sábado, 28 de março de 2020

3ª Pregação da Quaresma 2020: "Perto da Cruz de Jesus estava Maria sua mãe".



TERCEIRA PREGAÇÃO DA QUARESMA

"PERTO DA CRUZ DE JESUS ESTAVA MARIA SUA MÃE".


A palavra de Deus que nos acompanha em nossa meditação é a de João, aquele que “viu e que, por isso, sabe que fala a verdade” (Jo 19,35):

Perto da cruz de Jesus estavam de pé a sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse a sua mãe: ‘Mulher, este é o teu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Esta é a tua mãe’. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo (Jo 19,25-27).

Desse texto, tão denso, vamos considerar agora só a narrativa, deixando para a próxima vez a meditação do restante da passagem evangélica que contém as palavras de Jesus.

Se, no Calvário, junto da cruz de Jesus, estava Maria, sua Mãe, isso quer dizer que ela estava em Jerusalém na­queles dias; se estava em Jerusalém, então viu tudo, assistiu a tudo. Ouviu os gritos: “Esse não, mas Barrabás!”, assistiu ao Ecce homo, viu a carne da sua carne açoitada, sangrante, coroada de espinhos, seminua perante a multidão, estremecendo sacudida por arrepios de morte na cruz. Ouviu o barulho dos golpes de martelo e os insultos: “Se és o Filho de Deus...”. Viu os soldados dividindo entre si as vestes, a túnica que talvez ela mesma tinha tecido.

“Perto da cruz de Jesus estavam de pé a sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas e Maria Madalena”. Havia, pois, um grupo de mulheres, quatro no total (como aparece no ícone). Maria não estava, pois, sozinha; era uma das mulheres. Sim, Maria estava ali como “sua mãe” e isto muda tudo, pondo Maria numa situação totalmente diferente. Assisti, às vezes, ao funeral de alguns jovens; penso particularmente no de um rapaz. Várias mulheres seguiam o féretro. Todas vestidas de preto, todas chorando. Pareciam todas iguais. Mas entre elas havia uma diferente, uma na qual pensavam todos os presentes, e para a qual todos olhavam disfarçadamente: a mãe. Era viúva e tinha só aquele filho. Olhava para o caixão, percebia-se que seus lábios repetiam sem parar o nome do filho. Quando os fiéis, no momento do Sanctus, começaram a proclamar: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus do universo”, também ela, talvez sem o perceber, começou a murmurar: Santo, Santo, Santo... Naquele momento pensei em Maria aos pés da cruz. Mas a ela foi pedido algo de mais difícil: perdoar. Quando ouviu o Filho dizendo: Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem! (Lc 23,34), ela entendeu o que o Pai do céu esperava dela: que dissesse com o coração as mesmas palavras: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!”. E ela as disse. Perdoou.

Se Maria pôde ser tentada, como o foi também Jesus no deserto, isto aconteceu particularmente junto da cruz. E foi uma tentação profundíssima e dolorosíssima, porque tinha como causa o mesmo Jesus. Ela acreditava nas promessas, acreditava que Jesus era o Messias, o Filho de Deus; sabia que, se Jesus tivesse pedido, o Pai lhe teria enviado “mais de doze legiões de anjos” (cf. Mt 26,53). Mas percebe que Jesus não faz nada. Libertando a si mesmo da cruz, libertaria também ela de sua terrível dor, mas não o faz. Maria, porém, não grita: “Desce da cruz; salva-te a ti mesmo e a mim!”; ou: “Salvaste muitos outros, por que não salvas agora também a ti mesmo, ó meu filho?”, ainda que seja fácil entender como seria natural que semelhantes pensamentos e desejos surgissem no coração de uma mãe. Maria cala-se.

Humanamente falando, Maria tinha todos os motivos para gritar a Deus: “Tu me enganaste!”, ou, como um dia gritou o profeta Jeremias: “Tu me seduziste e eu me deixei seduzir!” (cf. Jr 20,7), e fugir do Calvário. Ela, pelo contrário, não fugiu, mas ficou “de pé”, em silêncio, tornando-se assim, de maneira toda especial, mártir da fé e, seguindo o Filho, testemunha suprema da confiança em Deus. Esta visão de Maria que se une ao sacrifício do Filho encontrou uma expressão sóbria e solene num texto do Concilio Vaticano II:

“Assim a Bem-aventurada Virgem avançou em peregrinação de fé. Manteve fielmente sua união com o Filho até à cruz, onde esteve não sem desígnio divino. Veementemente sofreu junto com seu Unigénito. E com ânimo materno se associou ao seu sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima por ela mesma gerada”[1].

