terça-feira, 2 de abril de 2013

Aos Sacerdotes!



"Antes de te formar no ventre eu te escolhi, antes de saíres do seio materno eu te consagrei e te nomeei profeta entre as nações" (Jr 1,5).

Devido ao momento atual de contradições sobre a vida da Igreja, tanto de uma alegria muito grande pelos passos dados, em especial pela escolha do Papa Francisco, como pelos eternos questionamentos da vida e dificuldades de muitos clérigos, celebrar o dia da instituição do sacerdócio é um momento de afirmações importantes para nossas vidas e para a vida da Igreja.

O mundo está correndo velozmente. A cada instante uma novidade é criada em algum lugar do planeta. Elas mudam a opinião das pessoas. Há novos desafios, problemas e tarefas na linha de frente para um padre. Como lidar com tudo isso? O que e a quem recorrer e em que trabalho? O que nunca vai esquecer? Aqui estão as perguntas que a Igreja dá e a resposta que guarda no depósito da fé e da moral, principalmente registrada nas Escrituras e explicada nos documentos da Igreja.


Cada um dos graus do sacramento da Ordem: diaconato, presbiterato e episcopado, traz as impressões distintas de um personagem sacramental e, portanto, de uma maneira especial um homem configurado com Cristo Sacerdote, Profeta e Rei. "Os padres, pela ordenação, são enviados para servir a Cristo Mestre, Sacerdote e Rei, comunhão no seu ministério, através do qual a Igreja aqui na terra está em constante crescimento como povo de Deus, o corpo de Cristo e do templo do Espírito Santo".

Cada ordenado deve levar todos à experiência da vida divina e isto lhe dá a graça necessária para cumprir diversas tarefas relacionadas ao ministério sacerdotal. Esta comunhão com Cristo lhes confere os dons de Profeta, Sacerdote e Pastor, atendendo a vontade de Deus e acolhendo os dons do Espírito Santo conferidos pelo sacramento da Ordem.

Como traduzir para o mundo, que tudo questiona e que prescinde da fé, o que é ser padre hoje? Como unir aquilo que é a certeza de sempre, com o chamado de Deus para o serviço do altar, com as necessidades de evangelização em uma sociedade que perdeu os valores e a visão cristã?

É chamado a ser de Deus e, como conseqüência, ser humano. Essa é a nossa base para viver o serviço ao povo de Deus. A oração liga o padre a Deus e ao povo, e leva o povo a ligar-se com Deus, Pai de todos. Tudo o que faz está intimamente relacionado com o seu ministério sacerdotal. É uma grande alegria se doar pelo Reino de Deus na comunicação do Evangelho. Com certeza é uma atividade cheia de responsabilidades, que ele faz bem e com firmeza institucional, mas sempre alimentado pela oração e com leveza espiritual. Está ciente de que ser padre é um aprendizado constante. Em cada graça o padre vê e participa da alegria e das dores do próximo.

A sua solidão será preenchida pela vida de oração e comunhão com Deus. E será necessária diante de tantas urgências de reuniões e encontros. Sabemos que não é fácil ser padre hoje. Mas o mistério que se dá no momento da ordenação vem para ajudar. Ser chamado por Deus para esta missão é assumir todas as dores, dificuldades e alegrias que o ministério traz. O homem vai aos poucos assumindo a sua vocação. Por isso a oração dos fiéis vem para ajudar a manter os sacerdotes para serem sempre bons padres.

Tem necessidade de constante atualização com cursos e encontros, além de um trabalho permanente na comunicação pessoal e homilética. Tem necessidade de encontro com seus irmãos de presbitério para partilhar sonhos e esperanças junto com o planejamento pastoral. A presença junto ao povo em suas necessidades faz parte de sua constante preocupação de pastor. É chamado a viver constantemente em conversão, procurando converter-se a cada dia. Ele é chamado a ter um coração indiviso e, por isso, o discernimento levou-o a ser escolhido - por ter vocação ao sacerdócio e o dom do celibato - para melhor servir ao povo de Deus. Mesmo com os questionamentos atuais, vemos que este sinal incomoda muito a atual mentalidade, a ponto de quererem culpá-la por número de vocações ou desvios de comportamento. Mas todos nós sabemos que não é esse o problema.

