O que é um Sínodo? No contexto eclesiástico é
um órgão de consulta que ajuda os únicos legisladores na Igreja – o Papa e ou
os bispos, sozinhos ou colegialmente – a emanarem leis para a Igreja universal
ou particular.
Seu sentido etimológico vem do grego “caminhar
juntos”. Essa é uma das instituições mais antigas da Igreja Católica, data
aproximadamente do século IV. Na minha tese doutoral dedico um capítulo para
falar sobre o Sínodo.
O Concílio Vaticano II não fala nada sobre o
Sínodo diocesano, mas foi depois desse Concílio que foi instituído o Sínodo dos
Bispos.
O Código de Direito Canônico legisla sobre o
Sínodo e deixa claro seu caráter consultivo. É um órgão importante que auxilia
os legisladores a ter um raio x das situações sobre as quais precisam legislar
ou ao menos dar diretrizes.
Como tudo que envolve seres humanos, um Sínodo
pode ser marcado por ambiguidades e tensões. O Sínodo de Pistóia, 1786, foi
convocado para reformar a Igreja baseando-se no jansenismo. No final do Sínodo
todos os participantes assinaram os decretos, o que era e é proibido até hoje,
pois leigos, diáconos e padres não são legisladores na Igreja.
Um Sínodo não é um órgão democrático. Deixei
claro isso na minha tese. Fui criticado pelo meu diretor, que embora tenha,
junto com os outros membros da banca, me dado nota máxima. Assuntos da moral
católica e definições Magisteriais não podem ser submetidos à consulta e muito
menos ser votados.
A “caminhada sinodal” alemã poderá ser um
evento que contrarie as normas sobre o Sínodo e coloque em discussão temas que
não poderiam ser discutidos para gerar diretrizes contrárias ao Magistério
universal. Qualquer Sínodo pode ser um risco se não for bem conduzido de acordo
com sua origem, sua formalidade e sua finalidade.
Dessa forma, vê-se que a situação da Igreja na
Alemanha é muito séria. A Conferência Episcopal já se manifestou dizendo que
levará pra frente o “caminho sinodal” apesar do cardeal prefeito da Congregação
para os Bispos, Ouellet, já ter dito, como pronunciamento oficial da Santa Sé,
que esse encontro não é eclesiologicamente válido!
Por que a situação é séria? Inicialmente por
dois motivos: o primeiro porque a Conferência Episcopal Alemã está afrontando
Roma – acho que não podemos ainda falarmos de cisma formal! O segundo porque,
como disse o próprio cardeal Ouellet, “as decisões desse encontro não apenas
afetam a região Alemã, mas também a Igreja inteira, e correm o risco de
fragmentar a já fraturada comunidade católica”. O cardeal Marx, presidente da
Conferência Alemã, não esconde que o resultado desse encontro chamado “caminho
sinodal” pode ser útil para a Igreja universal e para as outras Conferências
Episcopais.
O prelado alemão já está em Roma para se
encontrar com o Papa e com o cardeal Ouellet. É prudente esperar o resultado
desses encontros. Ainda não é hora de falar em cisma! Contudo, é hora de
rezarmos mais ainda pela unidade da Igreja.
Por outro lado, há vozes dissonantes no
episcopado alemão e concordantes com o Magistério Eclesial. Uma dessas vozes é
a do arcebispo de Colônia, cardeal Rainer Maria Woelki. O lúcido cardeal diz
que não “se pode inventar uma nova Igreja. Os bispos devem preservar a fé, pois
somos parte de uma grande tradição. Os bispos devem preservar a herança
recebida dos Apóstolos e levá-la para as próximas gerações. A Igreja nunca foi
renovada por ser inferior, mas superior do que a cultura ao seu redor”.
Padre Ricardo de Barros Marques
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Centro Dom Bosco
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