Maria não estava, pois, “junto da cruz de Jesus”, perto dele, só num sentido físico e geográfico, mas também num sentido espiritual. Ela estava unida à cruz de Jesus; estava no mesmo sofrimento; sofria com ele. Sofria no seu coração o que o Filho sofria na carne. E quem poderia pensar diversamente, se, ao menos, sabe o que significa ser mãe?

Jesus era também homem; enquanto homem, diante de todos ele não é, neste momento, senão um filho justiçado na presença de sua mãe. Jesus já não diz: Que temos nós com isso, mulher? A minha hora ainda não chegou (Jo 2,4). Agora que a sua “hora” chegou, há entre ele e sua mãe algo de grande em comum: o mesmo sofrimento. Naqueles momentos extremos, quando também o Pai se escondeu misteriosamente do seu olhar de homem, restou para Jesus somente o olhar de sua mãe onde procurar refúgio e consolação. Por acaso vai desdenhar esta presença e esta consolação materna aquele que, no Getsêmani, suplicou aos três discípulos: Ficai aqui e vigiai comigo (Mt 26,38)?

Estar junto da cruz de Jesus

Agora, seguindo como sempre o nosso princípio-guia, conforme o qual Maria é tipo e espelho da Igreja, suas primícias e modelo, temos que nos perguntar: o que o Espírito Santo quis dizer à Igreja dispondo que, na Escritura, fosse registrada essa presença de Maria e essa palavra de Jesus sobre ela?

Também desta vez, é a mesma Palavra de Deus que, implicitamente, indica a passagem de Maria à Igreja, dizendo o que cada fiel deve fazer para imitá-la: “Junto da cruz de Jesus estava Maria, sua Mãe, e, junto dela, o discípulo que ele amava”. Na notícia está contida a parênese. O que aconteceu naquele dia indica o que deve acontecer cada dia: é preciso ficar junto de Maria perto da cruz de Jesus, como aí ficou o discípulo que ele amava.

Há duas coisas escondidas nesta frase: primeiro, que é preciso ficar “junto da cruz” e, em segundo lugar, que é preciso ficar junto da cruz “de Jesus”. Veremos que essas são duas coisas diferentes, embora inseparáveis

Ficar perto da cruz “de Jesus”. Estas palavras dizem-nos que a primeira coisa a ser feita, a mais importante de todas, não é ficar perto de qualquer cruz, mas ficar perto da cruz “de Jesus”. Não é suficiente ficar perto da cruz, no sofrimento, e aí ficar em silêncio. Isto só já parece algo de heroico, todavia, não é o mais importante. Pode, aliás, não ser nada. Decisivo é ficar perto da cruz “de Jesus”. O que vale não é a própria cruz, mas a de Cristo. Não é o fato de sofrer, mas de acreditar, apropriando-se assim do sofrimento de Cristo. A primeira coisa é a fé. A realidade maior de Maria junto da cruz foi a sua fé, maior ainda do que o seu sofrimento. Paulo diz que a palavra da cruz é “poder de Deus e sabedoria de Deus para aqueles que são chamados” (cf. 1Cor 1,18.24) e diz que o Evangelho é poder de Deus “para todos aqueles que creem” (cf. Rm 1,16). Para todos que creem, não para todos os que sofrem, ainda que, como veremos, ambas as coisas geralmente estejam unidas.

Aqui está a fonte de toda a força e fecundidade da Igreja. A força da Igreja vem da pregação da cruz de Jesus – de algo que, aos olhos do mundo, é o próprio símbolo da loucura e da fraqueza –, renunciando a qualquer possibilidade ou vontade de enfrentar o mundo, descrente e leviano, com seus meios que são a sabedoria das palavras, a força da argumentação, a ironia, o ridículo, o sarcasmo e todas as outras “coisas fortes do mundo” (cf. 1Cor 1,27). É preciso renunciar a uma superioridade humana para que possa surgir e agir a força divina contida na cruz de Cristo. É preciso insistir neste primeiro ponto. A maioria dos fiéis nunca foi ajudada a entrar neste mistério que é o coração do Novo Testamento, o centro do kerigma e que muda a vida.

