terça-feira, 24 de setembro de 2019

Transfusão de sangue. O que pensa nossa fé católica?


Uma mulher de 61 anos, testemunha de Jeová, faleceu a alguns anos em Sevilha (Espanha), após ter sofrido um acidente de carro, porque em um documento de vontades antecipadas, rejeitava receber qualquer tipo de transfusão sanguínea devido às suas convicções religiosas.

Está baseada na Bíblia a proibição de comer ou receber sangue, inclusive por transfusão, ou de qualquer outra forma? A esta questão responde nesta análise Vicente Jara Vera, membro da Rede Ibero-americana de Estudo das Seitas (RIES), diretor do programa “Conheça as seitas”, emitido quinzenalmente pela Rádio Maria na Espanha.

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O problema

São numerosas as notícias sobre negativas de membros da seita das Testemunhas de Jeová para realizar transfusões de sangue, e de complicações, às vezes com o falecimento do paciente, ao não poder atendê-los devidamente em um hospital diante de uma cirurgia ou um transplante de órgão. Muitos destes acontecimentos podem ser conhecidos na documentação da Rede Ibero-americana de Estudo das Seitas (RIES), especialmente no boletim eletrônico Info-RIES.

Sobre a seita das Testemunhas de Jeová

Recordemos que as Testemunhas de Jeová não são cristãs. São uma seita, já que se fazem passar pelo que não são, por cristãos. E não podem ser uma igreja cristã porque não acreditam no dogma da Trindade e na divindade de Jesus como Filho de Deus encarnado, a quem consideram como criatura excelsa, primeira no plano de Deus, que para eles é similar ao arcanjo Miguel.

As Testemunhas de Jeová mudaram várias passagens da Bíblia para adaptá-las às suas próprias ideias, que nenhum estudioso, crente ou não, poderia encontrar nos textos originais. Portanto, são um grupo com expressões e formas religiosas parecidas com as cristãs, mas que tentam fazer-se passar por uma igreja cristã sem sê-lo. Em definitivo, são uma seita, que pretende ter mais e mais adeptos e mais e mais dinheiro deles e, assim, maior influência.

Em que as Testemunhas de Jeová baseiam sua negativa de receber sangue?

Os textos que eles utilizam para negar-se a receber sangue são os seguintes, principalmente do Antigo Testamento, e um do Novo Testamento – este último analisaremos posteriormente em outra parte; vamos agora aos textos do Antigo Testamento:

Gênesis 9, 3-6: “Tudo o que se move e possui vida vos servirá de alimento, tudo isso eu vos dou, como vos dei a verdura das plantas. Mas não comereis a carne com sua alma, isto é, o sangue. Pedirei contas, porém, do sangue de cada um de vós. Pedirei contas a todos os animais e ao homem, aos homens entre si, eu pedirei contas da alma do homem. Quem derrama o sangue do homem, pelo homem terá seu sangue derramado. Pois à imagem de Deus o homem foi feito”.

Levítico 3, 17: “É para todos os vossos descendentes uma lei perpétua, em qualquer lugar onde habitardes: não comereis gordura nem sangue”.

Levítico 17, 10: “Todo homem da casa de Israel ou estrangeiro residente entre vós, que comer sangue, qualquer que seja a espécie de sangue, voltar-me-ei contra esse que comeu sangue e o exterminarei do meio do seu povo”.

Levítico 17, 13-14: “Qualquer pessoa, filho de Israel ou estrangeiro residente entre vós, que caçar um animal ou ave que é permitido comer, deverá derramar o seu sangue e recobri-lo com terra. Pois a vida de toda carne é o sangue, e eu disse aos israelitas: ‘Não comereis o sangue de carne alguma, pois a vida de toda carne é o sangue, e todo aquele que o comer será exterminado’”.

Deuteronômio 12, 23: “Sê firme, contudo, para não comeres o sangue, porque o sangue é a vida. Portanto, não comas a vida com a carne”.

Todos estes textos são claros e rotundos em sua proibição: não é lícito comer sangue animal porque é comer a vida. Analisaremos a seguir seu sentido e os situaremos em seu contexto, deixando para mais adiante o texto do Novo Testamento, que também utilizam para apoiar suas ideias.