O trabalho com os pobres de todas as situações está na ordem do dia da missão sacerdotal. Faz parte de seu coração de pastor. Tanto nas preocupações sociais, que tantas dificuldades enfrentam hoje, como nas dependências químicas ou ainda no atendimento das pessoas para uma orientação espiritual com seus problemas que machucam a vida. Mas também o grande sacramento da Confissão: é uma grande alegria ver como a pessoa vai embora perdoada e reconciliada e em busca de viver uma nova vida! Jesus chama os homens para serem padres, para que eles sejam corajosos na proclamação da verdade, do amor e da misericórdia, fascinados por Deus e homens de santidade.

"Pois o zelo da tua casa me consome". Quantos sacerdotes deram a vida pelo povo de Deus! Foram fiéis até o fim e consumiram suas vidas pelo Evangelho! E ainda hoje agradeço a Deus por ver esse zelo presente em nosso clero. Vocação que transpareceu no desejo e que foi discernida como aptidão através dos dons de Deus em sua vida.

Volta-se a pergunta: O que é ser um padre hoje? O que Deus espera dele hoje? Aqui estão as perguntas que enfrentam todos os dias os que exercem o sacerdócio ordenado (vigário, padre, bispo) como um incentivo para trabalhar em si próprios, a fim de serem bons trabalhadores na vinha do Senhor.

Somos imbuídos a lembrar do Profeta Jeremias: "Eu te darei pastores segundo o meu coração" (Jr 3,15). Com estas palavras do profeta Jeremias, Deus promete a seu povo que não vai deixá-lo sempre sem pastores. "Porei sobre eles (e das minhas ovelhas) os pastores que não temerão, nem se espantarão, nem se perderão" (Jr 23,4).

A Igreja, como Povo de Deus, experimenta continuamente a realização deste anúncio profético e a alegria em agradecer a Deus por tudo isso. Ela sabe que Jesus Cristo é a vida, o cumprimento supremo e definitivo da promessa de Deus: "Eu sou o bom pastor" (Jo 10,11). Ele, o "Grande Pastor dos Inocentes" (Hb 13,20), confiou aos apóstolos e seus sucessores no ministério dos pastores o rebanho de Deus.

Pela instituição do sacerdócio, a ser relembrada nesta quinta-feira santa e pela Páscoa, quero cumprimentar todos os sacerdotes da arquidiocese. E peço aos fiéis que rezem sempre pelas vocações e pelo seu pároco, pelos sacerdotes de nossa Igreja!

Deus os abençoe, e tenham uma feliz Páscoa!


Dom Orani João Tempesta
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Fonte: Portal Eclesia.

Acreditar na Páscoa!



Estamos numa mudança de época. Vivemos muitas crises. A maior delas é a crise de fé. Acredita-se ainda? Acreditar em que e em quem? Há algo que ainda dá sentido à vida? Para onde caminha a humanidade? A plenitude deu definitivamente lugar ao niilismo?

Em resposta à crise de fé, os fiéis da Igreja Católica foram e são desafiados a viver um “Ano da Fé”, que iniciou em outubro do ano passado e termina em novembro deste ano. Foi proclamado, ainda, pelo Papa emérito, Bento XVI. Ele mesmo colocou uma finalidade contundente do “Ano da Fé”: “repensarmos e vivenciarmos a fé”. Em outras palavras, deseja o que o grande apóstolo das nações nos primórdios do cristianismo, o Paulo de Tarso, já propusera aos que tinham abraçado a fé em Jesus Cristo: “dar sempre razões à fé”. Também hoje, na mudança de época em que vivemos, é urgente a tarefa nossa de “darmos novas razões à fé”. Senão sucumbimos por falta de convicções; senão sucumbimos no vazio da existência sem perspectivas. Precisamos urgentemente recuperar a alegria de crer. Precisamos urgentemente testemunhas de uma fé viva e forte.