“Ficar perto da cruz”. Mas qual é o sinal e a prova de que se acredita verdadeiramente na cruz de Cristo, que “a palavra da cruz” não é apenas uma palavra, um princípio abstrato, uma bela teologia ou ideologia, mas que é verdadeiramente cruz? O sinal, a prova, é: tomar sua própria cruz e ir atrás de Jesus (cf. Mc 8,34). O sinal é a participação nos seus sofrimentos (Fl 3,10; Rm 8,17), é estar crucificado com ele (Gl 2,19), é completar, pelos próprios sofrimentos, o que falta à paixão de Cristo (Cl 1,24). A vida inteira do cristão, como a de Cristo, deve ser um sacrifício vivo (cf. Rm 12,1). Não se trata só de sofrimento aceito passivamente, mas também de sofrimento ativo, vivido em união com Cristo: Trato duramente o meu corpo e o subjugo (1Cor 9,27). “Toda a vida de Cristo foi cruz e martírio; e tu procuras só descanso e gozo?”, admoesta o autor da “Imitação de Cristo”[2].

Existiram na Igreja duas maneiras diferentes de colocar-se diante da cruz e da paixão de Cristo: a primeira, mais característica da teologia protestante, baseada na fé e na apropriação, que se apoia na cruz de Cristo, que quer gloriar-se só na cruz de Cristo; a segunda – pelo menos no passado cultivada de preferência pela teologia católi­ca –, que insiste no sofrer com Cristo, no partilhar de sua paixão e, como no caso de alguns santos, até no reviver em si mesmo a paixão de Cristo. O ecumenismo nos leva a reconstruir a síntese daquilo que na Igreja gradualmente acabou se opondo.

Não se trata, evidentemente, de pôr no mesmo plano a obra de Cristo e a nossa, mas de acolher a palavra da Escritura que afirma que tanto a fé como a obra estão mortas uma sem a outra (cf. Tg 2,14ss). Aliás, poderíamos dizer que o problema diz respeito à própria fé. É a fé na cruz de Cristo que precisa passar pelo sofrimento para ser autêntica. A Primeira Carta de Pedro diz que o sofrimento é o “crisol” da fé, que a fé precisa do sofrimento para ser purificada como o ouro no fogo (cf. 1Pd 1,6-7).

Em outras palavras, a nossa cruz não é salvação em si mesma, não é nem poder, nem sabedoria; por si mesma, é pura obra humana, ou até mesmo um castigo. Torna-se poder e sabedoria de Deus enquanto – acompanhada pela fé, por disposição de Deus mesmo – nos une à cruz de Cristo. “Sofrer significa tornar-se particularmente receptivo, particularmente aberto à ação das forças salvíficas de Deus, oferecidas em Cristo à humanidade”[3]. O sofrimento une à cruz de Cristo de maneira não só intelectual, mas existencial e concreta; é uma espécie de canal, de caminho para chegar à cruz de Cristo, não à margem da fé, mas fazendo uma coisa só com ela. 

Papa reza e concede indulgência plenária por pandemia de coronavírus



MOMENTO EXTRAORDINÁRIO DE ORAÇÃO
EM TEMPO DE EPIDEMIA

PRESIDIDO PELO PAPA FRANCISCO

Adro da Basílica de São Pedro
Sexta-feira, 27 de março de 2022

«Ao entardecer…» (Mc 4, 35): assim começa o Evangelho, que ouvimos. Desde há semanas que parece o entardecer, parece cair a noite. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo dum silêncio ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem: pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares. Revemo-nos temerosos e perdidos. À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que, falando a uma só voz, dizem angustiados «vamos perecer» (cf. 4, 38), assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos.

Rever-nos nesta narrativa, é fácil; difícil é entender o comportamento de Jesus. Enquanto os discípulos naturalmente se sentem alarmados e desesperados, Ele está na popa, na parte do barco que se afunda primeiro... E que faz? Não obstante a tempestade, dorme tranquilamente, confiado no Pai (é a única vez no Evangelho que vemos Jesus a dormir). Acordam-No; mas, depois de acalmar o vento e as águas, Ele volta-Se para os discípulos em tom de censura: «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» (4, 40).