O significado do sangue para os povos semíticos

Nos povos semitas do Oriente, o sangue era visto como o elemento onde residia a vida, o elemento vital e vitalizante dos seres vivos. Ao matar um animal, na morte de qualquer pessoa ou em um sacrifício, o sangue vertido indicava claramente que a vida ia embora conforme o sangue ia saindo.

A perda de sangue era também sintoma de fraqueza, de perda de vitalidade, de vida. Para os antigos, o sangue brotava do coração e a parada cardíaca indicava a morte da pessoa. Recordemos, além disso, como a mitologia da Mesopotâmia conta que o deus Marduk (deidade babilônica), o principal dos deuses, propôs-se a criar os homens para que adorassem as divindades; para isso, amassou argila com o sangue de um deus rebelde – posteriormente considerado um demônio – de nome Kingu.

Com este transfundo mesopotâmico, fica claro que nos antigos sacrifícios animais do povo de Israel se oferecia a vida a Deus e isso significava derramar o sangue do animal sacrificado. O sangue era a vida e ela era propriedade de Deus; daí que não se podia tomar o que pertencia a Deus. O pecado, a infração, estava, portanto, em tomar pelo homem o que não lhe correspondia, o que é de Deus.

Esta visão do sangue como vida é também a razão pela qual do mais terrível dos demônios mesopotâmicos, Lilitu ou Labartu – que no Poema de Gilgamesh se denomina como Lillake – se dizia que matava as crianças e bebia o sangue delas, isto é, seu pecado era arrancar-lhes a vida, propriedade de Deus, sendo por isso a primeira figura vampírica conhecida da história.

E não nos esqueçamos como, “na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isso em memória de mim’. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim’”. (1 Cor 11,24-25).

Recordemos que, na Antiga Aliança, o pão e o vinho eram oferecidos como sacrifício entre as primícias da terra, em sinal de oferenda a Deus. Também o sacerdote Melquisedeque, figura de Cristo, ofereceu pão e vinho (Gn 14, 18). Junto a isso, a saída de Israel do Egito e o contexto do Êxodo dão ao vinho – no qual nos centramos – um caráter festivo no final do banquete judaico e uma dimensão escatológica de espera messiânica. O vinho é “verdadeira bebida” e bebê-lo é “ter a vida em Cristo, que é Deus, e permanecer n’Ele” (cf. Jo 6, 53-56).

Na antropologia semita, o princípio vital do sangue se relaciona com o suspiro ou a respiração, é o “ser vivente”, a vida, e se designa como nefesh. A nefesh ainda permanece na carne morta, no cadáver – daí que se possa tomar essa vitalidade quando se toma o sangue do animal ou da pessoa morta. Uma coisa diferente ocorre com seu espírito, o ruaj que, ao morrer o homem, vai para o além ou sheol. Daí que na antropologia semítica exista tanta unidade entre a carne (basar) e o princípio vital ou nefesh, mas é a ausência da ruaj que, ao não estar presente após a morte do ser humano, torna-o não-vivo.

Por outro lado, os animais não têm ruaj, mas basar e nefesh. Recordemos que os gregos traduziram nefesh como psykhé e este termo passou ao latim como anima, que é a nossa “alma”, ainda que é mais correto dizer que a alma está na ruaj (que se transformou em “espírito”) e não no psíquico, no nefesh que, como dizemos, ainda permanece no cadáver.

O Sínodo da Amazônia será cismático?


Nos dias 06 e 07 de setembro, o CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano) e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) se reuniram em Bogotá para falar do Sínodo de Bispos que será realizado no Vaticano entre 06 e 27 de outubro com o título “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

No comunicado final da reunião, o presidente do CELAM, Monsenhor Miguel Cagrejos, e o presidente do REPAM, o Cardeal Cláudio Hummes, após expressarem “alegria pela convocação do Sínodo pelo Santo Padre”, reiteram sua “esperança de seguir promovendo uma Igreja com rosto amazônico e rosto indígena, para continuar o processo na implementação”.

