quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Bispo na Terra Santa fala sobre conflito no Oriente Médio

"O papel moderador dos cristãos pode ser de grande ajuda"

Quando se trata das atuais conversas de paz entre israelenses e palestinos, o bispo auxiliar de Jerusalém, Dom William Shomali, se sente dividido entre a esperança e o ceticismo. Falando à Associação Internacional Católica Ajuda à Igreja que Sofre, Dom Shomali, responsável pelas áreas palestinas do Patriarcado Latino de Jerusalém, afirmou que por um lado seu coração “cheio de esperança e fé” lhe diz que as negociações serão bem sucedidas. “Mas, minha mente cética, trazendo à memória o fracasso das últimas tentativas de negociação – Madri, Oslo, Camp David, River Plantation, Sharm El-Sheik, Amã e outras – me diz o oposto”, revela.

“No momento eu sinto a necessidade de não buscar atuar como um profeta, mas continuar rezando e convidando outros a fazerem o mesmo”. Se as negociações fracassarem, o bispo Shomali expressou seu desejo que não haja uma terceira intifada (uma revolta da parte dos palestinos contra a ocupação israelense). “A experiência das duas últimas foi arrasadora. A luta deveria seguir no nível político”. O prelado qualificou de moderador o papel dos cristãos de Israel e da Palestina no conflito. “Eles rezam e acreditam que a paz ainda é possível. Eles são atores moderados da situação em seus respectivos países. Alguns cristãos palestinos estão envolvidos nas negociações, seja de forma direta ou indireta. Seu papel moderador pode ser de grande ajuda”.


Respondendo à pergunta sobre a posição da Igreja a respeito do status que a parte oriental de Jerusalém deve adquirir após um acordo, Dom Shomali expressou: “Jerusalém deve ser uma cidade para dois povos e três religiões, que devem possuir iguais direitos e dignidade”. O bispo, de origem palestina, afirmou ainda que Jerusalém deveria permanecer uma cidade aberta, com um status particular e garantias internacionais. “Para implementar esta visão necessitamos de negociadores criativos, abertos a novas soluções com a finalidade de lidar com todos os obstáculos, tais como os assentamentos (territórios palestinos ocupados por Israel) e como manter Jerusalém e todos os seus lugares sagrados abertos”, declarou.

Em relação à posição do Primeiro-ministro Israelense, Benjamin Netanyahu, que recentemente afirmou que o conflito palestino-israelense não se trata fundamentalmente dos assentamentos Judaicos na Cisjordânia e sim sobre a recusa dos Palestinos em reconhecer Israel como um Estado Judeu, Dom Shomali afirmou: “Eu acredito que os Palestinos deveriam reconhecer Israel como um Estado, com todos os direitos e a segurança de suas fronteiras. Compete aos Israelenses, não aos Palestinos, decidir qual o caráter que este Estado deve ter; da mesma forma, compete aos Israelenses decidir quem é um “Judeu” ou não. De forma recíproca, será pedido a Israel que reconheça um país Árabe como tal, sem especificar se esta nação Árabe deverá ser secular ou islâmica.

Em conclusão, o bispo Shomali ressaltou que o conflito entre Israel e a Palestina já não era o único que ameaçava a estabilidade do Oriente Médio hoje. “Desde a primavera árabe existem novas realidades no campo de batalha. Porém, este conflito continua sendo um fator importante”.
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Fonte: AIS

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