Às 18h30min, [do dia 12/12] com a presença dos frades capitulares e convidados na igreja de São Francisco de Assis, foi celebrada a Santa Missa votiva do Espírito Santo. No momento foi dado o acolhimento inicial ao IV Capítulo Ordinário Eletivo da Província Nossa Senhora do Carmo. Depois da acolhida e da liturgia da palavra, o presidente da celebração, frei José Rodrigues de Araújo manifestou grande alegria pela presença dos frades para mais um capítulo. A alegria se estendeu também com a saudação ao frei José Gislon, definidor para língua portuguesa e nomeado pelo Ministro Geral para presidir o Capítulo; ao frei Sérgio Pesenti, vigário provincial, representante da Província de São Carlos na Lombardia, frei Paolo Maria Braghini, Vice-Provincial do Amazonas e Roraima e Dom Frei Franco Cuter, bispo diocesano de Grajaú, que foram especialmente convidados para este momento.
Trechos do discurso:
Bem-vindos a todos!
Gostaria de iniciar minha reflexão recordando que o Capitulo Provincial deve ter duas dimensões fundamentais: O Capítulo é “tempo de Memória” e “tempo de Mística e Profecia”.
“Tempo de memória”. Teremos a oportunidade de uma avaliação de nossa caminhada a partir do relatório do Governo Provincial, em que nos ajudará a recolher a herança destes triênios que findamos e a descobrir as falhas que com certeza não faltaram. O nosso Capitulo tem como tema: “Capuchinhos, “Apóstolos do Maranhão”: Memória e presença há 400 anos”. Este momento deve ser aproveitado para uma avaliação de nossa presença nestas terras e do carisma franciscano-capuchinho depois de quatrocentos anos.
“Tempo de Mística e Profecia”. Somos convidados como discípulos e missionários de Jesus a exemplo de São Francisco e dos primeiros missionários que aqui chegaram trazendo o Evangelho a sermos portadores de uma palavra capaz de comunicar vida e a sermos portadores de vida para muitos. Mística e profecia fazem parte do código genético de nossa identidade eclesial e de nossa missão para o Reino de Deus. O verdadeiro profeta surge e é autêntico, através de uma experiência mística de Deus que o marca, envia, sustenta e consola nas crises. Uma mística autêntica, como encontra com o Deus vivo e amante da vida, só pode alimentar se - e exprimir-se – numa ação profética audaz e libertadora.
MEMÓRIA
Este ano a nossa Província completou doze anos de sua ereção canônica e aqui estamos para celebrarmos o nosso IV Capítulo Provincial. Estamos dando os primeiros passos, estamos a caminho, buscando as ferramentas apropriadas para abrirmos ao futuro, sabendo que o futuro nasce do máximo cuidado que teremos com o presente. Seja este Capítulo Provincial um momento de graça para avaliarmos nossa caminhada; seja um momento de confraternização e debates; seja uma ocasião propícia para reafirmar nossa condição de discípulos e missionários; seja, enfim, um tempo forte para buscarmos juntos, com criatividade e com visão de futuro, os meios oportunos para que nossa vida e missão sigam sendo significativas para todas as paróquias, fraternidades, cidades e estados em que atuamos.
Este IV Capítulo Provincial Ordinário Eletivo nos convoca a olhar para novos horizontes. Necessitamos nos abrir para novos tempos, conscientes de nossa identidade como frades capuchinhos, capazes de responder com criatividade e fidelidade aos novos desafios da vida religiosa e da missão ao celebramos os “Quatrocentos anos da presença do Evangelho no Maranhão” pelos capuchinhos franceses. Na ilustração da obra Histoire de la mission: Paris 1614, podemos observar o levantamento da cruz na colônia francesa e uma inscrição latina faz alusão à missão ("Ecce levabo ad gentes manum meam, et ad populos exaltabo signum meum"), ("Eis que levantarei a minha mão para as nações e arvorarei o meu estandarte para alertar os Povos"), Isaías 49,22. Algo que chama atenção é que a ilustração apresenta uma aliança entre índios e franceses como uma livre submissão da parte dos índios. São eles que, com a ajuda dos franceses, erigem a cruz, todos os outros índios e franceses rezam.
Este Capítulo nos desafia a sermos capuchinhos de olhos abertos e coração ardente, homens interiores, espiritualidade significativa, fraternidades proféticas. Necessitamos recuperar a centralidade do nosso carisma missionário a exemplo dos quatro irmãos da Província de Paris que aceitaram o desafio da missão para a “Nova França” e partiram de Paris no dia 28 de agosto de 1611 e no dia 19 de Março de 1612, dia de São José, depois de alguns meses de preparação partiram do porto de Cancale às seis da manhã e chegaram na ilha Grande do Maranhão no dia 8 de agosto e celebraram a Santa Missa pela primeira vez naquela ilha que seria conhecida como São Luís no dia 12 de agosto de 1612.
Coloquemos os homens e os fatos nos lugares que devem ocupar, portanto não podemos esquecer de prestar nossa homenagem e gratidão a Frei Ivo d`Evreux, Frei Arsênio de Paris, Frei Ambrósio de Amiens e Frei Claude d`Abbeville, pelo exemplo missionário que nos deixaram. Espero que esta data possa ser comemorada pela Província com festa, e uma Assembleia Provincial reflita sobre nosso papel depois de quatrocentos anos nestas terras com seus novos desafios. Momento de celebração e momento de renovação de nossas estruturas de animação missionaria, vida fraterna, espiritual, comunitária, social e pastoral.
