segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Por que Evo Morales revogou o Código Penal?


Evo Morales anunciou domingo (21) que irá revogar o novo código penal. A presidência do Senado boliviano diz já ter recebido o documento oficial. Muitos comemoraram. Eu comemorei. O povo boliviano também, mas ainda – e com razão – ainda não cedeu. Hoje estão ocorrendo protestos e paralizações por todo país, com mais força em Cochabamba e La Paz.

Os bolivianos estão “por aqui” com Evo Morales e seus abusos frequentes. A estratégia de recuar, revogando o Código Penal, é um velho truque comunista para, mais tarde, avançar outro tanto. É a velha história do bode russo. O problema maior é que Evo, numa manobra jurídica à la Gilmar Mendes, foi autorizado pela Suprema Corte boliviana a concorrer a sua quarta reeleição e, portanto, terá mais chances de continuar desgastando o povo até domina-lo de vez.

O país não o quer mais no poder e, por isto, os protestos continuam. Há um clamor geral para que se respeite o referendo que impedia a reeleição do cocaleiro no poder. Se Evo revogou o novo código sob a justificativa de ouvir o seu povo, por que ele não o ouve de vez e sai do trono para nunca mais voltar? Oras, porque ele NÃO QUER DEIXAR O PODER; porque o Foro de São Paulo precisa mantê-lo no poder; porque a constante opressão da população enfraquece dia a dia as chances de uma revolta popular efetiva; porque a sensação de incapacidade popular para mudar o país desanima a constância das revoltas; e porque, uma vez que um esquerdista sobe ao poder, ele fará de tudo para jamais sair.

Papa responde às críticas sobre casamento realizado em pleno voo: "Estavam preparados".


Na primeira cerimônia de tal tipo em um avião papal, Francisco casou Paula Podest Ruiz, de 39 anos, e Carlos Ciuffardi Elorriga, de 41 anos, ambos comissários de bordo da companhia aérea Latam.

Embora o gesto tenha gerado manchetes e tenha sido bem-recebido pela maior parte dos católicos, comentaristas católicos conservadores e blogueiros que frequentemente criticam o papa sobre diversas questões criticaram o casamento a 10 mil metros de altitude.

Eles disseram que isto irá dificultar que padres lidem com casais católicos que querem se casar em locais seculares incomuns, ao invés de uma igreja. Estes casais diriam "o papa fez isto, por que você não pode?", escreveu um comentarista.

Mas o papa disse que a situação do casal chilena é especial porque eles já tinham se casado em uma cerimônia civil há oito anos e não puderam se casar na igreja que frequentavam porque ela desabou em um terremoto em 2010. Não houve bodas. Isto faz 8 ou 10 anos. ‘Sim, amanhã nos casaremos... depois a vida acontece, chega uma filha, depois a outra filha…, nós sempre tivemos isto no coração, mas não nos casamos’”.

“Um de vocês me disse que eu estou louco por fazer estas coisas. Mas foi singelo. O senhor, o homem, estava no meu primeiro voo. Ela não estava. Eu e ele conversamos…, logo me dava conta de que me havia sondado. Falamos da vida, do que eu pensava sobre a vida e a família. Na verdade, foi uma linda conversa”, recordou durante entrevista coletiva no avião durante voo de volta de Lima, onde terminou sua viagem ao Chile e ao Peru, para Roma.

"Eu os perguntei (sobre casamento) e a resposta foi clara... era claro que eles tinham feito um compromisso para vida", disse o papa, acrescentando que o casal havia até mesmo se lembrado de assuntos de cursos católicos pré-matrimoniais que havia frequentado.

“Interroguei-os um pouco, e as respostas eram claras: para toda a vida. ‘E como sabem estas coisas? Vocês têm boa memória da catequese?’. ‘Não, não, não. Nós fizemos o curso de noivos´. Eles estavam preparados. Julguei que estavam preparados”.