Procuremos compreender. Em que consiste esta falta de fé dos discípulos, que se contrapõe à confiança de Jesus? Não é que deixaram de crer N’Ele, pois invocam-No; mas vejamos como O invocam: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» (4, 38) Não Te importas: pensam que Jesus Se tenha desinteressado deles, não cuide deles. Entre nós, nas nossas famílias, uma das coisas que mais dói é ouvirmos dizer: «Não te importas de mim». É uma frase que fere e desencadeia turbulência no coração. Terá abalado também Jesus, pois não há ninguém que se importe mais de nós do que Ele. De facto, uma vez invocado, salva os seus discípulos desalentados.

A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade. A tempestade põe a descoberto todos os propósitos de «empacotar» e esquecer o que alimentou a alma dos nossos povos; todas as tentativas de anestesiar com hábitos aparentemente «salvadores», incapazes de fazer apelo às nossas raízes e evocar a memória dos nossos idosos, privando-nos assim da imunidade necessária para enfrentar as adversidades.

Com a tempestade, caiu a maquilhagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso «eu» sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, aquela (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos.

«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Nesta tarde, Senhor, a tua Palavra atinge e toca-nos a todos. Neste nosso mundo, que Tu amas mais do que nós, avançamos a toda velocidade, sentindo-nos em tudo fortes e capazes. Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: «Acorda, Senhor!» 

quinta-feira, 26 de março de 2020

Por que Deus criaria vírus?



Existem 10 milhões de vezes mais vírus do que estrelas no universo. Mas se os vírus causam milhões de mortes humanas todos os anos, e muitos milhões ficam enojados com esses minúsculos parasitas predadores, por que Deus criaria essas coisas?

Quando outras pessoas aprendem que sou virologista, geralmente respondem a perguntas como “Os vírus estão vivos?” Quando eles descobrem que eu sou cristã, querem saber: “Por que Deus criaria vírus?” Essa pergunta pressupõe que os vírus são ruins, causando doenças, sofrimento e, às vezes, até a morte. Mas pintar as entidades orgânicas mais abundantes da Terra sob uma luz tão fraca é a única maneira de entendê-las?

Adoro abordar questões como essas que examinam mais profundamente os vírus e seus papéis na criação e nas doenças humanas, e seu uso como ferramentas para mitigar o sofrimento e muito mais. Darei uma palestra que abordará esse tópico na  Conferência de Fé e Ciência  da Universidade Evangel neste fim de semana. Mais tarde, gravarei para um RTB Live de 2017  !  DVD. Mas, por enquanto, aqui estão alguns dos destaques.

Os vírus estão vivos?

Os vírus são compostos de dois componentes básicos: proteínas e ácido nucleico (RNA ou DNA). (Alguns vírus têm um terceiro componente básico: um envelope lipídico.) Eles exibem uma incrível diversidade em tamanho, forma, estratégias de replicação, composição genômica, organização e nos tipos de células e animais que infectam. As estimativas sugerem que existem 1 a 3 milhões de vírus diferentes que infectam vertebrados. E um estudo em morcegos indica que mais de 90% dos vírus que infectam mamíferos ainda não foram identificados. 1  Apesar de uma enorme virodiversidade (uma frase que indica diversidade viral), todos os vírus compartilham uma coisa em comum: eles não podem se replicar ou produzir mais vírus por si mesmos. Exigem absolutamente uma célula viva para fornecer recursos, máquinas e energia para produzir e montar componentes virais na descendência viral.

Os vírus não podem colher nutrientes do ambiente. Eles sequestram máquinas celulares para síntese de proteínas e dependem de processos metabólicos celulares e enzimas para fornecer nucleobases e aminoácidos – blocos de construção para viriões de progênies. Os vírus também dependem de sistemas de transporte intracelular para muitas etapas na replicação e montagem viral. Sem células vivas, os vírus nunca seriam capazes de se reproduzir.

O Sétimo Relatório do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus afirma: “Os vírus não são organismos vivos”. 2  Apesar de não estarem vivos, os vírus carregam projetos para a produção de mais vírus. E esses projetos podem ser modificados. Alguns vírus podem ser projetados para incorporar genes estranhos em seus genomas virais. Outros podem pegar genes extras nas células hospedeiras durante a replicação e o empacotamento. Outros vírus ainda empacotam genomas defeituosos ou truncados que se tornam partículas interferentes, competindo com a produção de genomas virais completos em rodadas subsequentes de infecção. Embora os vírus não estejam vivos, eles acumulam mudanças ao longo do tempo e desempenham um papel crítico na história da vida na Terra e na manutenção da biodiversidade atualmente.

