Há dois níveis no
exercício da religião no nosso tempo. Analiso aqui o comportamento dos ditos
cristãos ou católicos "ecléticos". O primeiro nível se forma por
aqueles que estudam, leem, compreendem a doutrina e a vivem abstraindo os
gostos pessoais. Por isto, os que compõem o primeiro nível costumam falar de
uma coisa incômoda chamada verdade, objetividade, pois, dela se convenceram
através da simples demonstração racional, objetiva, das verdades da fé cristã.
Estes aceitam ou rejeitam algo conforme esta verdade objetiva e racionalmente
demonstrada e não simplesmente conforme o gosto pessoal subjetivo.
O segundo nível se
forma por aqueles que compreendem a religião através de um viés personalista.
Para este segundo nível a religião passou para o âmbito privado e se encontra
no restrito mundo da decisão pessoal ou dos gostos pessoais legitimada por um subjetivismo
escrachado desprovido de qualquer crítica racional: "eu acho que está
certo e pronto... eu quero assim porque acho melhor... eu faço assim e o meu
jeito está certo". Para o segundo grupo ou segundo nível, as pessoas do
primeiro nível parecem ser intransigente. Os ditos cristãos do segundo grupo
costumam lembrar-se de alguns trechos do evangelho que lhes são cômodos nas
suas argumentações, como por exemplo o mandamento do amor ao próximo. Mas,
parece que só conhecem esse trecho da Bíblia! Pela falta do argumento racional
em geral apelam para a falácia do sentimentalismo o que - em se tratando de
Brasil - geralmente funciona.
Coisas muito
incômodas como fidelidade, conversão, mudança de vida, mandamentos, regras,
normas, pecado acabam ficando para trás tendo sido suplantadas pela miscelânea
religiosa composta pelo gosto pessoal do "cliente". Assim, nota-se
uma grande discrepância entre o discurso oficial da Igreja Católica e a prática
de muitos fiéis. Enquanto o sacerdote fala de verdades eternas, o fiel católico
pensa na frivolidade de suas "fornicações religiosas" porquanto lhe
apraz. A religião assim torna-se um verniz, um faz-de-conta, que não converte
ninguém, não muda ninguém, mas, apenas vende sentimentalistmo e subjetivismo
barato que faz chorar e arrepiar e nada mais. O espantoso é que há muitos
sacerdotes, freis, freiras que alimentam este subjetivismo e personalismo
religioso tendo eles mesmos esta mesma consciência relativista.
Assim, o sacerdote
pode falar de adultério no matrimônio, mas, não pode falar de
"fornicação" ou "adultério" religioso pois, vai contra a
onda politicamente aceitável e correta do tempo. O sacerdote não pode falar da
prostituição religiosa, fato que lhe impinge a pecha de fautor de palavras de baixo
calão. Não se pode mais falar de pecado, de fidelidade religiosa, de mudança de
vida, de deixar os ídolos falsos por causa de Deus porque fere a sensibilidade
dos católicos-espíritas ou dos católicos-protestantes e perde-se fiéis.
Que as Igrejas fiquem
vazias se esta for a qualidade de gente que frequenta nossas missas! Pois, a
Verdade não está para a apreciação e aprovação pessoal de cada um (cf. Gn
2,15-17; Ap 3,15-16; Jo 6,66-70; Jo 14,6). A Verdade está para ser obedecida
porque Ela é a "luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este
mundo" (cf. Jo 1,9), Ela é a verdadeira liberdade e a vida (cf. Gl 5,1; Jo
16,7-11). Muito embora eu mesmo saiba que sou uma voz que clama no deserto. Há
muito pouca decisão pessoal em deixar a vida cômoda do pecado para a exigência
da f'é católica. Sinto que em breve não haverá mais espaço para nós no mundo.
Em breve.
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Autor e fonte: Pe.
Luiz Fernando
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