A esperança em Deus não engana, frisa Papa ao despedir-se do Peru


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO CHILE E PERU
(15-22 DE JANEIRO DE 2018)

EUCARISTIA DE DOMINGO

HOMILIA E SAUDAÇÃO FINAL DO SANTO PADRE

 Lima - Base Aérea Las Palmas
Domingo, 21 de janeiro de 2018


«Levanta-te e vai a Nínive, à grande cidade, e apregoa nela o que Eu te ordenar» (Jon 3, 2): com estas palavras, o Senhor dirige-se a Jonas encaminhando-o para aquela grande cidade, que estava prestes a ser destruída pelos seus muitos malefícios. No Evangelho, vemos também Jesus a caminho da Galileia para pregar a sua Boa Nova (cf. Mc 1, 14). Ambas as leituras nos mostram Deus em movimento para as cidades de ontem e de hoje. O Senhor põe-Se a caminho: vai a Nínive, à Galileia, a Trujillo, a Puerto Maldonado, a Lima... O Senhor vem aqui. Põe-Se em movimento para entrar na nossa história pessoal e concreta. Como celebramos há pouco [no Natal], Ele é o Emanuel, o Deus que quer estar sempre connosco. Sim, aqui em Lima ou onde quer que estejas a viver, na vida quotidiana do trabalho rotineiro, na educação esperançosa dos filhos, no meio dos teus anelos e desvelos; na intimidade do lar e no ruído ensurdecedor das nossas estradas. É lá, no meio dos caminhos poeirentos da história, que o Senhor vem ao teu encontro.

Às vezes, pode suceder-nos como a Jonas. As nossas cidades, com as situações de sofrimento e injustiça que se repetem dia-a-dia, podem suscitar em nós a tentação de fugir, de nos escondermos, de desertar. E razões, não faltam nem a Jonas nem a nós. Contemplando a cidade, poderíamos começar a constatar que «há citadinos que conseguem os meios adequados para o desenvolvimento da vida pessoal e familiar, [e isso nos alegra; o problema é que] muitíssimos são também os “não-citadinos”, os “meio-citadinos” ou os “resíduos urbanos”»[1] que se encontram na beira dos nossos caminhos, que vão viver à margem das nossas cidades sem condições necessárias para levar uma vida digna, e custa ver que muitas vezes, entre estes «resíduos» humanos, se encontram rostos de tantas crianças e adolescentes; se encontra o rosto do futuro.

E, ao ver estas coisas nas nossas cidades, nos nossos bairros – que poderiam ser lugares de encontro e solidariedade, de alegria –, gera-se em nós o que poderíamos chamar a síndrome de Jonas: um espaço infido, donde fugir (cf. Jon 1, 3). Um espaço para a indiferença, que nos torna anónimos e surdos face aos demais, torna-nos seres impessoais de coração assético e, com esta atitude, amarfanhamos a alma do povo, deste nobre povo. Como nos fazia notar Bento XVI, «a grandeza da humanidade determina-se essencialmente na [sua] relação com o sofrimento e com quem sofre. (…) Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a com-paixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido mesmo interiormente é uma sociedade cruel e desumana».[2]

Quando prenderam João [Batista], Jesus foi para a Galileia proclamar o Evangelho de Deus. Ao contrário de Jonas, Jesus, perante um acontecimento doloroso e injusto como foi a prisão de João, entra na cidade, entra na Galileia e começa, partindo daquela insignificante população, a semear o que seria o início da maior esperança: o Reino de Deus está perto, Deus está no meio de nós. E o próprio Evangelho nos mostra a alegria e a reação em cadeia que isso produz: começou com Simão e André, depois Tiago e João (cf. Mc 1, 14-20) e depois, passando por Santa Rosa de Lima, São Toríbio, São Martinho de Porres, São João Macías, São Francisco Solano, chegou até nós anunciado por esta nuvem de testemunhas que acreditaram n’Ele. Chegou até Lima, até nós, para se comprometer novamente, como um antídoto renovado, contra a globalização da indiferença. Com efeito, perante este Amor, não se pode ficar indiferente.

