sábado, 27 de julho de 2013

Via-sacra emociona artistas e peregrinos na praia de Copacabana

Crianças vestidas de anjo em uma das estações da Via-Sacra

Emoção, lágrimas e  contrição fizeram parte da noite desta sexta-feira, 26, durante a Via-sacra na praia de Copacabana. Na avenida Atlântica, palcos foram montados para encenação  das 14 estações da Via-sacra. As apresentações foram acompanhadas pelos participantes nos telões instalados na praia.

A pequena Vanessa Bárbara, de 10 anos, foi uma das bailarinas na segunda estação da Via-sacra. Ela afirmou que o momento foi inesquecível. “Vou dormir e ficar pensando que eu vi o Papa e que fiz parte do grupo que dançou nesta estação. É inesquecível”.

A peregrina Joana Ferreira, 25 anos, chorava muito ao ver a encenação de Nossa Senhora encontrando Jesus. “Jesus passou por muita dores, e pensar que foi por amor a mim, e a Virgem sempre ao lado dele, nesta noite criou uma devoção especial à Mãe do céu”.


Elba Ramalho

Essa participação na Via-sacra foi também um momento indescritível para a cantora Elba Ramalho. Ela fez uma leitura bíblica na sexta estação. “Estou emocionada, este evento aqui é uma benção para nossa cidade”

A cantora ainda deixou uma mensagem para quem acompanha o evento de casa. “Entregue-se, entregue-se a Deus, essa benção  estenderá para você que acompanha”.

A atriz Narjara Turetta, fez uma leitura durante a segunda estação. “Até agora estou com as pernas  tremendo, sempre faço as leituras da minha paróquia, mas aqui é muito mais emocionante, já fiz uma experiência com Deus em 1993 e mantenho uma vida de oração diária, mas neste momento se renova. Fora a emoção de ver o Papa de perto, parecia que estava vendo o próprio Cristo, esse momento é indescritível”, testemunhou.
 
Kassia Kiss

Também participando da encenação, esteve a atriz Kassia Kiss Magro, representando a Virgem Maria. “Fazer o papel de Maria é sentir, ter a emoção de Maria”, declarou.

Já o autor Bernardo Mendes fez o papel de Jesus Cristo e considerou o momento intenso. “Fiz a décima estação. Tudo era muito forte, a cena já diz por si só, dizia ao meu coração. Nasceu o desejo agora de fazer Jesus na via sacra inteira”.


Trabalhando na segurança de um dos palcos da Via-sacra, o evangélico Junior Alves disse que o evento traz uma sensação boa. “É muito forte ver milhares de católicos reunidos pela fé. Sem falar no Papa, quando ele passou eu chorei, ele é especial”.
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Fonte: Tamujunto
Matéria e Fotos: Elcka Torres 

Angelus do Papa Francisco na JMJ Rio2013


Viagem Apostólica ao Brasil 
Angelus 
Balcão Palácio Arquiepiscopal São Joaquim
Sexta-feira, 26 de julho de 2013

Caríssimos irmãos e amigos! Bom dia!

Dou graças à divina Providência por ter guiado meus passos até aqui, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Agradeço de coração sincero a Dom Orani e também a vocês pelo acolhimento caloroso, com que manifestam seu carinho pelo Sucessor de Pedro. Desejaria que a minha passagem por esta cidade do Rio renovasse em todos o amor a Cristo e à Igreja, a alegria de estar unidos a Ele e de pertencer a Igreja e o compromisso de viver e testemunhar a fé.

Uma belíssima expressão da fé do povo é a “Hora da Ave Maria”. É uma oração simples que se reza nos três momentos característicos da jornada que marcam o ritmo da nossa atividade cotidiana: de manhã, ao meio-dia e ao anoitecer. É, porém, uma oração importante; convido a todos a rezá-la com a Ave Maria. Lembra-nos de um acontecimento luminoso que transformou a história: a Encarnação, o Filho de Deus se fez homem em Jesus de Nazaré.

