Quero expor toda minha tristeza e agonia que sinto
a cada dia, quando observo que os sacramentos de Jesus se perdem no coração dos
homens e da própria Igreja.
Vou dizer algumas coisas sérias e talvez
impactantes para alguns, mas estarei dizendo o que sinto e percebo com o
dia-dia dos nossos sacramentos. E tenho certeza que o que vejo não é
exclusividade dos meus olhos.
Durante todos esses anos de catequista, observo
cada dia mais a banalização descarada dos Sacramentos Cristãos. É um
absurdo a forma que as pessoas encaram os Sacramentos, sem nenhum respeito, sem
nenhum apreço, sem nenhuma sacralidade da qual deveria existir. E não é por
falta de conhecimento, porque muitos conhecem e entendem os Sacramentos, mas
mesmo assim o desrespeitam. Vamos pontuar cada um deles:
O Sacramento
do Batismo é tratado mais como uma superstição do que um sacramento. Eu já
ouvi dizer que “batizar é bom porque ajuda cair o umbigo da criança”. Sem
contar as famílias que sem nenhum conhecimento convida padrinhos que são de
outra religião para batizar seus filhos. É inadmissível coisas desse gênero,
devemos entender também que é culpa da própria Igreja, culpa do Povo de Deus,
de nós catequistas. O que nós estamos fazendo que não conseguimos explicar
verdadeiramente o valor de um sacramento essencial para vida cristã? Por
que os padres não tiram um pouquinho do tempo da homilia para expor essas
questões? Por que concordamos com coisas dessa natureza? Isso é algo que
devemos refletir e agir de forma firme.
O Sacramento
da Crisma é algo que durante muito tempo pareceu ser “facultativo”. Pois
assim me disseram logo depois que fiz a primeira comunhão: “Ah, você faz crisma
se quiser, se não quiser não precisa”. E nós sabemos que isso não é verdade.
Nós entendemos e sabemos da importância do sacramento do Espírito Santo. E mais
uma vez nos calamos, como se concordássemos com essa ideia. As pessoas só
procuram a Crisma quando se vêem às vésperas de seu casamento porque a Igreja
exigiu a crisma para casar. Aí é aquele corre-corre, aquele desespero para
fazer catequese, quanto tempo demora, não dá pra fazer mais rápido, e assim vai
se levando um sacramento de Deus “nas cochas”.
O Sacramento
da Penitência é outro paradigma que existe dentro da Sociedade.
Confessar-se é para beatas, pessoa normal não precisa confessar. Pra quê? Padre
come arroz e feijão como eu, não preciso contar meus pecados pra ele. E assim
se joga no lixo mais um presente que Deus nos deu. E digo mais, muita gente,
mas muita gente dentro da Igreja pensa do mesmo jeito. Não fala, mas pensa.
Ficamos com vergonha, não queremos nos expor, temos medo de que o padre conte
para alguém e por isso protelamos, esperamos mais um tempo e deixamos de lado,
enquanto isso nossa espiritualidade morre e o meu SER de catequistas, o meu SER
de cristã também. Eu pergunto para você meu irmão catequista, há quanto tempo
VOCÊ não se confessa?
O Sacramento
da Unção é o mais esquecido por todos. Se perguntarem para um grupo de
pessoas quais são os sete sacramentos, a maioria irá esquecer do sacramento da
unção. E por que se esquecerão desse sacramento? Porque ele é esquecido por nós
católicos. Porque muita gente entende e ensina que esse sacramento é só para a
hora da morte, por isso também é conhecido como “extrema unção”. E isso é um
erro grave porque o sacramento da Unção também é um sacramento de Cura, assim
como o da Penitência, nós devemos encara-lo como um remédio espiritual.
Man enquanto isso, nós vivemos doentes espiritualmente por aí e tentamos buscar
solução em tantos lugares e não percebemos que a nossa cura está tão clara e
viva neste sacramento.