Quão abundantes são os vírus?

Os vírus não são apenas incrivelmente diversos, mas também incrivelmente abundantes. Eles superam todos os outros seres vivos por um fator de 10 a 1 ou mesmo 100 a 1 ou mais! A grande maioria infecta organismos unicelulares como bactérias e arquéias. Estima-se que existam 10 31  vírus na Terra, ou 10 milhões de vezes mais vírus do que estrelas no universo. Em seu livro  A Planet of Viruses , Carl Zimmer oferece duas imagens conceituais para nos ajudar a compreender essa abundância de vírus: (1) adicione todos os vírus na Terra e eles equivaleriam ao peso de 75 milhões de baleias azuis e (2) alinhe todos os vírus de ponta a ponta e estenderão por 42 milhões de anos-luz. 3 São quase 17 viagens de ida e volta para a galáxia de Andrômeda! Considerando que a maioria dos vírus está na ordem de 0,1-0,01 mícrons, ou um milésimo da largura de um cabelo humano, são  muitos  vírus.

Se não fosse por vírus, bactérias e outros organismos unicelulares governariam a Terra, sequestrando todos os nutrientes e preenchendo todos os nichos ecológicos, impossibilitando maior vida e sobrevivência de organismos multicelulares. Os bacteriófagos (vírus que infectam bactérias e arquéias) matam 40 a 50% das bactérias nos oceanos da Terra diariamente. Isso libera uma abundância de moléculas orgânicas no ciclo biogeoquímico e na cadeia alimentar da Terra para a sobrevivência de outros organismos. Os bacteriófagos também ajudam a manter em equilíbrio os nichos ecológicos do planeta e os microbiomas do corpo, para que não sejam invadidos por bactérias. Se não fosse o equilíbrio entre replicação bacteriana e morte mediada por fagos, a Terra seria uma bola gigante de bactérias sem espaço ou fonte de alimento para outros organismos sobreviverem e prosperarem.

Portanto, a criação de Deus certamente incluiu bacteriófagos para manter a vida na Terra bem regulada, seja no intestino humano ou nos ciclos biogeoquímicos globais. Mas e os vírus que nos deixam doentes? 

Quer receber Indulgência Plenária em meio à pandemia? Saiba como!


No dia 19 de março, o Vaticano anunciou que, sob certas condições, concederá a indulgência plenária aos fiéis afetados pelo Coronavírus, e também a todos os que cuidam desses doentes.

Mas não serão somente eles os beneficiados! Segundo o decerto do Cardeal Piacenza, da Penitenciária Apostólica, todos os fiéis poderão receber esse maravilhoso benefício da Mãe Igreja, desde que cumpram as condições que aqui descreveremos.

Antes de tudo, vale lembrar o que é a indulgência plenária: nós teremos que pagar por todo o mal que fizemos nesta vida. Essas penas temporais são a “dívida” gerada pelos nossos pecados, mesmo aqueles que Deus já perdoou.

Quem se arrepende de seus pecados e os confessa a um padre, se livra do inferno, mas continua tendo que pagar pelo que fez. E vai pagar com atos de caridade ou com sofrimentos, nesta vida ou no Purgatório.

Isso faz muito sentido. Pense que você está na estacionando um carro e, por falta de cuidado, bate no portão do vizinho e o amassa. Você pede desculpas, e o vizinho aceita as desculpas. Mas você continua tendo a obrigação de dar a ele o valor do concerto do portão.

Com o poder das chaves, a Igreja pode livrar os fiéis dessa pena temporal – parcialmente (indulgência parcial) ou plenamente (indulgência plenária).

Nunca é demais lembrar que, para quem não tem um coração sincero, nenhum ritual religioso poderá livrar das penas do Inferno ou do Purgatório. 

Junte-se à bênção especial do Papa Francisco ao mundo nesta sexta



Papa Francisco convoca os cristãos para mais um momento especial de oração. Será nesta sexta-feira, 27 de março, às 18h de Roma (14h Brasília, 17h Portugal), quando o Santo Padre presidirá uma oração no átrio da Basílica de São Pedro, com a praça vazia, para clamar ao Céu misericórdia nestes tempos difíceis de pandemia do coronavírus.