Por ocasião do encontro com o Papa, o recém-nomeado Cardeal Michael Czerny, secretário especial para o Sínodo da Amazônia, declarou: “Amazônia é a primeira palavra do nome do Sínodo. Pode-se afirmar que a Amazônia, com os seus povos, sua realidade, território, habitantes, é o tema do Sínodo, é o seu tema central. Por isso, como primeira, ou melhor, como primeiríssima preocupação está a população, os povos, principalmente os povos indígenas”.

No entanto, como sempre acontece nesses encontros, o importante não são as declarações oficiais, mas as reuniões privadas entre os homens-chave e os documentos que circulam entre eles tendo em vista organizar melhor a estratégia com a qual possam alcançar seus objetivos.

Um desses documentos, intitulado “Rumo ao Sínodo Pan-Amazônico: desafios e contribuições a partir da América Latina e do Caribe”, é fruto de uma reunião anterior realizada também na capital da Colômbia, no último mês de abril, por iniciativa das organizações Ameríndia e REPAM. O LifeSiteNews publicou no último dia 03 de setembro este artigo e revelou que, no encontro de Bogotá, estiveram presentes quatro personagens encarregados pelo Papa Francisco da preparação do Sínodo: o padre Paulo Suess, colaborador próximo do Bispo Erwin Kräutler, membro do conselho pré-sinodal; Maurício López, secretário da REPAM e membro também do mencionado conselho; o padre Justino Sarmento Rezende, assessor indígena; e Peter Hughes, também assessor.

Esses quatro senhores seriam os principais redatores do Instrumentum Laboris, com o qual trabalharão os padres sinodais em outubro. Como apontam Maike Hickson e Matthew Cullinan Hoffman, autores do artigo publicado pelo LifeSiteNews, o documento de Bogotá tem por objetivo solapar ou inverter os elementos fundamentais da doutrina católica, sustentando que a Igreja não tem o monopólio da salvação, e que o pluralismo e a diversidade de religiões são expressões de uma sábia vontade divina; que as religiões não cristãs têm capacidade para proporcionar a salvação, e que é preciso revalorizar as tradições religiosas pagãs dos indígenas amazônicos; o texto redefine a Eucaristia como ato simbólico da comunidade; ataca o sacerdócio hierárquico do Novo Testamento e prevê a criação de novos ministérios para os leigos, assim como a possibilidade de ordenação de diaconisas e a ordenação sacerdotal de homens casados; promove também uma nova teologia indigenista, feminista e ecológica, e se propõe a exportar esse modelo para criar uma Igreja de rosto amazônico.

Por sua vez, o Cardeal Müller assinalou:

    “Se na Amazônia são ordenados sacerdotes homens dignos que vivem em uniões declaradamente estáveis (sejam eles matrimônios canonicamente válidos ou não?) a fim de proporcionar (!) sacramentos aos fiéis, inclusive sem formação teológica (IL 129, 2), por que isso não seria um incentivo para introduzir os viri probati na Alemanha, onde a sociedade já não aceita o celibato e onde muitos teólogos casados estariam dispostos a ocupar como sacerdotes postos vacantes entre o clero celibatário?”

“Rumo ao Sínodo Pan-Amazônico”: novo documento pré-sinodal quer mudar a doutrina católica


O documento assinado em Bogotá por teólogos envolvidos na preparação do Sínodo da Amazônia, e em resposta ao mesmo, leva ao extremo o sincretismo para muitos aparente no Instrumentum Laboris e propõe uma Igreja em ruptura com tudo o que o antecede.

O documento com o título Rumo ao Sínodo Pan-Amazônico: desafios e contribuições a partir da América Latina e do Caribe foi elaborado no último mês de abril. Ele é o resultado de um encontro em Bogotá de teólogos de duas organizações que promovem a Teologia da Libertação, Amerindia e REPAM, informa o LifeSiteNews. O Instrumentum Laboris faz referência explícita à reunião de Bogotá como parte do processo preparatório do Sínodo.

