“O Espírito Santo instituiu os Bispos para governar a Igreja de Deus”
(São Paulo, em Atos 20,28)
A respeito da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), têm surgido
ultimamente entre os católicos muitos questionamentos, alguns, justificados
pela retidão e merecedores de explicação, outros, agressivos, carentes de
espírito católico e respeito, que perdem assim toda a credibilidade. Reunida
recentemente em sua 56ª Assembleia Geral (56ª AG), a própria CNBB fez diversos
pronunciamentos, que cito entre aspas, procurando elucidar algumas dúvidas, às
quais acrescento algumas elucidações, dirigidas aos católicos de boa
vontade.
O QUE NÃO É A CNBB?
Uma Conferência Episcopal, como a CNBB, não faz
parte da hierarquia da Igreja como tal, que é formada pelo Papa e pelos Bispos
em comunhão com ele. A Conferência, instituição eclesiástica, não
existe para anular o poder dos Bispos, instituição divina. Não confundir
Conferência Episcopal com o Episcopado ou Colégio dos Bispos, sucessor do
Colégio Apostólico, de instituição divina.
A Conferência Episcopal não tem poder hierárquico sobre os Bispos. Quem tem
poder sobre eles é o Papa, que se comunica com eles através da Nunciatura
Apostólica.
O Papa emérito Bento XVI, quando Cardeal, falou sobre um dos “efeitos
paradoxais do pós-concílio”: “A decidida retomada (no Concílio) do papel do
Bispo, na realidade, enfraqueceu-se um pouco, ou corre até mesmo o risco de ser
sufocada pela inserção dos prelados em conferências episcopais sempre mais
organizadas, com estruturas burocráticas frequentemente pesadas. No entanto,
não devemos esquecer que as conferências episcopais... não fazem parte da
estrutura indispensável da Igreja, assim como querida por Cristo: têm somente
uma função prática, concreta”. É, aliás, continua, o que confirma o Direito
Canônico, que fixa os âmbitos de autoridade das Conferências, que “não podem
agir validamente em nome de todos os bispos, a menos que todos e cada um dos
bispos tenham dado o seu consentimento”, e quando não se trate de “matérias
sobre as quais haja disposto o direito universal ou o estabeleça um especial
mandato da Sé Apostólica”. E recorda o Código e o Concílio: “o Bispo é o
autêntico doutor e mestre da Fé para os fiéis confiados aos seus cuidados”.
“Nenhuma Conferência Episcopal tem, enquanto tal, uma missão de ensino: seus
documentos não têm valor específico, mas o valor do consenso que lhes é
atribuído pelos bispos individualmente”.
“O grupo dos bispos unidos nas Conferências depende, na prática, para as
decisões, de outros grupos, de comissões específicas, que elaboram roteiros
preparatórios. Acontece, além disso, que a busca de um ponto comum entre as
várias tendências e o esforço de mediação dão lugar, muitas vezes, a documentos
nivelados por baixo, em que as posições precisas são atenuadas”. E ele recorda
que, em seu país, existia uma Conferência Episcopal já nos anos 30: “Pois bem, os
textos realmente vigorosos contra o nazismo foram os que vieram individualmente
de prelados corajosos. Os da Conferência, no entanto, pareciam um tanto
abrandados, fracos demais com relação ao que a tragédia exigia”
(Ratzinger, A Fé em crise, IV).
Portanto, não se pode nem se deve atribuir à CNBB responsabilidade e poderes
que ela não tem.
ENTÃO, O QUE É A CNBB?
QUE IDEIA DEVEMOS
FAZER DELA?
“A Conferência dos Bispos, organismo permanente,
é a reunião dos Bispos de uma nação..., que exercem conjuntamente certas
funções pastorais em favor dos fiéis do seu território, a fim de promover o
maior bem que a Igreja proporciona aos homens, principalmente em formas e
modalidades de apostolado devidamente adaptadas às circunstâncias de tempo e
lugar, de acordo com o Direito” (C.D.C. cânon 447). Por isso, por
ser uma obra da Igreja, merece o nosso especial respeito e
consideração.