O Sacramento
do Matrimônio para mim é o segundo da lista dos mais banalizados pelo
mundo. Se casa e se descasa numa facilidade e velocidade impressionante. Vemos
na televisão, nos jornais, nas revistas, artistas trocando de parceiros,
fazendo grandes celebrações de casamento, coisa linda, mas não há sacralidade
nenhuma nessas uniões. É somente um grande “evento social”. Isso faz com que
todos façam o mesmo e cada vez mais se casa nas Igrejas e cada vez mais se
descasa nos tribunais e por quê? Porque os casais de hoje em dia não entendem o
presente que Jesus nos dá por meio desse Sacramento. Não entendem a importância
que tem o sacramento da família. E que a família é base para todo ser humano. E
toda vez que se desfaz uma família é vitória do diabo que une todas as suas
forças para acabar com a Graça na vida do homem. E assim o ser humano sem referência
de família cresce perdido, sem referências e aí se torna alvo fácil para ser
vítima do inimigo que usa pessoas como estas para ser instrumento de desgraça
para si e para os outros, haja vista o que vimos esses dias no RJ. Isso é falta
de família!
O Sacramento
da Ordem é outro sacramento que sempre aparece na mídia ao mostrar casos de
Pedofilia e faz com que isso se torne um “prato cheio” para opinião pública -
ateia, anticatolicista, ceticista e secular – denegrir a imagem da Igreja
Católica. Devemos pontuar algumas coisas que são importante em relação a isso:
primeiro, em todas as atividades há bons profissionais e maus profissionais e o
erro e o pecado são inerente ao ser humano. Por isso, o erro de um
sacerdote não é o fim do mundo.
Segundo, a Igreja não obriga ninguém a ser padre.
Isso passa por um processo de Vocação, de escolha, de livre-arbítrio, é por
isso que um vocacionado ao sacerdócio passa em média 8 anos em um seminário
estudando, se conhecendo, conhecendo as pessoas, conhecendo o trabalho que ele
terá pela frente. O problema é que ainda assim, passam por esse processo
pessoas que depois sacerdotes cometem esses erros. Infelizmente é compreensivo
isso. Pense por exemplo em quantas pessoas você conhece que escolheram a
faculdade errado e que por algum motivo hoje é um profissional frustrado ou
abandonou a profissão e faz outra coisa. Isso também acontece com o sacerdócio,
o problema é que quando um médico erra ele fere a sua imagem e quando um padre
erra ele fere também a Imagem da Igreja.
Devemos nós leigos, cuidar mais dos nossos padres,
devemos nós também repudiar todo tipo de crítica ao sacerdote, principalmente
dos evangélicos, mas também devemos repudiar toda atitude errada dos
sacerdotes. Tenho certeza que você catequista conhece padres que deixaram o
sacerdócio, eu conheço vários. Cada vez mais rezo para que possamos ter
sacerdotes sempre mais santos para nos ajudar a nos levar ao céu.
E então vem o sacramento mais banalizado de todos,
segundo a minha opinião, o Sacramento da
Eucaristia. O mais banalizado em quantidade e em gravidade, por quê? Porque
os primeiros a banalizar a Eucaristia somos nós, católicos, leigos,
catequistas, que não nos damos conta da relevância espiritual que esse
sacramento tem para nossas vidas. Nós precisamos entender que banalizar este
sacramento é banalizar o próprio Cristo.
Quantas vezes você já comungou em pecado mortal?
Quantas vezes você comungou sem sentir preparado para isso? Quantos
catequizandos ao fim do ano você viu comungando, mas você sabia que eles não
estavam preparados para tal? Quantos padres cometem erros litúrgicos
gravíssimos banalizando a Eucaristia.
Por exemplo, eu já vi padre fazer a consagração do
pão e do vinho em uma celebração de casamento sem missa. Eu, quando acólito, já
estive ao lado de padre bêbado celebrando a eucaristia.
Mas é importante deixar claro para quem não sabe,
que ensina a Sagrada Teologia Cristã que os méritos do padre, ou seja,
independente se o padre pecou antes da celebração, se está bêbado ou não, etc.,
o efeito do sacramento continua o mesmo. Pois os efeitos de todos os
sacramentos valem a partir da ação celebrativa realizada na vida da pessoa que
recebe. E a única diferença que vai haver entre a Eucaristia da minha igreja e
da sua é a dedicação, o carinho e a sacralidade do padre em relação a
Eucaristia.
Mas deixemos o padre e pensemos em nós, pensemos na
nossa relação com os sacramentos. Como estamos vivendo os sacramentos? Consigo
enxergar Jesus neles, tenho usufruído com responsabilidade e amor os sete
grandes presentes que Jesus nos deu por meio da Sua Igreja?
Pense nisso!
Fernando Lopes
Arquidiocese de Cuiabá - MT
Coord.Pastoral da Catequese/Ministro Extraordinário da Palavra de Deus / Ministro Extraordinário da Comunhão Eucarística
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