Jesus chamou os seus discípulos a viverem, no hoje da história, algo que tem sabor a eternidade: o amor a Deus e ao próximo. E fá-lo da única maneira que Lhe é possível: à maneira divina, suscitando a ternura e o amor misericordioso, suscitando a compaixão e abrindo os seus olhos para aprenderem a ver a realidade à maneira divina. Convida-os a gerar novos vínculos, novas alianças portadoras de eternidade.

Papa no Ângelus: “O coração não se pode maquiar”.


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO CHILE E PERU
(15-22 DE JANEIRO DE 2018)

PAPA FRANCISCO

ANGELUS

Lima - Praça das Armas
Domingo, 21 de janeiro de 2018

Aos jovens, antes do «Angelus»

Queridos jovens!

Estou feliz por me poder encontrar convosco. Para mim, estes encontros são sempre muito importantes, mas mais ainda neste ano em que nos preparamos para o Sínodo sobre os jovens. Os vossos rostos, as vossas aspirações, a vossa vida são importantes para a Igreja: devemos dar-lhes a importância que merecem e ter a coragem que demonstraram muitos jovens desta terra que não tiveram medo de amar e gastar a sua vida por Jesus.

Queridos amigos, tendes tantos exemplos! Penso em São Martinho de Porres. Nada impediu aquele jovem de realizar os seus sonhos, nada o impediu de gastar a sua vida pelos outros, nada o impediu de amar; e fê-lo porque tinha experimentado que o Senhor o amara primeiro. Assim como era: mulato e a braços com muitas privações. Aos olhos humanos, concretamente dos seus amigos, parecia destinado a «perder», mas ele soube fazer algo que se tornaria o segredo da sua vida: ter confiança. Ter confiança no Senhor que o amava. E sabeis porquê? Porque o Senhor confiara nele primeiro; como confia em cada um de vós e nunca Se cansará de ter confiança. A cada um de nós, o Senhor entrega uma missão qualquer, e a resposta é ter confiança n’Ele. Agora cada um de vós pense no seu coração: Que missão me entregou o Senhor? Que coisa me entregou o Senhor? Cada qual pense: Que missão tenho no meu coração, que me foi entregue pelo Senhor?

Poder-me-íeis dizer: mas há momentos em que se torna muito difícil! Compreendo-vos. Nesses momentos, podem vir pensamentos negativos, sentir que há muitas situações que nos caem em cima e parece que ficamos «fora dos [jogos] mundiais»; parece que nos estão a vencer. Mas não é assim! Mesmo nos momentos em que já tenha chegado a eliminação, devemos continuar a ter confiança.

Há momentos em que podeis pensar que ficareis sem poder realizar os desejos da vossa vida, os vossos sonhos. Todos passamos por situações como estas. Nesses momentos em que parece apagar-se a fé, não vos esqueçais que Jesus está ao vosso lado. Não vos deis por vencidos, não percais a esperança! Não vos esqueçais dos Santos, que nos acompanham do céu; recorrei a eles, rezai e não vos canseis de pedir a sua intercessão. São os Santos de ontem, mas também os de hoje: esta terra tem muitos, porque é uma terra «cumulada de santidade». O Perú é uma terra «cumulada de santidade». Buscai a ajuda e o conselho de pessoas que sabeis serem boas para vos aconselhar, porque os seus rostos manifestam alegria e paz. Fazei-vos acompanhar por elas e, assim, avançai pelo caminho da vida.

Mas há outra coisa: Jesus quer ver-vos em movimento; quer ver-te levar por diante os teus ideais e que te decidas a seguir as suas instruções. Ele levar-vos-á pelo caminho das Bem-aventuranças: um caminho nada fácil mas apaixonante, é um caminho que não se pode percorrer sozinho, é preciso percorrê-lo em grupo onde cada um pode colaborar com o melhor de si mesmo. Jesus conta contigo, como fez, há muito tempo, com Santa Rosa de Lima, São Toríbio, São João Macías, São Francisco Solano e muitos outros. E hoje pergunta-te, como a eles: estás disposto, estás disposta a segui-Lo? [respondem: sim!] Hoje, amanhã, estás disposto, estás disposta a segui-Lo? [respondem: sim!] E daqui a uma semana? [respondem: sim!] Não o digas tão seguro, não o digas tão segura de ti. Olhai! Se quereis estar dispostos a segui-Lo, pedi-Lhe que vos prepare o coração para estar dispostos a segui-Lo. É claro? [respondem: sim!]

Peru: Encontro do Papa com religiosas de vida contemplativa em Lima


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO CHILE E PERU
(15-22 DE JANEIRO DE 2018)

HORA MÉDIA COM AS RELIGIOSAS CONTEMPLATIVAS

HOMILIA DO SANTO PADRE

Lima - Santuário do Senhor dos Milagres
Domingo, 21 de janeiro de 2018


Queridas irmãs dos vários mosteiros de vida contemplativa!

Que bom é encontrarmo-nos aqui, neste Santuário do Senhor dos Milagres, muito visitado pelos peruanos para Lhe pedir a sua graça e mostrar-nos a sua proximidade e a sua misericórdia! Ele é «farol que guia, que nos ilumina com o seu amor divino». Ao ver-vos aqui, assaltou-me um mau pensamento: que tenhais aproveitado para sair um pouco do convento e dar um pequeno passeio! Obrigado à Madre Soledad pelas suas palavras de boas-vindas, e a todas vós que, «no silêncio do claustro, caminhais sempre ao meu lado». E, porque mo pede o coração, deixai-me enviar daqui uma saudação aos meus quatro Carmelos de Buenos Aires. Quero colocá-los também a eles diante do Senhor dos Milagres, porque me acompanharam no meu ministério naquela diocese, e desejo que estejam aqui para que o Senhor as abençoe. Não sentis ciúmes, pois não? [respondem: Não!]

Ouvimos as palavras de São Paulo, lembrando-nos que recebemos o espírito filial, que nos torna filhos de Deus (cf. Rm 8, 15-16). Nestas poucas palavras, se condensa a riqueza de cada vocação cristã: a alegria de nos sabermos filhos. Esta é a experiência que sustenta a nossa vida; esta quer ser sempre uma resposta agradecida a tão grande amor divino. Como é importante renovar, dia a dia, esta alegria! Sobretudo nos momentos em que a alegria parece ter desaparecido, a alma está enevoada ou há coisas que não se compreendem, peçamo-la novamente repetindo: «Sou filha, sou filha de Deus».

Um caminho privilegiado que tendes para renovar esta certeza é a vida de oração, oração comunitária e pessoal. A oração é o núcleo da vossa vida consagrada, da vossa vida contemplativa e é o modo de cultivar a experiência de amor que sustenta a nossa fé. E, como justamente dizia a Madre Soledad, é uma oração sempre missionária. Não é uma oração que embate no muro do convento e volta para trás, não! É uma oração que sai e parte…

A oração missionária é uma oração que consegue unir-se aos irmãos nas mais variadas circunstâncias em que se encontrem, pedindo que não lhes falte o amor e a esperança. Assim o dizia Santa Teresinha do Menino Jesus: «Compreendi que só o amor fazia atuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo e que abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o amor é eterno (…): no coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor».[1]Que cada uma de vós possa dizer isto! Se alguma se sente um pouco «fraca» e se apagou nela o fogo do amor, peça-o, peça-o! Poder amar é um presente de Deus.

Ser o amor! É saber assistir o sofrimento de tantos irmãos, dizendo com o Salmista: «Na minha angústia, clamei ao Senhor. O Senhor escutou-me e pôs-me a salvo» (Sal 118/117, 5). Assim, a vossa vida na clausura consegue ter um alcance missionário e universal e «um papel fundamental na vida da Igreja. Rezai e intercedei por tantos irmãos e irmãs presos, migrantes, refugiados e perseguidos, por tantas famílias feridas, pelas pessoas sem trabalho, pelos pobres, os doentes, as vítimas das várias dependências… limitando-me a citar algumas situações que se tornam, de dia para dia, mais urgentes. Sois como aqueles amigos que trouxeram o paralítico à presença do Senhor, para que o curasse (cf. Mc 2, 1-12). [Não tinham vergonha; eram “desavergonhados”, mas no bom sentido. Não tiveram vergonha de abrir um buraco no teto e fazer descer o paralítico. Sede “desavergonhadas”, não vos envergonheis de fazer, através da oração, com que a miséria dos homens se aproxime do poder de Deus. Esta é a vossa oração]. Através da oração, dia e noite, aproximais do Senhor a vida de tantos irmãos e irmãs que, por variadas situações, não O podem alcançar para experimentar a sua misericórdia sanadora, enquanto Ele os espera para lhes conceder a graça. Com a vossa oração, podeis curar as chagas de tantos irmãos».[2]

Por isso mesmo podemos afirmar que a vida de clausura não algema nem restringe o coração; antes, alarga-o. Ai da religiosa que tem o coração restringido! Por favor, procurai um remédio. Não se pode ser uma religiosa contemplativa com o coração restringido. Que volte a respirar, que volte a ser um coração grande! Além disso, as religiosas com este coração restringido são religiosas que perderam a fecundidade e não são mães; lamentam-se de tudo, vivem amarguradas, sempre à procura de qualquer bagatela para se lamentar. A Santa Madre [Teresa de Jesus] dizia: «Ai da monja que diz: “Fizeram-me uma injustiça sem motivo!”». No convento, não há lugar para as «colecionadoras de injustiças»; mas apenas para aquelas que abrem o coração e sabem carregar a cruz, a cruz fecunda, a cruz do amor, a cruz que dá vida.

No Peru, Papa presta homenagem à ‘Virgem de la Puerta’


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO CHILE E PERU
(15-22 DE JANEIRO DE 2018)

CELEBRAÇÃO MARIANA - VIRGEM DA PORTA

HOMILIA DO SANTO PADRE

Trujillo - Praça das Armas
Sábado, 20 de janeiro de 2018

Queridos irmãos e irmãs!

Agradeço a D. Héctor Miguel as suas palavras de boas-vindas, em nome de todo o Povo de Deus que peregrina nestas terras.

Nesta linda e histórica praça de Trujillo, que soube suscitar sonhos de liberdade em todos os peruanos, congregamo-nos hoje para encontrar-nos com a «Mamita de Otuzco [Mãezinha de Otuzco]». Tenho conhecimento dos muitos quilómetros que tantos de vós fizestes para estar aqui hoje, reunidos sob o olhar da Mãe. Assim, esta praça transforma-se num santuário a céu aberto no qual todos queremos deixar-nos olhar pela Mãe, pelo seu olhar materno e amável. Mãe que conhece o coração dos peruanos do norte e de tantos outros lugares; viu as suas lágrimas, os seus sorrisos, as suas aspirações. Nesta praça, queremos fazer tesouro da memória dum povo que sabe que Maria é Mãe e não abandona os seus filhos.

A casa veste-se de festa duma maneira especial. Acompanham-nos as imagens vindas dos diferentes cantos desta região. Juntamente com a querida Imaculada Virgem da Porta de Otuzco, saúdo e dou as boas-vindas à Santíssima Cruz de Chalpón de Chiclayo, ao Senhor Prisioneiro de Ayabaca, à Virgem das Mercês de Paita, ao Deus Menino do Milagre de Eten, à Virgem das Dores de Cajamarca, à Virgem da Assunção de Cutervo, à Imaculada Conceição de Chota, a Nossa Senhora de Alta Graça de Huamachuco, a São Toríbio de Mogrovejo de Tayabamba (Huamachuco), à Virgem Assunta de Chachapoyas, à Virgem da Assunção de Usquil, à Virgem do Socorro de Huanchoco, e às Relíquias dos Mártires Conventuais de Chimbote.

