Nos últimos três meses, mais de 500 cruzes das
igrejas da província de Anhui na China foram eliminadas pelo regime comunista,
sem que as autoridades católicas e protestantes pudessem resistir.
Segundo UCA News, desde meados de abril o
Governo chinês removeu mais de 500 cruzes de igrejas cristãs e locais públicos
na província de Anhui, como parte de uma campanha do governo que buscaria
remover o símbolo cristão dos olhos do público.
Paul Lee, um pregador protestante na cidade de
Anhui, em Suizhou, disse que todas as cruzes da igreja foram removidas, exceto
uma que pertence a uma igreja de um século de antiguidade considerada um
patrimônio nacional.
"Sem essa igreja, o sinal da cruz não
poderia ter sobrevivido nesta cidade", disse Lee, afirmando que a maioria
das cruzes pertencentes à igreja foi removida em um trecho de 500 quilômetros
de Zhejiang a Anhui.
Da mesma forma, Lee explicou que nem a
Associação Patriótica Católica Chinesa, aprovada pelo estado, nem a Conferência
Episcopal da China podem se opor à remoção das cruzes. “O clero em Anhui não
quer causar problemas. Eles têm medo do governo", acrescentou o pastor
protestante.
Uma igreja na zona turística de Anhui está
negociando com as autoridades para salvar sua cruz por mais quinze dias.
“Muitos turistas visitam esta área. Se a cruz
for derrubada, perde o símbolo de nossa igreja e o sinal do cristianismo”,
disse o Pe. Joseph, um sacerdote católico local. Além disso, o sacerdote
exortou os paroquianos a proteger a cruz e informou ao Bispo de Anhui, Dom Liu
Xinhong, sobre a disposição do governo de derrubá-la.
"O Bispo [Dom Liu Xinhong] disse que,
quando a cruz for derrubada, tire fotos para salvar as evidências. O bispo
expressou sua incapacidade de enfrentar as autoridades. Afinal, isso sempre
esteve sob o controle do Governo e o bispo Liu não tem nada a dizer sobre
isso", indicou o Pe. Joseph.
Outro sacerdote pertencente à igreja
subterrânea em Anhui disse que todas as cruzes em suas igrejas foram removidas
sem exceção e que a igreja subterrânea é leal ao Vaticano e não aceita ser
sancionada pelo regime.
Do mesmo modo, assinalou que no passado foram
capazes de construir igrejas e realizar atividades eclesiais apesar da
repressão, mas que "agora as cruzes estão sendo demolidas e as atividades
da Igreja estão sendo restringidas".
Liu Xiaoman, cristão em Hefei, capital e maior
cidade de Anhui, disse que “depois que as cruzes foram derrubadas em Zhejiang,
o Partido Comunista Chinês está estendendo seu jogo para outras partes do país.
Eles podem fazer o que quiserem".
Em outubro de 2019, uma igreja no condado de
Guantao foi demolida por "ocupação ilegal de terras cultiváveis".
Somente neste ano, as cruzes de duas igrejas no condado de Qiu, em Hebei, foram
removidas.
Desde que começou a campanha do Governo chinês
para remover cruzes, em outubro de 2018, foram retiradas milhares delas nas
dioceses das províncias de Zhejiang, Henan, Hebei e Guizhou por uma suposta
violação das leis de planejamento.
Lam, um pastor de uma igreja em casa,
movimento religioso de assembleias cristãs não registradas na China, disse que
as igrejas em casas foram reprimidas pelas autoridades e não têm um local fixo
de culto.
"O Partido Comunista Chinês está
intimidando a Igreja porque é muito débil", disse Lam e assinalou que,
embora a demolição da cruz não o tenha afetado, a proibição das autoridades às
igrejas em casa tornará difícil encontrar um lugar de culto no futuro.
No início de maio, Pe. Chen, um sacerdote de
Anhui, disse que a perseguição à Igreja aumentou desde que o Vaticano assinou
um acordo com a China sobre a nomeação de bispos em setembro de 2018, que busca
fundir a igreja aberta administrada pelo estado com a igreja subterrânea leal
ao Vaticano.
Além disso, Pe. Chen indicou que o regime
chinês não interrompeu essa perseguição, mesmo quando o novo coronavírus estava
no auge no país, e exortou os católicos de todo o mundo a se unirem para
restaurar os direitos dos cristãos na China.
________________________
ACI Digital
Publicado originalmente em ACI Prensa.
Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário