sábado, 23 de maio de 2015

Católicos não católicos


Há dois níveis no exercício da religião no nosso tempo. Analiso aqui o comportamento dos ditos cristãos ou católicos "ecléticos". O primeiro nível se forma por aqueles que estudam, leem, compreendem a doutrina e a vivem abstraindo os gostos pessoais. Por isto, os que compõem o primeiro nível costumam falar de uma coisa incômoda chamada verdade, objetividade, pois, dela se convenceram através da simples demonstração racional, objetiva, das verdades da fé cristã. Estes aceitam ou rejeitam algo conforme esta verdade objetiva e racionalmente demonstrada e não simplesmente conforme o gosto pessoal subjetivo.

O segundo nível se forma por aqueles que compreendem a religião através de um viés personalista. Para este segundo nível a religião passou para o âmbito privado e se encontra no restrito mundo da decisão pessoal ou dos gostos pessoais legitimada por um subjetivismo escrachado desprovido de qualquer crítica racional: "eu acho que está certo e pronto... eu quero assim porque acho melhor... eu faço assim e o meu jeito está certo". Para o segundo grupo ou segundo nível, as pessoas do primeiro nível parecem ser intransigente. Os ditos cristãos do segundo grupo costumam lembrar-se de alguns trechos do evangelho que lhes são cômodos nas suas argumentações, como por exemplo o mandamento do amor ao próximo. Mas, parece que só conhecem esse trecho da Bíblia! Pela falta do argumento racional em geral apelam para a falácia do sentimentalismo o que - em se tratando de Brasil - geralmente funciona.

Coisas muito incômodas como fidelidade, conversão, mudança de vida, mandamentos, regras, normas, pecado acabam ficando para trás tendo sido suplantadas pela miscelânea religiosa composta pelo gosto pessoal do "cliente". Assim, nota-se uma grande discrepância entre o discurso oficial da Igreja Católica e a prática de muitos fiéis. Enquanto o sacerdote fala de verdades eternas, o fiel católico pensa na frivolidade de suas "fornicações religiosas" porquanto lhe apraz. A religião assim torna-se um verniz, um faz-de-conta, que não converte ninguém, não muda ninguém, mas, apenas vende sentimentalistmo e subjetivismo barato que faz chorar e arrepiar e nada mais. O espantoso é que há muitos sacerdotes, freis, freiras que alimentam este subjetivismo e personalismo religioso tendo eles mesmos esta mesma consciência relativista.

Assim, o sacerdote pode falar de adultério no matrimônio, mas, não pode falar de "fornicação" ou "adultério" religioso pois, vai contra a onda politicamente aceitável e correta do tempo. O sacerdote não pode falar da prostituição religiosa, fato que lhe impinge a pecha de fautor de palavras de baixo calão. Não se pode mais falar de pecado, de fidelidade religiosa, de mudança de vida, de deixar os ídolos falsos por causa de Deus porque fere a sensibilidade dos católicos-espíritas ou dos católicos-protestantes e perde-se fiéis.

Que as Igrejas fiquem vazias se esta for a qualidade de gente que frequenta nossas missas! Pois, a Verdade não está para a apreciação e aprovação pessoal de cada um (cf. Gn 2,15-17; Ap 3,15-16; Jo 6,66-70; Jo 14,6). A Verdade está para ser obedecida porque Ela é a "luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo" (cf. Jo 1,9), Ela é a verdadeira liberdade e a vida (cf. Gl 5,1; Jo 16,7-11). Muito embora eu mesmo saiba que sou uma voz que clama no deserto. Há muito pouca decisão pessoal em deixar a vida cômoda do pecado para a exigência da f'é católica. Sinto que em breve não haverá mais espaço para nós no mundo. Em breve.

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Autor e fonte: Pe. Luiz Fernando

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