Qual é o cerne da fé cristã? É preciso acreditar em que e em quem mesmo? Pois, a resposta é esta: é preciso acreditar na PÁSCOA! Não existe ressurreição sem Páscoa! Não existe felicidade sem Páscoa! Não existe graça sem Páscoa! Não existe vida sem Páscoa! Não existe luz sem Páscoa! Hoje, na mudança de época em que vivemos, numa sociedade cada vez mais do “fácil-relativo-supérfluo-efêmero-transitório”, quer-se viver a ressurreição, a felicidade, a graça, a vida, a luz, mas sem uma Páscoa.

Páscoa é passagem. Passagem da cruz para a ressurreição, passagem da facilidade para a felicidade, passagem do pecado para a graça, passagem da morte para a vida, passagem das trevas para a luz. Nessa passagem é preciso abraçar a cruz. Procura-se sempre mais fugir da cruz. A fuga da cruz é uma ilusão e não nos leva à ressurreição, à felicidade, à graça e à vida.

Vamos acreditar na Páscoa: a humanidade depende desta fé. A humanidade precisa da Páscoa-passagem do sepulcro escuro do niilismo para a ressurreição luminosa da plenitude. Ainda é atualíssima a palavra do grande Agostinho de Hipona: “nosso coração anda inquieto enquanto não repousa no Absoluto-Deus”.


Dom Jacinto Bergmann,

Arcebispo de Pelotas

Oito anos sem João Paulo II



Em 2 de abril de oito anos atrás, chegou à Casa do Pai o Beato João Paulo II.

Foi Papa Wojtyla quem nomeou Bispo, em 1992, Jorge Mario Bergoglio e o criou Cardeal em 2001.

Quando foi beatificado, em primeiro de maio de 2011, o então Arcebispo de Buenos Aires celebrou a Santa Missa na Catedral da cidade para recordar João Paulo II e dele destacou a frase “não tenham medo”.

João Paulo II não teve medo, “porque viveu a sua vida ao Senhor Ressuscitado” – disse o Cardeal na ocasião. “A coragem, a firmeza que nos dá a Ressurreição de Cristo, a serenidade de sermos perdoados através da misericórdia remove em nós o medo.”


Seis anos antes, em 4 de abril de 2005, o Arcebispo de Buenos Aires celebrou uma missa em memória do Beato Wojtyla dois dias depois de sua morte. João Paulo II – disse naquela ocasião – foi uma testemunha coerente do Senhor, que estava em comunhão com seu povo “com a coerência de um homem de Deus”. Com a coerência de quem todas as manhãs “passava muitas horas em adoração” e por isso “se deixava plasmar pela força de Deus”.

Num período em que necessitamos mais de testemunhas do que de mestres, concluiu o Arcebispo de Buenos Aires, João Paulo II viveu até o fim sendo justamente “uma testemunha fiel”.
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Fonte: Rádio Vaticano.
Disponível em: CatólicaNet.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Deus o ressuscitou!




O livro dos “Atos dos Apóstolos”, escrito pelo evangelista Lucas para narrar a vida das primeiras comunidades cristãs após a morte, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo aos céus, tem seu ponto alto nos discursos de Pedro e de Paulo. Tais discursos, chamados “querigmáticos” (Aurélio: proclamação em alta voz, anúncio), apresentam o núcleo central e essencial da mensagem cristã. Num deles, que ocorreu na cidade de Cesareia da Palestina, o apóstolo Pedro foi particularmente ousado, ao afirmar: “Eles o mataram, pregando-o na cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia” (At 10,39-40). A preocupação principal de Pedro, de Paulo e dos demais apóstolos não era a de anunciar que Jesus Cristo havia morrido, mas que ressuscitara e, portanto, estava vivo! Eles estavam convictos de que essa era a verdade mais importante que tinham para transmitir ao mundo.

Há documentos históricos que comprovam a existência de Jesus de Nazaré na Palestina e sua crucifixão em Jerusalém. Mas em que nos baseamos para afirmar que ele ressuscitou dos mortos? Em dados científicos? Certamente, não! Por mais importante que seja a ciência, ela não serve para comprovações no campo da fé. A fé é um dom e um mistério: nós a recebemos por graça divina e a razão humana não é capaz de demonstrar ou explicar o conteúdo do que nós acreditamos.

Quando se trata da ressurreição de Cristo, valem para nós o testemunho e as afirmações dos apóstolos: eles viveram para proclamar que Jesus ressuscitou, e morreram para testemunhar essa verdade. Curioso, e ao mesmo tempo significativo, foi que eles não esperavam essa ressurreição. Quando, ao terceiro dia após a morte, naquele domingo que ficaria célebre e que daria sentido a todos os demais domingos da história, os apóstolos e as santas mulheres foram ao sepulcro, tinham como objetivo cuidar do corpo de uma pessoa que havia morrido. Se estivessem esperado encontrar-se com Jesus, não teriam levado perfumes para embalsamar seu corpo. Ao verem o sepulcro vazio, ficaram inicialmente chocados; ao ouvirem a mensagem que um jovem havia transmitido às mulheres – “Procurais Jesus, o nazareno, aquele que foi crucificado? Ele ressuscitou!” –, manifestaram surpresa. Surpresos ficaram nas diversas vezes em que Jesus lhes apareceu, quando lhes perguntou se tinham alguma coisa para comer e, particularmente, ao verem que ele próprio lhes havia preparado um peixe assado.

domingo, 31 de março de 2013

Mensagem de Páscoa do Papa Francisco.



Mensagem Pascal e Benção “Urbi et Orbi”
Balcão Central da Basílica Vaticana
Domingo, 31 de março de 2013


Amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, boa Páscoa! Boa Páscoa!

Que grande alegria é para mim poder dar-vos este anúncio: Cristo ressuscitou! Queria que chegasse a cada casa, a cada família e, especialmente onde há mais sofrimento, aos hospitais, às prisões…

Sobretudo queria que chegasse a todos os corações, porque é lá que Deus quer semear esta Boa Nova: Jesus ressuscitou, há uma esperança que despertou para ti, já não estás sob o domínio do pecado, do mal! Venceu o amor, venceu a misericórdia! A misericórdia sempre vence!

Também nós, como as mulheres discípulas de Jesus que foram ao sepulcro e o encontraram vazio, nos podemos interrogar que sentido tenha este acontecimento (cf. Lc 24, 4). Que significa o fato de Jesus ter ressuscitado? Significa que o amor de Deus é mais forte que o mal e a própria morte; significa que o amor de Deus pode transformar a nossa vida, fazer florir aquelas parcelas de deserto que ainda existem no nosso coração. E isto é algo que o amor de Deus pode fazer.

Este mesmo amor pelo qual o Filho de Deus Se fez homem e prosseguiu até ao extremo no caminho da humildade e do dom de Si mesmo, até a morada dos mortos, ao abismo da separação de Deus, este mesmo amor misericordioso inundou de luz o corpo morto de Jesus e transfigurou-o, o fez passar à vida eterna. Jesus não voltou à vida que tinha antes, à vida terrena, mas entrou na vida gloriosa de Deus e o fez com a nossa humanidade, abrindo-nos um futuro de esperança.

Eis o que é a Páscoa: é o êxodo, a passagem do homem da escravidão do pecado, do mal, à liberdade do amor, do bem. Porque Deus é vida, somente vida, e a sua glória somos nós: o homem vivo (cf. Ireneu, Adversus haereses, 4, 20, 5-7).




Amados irmãos e irmãs, Cristo morreu e ressuscitou de uma vez para sempre e para todos, mas a força da Ressurreição, esta passagem da escravidão do mal à liberdade do bem, deve realizar-se em todos os tempos, nos espaços concretos da nossa existência, na nossa vida de cada dia. Quantos desertos tem o ser humano de atravessar ainda hoje! Sobretudo o deserto que existe dentro dele, quando falta o amor de Deus e ao próximo, quando falta a consciência de ser guardião de tudo o que o Criador nos deu e continua a dar. Mas a misericórdia de Deus pode fazer florir mesmo a terra mais árida, pode devolver a vida aos ossos ressequidos (cf. Ez 37, 1-14).

Eis, portanto, o convite que dirijo a todos: acolhamos a graça da Ressurreição de Cristo! Deixemo-nos renovar pela misericórdia de Deus, deixemo-nos amar por Jesus, deixemos que a força do seu amor transforme também a nossa vida, tornando-nos instrumentos desta misericórdia, canais através dos quais Deus possa irrigar a terra, guardar a criação inteira e fazer florir a justiça e a paz.

E assim, a Jesus ressuscitado que transforma a morte em vida, peçamos para mudar o ódio em amor, a vingança em perdão, a guerra em paz. Sim, Cristo é a nossa paz e, por seu intermédio, imploramos a paz para o mundo inteiro.

Paz para o Oriente Médio, especialmente entre israelitas e palestinos, que sentem dificuldade em encontrar a estrada da concórdia, a fim de que retomem, com coragem e disponibilidade, as negociações para pôr termo a um conflito que já dura há demasiado tempo. Paz no Iraque, para que cesse definitivamente toda a violência, e sobretudo para a amada Síria, para a sua população vítima do conflito e para os numerosos refugiados, que esperam ajuda e conforto. Já foi derramado tanto sangue… Quantos sofrimentos deverão ainda atravessar antes de se conseguir encontrar uma solução política para a crise?

Paz para a África, cenário ainda de sangrentos conflitos: no Mali, para que reencontre unidade e estabilidade; e na Nigéria, onde infelizmente não cessam os atentados, que ameaçam gravemente a vida de tantos inocentes, e onde não poucas pessoas, incluindo crianças, são mantidas como reféns por grupos terroristas. Paz no leste da República Democrática do Congo e na República Centro-Africana, onde muitos se vêem forçados a deixar as suas casas e vivem ainda no medo.

Paz para a Ásia, sobretudo na península coreana, para que sejam superadas as divergências e amadureça um renovado espírito de reconciliação.

Paz para o mundo inteiro, ainda tão dividido pela ganância de quem procura lucros fáceis, ferido pelo egoísmo que ameaça a vida humana e a família – um egoísmo que faz continuar o tráfico de pessoas, a escravatura mais extensa neste século vinte e um. O tráfico de pessoas é realmente a escravatura mais extensa neste século vinte e um! Paz para todo o mundo dilacerado pela violência ligada ao narcotráfico e por uma iníqua exploração dos recursos naturais. Paz para esta nossa Terra! Jesus ressuscitado leve conforto a quem é vítima das calamidades naturais e nos torne guardiões responsáveis da criação.

Amados irmãos e irmãs, originários de Roma ou de qualquer parte do mundo, a todos vós que me ouvis, dirijo este convite do Salmo 117: «Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterno o seu amor. Diga a casa de Israel: É eterno o seu amor» (vv. 1-2).

Saudação

Queridos irmãos e irmãs, a vós aqui reunidos de todos os cantos do mundo nesta Praça, coração da cristandade, e a todos vós que estais conectados através dos meios de comunicação, renovo o meu voto: Feliz Páscoa!

Levai às vossas famílias e aos vossos Países a mensagem de alegria, de esperança e de paz, que a cada ano, neste dia, se renova com vigor.

O Senhor ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, seja o amparo para todos, especialmente para os mais frágeis e necessitados. Obrigado pela vossa presença e pelo testemunho da vossa fé. Uma lembrança e um agradecimento especial pelo dom das belíssimas flores, que provêm dos Países Baixos. A todos repito com afeto: Que Cristo ressuscitado guie a todos vós e à humanidade inteira pelos caminhos de justiça, de amor e de paz.
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Fonte: Boletim da Santa Sé.
Disponível em: Canção Nova.

Homilia do Papa Francisco na Celebração da Vigília Pascal



Santa Missa da Vigília Pascal
Páscoa do Senhor
Basílica de São Pedro, 30 de março de 2013


Amados irmãos e irmãs!

1. No Evangelho desta noite luminosa da Vigília Pascal, encontramos em primeiro lugar as mulheres que vão ao sepulcro de Jesus levando perfumes para ungir o corpo d’Ele (cf. Lc 24, 1-3). Vão cumprir um gesto de piedade, de afeto, de amor, um gesto tradicionalmente feito a um ente querido falecido, como fazemos nós também. Elas tinham seguido Jesus, ouviram-No, sentiram-se compreendidas na sua dignidade e acompanharam-No até ao fim no Calvário e ao momento da descida do seu corpo da cruz. Podemos imaginar os sentimentos delas enquanto caminham para o túmulo: tanta tristeza, tanta pena porque Jesus as deixara; morreu, a sua história terminou. Agora se tornava à vida que levavam antes. Contudo, nas mulheres, continuava o amor, e foi o amor por Jesus que as impelira a irem ao sepulcro. Mas, chegadas lá, verificam algo totalmente inesperado, algo de novo que lhes transtorna o coração e os seus programas e subverterá a sua vida: vêem a pedra removida do sepulcro, aproximam-se e não encontram o corpo do Senhor. O caso deixa-as perplexas, hesitantes, cheias de interrogações: «Que aconteceu?», «Que sentido tem tudo isto?» (cf. Lc 24, 4). Porventura não se dá o mesmo também conosco, quando acontece qualquer coisa de verdadeiramente novo na cadência diária das coisas? Paramos, não entendemos, não sabemos como enfrentá-la. Frequentemente mete-nos medo a novidade, incluindo a novidade que Deus nos traz, a novidade que Deus nos pede. Fazemos como os apóstolos, no Evangelho: muitas vezes preferimos manter as nossas seguranças, parar junto de um túmulo com o pensamento num defunto que, no fim de contas, vive só na memória da história, como as grandes figuras do passado. Tememos as surpresas de Deus; temos medo das surpresas de Deus! Ele não cessa de nos surpreender! 

Irmãos e irmãs, não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida! Muitas vezes sucede que nos sentimos cansados, desiludidos, tristes, sentimos o peso dos nossos pecados, pensamos que não conseguimos? Não nos fechemos em nós mesmos, não percamos a confiança, não nos demos jamais por vencidos: não há situações que Deus não possa mudar; não há pecado que não possa perdoar, se nos abrirmos a Ele.


2. Mas voltemos ao Evangelho, às mulheres, para vermos mais um ponto. Elas encontram o túmulo vazio, o corpo de Jesus não está lá… Algo de novo acontecera, mas ainda nada de claro resulta de tudo aquilo: levanta questões, deixa perplexos, sem oferecer uma resposta. E eis que aparecem dois homens em trajes resplandecentes, dizendo: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui; ressuscitou!» (Lc 24, 5-6). E aquilo que começara como um simples gesto, certamente cumprido por amor – ir ao sepulcro –, transforma-se em acontecimento, e num acontecimento tal que muda verdadeiramente a vida. Nada mais permanece como antes, e não só na vida daquelas mulheres mas também na nossa vida e na história da humanidade. Jesus não está morto, ressuscitou, é o Vivente! Não regressou simplesmente à vida, mas é a própria vida, porque é o Filho de Deus, que é o Vivente (cf. Nm 14, 21-28; Dt 5, 26, Js 3, 10). Jesus já não está no passado, mas vive no presente e lança-Se para o futuro: é o «hoje» eterno de Deus. Assim se apresenta a novidade de Deus diante dos olhos das mulheres, dos discípulos, de todos nós: a vitória sobre o pecado, sobre o mal, sobre a morte, sobre tudo o que oprime a vida e lhe dá um rosto menos humano. E isto é uma mensagem dirigida a mim, a ti, amada irmã e amado irmão. Quantas vezes precisamos que o Amor nos diga: Porque buscais o Vivente entre os mortos? Os problemas, as preocupações de todos os dias tendem a fechar-nos em nós mesmos, na tristeza, na amargura… e aí está a morte. Não procuremos aí o Vivente! Aceita então que Jesus Ressuscitado entre na tua vida, acolhe-O como amigo, com confiança: Ele é a vida! Se até agora estiveste longe d’Ele, basta que faças um pequeno passo e Ele te acolherá de braços abertos. Se és indiferente, aceita arriscar: não ficarás desiludido. Se te parece difícil segui-Lo, não tenhas medo, entrega-te a Ele, podes estar seguro de que Ele está perto de ti, está contigo e dar-te-á a paz que procuras e a força para viver como Ele quer.