Este Capítulo nos desafia a sermos capuchinhos de olhos abertos e coração ardente, homens interiores, espiritualidade significativa, fraternidades proféticas. Necessitamos recuperar a centralidade do nosso carisma missionário a exemplo dos quatro irmãos da Província de Paris que aceitaram o desafio da missão para a “Nova França” e partiram de Paris no dia 28 de agosto de 1611 e no dia 19 de Março de 1612, dia de São José, depois de alguns meses de preparação partiram do porto de Cancale às seis da manhã e chegaram na ilha Grande do Maranhão no dia 8 de agosto e celebraram a Santa Missa pela primeira vez naquela ilha que seria conhecida como São Luís no dia 12 de agosto de 1612.
Coloquemos os homens e os fatos nos lugares que devem ocupar, portanto não podemos esquecer de prestar nossa homenagem e gratidão a Frei Ivo d`Evreux, Frei Arsênio de Paris, Frei Ambrósio de Amiens e Frei Claude d`Abbeville, pelo exemplo missionário que nos deixaram. Espero que esta data possa ser comemorada pela Província com festa, e uma Assembleia Provincial reflita sobre nosso papel depois de quatrocentos anos nestas terras com seus novos desafios. Momento de celebração e momento de renovação de nossas estruturas de animação missionaria, vida fraterna, espiritual, comunitária, social e pastoral.
MISTÍCA E PROFECIA
Nossa presença no Maranhão há quatrocentos anos com os irmãos de Paris e a mais de cem com os da Lombardia, nasceram de uma intuição mística que nutriu e provocou uma resposta evangélica dentro da situação histórica e foram sempre conduzidas por uma paixão operativa para o verdadeiro bem dos homens e mulheres atribulados e humilhados. Esta intuição e esta paixão se alimentaram no diálogo, coração a coração com o Deus da vida e da esperança e na familiaridade com os seus contemporâneos.
Escreveram os padres Sinodais na conclusão da IX Assembleia dos Bispos dedicada à vida consagrada: “A vida consagrada foi no decorrer da história da Igreja uma presença viva da ação do Espírito, como espaço privilegiado de amor absoluto a Deus e ao próximo...” (Mensagem final, 27 outubro 1994).
Escreveram os padres Sinodais na conclusão da IX Assembleia dos Bispos dedicada à vida consagrada: “A vida consagrada foi no decorrer da história da Igreja uma presença viva da ação do Espírito, como espaço privilegiado de amor absoluto a Deus e ao próximo...” (Mensagem final, 27 outubro 1994).
Falamos de mística e de profecia não para ir além de nossos problemas reais ou para navegar no mundo virtual dos princípios essenciais e dos horizontes sem confins. Ao contrário, para encontrar nestas duas dinâmicas a justa hermenêutica que torne o carisma herdado um verdadeiro impulso trans-geracional. Essa será a premissa e a fonte de uma nova história a ser inventada e vivida.
Devemos abrir passagem para o futuro junto com esta humanidade: como uma vez se abria sulcos em meio às florestas, para fundar uma nova cidade. Há sementes de futuro que ainda podem germinar das nossas raízes tão antigas, há uma criatividade que nos pertence e está sendo encontrada e exercitada com nova arte carismática e profética.
Há urgência e oportunidades que nos interpelam e nos desafiam dentro da história atual e suas angústias. Há utopias e esperanças que devemos interceptar e evangelizar, graças à sabedoria orientadora e terapêutica do nosso carisma.
Fecundidade e criatividade não podem ser inventadas por um teorema sociológico ou por um descontentamento religioso: mas surgem dos altos planos dos projetos de Deus, que quer também redimir e fecundar esta nossa fase histórica, transformando-a. Deus trabalha nosso presente para conduzi-lo além de cada paralisia e cada fatalismo, para uma fraternidade universal. Somos chamados a ser intérpretes e servidores, plenos da utopia de Deus.
Diante de novos desafios precisamos saber ver os sinais, ouvir a voz de Deus em meio a várias situações em que nos deparamos todos os dias, para isto precisamos de um coração contrito, humilde e bondoso, como fora o do seráfico Pai São Francisco, pois como ele, somos nós que devemos responder os apelos de Deus e tomar firmes decisões sobre nossas vidas. “Volta para a tua terra, e te será dito o que haverás de fazer!” Como São Francisco, neste Capítulo, devemos ter coragem e coração aberto para perguntar: Senhor, que queres que eu faça?
Aqui estamos juntos como fraternidade provincial para iniciarmos esta bela experiência de vida fraterna, de unidade, comunhão e isto é motivo de grande alegria e contentamento. Que estes dias em que vamos permanecer juntos na celebração do Capítulo Provincial possamos contar com o auxilio de Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora de Nazaré e de tantos nomes, com a intercessão de São José e do seráfico Pai São Francisco, do olhar de Frei Daniel de Samarate, Frei João Pedro e Frei Alberto Beretta, seja verdadeiramente para todos os capitulares um momento de grande ardor e zelo pela nossa vida e missão. Desejo e espero então que estes dias sejam proveitosos para o enriquecimento de nosso espírito e para a retomada mais vigorosa do caminho rumo à santidade! Deus seja louvado!
Frei José Rodrigues de Araújo, OFM.Cap
Ministro Provincial
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