Cada comunidade, cada cantinho desta terra, vem acompanhado pelo rosto dum Santo, pelo amor a Jesus Cristo e à sua Mãe. E pensar que, onde há uma comunidade, onde há vida e corações palpitando ansiosos por encontrar motivos de esperança, motivos para o canto, para a dança, para uma vida digna..., lá está o Senhor, lá encontramos sua Mãe e também o exemplo de muitos Santos que nos ajudam a permanecer alegres na esperança.

Convosco dou graças pela delicadeza do nosso Deus. Ele procura aproximar-Se de cada um segundo a modalidade em que O pode acolher e, assim, nascem as mais diferentes invocações. Expressam o desejo que tem o nosso Deus de estar perto de cada coração, porque a linguagem do amor de Deus sempre se pronuncia «em dialeto», não conhece outra forma de o fazer. Além disso é motivo de esperança ver como a Mãe assume os traços dos filhos, as vestes, o dialeto dos seus, para os tornar participantes da sua bênção. Maria será sempre uma Mãe mestiça, porque no seu coração encontram lugar todas as raças, porque o amor procura todos os meios para amar e ser amado. Todas estas imagens recordam-nos a ternura com que Deus quer estar perto de cada aldeia, de cada família, de ti, de mim, de todos.

Sei do amor que tendes à Imaculada Virgem da Porta de Otuzco, que hoje, juntamente convosco, desejo proclamar Virgem da Porta, «Mãe da Misericórdia e da Esperança».

Virgem querida, que, nos séculos passados, demonstrou o seu amor pelos filhos desta terra, quando, colocada por cima duma porta, os defendeu e protegeu das ameaças que os afligiam, suscitando o amor de todos os peruanos até aos nossos dias.

No Peru, Papa se encontra com religiosos e sacerdotes


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO CHILE E PERU
(15-22 DE JANEIRO DE 2018)

ENCONTRO COM SACERDOTES E CONSAGRADOS

DISCURSO DO SANTO PADRE

Trujillo - Colégio Seminário dos SS. Carlos e Marcelo
Sábado, 20 de janeiro de 2018

Queridos irmãos e irmãs,
Boa tarde!

[grande aplauso] Visto os aplausos aparecerem habitualmente no fim, isto significa que já acabou, podendo ir-me embora… [gritam: Não!] Agradeço as palavras que D. José Antonio Eguren Anselmi, Arcebispo de Piura, me dirigiu em nome de todos os presentes.

Encontrar-me convosco, conhecer-vos, escutar-vos e manifestar o amor ao Senhor e à missão que nos deu, é importante. Sei que fizestes um grande esforço para estar aqui. Obrigado!

Acolhe-nos este Colégio-Seminário, um dos primeiros a ser fundados na América Latina para a formação de tantas gerações de evangelizadores. Estar aqui convosco é sentir que nos encontramos num desses «berços» que geraram tantos missionários. E não esqueço que esta terra viu morrer, quando andava em missão (não sentado atrás duma escrivaninha), São Toríbio de Mogrovejo, Patrono do Episcopado Latino-Americano. E tudo isto nos leva a olhar para as nossas raízes, para o que nos sustenta no curso do tempo, nos sustenta no curso da história para crescer rumo ao Alto e dar fruto. As raízes. Sem raízes, não há flores, não há frutos. Dizia um poeta que, tudo aquilo que a árvore tem de florido, provém da parte dela que está debaixo da terra, das raízes. As nossas vocações sempre terão esta dupla dimensão: raízes na terra e coração no céu. Não esqueçais isto. Quando falta uma das duas, algo começa a correr mal e a nossa vida pouco a pouco definha (cf. Lc 13, 6-9), como definha uma árvore que não tem raízes. E digo-vos que custa muito ver um bispo, um sacerdote, uma freira «definhados». E sinto ainda mais pena, quando vejo seminaristas «definhados». Trata-se duma coisa muito séria. A Igreja é boa, a Igreja é mãe e, se virdes que não estais a conseguir, por favor falai enquanto é tempo, antes que seja tarde demais, antes de vos aperceber que já não tendes raízes e estais definhando; é que, assim, ainda há tempo para vos pordes a salvo, pois Jesus veio para isto: para salvar. E, se nos chamou, foi para salvar...