3. Há ainda um último elemento, simples, que quero sublinhar no Evangelho desta luminosa Vigília Pascal. As mulheres se encontram com a novidade de Deus: Jesus ressuscitou, é o Vivente! Mas, à vista do túmulo vazio e dos dois homens em trajes resplandecentes, a primeira reação que têm é de medo: «amedrontadas – observa Lucas –, voltaram o rosto para o chão», não tinham a coragem sequer de olhar. Mas, quando ouvem o anúncio da Ressurreição, acolhem-no com fé. E os dois homens em trajes resplandecentes introduzem um verbo fundamental: «Lembrai-vos de como vos falou, quando ainda estava na Galiléia (...) Recordaram-se então das suas palavras» (Lc 24, 6.8). É o convite a fazer memória do encontro com Jesus, das suas palavras, dos seus gestos, da sua vida; e é precisamente este recordar amorosamente a experiência com o Mestre que faz as mulheres superarem todo o medo e levarem o anúncio da Ressurreição aos Apóstolos e a todos os restantes (cf. Lc 24, 9). Fazer memória daquilo que Deus fez e continua a fazer por mim, por nós, fazer memória do caminho percorrido; e isto abre de par em par o coração à esperança para o futuro. Aprendamos a fazer memória daquilo que Deus fez na nossa vida.

Nesta Noite de luz, invocando a intercessão da Virgem Maria, que guardava todos os acontecimentos no seu coração (cf. Lc 2, 19.51), peçamos ao Senhor que nos torne participantes da sua Ressurreição: que nos abra à sua novidade que transforma, às surpresas de Deus; que nos torne homens e mulheres capazes de fazer memória daquilo que Ele opera na nossa história pessoal e na do mundo; que nos torne capazes de O percebermos como o Vivente, vivo e operante no meio de nós; que nos ensine cada dia a não procurarmos entre os mortos Aquele que está vivo. Assim seja.

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Fonte: CNBB.

sábado, 30 de março de 2013

Não tenhamos medo das surpresas de Deus, pediu o Papa na Vigília Pascal

Com a Basílica de São Pedro lotada,
Papa Francisco celebra a Vigília Pascal no Vaticano

O Papa Francisco, presidiu neste Sábado Santo, 30, a celebração da Vigília Pascal, na Basílica de São Pedro, em Roma. Como prevê a liturgia, o Santo Padre iniciou a cerimônia com a Benção do Fogo Novo. Em seguida, adentrou à Basílica, em procissão, com o Círio Pascal, símbolo do Cristo Ressuscitado.

Após percorrer o corredor central, o Papa chegou ao presbitério e beijou o Altar. Ouviu-se então a proclamação da Páscoa e o canto do “Exultat”.

Um momento marcante na celebração foi a entoação do Hino do Glória – Gloria in excelsis deo – que quer dizer, “Glória a Deus nas alturas”. Nesta hora, se acenderam as luzes da Basílica e ressoaram os sinos no interior e fora do templo.