Não há uma única religião verdadeira, e as religiões não cristãs podem levar à “salvação”. Essas são algumas das conclusões do documento publicado por teólogos participantes da preparação para o Sínodo da Amazônia e que exaltam as tradições religiosas pagãs dos índios amazônicos. Um exemplo: “Falta dialogar com outras confissões religiosas, com outras racionalidades, com outras cosmovisões (126), o que implica o passo ‘do exclusivismo intolerante a uma atitude de respeito, de aceitar que o cristianismo não tem o monopólio histórico da salvação’. Isto é, uma mudança de paradigma que se concretize ao assumir que ‘a cristandade latino-americana foi substituída por uma pluralidade de culturas e espiritualidades’ (128), permitindo uma aproximação respeitosa junto ao mundo multi-étnico, multicultural e multi-religioso que oferece o mapa das religiões amazônicas para pensar uma teologia e uma espiritualidade indígena”.

Estes são todos os participantes do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia 2019


O Vaticano divulgou a lista de todos os participantes da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, que será realizada em Roma de 6 a 27 de outubro de 2019 e cujo tema é: “Amazônia: Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral”.

Entre os participantes, há bispos dos nove países que compõem esta região do mundo: 4 de Antilhas, 12 da Bolívia, 58 do Brasil, 15 da Colômbia, 7 do Equador, 11 do Peru e 7 da Venezuela.

Além disso, há 13 chefes de Dicastérios da Cúria Romana, 33 membros nomeados diretamente pelo Papa, 15 eleitos pela União dos Superiores Gerais, 19 membros do Conselho Pré-sinodal, 25 especialistas, 55 auditores e auditoras, 6 delegados fraternos e 12 convidados especiais.

A seguir, a lista completa dos participantes do Sínodo:

A. LISTA DOS PADRES SINODAIS SEGUNDO O TÍTULO DE PARTICIPAÇÃO

I. PRESIDENTE

FRANCISCO, Sumo Pontífice

II. SECRETÁRIO-GENERAL

Cardeal Lorenzo BALDISSERI

III. PRESIDENTES DELEGADOS

Cardeal Baltazar Enrique PORRAS CARDOZO, Administrador Apostólico de Caracas, Arcebispo de Mérida (Venezuela)

Cardeal Pedro Ricardo BARRETO JIMENO, Arcebispo de Huancayo (Peru), Vice-Presidente da Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM)

Cardeal João BRAZ DE AVIZ, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica

IV. RELATOR GERAL

Cardeal Cláudio HUMMES, Arcebispo emérito de São Paulo (Brasil), Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Episcopal do Brasil e Presidente da Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM)

V. SECRETÁRIOS ESPECIAIS

Pe. Michael CZERNY, Subsecretario da Seção migrantes e refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral

Dom David MARTÍNEZ DE AGUIRRE GUINEA, Bispo titular de Izirzada, Vigário Apostólico de Puerto Maldonado (Peru)

VI. COMISSÃO DE INFORMAÇÃO

PRESIDENTE

Dr. Paolo RUFFINI, Prefeito do Dicastério para a Comunicação (Cidade do Vaticano)

SECRETÁRIO

Pe. Giacomo COSTA, SI, Diretor da Revista “Atualizações Sociais”, Presidente da “Fundação Cultural San Fedele”, Vice-presidente da “Fundação Carlo Maria Martini” (Itália)

MEMBROS DE DIREITO

Andrea TORNIELLI, Diretor Editorial do Dicastério para a Comunicação

Matteo BRUNI, Diretor da Sala de Imprensa de la Santa Sé

Mauricio LÓPEZ OROPEZA, Secretário Executivo da Rede Eclesial Pan-amazônica (Equador)

Irmã María Irene LOPEZ DOS SANTOS, religiosa da Congregação das Carmelitas Missionárias de Santa Teresinha do Menino Jesus, Assessora da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Episcopal do Brasil

VII. COMISSÃO DE CONTROVÉRSIAS

Presidente

Cardeal Giuseppe VERSALDI, Prefeito da Congregação para a Educação Católica (Cidade do Vaticano)

Membros

Dom Wellington Tadeu de QUEIROZ VIEIRA, Bispo de Cristalândia (Brasil)

Dom Jorge HERBAS BALDERRAMA, Bispo Prelado de Aiquile (Bolívia)