“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) é a instituição permanente que congrega os Bispos da Igreja Católica no
País...; nela, conjuntamente, eles exercem funções pastorais e dinamizam a
missão evangelizadora... Respeitadas a competência e responsabilidade de cada
membro, quanto à Igreja universal e à própria Igreja particular, cabe à CNBB,
como expressão peculiar do afeto colegial, fomentar a comunhão entre os
membros..., ajudar os Bispos no seu ministério para o benefício de todo o povo
de Deus, concretizar o afeto colegial e facilitar o relacionamento de seus
membros, sendo espaço de diálogo, ajuda fraterna e de encorajamento
recíproco...., estudar assuntos de interesse comum, promover a ação
evangelizadora, exercer o magistério doutrinal e a atividade legislativa,
segundo as normas do direito..., representar o Episcopado brasileiro junto a
outras instâncias, inclusive a civil” (Estatutos art. 1º e 2º).
A natureza das conferências episcopais foi exposta na Carta Apostólica Apostolos
suos, de S. João Paulo II, onde cita o decreto Christus Dominus do
Concílio Vaticano II, que considera “muito conveniente que, em todo o mundo, os
Bispos da mesma nação ou região se reúnam periodicamente em assembleia, para
que, da comunicação de pareceres e experiências, e da troca de opiniões,
resulte uma santa colaboração de esforços para bem comum das Igrejas”. Ensina
ele que “a união colegial do Episcopado manifesta a natureza da Igreja... Assim
como a Igreja é una e universal, assim também o Episcopado é uno e indiviso,
sendo tão extenso como a comunidade visível da Igreja e constituindo a
expressão da sua rica variedade. Princípio e fundamento visível dessa unidade é
o Romano Pontífice, cabeça do corpo episcopal”.
“Nós, Bispos da Igreja Católica, sucessores dos Apóstolos, estamos unidos entre
nós por uma fraternidade sacramental e em comunhão com o sucessor de Pedro;
isso nos constitui um colégio a serviço da Igreja (cf. Christus Dominus,
3). O nosso afeto colegial se concretiza também nas Conferências Episcopais,
expressão da catolicidade e unidade da Igreja. O Concílio Vaticano II, na Lumen
Gentium, 23, atribui o surgimento das Conferências à Divina Providência e,
no decreto Christus Dominus, 37, determina que sejam estabelecidas
em todos os países em que está presente a Igreja” (56ª AG - Mensagem ao Povo de
Deus).
O respeito devido aos Bispos, sucessores dos Apóstolos, se estende também, de
certa maneira, à Conferência dos Bispos.
No dia da ordenação dos Bispos, foi dirigida ao povo de Deus essa exortação:
“Deveis honrá-lo como ministro de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus...
Lembrai-vos das palavras de Cristo aos Apóstolos: “quem vos ouve, a mim ouve;
quem vos despreza, a mim despreza, e quem me despreza, despreza aquele que me
enviou”.
A CNBB É UM GRUPO IDEOLÓGICO, UMA ONG,
FAVORÁVEL A ALGUM PARTIDO POLÍTICO?
Não. “A CNBB não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político. As
ideologias levam a dois erros nocivos: por um lado, transformar o cristianismo
numa espécie de ONG, sem levar em conta a graça e a união interior com Cristo;
por outro, viver entregue ao intimismo, suspeitando do compromisso social dos
outros e considerando-o superficial e mundano (cf. Gaudete et Exsultate,
n. 100-101)”
“A Igreja fundada por Cristo é mistério de comunhão: “povo reunido na unidade
do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (São Cipriano). Como Cristo amou a
Igreja e se entregou por ela (cf. Ef 5,25), assim devemos amá-la e por ela nos
doar. Por isso, não é possível compreender a Igreja simplesmente a partir de
categorias sociológicas, políticas e ideológicas, pois ela é, na história, o
povo de Deus, o corpo de Cristo, e o templo do Espírito Santo” (56ª AG -
Mensagem ao Povo de Deus).