Após o anúncio e o canto do “Aleluia”, ouviu-se a proclamação do Evangelho. Em seguida, o Santo Padre proferiu breves palavras em sua homilia.



O Papa Francisco recordou a narração do texto de São Lucas, ouvido durante a celebração, e enfatizando a figura das mulheres que foram surpreendidas com a ausência do corpo de Jesus no túmulo (cf.Lc 24, 1-12).

Segundo o Papa, há uma dificuldade por parte do homem em lidar com as surpresas de Deus. No entanto, o convite do Pontífice foi que os católicos não temam as novidades do Senhor. “Temos medo das surpresas de Deus! Irmãos e irmãs, não nos fechemos às surpresas de Deus. Não nos fechemos em nós mesmos, não percamos a confiança”, convidou o Papa.

Mencionando as palavras do Anjo que apareceu às mulheres – “Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo?” – o Papa questionou: “Quantas vezes precisamos que o Amor nos diga: porque buscar os viventes no meio dos mortos”? Para o Pontífice, os problemas e as situações do dia a dia tendem a entristecer e tirar-nos a paz. Logo, afirmou o Papa, aí está a morte.

De acordo com o Santo Padre, quem acolhe Jesus Ressuscitado não fica desiludo ou entristecido. “Podes estar seguro porque Ele está perto de ti e lhe dará força para viver como Ele quer.”

Um último elemento destacado pelo Papa Francisco na homilia, foi o sentimento de medo que tomou as mulheres que visitavam o túmulo de Cristo. Segundo o Santo Padre, a novidade de Deus causou-lhes medo a princípio, mas quando ouviram o anúncio da Ressurreição, acolheram e confiaram.

A confiança, explicou o Papa, veio após o convite do anjo que lhes chamou a recordar as palavras de Jesus antes de morrer. “Fazer memória do acontecimento de Jesus, é isso que faz as mulheres anunciar a todos. Fazer memória daquilo que Deus fez, do caminho percorrido. Isso abre o coração para a espera, para o futuro”, disse o Papa.

Por fim, o Santo Padre pediu a Deus, por intercessão de Maria, que o coração dos fiéis estejam abertos para fazerem memória daquilo que Deus fez a eles; que os torne capazes de perceber Cristo como vivente e que os ensine a não procurar entre os mortos Aquele que está vivo.

A Vigília Pascal é a última celebração do Tríduo Pascal que prepara os católicos para a festa da Páscoa – Ressurreição de Jesus Cristo. Os símbolos do Fogo, da Luz, o canto do “Aleluia”, dentre outros momentos marcantes, dão acentuação especial a esta cerimônia tradicional da Igreja Católica.

A celebração da “Noite de todas as noites”, como é chamada pela Igreja, já era mencionada em livros do segundo século e também – conforme escritos de São Jerônimo – era celebrada pelos primeiros Apóstolos.


André Alves
Da redação
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Fonte: Canção Nova.

Sábado de Aleluia ou Sábado Santo?

Após a sua morte, Cristo "desceu à mansão dos mortos".


Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: "O meu Senhor está no meio de nós". E Cristo respondeu a Adão: "E com teu espírito". E tomando-o pela mão, disse: "Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará".

Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti por aqueles que nascerem de ti, agora digo, que com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: 'Saí!'; e aos que jaziam na trevas: 'Vinde para a luz!'; E aos entorpecidos: 'Levantai-vos!'

Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu Filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci a terra e foi até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixastes o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus, e num jardim crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza corrompida.

Vê minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar dos teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à arvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendes suas mãos para a árvore do paraíso.

Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.

Levante-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso, mas no trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constitui anjos que, como servos, te guardassem, ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.

Está preparado o trono dos querubins prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos, adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o Reino dos Céus preparado para ti desde toda a eternidade".


De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo (Retirado da Liturgia da Horas).
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Disponível em: Canção Nova.
Título Original: Sábado Santo.