VIII. PRESIDÊNCIA DA REDE ECLESIAL PAN-AMAZÔNICA (REPAM)

Cardeal Cláudio HUMMES, Arcebispo emérito de São Paulo (Brasil), Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Episcopal do Brasil e Presidente da Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM)

Cardeal Pedro Ricardo BARRETO JIMENO, Arcebispo de Huancayo (Peru), Vice-Presidente da Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM)

Mauricio LÓPEZ OROPEZA, Secretário-Executivo da Rede Eclesial Pan-amazônica (Equador)

IX. DAS CIRCUNSCRIÇÕES ECLESIÁSTICAS DA REGIÃO PAN-AMAZÔNICA

ANTILHAS

1. Dom Gabriel MALZAIRE, Bispo de Roseau, Presidente da Conferência Episcopal

2. Dom Francis ALLEYNE, Bispo de Georgetown (República Cooperativa de Guiana)

3. Dom Karel Martinus CHOENNIE, Bispo de Paramaribo (Suriname)

4. Dom Emmanuel LAFONT, Bispo de Cayenne (Guiana Francesa)

BOLÍVIA

1. Dom Ricardo Ernesto CENTELLAS GUZMÁN, Bispo de Potosí, Presidente da Conferência Episcopal

2. Dom Oscar Omar APARICIO CÉSPEDES, Arcebispo de Cochabamba

3. Dom Waldo Rubén Barrionuevo Ramírez, Vigário Apostólico de Reyes, Bispo titular de Vulturara

4. Dom Eugenio Coter, Vigário Apostólico de Pando, Bispo titular de Tibiuca

5. Dom Stanis?aw DOWLASZEWICZ BILMAN, OFM Conv., Bispo titular de Tigimma, Auxiliar de Santa Cruz de la Sierra

6. Dom Julio María ELÍAS MONTOYA, Vigário Apostólico de El Beni, Bispo titular de Cuma

7. Dom Robert HERMAN FLOCK, Bispo de San Ignacio de Velasco

8. Dom Juan GÓMEZ, Bispo titular de Semta, Bispo Auxiliar de Cochabamba

9. Dom Sergio Alfredo GUALBERTI CALANDRINA, Arcebispo de Santa Cruz de la Sierra

10. Dom Jorge HERBAS BALDERRAMA, Bispo Prelado de Aiquile

11. Dom René LEIGUE CESARI, Bispo titular de Nepi, Bispo Auxiliar de Santa Cruz de la Sierra

12. Dom Juan VARGAS ARUQUIPA, Bispo de Coroico

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

As aberrações do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) da CNBB para o Sínodo da Amazônia.


O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) esteve reunido na última semana, em Luziânia (GO), para a sua XXIII Assembleia Geral (09-13 setembro). O centro desse encontro foi o Sínodo da Amazônia, e teve a presença do Erwin Kräutler, que é membro da REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica), organização que cuida da preparação e da realização do próprio Sínodo. Kräutler é um conhecido "apóstolo" da Teologia da Libertação, entusiasmado com a ideia da ordenação de mulheres [1]. Ele já foi presidente do CIMI.

Como resultado dessa Assembleia Geral, o CIMI publicou um documento que é, não só um panfleto de militância política, mas um amontoado de aberrações. De acusações infundadas contra o governo - e contra Bolsonaro -, defesa da Pacha Mama, ao apoio de sanções internacionais e até do boicote a produtos brasileiros. Logo abaixo, trechos dessa peça escabrosa, elaborada por um organismo vinculado à CNBB - Conferência dos Bispos e que é constantemente alvo de denúncias, sendo inclusive objeto de CPI [2]. Note que o documento não cita uma só vez Jesus Cristo e dá uma ideia muito clara de como o CIMI ajudou a preparar e como irá tratar a "questão indígena" no Sínodo da Amazônia: é pura militância política - comunista. Leia:

    "O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) realizou, de 09 a 13 de setembro de 2019, em Luziânia, Goiás, a sua XXIII Assembleia Geral, que teve como tema 'Em defesa da Constituição, contra o roubo e devastação dos territórios indígenas” e o lema “Alto lá! Esta terra tem dono!'. [...]

    "O Cimi avalia com IMENSA PREOCUPAÇÃO A REALIDADE BRASILEIRA e DENUNCIA que está em curso um processo de corrosão das políticas públicas, especialmente daquelas destinadas aos mais pobres e aos grupos populacionais historicamente massacrados e discriminados. O GOVERNO DE EXTREMA DIREITA, conduzido por JAIR BOLSONARO, associa-se às grandes corporações transnacionais do capital para organizar o desmantelamento da Constituição Federal de 1988 e a aniquilação de direitos conquistados por meio da luta, da mobilização e da articulação social". [...]

“A Conferência Episcopal Alemã está afrontando Roma”, diz sacerdote


O que é um Sínodo? No contexto eclesiástico é um órgão de consulta que ajuda os únicos legisladores na Igreja – o Papa e ou os bispos, sozinhos ou colegialmente – a emanarem leis para a Igreja universal ou particular.

Seu sentido etimológico vem do grego “caminhar juntos”. Essa é uma das instituições mais antigas da Igreja Católica, data aproximadamente do século IV. Na minha tese doutoral dedico um capítulo para falar sobre o Sínodo.

O Concílio Vaticano II não fala nada sobre o Sínodo diocesano, mas foi depois desse Concílio que foi instituído o Sínodo dos Bispos.

O Código de Direito Canônico legisla sobre o Sínodo e deixa claro seu caráter consultivo. É um órgão importante que auxilia os legisladores a ter um raio x das situações sobre as quais precisam legislar ou ao menos dar diretrizes.

Como tudo que envolve seres humanos, um Sínodo pode ser marcado por ambiguidades e tensões. O Sínodo de Pistóia, 1786, foi convocado para reformar a Igreja baseando-se no jansenismo. No final do Sínodo todos os participantes assinaram os decretos, o que era e é proibido até hoje, pois leigos, diáconos e padres não são legisladores na Igreja.

Um Sínodo não é um órgão democrático. Deixei claro isso na minha tese. Fui criticado pelo meu diretor, que embora tenha, junto com os outros membros da banca, me dado nota máxima. Assuntos da moral católica e definições Magisteriais não podem ser submetidos à consulta e muito menos ser votados.

A “caminhada sinodal” alemã poderá ser um evento que contrarie as normas sobre o Sínodo e coloque em discussão temas que não poderiam ser discutidos para gerar diretrizes contrárias ao Magistério universal. Qualquer Sínodo pode ser um risco se não for bem conduzido de acordo com sua origem, sua formalidade e sua finalidade.

Dessa forma, vê-se que a situação da Igreja na Alemanha é muito séria. A Conferência Episcopal já se manifestou dizendo que levará pra frente o “caminho sinodal” apesar do cardeal prefeito da Congregação para os Bispos, Ouellet, já ter dito, como pronunciamento oficial da Santa Sé, que esse encontro não é eclesiologicamente válido!

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Brasil terá primeira “catedral” indígena na Amazônia financiada pelo Vaticano

Primeira catedral Yanomami da história da Amazônia ficará no coração da maior reserva indígena do Brasil. Imagem: Creatos Arquitetura/Divulgação

"Até 2022 o Brasil terá uma “Catedral Indígena Yanomami” no coração da floresta amazônica. A confirmação oficial vem da Igreja Católica, que há poucos dias recebeu a aprovação do Papa Francisco para iniciar a construção, estimada inicialmente em R$ 800 mil. Metade deste valor já foi repassado pelo Vaticano para as autoridades católicas em terras brasileiras."

"Batizado de Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes, em razão da devoção dos índios a Nossa Senhora,  o templo religioso ficará no extremo noroeste do país, no território da maior terra indígena do Brasil – a Yanomami, com 9,6 milhões de hectares, homologada em 1992 pelo então presidente Fernando Collor de Mello –, aos pés do Pico da Neblina e a 13 horas distante de São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, que é a cidade mais próxima na região da tríplice fronteira Brasil-Colômbia-Venezuela."