POR QUE A CNBB TEM MENSAGENS POLÍTICAS E
SOCIAIS?
“A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política...
não pode nem deve se colocar no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve
ficar à margem na luta pela justiça. Deve inserir-se nela pela via da
argumentação racional e deve despertar as forças espirituais, sem as quais a
justiça... não poderá firmar-se nem prosperar” (Papa Bento XVI,Deus caritas
est, n. 28).
“Em sua missão evangelizadora, a CNBB vem servindo à sociedade brasileira,
pautando sua atuação pelo Evangelho e pelo Magistério, particularmente
pela Doutrina Social da Igreja.
“A fé age pela caridade” (Gl 5,6); por isso, a Igreja, a partir de Jesus
Cristo, que revela o mistério do homem, promove o humanismo integral e
solidário em defesa da vida, desde
a concepção até o fim natural. Igualmente, a opção preferencial pelos
pobres é uma marca distintiva da história desta Conferência. O Papa Bento XVI
afirmou que “a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé
cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para enriquecer-nos com a
sua pobreza”. É a partir de Jesus Cristo que a Igreja se dedica aos pobres e
marginalizados, pois neles ela toca a própria carne sofredora de Cristo, como
exorta o Papa Francisco”.
“Ao assumir posicionamentos pastorais em questões sociais, econômicas e
políticas, a CNBB o faz por exigência do Evangelho. A Igreja reivindica sempre
a liberdade, a que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das
realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum
ou a salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76). Isso nos compromete
profeticamente. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos
desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada. Se, por este
motivo, formos perseguidos, nos configuraremos a Jesus Cristo, vivendo a
bem-aventurança da perseguição (Mt 5,11)” (56ª AG - Mensagem ao Povo de Deus).
MAS BISPOS DA CNBB TOMAM ÀS VEZES
POSIÇÕES E ATITUDES NÃO CONDIZENTES COM A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA!
“A Conferência Episcopal, como instituição colegiada, não pode ser
responsabilizada por palavras ou ações isoladas que não estejam em sintonia com
a fé da Igreja, sua liturgia e doutrina social, mesmo quando realizadas por
eclesiásticos” (56ª AG - Mensagem ao Povo de Deus).
O mesmo se diga dos organismos ou instituições não episcopais, vinculadas à
CNBB para lhe prestar colaboração específica: essas instituições “podem
pronunciar-se ou agir tão somente em nome próprio, não em nome da CNBB, sempre
em consonância com eventuais pronunciamentos da CNBB” (Estatutos art. 12 §2º).
E O QUE DIZ A CNBB SOBRE OS ABUSOS LITÚRGICOS
QUE ACONTECEM EM VÁRIAS IGREJAS DO BRASIL?
Dom Armando Bucciol, presidente da Comissão Episcopal Pastoral de Liturgia da
CNBB, falando em nome da Conferência, explicou: “Antes
de tudo, o que mais precisa a respeito da liturgia é entender seu sentido
teológico e espiritual para torna-la momento forte, marcante e transformador na
vida do cristão”, reforçando que quem viver a liturgia iluminado pela presença
e força do Espírito Santo não precisa procurar expressões do que ele chamou de
“criatividade selvagem”. “Ninguém é dono da liturgia, mas seu servidor”.
“Bastar viver com intensidade e autenticidade a nobre beleza do rito liturgia
latina que nós celebramos”.
No pronunciamento oficial da Comissão para a Liturgia - “Reflexões e
orientações sobre Liturgia e Evangelização, com o objetivo de tornar as nossas
celebrações litúrgicas ‘simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação
da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força’ (SC 10) e verdadeiros
momentos de evangelização e autênticas experiências de encontro com Jesus
Cristo” - declarou:
“A Evangelização consiste em propor caminhos para que as pessoas se encontrem
com Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e participem do evento da Páscoa do
Senhor. Ser Igreja e estar na Igreja é possível somente por ele e para ele... A
expressão consagrada na SC 9, ‘liturgia ápice e fonte da vida cristã’, não é
retórica nem modismo, mas afirmação basilar que não permite que a liturgia seja
instrumentalizada ou banalizada. Liturgia não é ‘mídia’, não está a serviço de
outra realidade que não seja o Mistério Pascal que fundamenta a nossa fé... A
sagrada liturgia não esgota toda a ação da Igreja, porque os homens, antes de
poderem participar na liturgia, precisam ouvir o apelo à fé e à conversão” (SC
9).
“Um dos sinais mais eloquentes da manifestação do sagrado serão as comunidades
reunidas em oração, para celebrar a Liturgia e para louvar e agradecer ao
Senhor. O Papa Bento XVI reconheceu que ‘a melhor catequese sobre a Eucaristia
é a própria Eucaristia bem celebrada. Por sua natureza, a liturgia possui uma
eficácia pedagógica própria para introduzir os fiéis no conhecimento do
mistério celebrado’ (Sacramentum Caritatis, 64)”.
“Nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, escreve-se
que vivemos envolvidos num ‘mundanismo sob vestes espirituais e pastorais’, com
‘celebrações litúrgicas que tentem mais à exaltação da subjetividade do que à
comunhão com o Mistério... Por isso, nós pastores... devemos
avaliar, com sabedoria e competência, e discernir se os ritos que se celebram
em nossas comunidades – e o modo como são celebrados – facilitam ou dificultam
a Evangelização... Não podemos supor que o povo seja ainda profundamente
cristão (se é que tenha sido no passado). Porém, recusamos acreditar que o
‘remédio’ consista em enfeitar – para não dizer mascarar - as
celebrações litúrgicas para torna-las mais charmosas e chamativas...”
“O caminho mais seguro é ... tornar as nossas celebrações dignas, bonitas,
coerentes e fiéis ao espírito da liturgia” (Comissão Episcopal Pastoral para a
Liturgia - pronunciamento na 56ª AG 2018).
E A ACUSAÇÃO DE QUE A CNBB
ESTARIA
FAVORECENDO O ABORTO?
A posição da CNBB quanto ao aborto é claríssima, a mesma do Magistério da
Igreja, já manifestada em diversas e numerosas ocasiões. Por exemplo:
NOTA DA CNBB PELA VIDA CONTRA O ABORTO –
“Não matarás, mediante o aborto, o fruto do seu seio” (Didaquê, século I).
“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através da sua
Presidência, reitera sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e
dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural. Condena,
assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no
Brasil”.
“O direito à vida é incondicional. Deve ser respeitado e defendido, em qualquer
etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. O direito à vida
permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase
terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e
também para aquela que ainda não nasceu....”
“A defesa incondicional da vida, fundamentada na razão e na natureza da pessoa
humana, encontra o seu sentido mais profundo e a sua comprovação à luz da
fé...”
“Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na
defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A
vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com
o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes
antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo
Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar”.
“O direito à vida é o mais fundamental dos direitos e, por isso, mais do que
qualquer outro, deve ser protegido. Ele é um direito intrínseco à condição
humana e não uma concessão do Estado. Os Poderes da República têm obrigação de
garanti-lo e defendê-lo. O Projeto de Lei 478/2007 – “Estatuto do Nascituro”,
em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção,
deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado. Não compete a
nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida,
assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e
excludente; ‘causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais
ver a luz, vítimas do aborto’. São imorais leis que imponham aos profissionais
da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou
indiretamente, na prática do aborto” (11 de abril de 2017).
Não cabe, pois, a menor dúvida sobre a posição doutrinária da CNBB com relação
ao aborto.
E A ACUSAÇÃO DE QUE, COM A CAMPANHA DA
FRATERNIDADE,
A CNBB TERIA AJUDADO UMA ONG ABORTISTA?
A Campanha da Fraternidade, que acontece na Quaresma, tem como finalidade unir
as exigências da conversão, da oração e da penitência com algum projeto social,
na intenção de renovar a vida da Igreja e ajudar a transformar a sociedade, a
partir de temas específicos, tratados
sob a visão cristã, convocando os cristãos a uma maior
participação nos sofrimentos de Cristo, vendo-o na pessoa do próximo,
especialmente dos mais necessitados da nossa ajuda.
Da coleta para a Campanha da Fraternidade, feita no Domingo de Ramos, 60% fica
nas Dioceses, para as suas próprias obras sociais (Fundo Diocesano de
Solidariedade).
40% desta coleta ajuda a formar o Fundo Nacional de Solidariedade, criado para
prestar um serviço à caridade, financiando projetos beneficentes, que lhe são
apresentados, com a recomendação de um Bispo, e examinados pelo Conselho
Gestor.
“O Fundo Nacional de Solidariedade é fruto da Campanha da Fraternidade,
iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que, desde 1964,
convida os católicos, no período quaresmal, a refletir e agir sobre a situação
dos mais pobres e vulneráveis, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da
Igreja... O gesto de colaborar com a Coleta no Domingo de Ramos foi uma
expressão de sua espiritualidade quaresmal. Assim, sua vivência dos valores do
Evangelho se materializou em recursos para o financiamento de projetos sociais
em nosso país. Queremos, pois, em nome de todos os que serão beneficiados por
essa coleta, expressar-lhes nossa gratidão, ao mesmo tempo em que nos dispomos
a lhes prestar alguns esclarecimentos” (Conselho Gestor do Fundo Nacional de
Solidariedade (FNS) Declaração feita na 56ª AG da CNBB).
“Anualmente, é publicado um edital, com as exigências que devem ser observadas
por aqueles que apresentam projetos. O edital dos anos anteriores está
disponível no site. (fns.cnbb.org.br). Os projetos para o FNS podem ser
apresentados por Regionais da CNBB, por Dioceses, Paróquias, Grupos
organizados, Associações, Pastorais, Entidades Sociais sem fins lucrativos etc”
(Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) Declaração feita na
56ª AG da CNBB).
Neste ano, por exemplo, a 56ª Assembleia Geral da CNBB aprovou a proposta de
destinar a Diocese de Roraima 40% dos recursos do FNS, para os trabalhos que
envolvem a acolhida dos refugiados venezuelanos.
Sobre o projeto aprovado para a ABONG: “Dentre os 237 projetos aprovados
com os recursos da Campanha da Fraternidade de 2017, um deles foi apresentado pela Associação Brasileira de
Organizações Não Governamentais – ABONG. Essa entidade reúne organizações da
Sociedade Civil, sem fins lucrativos, para o fortalecimento da base
associativa. Em nome de cerca de cem organizações – dentre as quais, várias
ligadas à Igreja -, a ABONG pediu recursos para a realização do V Encontro dessas entidades, em São
Paulo. Esse Encontro tinha como finalidade única e exclusiva discutir o
Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, que é uma agenda
política ampla, que tem o objetivo de aperfeiçoar o ambiente jurídico e
institucional relacionado às Organizações da Sociedade Civil e suas relações de
parceria com o Estado. Assim, a ajuda dada não
se destinou a apoiar projetos movidos por ideais divergentes dos valores da fé
cristã católica, como por exemplo o aborto. Temos no
arquivo do FNS a prestação de contas do evento em questão, bem como todas as
notas fiscais, fotografias e a lista de presença do evento” (Conselho Gestor do
Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) (Declaração feita na 56ª AG da CNBB).
Como qualquer um pode ser enganado ao dar esmolas, o FNS reconhece que
realmente pode não ter sido boa coisa ajudar essa associação, que congrega
entidades que, fora da nossa intenção, podem usar essa ajuda para coisas más,
como, no caso, o aborto. Mas a ajuda não foi dada para isso, mas apenas para o
Encontro que visou discutir a situação jurídica das entidades afiliadas. Por
isso o FNS declara: “Comprometemo-nos a analisar mais atentamente os projetos
que forem apresentados, bem como a prestar maior atenção aos objetivos das
entidades proponentes. O Regulamento do FNS está sendo revisto e aprimorado
para ser apresentado ao Conselho Permanente da CNBB. Reafirmamos nosso
compromisso com Jesus Cristo e sua Igreja. Daí nossa disposição de continuar trabalhando de acordo com a Moral
Católica e a Doutrina Social da Igreja, para que ‘todos os povos tenham vida’
(Jo 10,10). Renovamos nossos agradecimentos a todos os que colaboraram com a
CF-2018. Cresça, cada vez mais, nosso compromisso com os mais necessitados,
segundo o critério apontado por Jesus. A Virgem Maria, Mãe da Caridade, nos
ensine a seguir os passos de Jesus no serviço ao próximo” (Conselho Gestor do
Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) Declaração feita na 56ª AG da
CNBB).
E SOBRE A IDEOLOGIA DE GÊNERO?
A CNBB protesta sempre seguir a doutrina católica e o ensinamento pontifício a
esse respeito. Além dos dados da ciência e da lei natural, a doutrina
católica ensina sobre o nosso dever em relação à própria identidade sexual: “Deus criou o ser humano, homem e mulher, com igual dignidade pessoal e
inscreveu nele a vocação do amor e da comunhão. Cabe a cada um aceitar a própria identidade sexual,
reconhecendo sua importância para a pessoa toda, a especificidade e a complementaridade” (Compêndio do Catecismo da
Igreja Católica, 487). Com a ideologia de gênero, “deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: ‘Ele os
criou homem e mulher’ (Gn 1,
27)... O homem contesta a sua
própria natureza... E torna-se evidente que, onde Deus é negado, dissolve-se
também a dignidade do homem” (Bento XVI, discurso à Cúria Romana,
21/12/2012). O Papa Francisco tem falado da “beleza do matrimônio”,
com a “complementaridade homem-mulher, coroação da criação de Deus que é
desafiada pela ideologia do gênero” (Disc. aos Bispos porto-riquenhos,
8/6/2015).
Quaisquer expressões que possam soar ambíguas sobre esse ponto devem ser
interpretadas segundo a doutrina católica acima mencionada.
QUAL A MENSAGEM DA CNBB AOS FIÉIS LEIGOS,
SOBRE A ATITUDE QUE DEVEM TOMAR?
“Neste Ano Nacional do Laicato, conclamamos todos os fiéis a viverem a
integralidade da fé, na comunhão eclesial, construindo uma sociedade impregnada
dos valores do Reino de Deus. Para isso, a liberdade de expressão e o diálogo
responsável são indispensáveis. Devem, porém, ser pautados pela verdade,
fortaleza, prudência, reverência e amor “para com aqueles que, em razão do seu
cargo, representam a pessoa de Cristo (LG 37). Para discernir a verdade, é
preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que,
ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor” (Papa Francisco, Mensagem para o
52º dia Mundial das Comunicações de 2018)”
“Vivemos um tempo de politização e polarizações que geram polêmicas pelas redes
sociais e atingem a CNBB. Queremos promover o diálogo respeitoso, que estimule
e faça crescer a nossa comunhão na fé, pois, só permanecendo unidos em Cristo
podemos experimentar a alegria de ser discípulos missionários” (56ª AG -
Mensagem ao Povo de Deus).
CONCLUSÃO: “Enquanto Cristo ‘santo, inocente, imaculado’, não conheceu o
pecado, e veio expiar unicamente os pecados do povo, a Igreja, que reúne em seu
seio os pecadores, é ao mesmo tempo santa,
e sempre necessitada de purificação, sem descanso dedica-se à penitência e
à renovação. A Igreja continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo
e as consolações de Deus, anunciando a paixão e a morte do Senhor, até que ele
venha. No poder do Senhor ressuscitado encontra a força para vencer, na
paciência e na caridade, as próprias aflições e dificuldades, internas e
exteriores, e para revelar ao mundo, com fidelidade, embora entre sombras, o
mistério de Cristo, até que no fim dos tempos ele se manifeste na plenitude de
sua luz” (Lumen Gentium, 8).
Dom Fernando Rifan,
Bispo administrador
apostólico da
Administração Apostólica
Pessoal São João Maria Vianney
Nenhum comentário:
Postar um comentário