Apraz-me salientar que a nossa fé, a nossa vocação é rica de memória, a dimensão deuteronómica da vida. Rica de memória, porque sabe reconhecer que nem a vida, nem a fé, nem a Igreja começaram com o nascimento de qualquer um de nós: a memória olha para o passado a fim de encontrar a seiva que, ao longo dos séculos, irrigou o coração dos discípulos e, assim, reconhece a passagem de Deus pela vida do seu povo. Memória da promessa que Ele fez aos nossos pais e que, perdurando viva no meio de nós, é causa da nossa alegria e nos faz cantar: «O Senhor fez por nós grandes coisas; por isso exultamos de alegria» (Sal 126/125, 3).

Gostaria de partilhar convosco algumas virtudes ou, se preferirdes, algumas dimensões deste ser ricos de memória. Quando afirmo apreciar um bispo… um sacerdote… um seminarista que seja rico de memória, que quero dizer com isto? Eis o que agora quero partilhar convosco.

1. Uma dimensão é a consciência feliz de si. É preciso não ser inconsciente a respeito de si mesmo; mas dar-se conta do que sucede, ter uma consciência feliz de si.

O Evangelho, que ouvimos (cf. Jo 1, 35-42), habitualmente lemo-lo em chave vocacional, pelo que nos detemos no encontro dos discípulos com Jesus. Preferiria, porém, fixar-me em João Batista. Estava com dois dos seus discípulos e, quando viu Jesus passar, disse-lhes: «Eis o Cordeiro de Deus» (Jo 1, 36). Ao ouvirem isto, que aconteceu? Deixaram João Batista e foram com o outro (cf. 1, 37). Isto é surpreendente! Estiveram com João, sabiam que era um homem bom; antes, o maior dentre os nascidos de mulher, como Jesus o define (cf. Mt 11, 11), mas não era aquele que devia vir. Também João esperava outro maior do que ele. João sabia claramente que não era o Messias, mas simplesmente aquele que O anunciava. João era o homem rico de memória da promessa e da sua própria história. Era famoso, gozava de grande reputação, todos vinham ser batizados por ele, ouviam-no com respeito. As pessoas até pensavam que fosse o Messias, mas ele era rico de memória da história própria e não se deixou enganar pelo incenso da vaidade.

João manifesta a consciência do discípulo que sabe que não é, nem nunca será o Messias, mas apenas um chamado a indicar a passagem do Senhor pela vida do seu povo. Impressiona-me como Deus permite que isso seja levado às extremas consequências: morre simplesmente decapitado numa cela. Nós, consagrados, não estamos chamados a suplantar o Senhor, nem com as nossas obras, nem com as nossas missões, nem com as intermináveis atividades que temos de fazer. Quando digo «consagrados» englobo a todos: bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas e seminaristas. Simplesmente nos é pedido para trabalhar com o Senhor, lado a lado, mas sem nunca esquecer que não ocupamos o seu lugar. E isto não nos faz esmorecer na tarefa evangelizadora; antes, pelo contrário, impele-nos, exige-nos que trabalhemos, lembrando que somos discípulos do único Mestre. O discípulo sabe que secunda, e sempre secundará, o Mestre. E esta é a fonte da nossa alegria, a consciência feliz de si.

Faz-nos bem saber que não somos o Messias! Liberta de nos crermos muito importantes, muito ocupados (é típico ouvir em algumas regiões: «Não, a essa paróquia não vás, porque o padre está sempre muito ocupado»). João Batista sabia que a sua missão era indicar a estrada, iniciar processos, abrir espaços, anunciar que o portador do Espírito de Deus era Outro. Ser ricos de memória liberta-nos da tentação dos messianismos, de me crer o Messias.

