Um padre foi impedido de entrar em um hospital
em Praia Grande, no litoral de São Paulo, para dar extrema-unção a uma idosa,
de 79 anos, a pedido do marido dela. Evandirce de Carvalho havia tido um
Acidente Vascular Cerebral (AVC) e morreu cerca de uma hora depois que o
sacerdote foi proibido de entrar na unidade, segundo relatou o esposo. O
hospital nega a afirmação do padre e diz que o sacerdote não disse que a visita
teria cunho religioso.
“Um senhor daqui da comunidade me procurou por
volta das 22h30 de sábado (4). Ele estava desesperado porque a esposa teve um
AVC e estava internada no Hospital Irmã Dulce”, diz o padre Joseph Thomas, de
59 anos.
De acordo com o padre, que é da Paróquia Nossa
Senhora das Graças, localizada na Cidade Ocian, o idoso estava em um momento
muito difícil e passou os últimos dias se dedicando completamente aos cuidados
com a esposa. O sacerdote afirma que entrou em contato com o hospital antecipadamente,
perguntando que horário poderia visitar a idosa para dar a extrema-unção, e uma
enfermeira o afirmou por telefone que ele poderia ir às 15h deste domingo (5).
Porém, quando ele e o marido da internada
chegaram a unidade, ele foi proibido de entrar na ala que ela estava. “Eu tenho
crachá para entrar no hospital, mas mesmo apresentando lá na hora, não
deixaram”, relata.
“Ele [marido da idosa] disse para o pessoal do
hospital: ‘minha mulher está morrendo, está nos últimos momentos e eu gostaria
que o padre pudesse dar a extrema-unção a ela, por favor, deixe’, mas eles
falaram que eu estava proibido de entrar devido ao coronavírus”, relembra o
sacerdote.
De acordo com a lei 9.982, sancionada em julho
de 2000 pelo Congresso Nacional, está garantido “aos religiosos de todas as
confissões o acesso aos hospitais da rede pública ou privada, bem como aos
estabelecimentos prisionais civis ou militares, para dar atendimento religioso
aos internados.”
A lei também deixa claro que “os religiosos
chamados para prestar assistência nas entidades devem acatar as determinações
legais e normas internas de cada instituição hospitalar ou penal, a fim de não
por em risco as condições do paciente ou a segurança do ambiente hospitalar ou
prisional”.
O padre afirma que destacou esse direito da
paciente, e disse que iria rapidamente dar a unção e voltaria, mesmo assim
relata que foi impedido. “A equipe do hospital ligou para o chefe da segurança,
que também proibiu. Voltei para casa e fiquei muito triste com a situação. Até
deixei recado para eles e disse que se algo acontecesse, seria culpa deles.
Porque eu só estava fazendo minha parte, que é garantida por lei”, relata.
Padre explica que tem crachá que permite
entrada em hospital e que direito é garantido por lei: