Os bispos dos Estados Unidos saudaram a decisão do presidente Joe Biden de interromper, em seu primeiro dia de mandato, algumas deportações e manter o programa DACA que favorece jovens imigrantes.
“Aplaudimos que o presidente Biden tenha restabelecido o programa DACA e o encorajamos fortemente a que ele e o Congresso gerem uma legislação que permita que os Dreamers tenham cidadania”.
Assim indicaram os bispos em um comunicado assinado pelo presidente do Episcopado e Arcebispo de Los Angeles, Dom José Gomez, e Dom Mario Dorsonville, Bispo Auxiliar de Washington e Chefe do Comitê de Migração.
O presidente Barack Obama criou em 2012 o Programa de Ação Diferida os Chegados na Infância (DACA), que favorece os dreamers, que chegaram ilegalmente ao país. Cerca de 800 mil pessoas foram beneficiadas com o mesmo.
A administração Trump tentou desde 2017 fechar o programa, ao não aceitar novos beneficiários, e deu ao Congresso seis meses para emitir uma lei, algo que não aconteceu. Depois disso, o governo procurou encerrar o programa, mas vários cortes o impediram.
Em junho de 2020, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o procedimento do governo para encerrar o programa era ilegal.
O Supremo Tribunal enviou o caso de volta ao governo, que anunciou que continuaria a não aceitar novos beneficiários enquanto o programa estava sendo revisado, e concedeu um ano de renovação aos beneficiários do mesmo.
A equipe de transição de Biden prometeu que enviará uma lei migratória ao Congresso para, entre outras coisas, oferecer um caminho para a cidadania para os dreamers e aqueles com Status de Proteção Temporária (TPS).
Dom Dorsonville também saudou outras decisões migratórias de Biden, incluindo a revogação de uma ordem executiva de Trump de 2017 que expandiu e intensificou a fiscalização da imigração e deportações de imigrantes indocumentados.
O diretor interino do Departamento de Segurança Interna declarou na quarta-feira uma suspensão de 100 dias nas deportações de alguns imigrantes indocumentados.
"As ações de quarta-feira por parte da nova administração são primeiros passos importantes para garantir que a aplicação da lei de imigração em nosso país seja equilibrada e humana", disse Dom Dorsonville.
“Muitas pessoas experimentaram uma aplicação dura da lei na fronteira entre Estados Unidos e México e dentro dos Estados Unidos, fazendo com que famílias fossem desnecessariamente separadas”, lamentou.
"Nossa fé católica reconhece o direito das nações de controlar suas fronteiras, mas ainda podemos defender o Estado de Direito sem negar refúgio aos vulneráveis, ao mesmo tempo que reconhecemos a importância e a necessidade da unidade familiar", disse.
Entre suas primeiras ações como presidente na quarta-feira, 21 de janeiro, Biden também tomou algumas medidas executivas para acabar com a proibição de viagens de alguns países africanos e de maioria muçulmana, assim como deter a construção do muro de fronteira entre os Estados Unidos e o México.
Catholic Relief Services (CRS), instituição de caridade da Igreja nos Estados Unidos que ajuda muitos imigrantes, elogiou o caminho proposto por Biden para a cidadania para os beneficiários do TPS, e indicou que esta política protege “as pessoas e famílias vulneráveis” de países como El Salvador, Honduras e Haiti.
“Com base em nossa presença na América Latina e nossos parceiros da Igreja na região, sabemos que esses países não estão preparados para reintegrar seus cidadãos e estão sobrecarregados pelas consequências de desastres naturais, insegurança e Covid-19”, disse o vice-presidente da missão de CRS Mobilização e promoção, Bill O'Keefe, à CNA, agência em inglês do grupo ACI.
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Publicado originalmente em CNA.
Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
ACI Digital
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