segunda-feira, 20 de abril de 2020

A corrupção da prudência


Um dos mais frequentes ardis do mau é apresentar-se a nós sob uma enganosa aparência de bondade. Desde a tentação original, quando a serpente seduziu a mulher com a promessa de serem “como deuses”, a humanidade frequentemente se vê surpreendida pela malignidade das suas “boas ações”.

Essa deturpação opera sempre do mesmo modo: pela degradação da linguagem. No exemplo bíblico, o engano diabólico operou-se através da utilização da mesma palavra usada por Deus, porém em seu sentido inferior, vulgar. Deus disse ao homem que se comesse do fruto da árvore do bem e do mal, “certamente morrerás”, e a serpente, abordando a mulher, lhe afirma “certamente não morrereis”.

Obviamente, a morte a que Deus se referiu era a verdadeira morte, o inferno, a separação definitiva de Deus. A serpente, no entanto, ao afirmar que Eva não morreria, se referia à morte física, a qual, diante da verdadeira morte, não passa de uma figura de linguagem. Ou seja, o que satanás fez? Usou a palavra morte de forma intencionalmente vulgar, inferior, retirando-lhe o sentido pleno, superior, elevado.

O mesmo acontece hoje com a palavra prudência. Prudência é uma das quatro virtudes cardeais, junto com a Temperança, a Justiça e a Fortaleza. A doutrina católica consagrou, desde os Pais da Igreja, sete virtudes: essas cardeais e as teologais (a Fé, a Esperança e o Amor).

Muito grosso modo, as virtudes cardeais são aquelas que são exigíveis de qualquer pessoa que queira se considerar civilizada, seja ela cristã ou não, diferentemente das virtudes teologais, que são exigíveis apenas dos cristãos. Não que seja possível algum cristão apresentar as virtudes teologais sem que apresente, anteriormente, as virtudes cardeais. Isso, de fato, não ocorre. Só a título de exemplo: é impossível ter as virtudes da fé, da esperança ou do amor sem ter fortaleza (coragem), pois o medo (a covardia) se opõe e anula todas elas.

A Prudência como virtude cardeal, ou seja, em seu sentido mais elevado, é o bom e velho bom senso, aquela dose de sabedoria necessária para viver sem sofrimentos desnecessários. Buscar a prudência como virtude a ser incorporada em nosso ser consiste, portanto, no esforço de desenvolver a nossa inteligência o máximo possível, cada um dentro das suas limitações. É o dever que todo ser humano têm de buscar a Verdade.

É, em certo sentido, o amar a Deus sobre todas as coisas, uma vez que entendemos que Ele é a Verdade. O que não significa, é claro, que pessoas com baixa escolaridade não serão boas cristãs, até porque, como explica C. S. Lewis, tornar-se cristão é, em si, um ato de educação. Ninguém é obrigado a ser intelectual, mas ninguém está autorizado a ter preguiça intelectual – vício em nada diferente de qualquer outro tipo de preguiça.

No entanto, não se trata de qualquer tipo de inteligência. A pista para o correto entendimento do que seja a Prudência está nas palavras do Cristo: “sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas”.

Deus não escolhe as palavras em vão, nem as usa de forma desatenta. Não é curioso que o modelo de prudência dado a nós por Nosso Senhor tenha sido justamente a serpente, o animal que, na narrativa do Gênesis, tentou a humanidade, levando-a ao pecado original? O que se diz sobre a serpente é que ela era “mais astuta que todos os animais selvagens que o Senhor Deus tinha feito”.

Isso é revelador. Primeiramente, indica o quê, exatamente, Cristo quis dizer ao nos dizer para sermos prudentes e qual o real significado dessa virtude cardeal: astúcia, sagacidade, agudeza de mente. O mero acúmulo de informações não pode dar isso – fato cotidianamente comprovado pelos nossos liberais. Isso também ajuda a ignorar as críticas de nossos opositores, de que para ser conservador é preciso ser um pacifista inofensivo. Serpentes não são animais pacíficos. 

Como psicóloga, alerto: números de depressão e suicídio podem explodir com quarentena



Os números de depressão e suicídio tendem a aumentar com o isolamento social e o pânico gerados pelas mídias em relação ao coronavírus. Como psicóloga, tenho esta preocupação, pois não podemos separar o ser humano da sua mente, já que são dimensões intimamente relacionadas e exigem cuidados na promoção do equilíbrio.

O ser humano é um ser social, relacional. Nascemos para interagir uns com os outros - amigos, familiares - e, como toda espécie, não nos sentimos bem "aprisionados" em nossas casas, especialmente quando isso acontece de forma abrupta, por causa de uma pandemia por exemplo.

Tal condição causa sim danos à nossa psiquê. Precisamos nesse momento repensar nossas medidas de proteção, a fim de aliviar dores emocionais de pessoa que já se encontram fragilizadas por outros motivos. Se nada for feito neste sentido poderemos estar diante de uma tragedia anunciada de ordem psicopatológica.

Precisamos em tempos de pandemia aprender a conviver com o coronavírus sem pânico. Sem radicalismo nas medidas de proteção, mas com muita educação, senso de responsabilidade e prevenção em todos os aspectos de higiene. Substituir medidas que soam autoritárias e focar na conscientização das pessoas me parece o melhor caminho.

Os governos precisam entender que apesar do coronavírus há outra "epidemia" silenciosa, a qual é entendida pela OMS como o "mal do século": a depressão. Além dessa, o suicídio também é outro grave problema diretamente associado ao contexto de vida da população. Achar que estes males não podem agravar terrivelmente em um cenário de desemprego, por exemplo, é ilusão.

Estima-se que atualmente 322 milhões de pessoas no mundo possuem depressão. No Brasil  os números são alarmantes. Dados da OMS mostram que taxas de suicídio foram 7% maiores no Brasil em 2016, último ano da pesquisa, do que em 2010. Para cada 100 mil habitantes o aumento foi de 7% no país, ao contrário do índice mundial, que caiu 9,8%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Embora os números mundiais estejam em queda, os índices ainda são alarmantes: cerca de 800 mil pessoas acabam com suas vidas todos os anos no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. Apesar disso, não vemos na TV reportagens que abordam constantemente essa dura realidade, não é mesmo? 

Brasileiros se manifestam contra tentativa de despenalização do aborto por parte do STF



O final de semana no Brasil foi marcado por inúmeras ações emergenciais e manifestações nas redes sociais a favor da vida, em vista à iminente possibilidade da aprovação do aborto no Brasil no caso de mulheres que foram contagiadas pelo Zika vírus. A medida seria implementada por via do Supremo Tribunal Federal, e não através de votação na câmara dos deputados.

Mesmo sendo a prática do aborto no Brasil ilegal, a mesma é despenalizada nos casos de gravidez decorrente de estupro, risco comprovado de vida para a mãe e mais recentemente, no caso de bebês diagnosticados com anencefalia. O pedido que será votado pela Corte Suprema do país, nesta sexta-feira, 24, caso seja aprovado, ocasionaria mais uma exceção no direito à vida, garantido pela Constituição Federal, estendendo a despenalização da prática anti-vida às mães infectadas pelo Zika vírus, sob o argumento de que a incidência do mesmo leva ao nascimento de crianças portadoras de microcefalia e outras graves deformidades.

Desde que o STF trouxe novamente a pauta da descriminalização do aborto para grávidas com zika vírus, bispos, padres, religiosos e leigos têm se manifestado contra a medida, considerada incoerente pelos manifestantes, dado que o país tem adotado medidas extraordinárias visando a preservação da vida diante da pandemia do coronavírus. O julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5581) está agendado para acontecer por meio de voto escrito, em Plenário Virtual.

O bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Antonio Augusto Dias Duarte, foi um dos que se manifestou contra esta eventual despenalização do aborto em um vídeo dirigido aos ministros do STF que já alcançou milhares de visualizações. Dom Antonio, que é médico, pediu que os ministros não levem adiante o julgamento que pode favorecer mais uma mortandade no Brasil.

Na ocasião, o bispo afirmou: “Eu apelo à consciência social dos ministros do STF, para os seus sentimentos filiais. Se suas mães fossem a favor do aborto talvez vocês não estivessem vestindo essas togas e se erigindo como verdadeiros juízes que selecionam quem merece ou não merece morrer”.

Por sua parte, o sacerdote católico Pe. Jorge Carrera, por meio de um áudio enviado a milhares de usuários de whatsapp também reforçou a importância de ações para proteção da vida e pediu a divulgação e assinatura da petição online contra a aprovação da ADI 5581.

“Como católicos, temos que nos comprometer com a vida. Incentivo e aconselho a assinarem essa petição. Vamos rezar por essa pandemia chamada aborto, que é uma maldição no Brasil e no mundo”, afirmou Pe. Carrera. 

Católicos promovem abaixo-assinado suplicando aos Bispos do Brasil que reabram as Igrejas


O Instituto Plinio Corrëa de Oliveira lançou, neste dia 19 de abril de 2020, festa litúrgica de Santo Expedido, o Santo “das causas justas e urgentes”, um abaixo-assinado dirigido aos Bispos do Brasil, para que abram as Igrejas e administrem os Sacramentos.

Angustiada súplica dos fiéis a seus Pastores

Até quando permaneceremos sem sacramentos e assistência espiritual?

Excelências Reverendíssimas,

É com os olhos fixos na Mater Dolorosa que lhes dirigimos filialmente esta súplica.

A situação pela qual passa o Brasil e boa parte do mundo, por ocasião da atual peste chinesa, o coronavírus, arrisca levar-nos a uma conjuntura que vai muito além do caos sanitário. Já estamos em parte diante, e se vislumbra um aumento, do caos social, do caos econômico, do caos institucional, mas, sobretudo, de uma grande orfandade espiritual.

Quando São Carlos Borromeu era Cardeal-Arcebispo de Milão, uma terrível epidemia grassou na região.

Que medidas ele tomou?

Fez um apelo à oração privada e pública; prestou assistência aos doentes; conduziu três procissões gerais “para apaziguar a ira de Deus” e pregou sobre como os pecados atraem o castigo divino.

Desta forma, essas pragas foram não apenas um castigo, mas também uma oportunidade de conversão.

O que presenciamos atualmente no Brasil é o oposto:- o fechamento das igrejas; a restrição à principal fonte da graça divina, que são os Sacramentos; a impossibilidade de receber a comunhão, o batismo, de celebrar o matrimônio; a diminuição drástica das visitas aos doentes, que se veem privados da absolvição sacramental e da extrema-unção; a quase total eliminação da assistência religiosa aos fiéis; a ausência de um chamado a atos penitenciais, à conversão, à mudança de vida.

Essa atitude, tomada por grande número de clérigos no Brasil, tem colocado em xeque:

A vida espiritual dos fiéis, já tão debilitada pela imoralidade agressiva, pelo laicismo cínico e pela impiedade imperante;

A credibilidade de quem deveria pastorear o rebanho, máxime em momentos difíceis.

Essa indigência religiosa se verifica no mesmo momento em que vemos, com edificação, médicos e profissionais da saúde que, em vez de pedirem o fechamento dos hospitais, atendem com abnegação os enfermos, mesmo com o risco de contágio, fiéis ao juramento feito em suas formaturas.

Porventura, o cuidado com o corpo é mais importante do que o cuidado com a alma?

Da mesma o forma, as farmácias e os hospitais permanecem abertos, mesmo em locais onde o comércio foi fechado.

Nesses locais, é permitida a entrada de clientes, desde que se tomem as medidas indicadas pelas autoridades. Por que tal procedimento não vale para as igrejas? Não é obrigação ainda maior a dos Pastores de cuidar da salvação eterna das almas?Até mesmo o governo federal, por meio de um decreto cuja eficácia foi confirmada pelo STF, reconheceu as atividades religiosas como essenciais ao País, não sendo lícito a nenhum estado ou município impedir a abertura das Igrejas e a administração dos sacramentos.

A medida de fechar igrejas e limitar o acesso aos sacramentos, de forma generalizada e por tempo indefinido, é sem precedente na História.

Ela nos privou do tríduo sacro da Semana Santa e da Páscoa. O 3º Mandamento da Igreja, que prescreve a comunhão pascal, não pôde ser cumprido por causa de um vírus. Abandonou-se o divino remédio, sob o pretexto de combater a doença! 

STF decidirá com repercussão geral sobre símbolos religiosos em prédios públicos


O plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) já registrou o número suficiente de cinco votos para que venha a ser julgado – com repercussão geral para todas as instâncias – recurso extraordinário no qual se discute se a fixação de símbolos religiosos como o crucifixo em repartições públicas viola ou não os princípios da laicidade do Estado, da liberdade de crença, da impessoalidade da Administração Pública e da imparcialidade do Poder Judiciário.

A questão foi suscitada pelo ministro Ricardo Lewandowski, relator de recurso com agravo interposto pelo Ministério Público contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), segundo o qual “a presença de símbolos religiosos em prédios públicos não colide com a laicidade do Estado brasileiro”, tratando-se de “reafirmação da liberdade religiosa e do respeito a aspectos culturais da sociedade brasileira”.

O ARE 1.249.095 foi autuado no STF em janeiro deste ano, e o relator propôs que fosse julgado como leading case nos seguintes termos:

– “Com efeito, a causa extrapola os interesses das partes envolvidas, haja vista que a questão central dos autos alcança todos os órgãos e entidades da Administração Pública da União, Estados e Municípios. Presente, ainda, a relevância da causa do ponto de vista jurídico, uma vez que seu deslinde permitirá definir a exata extensão dos dispositivos constitucionais tidos por violados. Do mesmo modo, há evidente repercussão geral do tema sob a ótica social, considerados os aspectos religiosos e socioculturais envoltos no debate. Isto posto, manifesto-me pela existência de repercussão geral”.

Já acompanharam a proposta do relator – sem ainda entrar no mérito da questão – os ministros Dias Toffoli, Marco Aurélio, Edson Fachin e Alexandre de Moraes. 

CNBB lança nota contra a ADI 5581, que pede descriminalização do aborto em crianças infectadas por Zika vírus


A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em sintonia com segmentos, instituições, homens e mulheres de boa vontade, convocou a todos, por meio de uma nota oficial, pelo empenho em defesa da vida, contra o aborto. A entidade se dirigiu, publicamente, como o faz em carta pessoal, aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para compartilhar e ponderar argumentações, e considerar, seriamente, pelo dom inviolável da vida.

Reiterando que a fé cristã compromete, de modo inarredável, na defesa da vida, em todas as suas etapas, desde a fecundação até seu fim natural, a nota salienta que este compromisso de fé é também um compromisso cidadão, em respeito à Carta Magna que rege o Estado e a Sociedade Brasileira, como no seu artigo quinto, quando reza sobre a inviolabilidade do direito à vida.

No texto, a presidência demonstra a preocupação e perplexidades, no grave momento de luta sanitária pela vida, neste tempo de pandemia, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de pautar para este dia 24 de abril, em sessão virtual, o tratamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 5581, ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos – ANADEP, que pede dentre outras questões relacionadas ao zika vírus, a descriminalização do aborto caso a gestante tenha sido infectada pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti.

Na oportunidade, a Conferência reiterou sua imutável e comprometida posição em defesa da vida humana com toda a sua integralidade, inviolabilidade e dignidade, desde a sua fecundação até a morte natural comprometida com a verdade moral intocável de que o direito à vida é incondicional, e disse que o mesmo deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana.

“Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto. São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto”, diz um trecho da nota.

A CNBB reafirma, ainda, fiel ao Evangelho de Jesus Cristo, o repúdio ao aborto e quaisquer iniciativas que atentam contra a vida, particularmente, as que se aproveitam das situações de fragilidade que atingem as famílias. “São atitudes que utilizam os mais vulneráveis para colocar em prática interesses de grupos que mostram desprezo pela integridade da vida humana. (S. João Paulo II, Carta Encíclica Evangelium Vitae, 58)”.

A entidade espera e conta que a Suprema Corte, pautada no respeito à inviolabilidade da vida, no horizonte da fidelidade moral e profissional jurídica, finalize esta inquietante pauta, fazendo valer a vida como dom e compromisso, na negação e criminalização do aborto, contribuindo ainda mais decisivamente nesta reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça, do respeito incondicional à dignidade humana e na reorganização da vivência na Casa Comum, segundos os princípios e parâmetros da solidariedade.

Confira a nota na íntegra:

JMJ e Encontro Mundial das Famílias são adiados devido à pandemia


Devido à atual situação de saúde e suas consequências na movimentação e agregação de jovens e famílias, o Santo Padre, juntamente com o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida decidiu adiar o próximo Encontro Mundial das Famílias e a próxima Jornada Mundial da Juventude por um ano. A notícia foi dada nesta segunda-feira, 20, pelo diretor da sala de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni

O Encontro Mundial das Famílias aconteceria em junho de 2021, em Roma, e foi adiado para julho de 2022. Já a Jornada Mundial da Juventude, que seria em Lisboa em agosto de 2022, acontecerá agora em agosto de 2023. 

Oportunismo eugenista


"Enquanto todo o país se concentra nos efeitos sanitários e econômicos da pandemia de coronavírus, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, resolveu tirar da gaveta a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.581, na qual a Associação Nacional dos Defensores Públicos pede, entre outras providências, a liberação do aborto no caso de mães que tenham sido contaminadas com o zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A ação tinha sido proposta em 2016, durante epidemia da doença – que, quando acomete gestantes, traz consigo o risco de que a criança tenha microcefalia –, mas foi retirada de pauta diversas vezes, diante da pressão de uma sociedade civil atenta a ameaças contra a vida humana indefesa e inocente. Agora, será julgada no dia 24 de abril.

Difícil enxergar na decisão de pautar este julgamento algo diferente de oportunismo da parte daqueles que, vendo a forma como o surto de Covid-19 monopoliza as atenções dos brasileiros, querem encontrar aí uma brecha para desferir seus ataques contra a vida humana. O Supremo, aliás, também deveria direcionar todos os seus esforços para as questões jurídicas envolvendo a pandemia; a corte já julgou a competência de estados e municípios para adotar determinadas medidas e a necessidade de aval de sindicatos para validar acordos de redução de salário e jornada de trabalho, mas ainda há uma série de situações que, havendo a devida provocação à suprema corte, deveriam tomar a dianteira nas preocupações dos ministros, como as restrições ao direito de ir e vir até mesmo dentro das cidades, o uso de dados da telefonia celular para identificar deslocamentos e aglomerações, ou a ameaça à liberdade religiosa oriunda daqueles que tentam derrubar o decreto presidencial que tratou as atividades religiosas como “serviço essencial”.