a ser a máxima expressão evolutiva da humanidade pela globalização da solidariedade.

Os protagonistas desta grandiosa ONG seriam os povos indígenas da Amazônia chamados pelo destino a esta missão histórica: Amazonizar a Igreja e, portanto, amazonizar o mundo! Isto é, irmãos, a torre de Babel!

Pelo contrário, o diálogo evangelizador tende necessariamente à comunicação alegre, amiga, confiante, segura e simples de que em Jesus de Nazaré, Filho de Deus, oferece-se a todos os homens a salvação integral (pessoal, social, ambiental, temporal e eterna), pela fé no “Deus que amou tanto o mundo, que lhe deu seu Filho único” (Jo 3, 16).

Tudo isso nos indica a grandeza e a transcendência de um diálogo cuja finalidade inclui, acima de tudo, a salvação presente e eterna através do amor crucificado, “único eixo cultural capaz de mudar as estruturas perversas da sociedade” (também indígenas) em estruturas justas (Aparecida 543), “pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3, 17).

Que esse diálogo seja absolutamente questionador e não careça de transcendência, de estudiosos de culturas indígenas ou de especialistas em ONGs amazônicas nos recorda a Palavra. “Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado” (Jo 3, 18).

A questão fundamental do diálogo evangelizador é a seguinte: “Libertar cada homem e todos os homens de qualquer tipo de escravidão que os oprima, sobretudo a escravidão do pecado e do maligno… na alegria de conhecer a Deus e de ser por ele conhecido” (EN 7. 9. 10).

Quem é o protagonista do diálogo? (IT 38). Tratando do diálogo evangelizador, obviamente não são os povos da Amazônia. Nem, tampouco, “de maneira especial os pobres e quantos são culturalmente diferentes” (IT 38). Eles são os primeiros e privilegiados destinatários da evangelização e, portanto, do diálogo (Lucas 4, 18 ss), que uma vez convertidos a Cristo serão efetivamente atores privilegiados do diálogo evangelizador.

As “outras doutrinas petrificadas” que se opõem à evangelização dialógica (Ibid) não são, obviamente, as doutrinas e mistérios que a Igreja proclama com gratidão a Deus no símbolo apostólico e retamente explicadas pelo Catecismo.

Por outro lado, a ambiguidade e as meias verdades que caracterizam o IT são evidenciadas na afirmação de que o diálogo é um processo de aprendizagem facilitado “pela abertura à transcendência” (EG 205). Na verdade, o texto deveria dizer que o diálogo salvífico é possibilitado pela “abertura à transcendência de Cristo, na qual toda a plenitude de Deus habita corporalmente” (Col).

“O relativismo e o nivelamento de todas as religiões e credos, afirmando que existem outros caminhos válidos para a salvação (IT 39), estão querendo negar a unicidade e exclusividade do caminho de Cristo. ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’. ‘Ninguém vai ao Pai se não por Mim… Eu e o Pai somos um. Quem me vê, vê o Pai…’. Isso não se confunde com nenhuma atitude corporativista (Ibid).