Pedido ao papa

"Projeto da catedral Yanomami vai utilizar materiais abundantes na região e técnicas construtivas da tribo. Imagem: Creatos Arquitetura/Divulgação"
 
A ideia de ter uma “catedral” indígena partiu das próprias tribos da região de Maturacá em 2016, quando procuraram o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) no Brasil, o arcebispo italiano Dom Giovanni D’Aniello, e o bispo de São Gabriel da Cachoeira, Dom Edson Damian, manifestando interesse de mais de dois mil índios.

“Eles nos disseram que gostariam de ter uma igreja próxima, que identificasse a presença de Deus na comunidade”, relata o Padre Thiago Faccini, que é assessor do setor de espaço litúrgico na Comissão Episcopal Pastoral para Liturgia na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)."

"Com o sinal verde do papa, a CNBB repassou o desafio aos arquitetos Teresa Cristina Cavaco Gomes e Tobias Bonk Machado, da Creatos Arquitetura, escritório de Curitiba que é referência nacional em arquitetura religiosa e arte sacra.

“Desde o início nos preocupamos em desenvolver um projeto inculturado. Em nenhum momento se quer mudar a maneira como eles se relacionam, como enxergam o mundo e a si próprios. Será uma fusão da cultura deles com o cristianismo. Nunca haverá uma substituição, mas sim haverá o respeito entre as duas crenças. A arquitetura acompanhará isso. Será ao jeito deles, moldando-se à comunidade”, destaca Bonk, que mergulhou por alguns dias na cultura Yanomami e conversou com as principais lideranças indígenas para começar a pensar na catedral."

"“Procuramos um projeto que tivesse uma igreja com a cara da comunidade local, mas que também fosse sustentável e que não exigisse tanta manutenção”, explica Faccini. “Símbolos cristãos devem se harmonizar com o rosto da comunidade.  A caso de Nossa senhora de Guadalupe é o maior exemplo, em que a própria aparição respeitou o povo e sua história, com cores e significados indígenas.”

É essencial também que a obra seja totalmente participativa. “Haverá profissionais de fora na construção, sim, mas tudo que os índios puderem fazer, eles irão participar. Até as obras sacras serão produzidas por eles, com tramas artesanais e murais de sementes”, esmiúça o arquiteto.

Papa admite risco de cisão na Igreja Católica e lamenta críticas «elitistas»

 
O Papa Francisco admitiu hoje o risco de um “cisma” na Igreja Católica, lamentando o comportamento de algumas pessoas que “apunhalam pelas costas”.

“Sempre existe a opção cismática na Igreja, sempre, é uma das opções que o Senhor deixa à liberdade humana. Eu não tenho medo de cismas, rezo para que não existam, porque está em jogo a saúde espiritual de tantas pessoas. Que exista o diálogo, que exista a correção se houver algum erro, mas o caminho do cisma não é cristão”, disse aos jornalistas, no voo de regresso a Roma após a quarta viagem do pontificado a África, que se iniciou a 4 de setembro.

Francisco realçou que as críticas ao seu pontificado não se limitam a setores católicos norte-americanos, mas “existem um pouco por toda a parte, mesmo na Cúria” Romana.

“Fazer uma crítica sem querer ouvir a resposta e sem fazer o diálogo é não amar a Igreja, é seguir atrás de uma ideia fixa, mudar o Papa ou criar um cisma”, advertiu, falando em grupos que se separam do povo, “da fé do povo de Deus”.

Segundo o atual pontífice, um cisma “é sempre é uma separação elitista provocada por uma ideologia separada da doutrina”.

“Eles dizem: o Papa é comunista … Entram as ideologias na doutrina e quando a doutrina escorrega nas ideologias, ali há a possibilidade de um cisma. Há a ideologia da primazia de uma moral assética sobre a moral do povo de Deus”, observou.

Durante cerca de hora e meia de conversa, o Papa voltou às preocupações com o desflorestamento e a destruição da biodiversidade, apelando à proteção das florestas e dos oceanos, preocupação que já levou à proibição do plástico, no Vaticano.

“É preciso defender a ecologia, a biodiversidade, que é a nossa vida, defender o oxigênio, que é a nossa vida”, apelou.