Esta tentação combate-se de muitas maneiras, incluindo com o riso. De um religioso, que eu muito prezava (um jesuíta, um jesuíta holandês, que morreu no ano passado), dizia-se que tinha um sentido de humorismo tal que era capaz de rir de tudo o que acontecia, de si mesmo e até da sombra própria. Consciência feliz. Aprender a rir-se de si mesmo dá-nos a capacidade espiritual de estar diante do Senhor com os nossos próprios limites, erros e pecados, mas também com os próprios sucessos, e com a alegria de saber que Ele está ao nosso lado. Um bom teste espiritual é interrogarmo-nos sobre a capacidade que temos de rir de nós mesmos. Dos outros, é fácil rir – não é verdade? – «esfolá-los vivos»; mas rir de nós mesmos não é fácil. O riso salva-nos do neopelagianismo «autorreferencial e prometeico de quem, no fundo, só confia nas suas próprias forças e se sente superior aos outros».[1]Ri. Ride em comunidade, mas não da comunidade nem dos outros! Tenhamos cuidado com as pessoas tão «importantes», que se esqueceram como se faz na vida para sorrir. «Sim, padre, mas não tem um remédio, algo para...?». Olha! Tenho duas «pastilhas» que ajudam muitíssimo. Uma: fala com Jesus, com Nossa Senhora na oração e pede a graça da alegria, da alegria na situação real. A segunda pastilha: podes tomá-la várias vezes por dia, se precisares, mas uma vez é suficiente: ver-te ao espelho... Olha-te ao espelho: «Aquele sou eu?! Aquela sou eu?! [e dá uma risada]». Verás que te faz rir. Isto não é narcisismo; antes, é o contrário: o espelho, neste caso, serve de cura.

Concluindo, a primeira coisa é a consciência feliz de si mesmo.

O que é a Ideologia de Gênero?


Eis que o inimigo não dá descanso mesmo! Não foi atoa que Jesus ordenou aos discípulos que estes se mantivessem vigilantes e constantes na fé e na oração. Muitos trabalham com “unhas e dentes” para mais uma vez, tentar inserir a Ideologia de Gênero na educação brasileira. Neste artigo, vamos demonstrar os interesses por detrás da inserção dessa terminologia nos Planos educacionais, bem como as consequências advindas da inclusão desta nomenclatura entre as metas.

Iniciamos com uma breve explicação sobre o que é ideologia de gênero. Este termo foi utilizado pela primeira vez na Conferência de Pequim em 1995. Segundo esta concepção, as pessoas nascem sem um sexo definido (o que é contraditório uma vez que desde a visualização em aparelhos de ultrassom é possível identificar o sexo do bebê), e portanto, o ser homem e o ser mulher são meras construções sociais que se dignam a perpetuar e desigualdade entre homens e mulheres. Segundo os ativistas dessa ideologia, é necessário que a sociedade se abra para as novas formas de família e que as crianças sejam educadas desde a mais tenra idade neste conceito.

Não se trata apenas de uma questão religiosa, mas sobretudo de fatores de ordem biológica e filosófica. É loucura acreditar que as pessoas nascem sem um sexo definido, uma vez que é possível diferenciar homens e mulheres através de aspectos físicos, hormonais e comportamentais que portanto, são atributos biológicos que não podem ser negados. Uma mulher que por exemplo, resolveu tornar-se homem poderá até mutilar-se, mudar o cabelo, tomar hormônios e alterar seu comportamento, mas nunca chegará a ser um homem de forma completa uma vez que lhe faltarão determinados atributos, por exemplo: uma lésbica não pode implantar um pênis e sentir a mesma coisa que um homem nas suas relações sexuais, também não poderá eliminar os vários hormônios típicos de uma mulher, da mesma maneira, um homem jamais conseguirá implantar certos órgãos reprodutivos internos: trompas, ovários e os hormônios femininos necessários à reprodução da vida. Este ideologia é uma verdadeira ilusão que nega totalmente os fatores básicos da ordem biológica natural.