“Queremos responder à pandemia do vírus com a universalidade da oração, da compaixão, da ternura. Vamos permanecer juntos. Vamos demonstrar nossa proximidade às pessoas mais solitárias e exaustas”, disse o pontífice.

Os fiéis do mundo podem participar espiritualmente através da mídia e sintonizar a cerimônia, que incluirá a Liturgia da Palavra e a bênção com o Santíssimo Sacramento.

Francisco transmitirá a Bênção Apostólica Urbi et Orbi, dirigida à cidade de Roma e ao mundo. Essa bênção, que normalmente é concedida no Natal e na Páscoa, dará a possibilidade de receber a indulgência plenária. 

Doutrina da Fé aprova sete prefácios eucarísticos para a Missa Tridentina


A Congregação para a Doutrina da Fé apresentou nesta quarta-feira, 25 de março, o decreto Quo magis de 22 de fevereiro, pelo qual são aprovados sete novos prefácios eucarísticos a serem utilizados ad libitum na celebração da Missa segundo a forma extraordinária do Rito Romano, ou Usus Antiquior, também conhecido como Missa Tridentina.

De acordo com a nota de apresentação emitida pela própria Congregação para a Doutrina da Fé, esta disposição constitui “a complementação de um trabalho iniciado anteriormente pela Pontifícia Comissão acima mencionada, dando cumprimento ao mandato conferido pelo Papa Bento XVI de inserir alguns prefácios adicionais no Missal da forma extraordinária”.

"O estudo realizado sobre o tema levou à escolha de um número limitado de textos a serem utilizados em circunstâncias ocasionais, como as festas de santos, as missas votivas ou as celebrações ad hoc, sem introduzir nenhuma mudança nas celebrações do ciclo temporal", indica a nota.

A intenção do decreto é "salvaguardar, através da unidade dos textos, a unanimidade de sentimentos e orações apropriados para a confissão dos mistérios da Salvação celebrados, naquilo que constitui a principal estrutura do ano litúrgico".

Da mesma forma, “aproveitou-se a oportunidade para estender a todos os que celebram no Usus Antiquior, a faculdade de poder usar outros três prefácios que no passado eram concedidos a determinados lugares. Também aqui, trata-se de textos para determinadas celebrações ocasionais”. 

Reino Unido volta atrás e não permitirá que mulheres tomem pílulas abortivas em casa



O Departamento de Saúde do Reino Unido se retratou das alterações feitas nas leis de aborto em seu site oficial, que teriam permitido que as mulheres realizem um aborto químico em casa, sem ter que ir primeiro a um hospital ou clínica.

"Foi publicado por engano. Não haverá mudanças nos regulamentos sobre o aborto”, disse um porta-voz do Departamento de Saúde e Assistência ao jornal britânico The Independent, cinco horas após as mudanças aparecerem no site oficial do governo do Reino Unido.

A ordem retirada em 23 de março teria permitido às mulheres interromper a gravidez por meio de pílulas abortivas por até nove semanas, e não exigiria que elas comparecessem primeiro a um hospital ou clínica, informou o jornal britânico.

"Esta política radical e muito perturbadora... colocaria mais mulheres em risco. O cancelamento de qualquer supervisão médica direta que monitore o uso de ambas as pílulas abortivas poderia ter provocado um aumento das complicações físicas e psicológicas experimentadas pelas mulheres", assinalou na terça-feira John Smeaton, presidente executivo da Sociedade para a Proteção dos Nascituros (SPUC) do Reino Unido.

Bolsonaro edita decreto e inclui ‘atividades religiosas’ em lista de serviços essenciais em meio a pandemia de coronavírus



O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou um decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (26) em que declara que ‘atividades religiosas’, lotéricas, produção de petróleo, entre outras, como serviços essenciais em meio a pandemia do novo Coronavírus. A medida tem validade imediata.

Dessa forma, ao ser considerado essencial, os serviços ou atividade ficam autorizados a funcionar mesmo durante restrição ou quarentena em razão do novo vírus. Segundo o texto, no entanto, o funcionamento deverá obedecer as determinações do Ministério da Saúde.