Hoje a Igreja celebra os pais da Virgem Maria, os avós de Jesus: São Joaquim e Sant’Ana. Na casa deles, veio ao mundo Maria, trazendo consigo aquele mistério extraordinário da Imaculada Conceição; na casa deles, cresceu, acompanhada pelo seu amor e pela sua fé; na casa deles, aprendeu a escutar o Senhor e seguir a sua vontade. São Joaquim e Sant’Ana fazem parte de uma longa corrente que transmitiu o amor a Deus, no calor da família, até Maria, que acolheu em seu seio o Filho de Deus e o ofereceu ao mundo, ofereceu-o a nós. Vemos aqui o valor precioso da família como lugar privilegiado para transmitir a fé! Olhando para o ambiente familiar, queria destacar uma coisa: hoje, na festa de São Joaquim e Sant’Ana, no Brasil como em outros países, se celebra a festa dos avós. Como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade! E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família.


O Documento de Aparecida nos recorda: “Crianças e anciãos constroem o futuro dos povos; as crianças porque levarão por adiante a história, os anciãos porque transmitem a experiência e a sabedoria de suas vidas” (DAp 447). Esta relação, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado! Nesta Jornada Mundial da Juventude, os jovens querem saudar os avós. Eles saúdam os seus avós com muito carinho (saudamos aos avós – aplausos) e lhes agradecem pelo testemunho de sabedoria que nos oferecem continuamente.


E agora, nesta praça, nas ruas adjacentes, nas casas que acompanham conosco este momento de oração, sintamo-nos como uma única grande família e nos dirijamos a Maria para que guarde as nossas famílias, faça delas lares de fé e de amor, onde se sinta a presença do seu Filho Jesus [reza do «Angelus»]

Palavras do Papa aos jovens argentinos.


Viagem Apostólica ao Brasil
Palavras do Papa Francisco aos jovens argentinos 
Catedral São Sebastião
Quinta-feira, 25 de julho de 2013

Obrigado, obrigado, por estar aqui hoje, por ter vindo. Obrigado a todos aqueles que estão dentro e muito obrigado para aqueles que estão fora dos 30.000 que me dizem que estão lá. Daqui os saúdo, estão na chuva.

Obrigado pelo gesto de ficarem perto; obrigado por terem vindo para a Jornada Mundial da Juventude. Sugeri a Dom Gasbarri, que organizou a viagem, se teri um lugarzinho para encontrar-me com vocês. E em meio dia já tinha arranjado tudo, então eu também quero agradecer publicamente também Dom Gasbarri, isto que possibilitou hoje.

Deixe-me dizer uma coisa. O que esperar como resultado da Jornada Mundial da Juventude? Espero confusão. Quem aqui no Rio de Janeiro vai ter confusão, vai ter, mas eu quero esta confusão nas diocese. Quero que se saia para fora. Quero que a Igreja vá para as ruas. Quero que nos defendamos do espírito mundano, do comodismo e da instalação, do clericalismo e de ficar fechados em nós mesmos. As paróquias, as escolas, as instituições são para sair, caso contrário se convertem em uma ONG e a Igreja não pode ser uma ONG!

Perdoem-me os bispos e padres, se depois isso provocar confusão, mas é um conselho. Obrigado pelo que você pode fazer.


Penso que neste momento a civilização mundial entrou em parafuso. Há uma “rosca”, porque é tal o culto que tem feito ao deus dinheiro, que estamos presenciando uma filosofia e uma práxis de exclusão de dois polos da vida que são as esperanças dos povos: idosos e jovens. Exclusão dos idosos, é claro, porque alguém poderia pensar que poderia haver algum tipo de eutanásia escondida. Não se cuida dos idosos, mas isso significa também uma eutanásia cultural.  Não os deixam falar e nem mesmo agir. Exclusão dos jovens! A porcentagem de jovens sem trabalho e sem emprego é muito alta; e é uma geração que não tem a experiência de dignidade conquistada pelo trabalho. Ou seja, esta civilização nos levou a excluir as duas pontas que são o nosso futuro.

Então os jovens têm que sair e lutar para serem valorizados e por seus valores; e os idosos têm que abrir a boca para ensinar, transmitir a sabedoria dos povos.

Dentre a população argentina eu peço de coração aos idosos, não vacilem em ser a reserva cultural do nosso povo que transmite a justiça, que transmite a história, que transmite os valores, que transmite a memória do povo. E vocês, jovens, não se coloquem contra os idosos; deixem que eles possam falar; escutem e procurem seguir seus conselhos. Mas saibam, saibam que neste momento vocês, jovens e idosos, estão condenados ao mesmo destino: a exclusão. Não se deixem excluir. Está claro? É por esta causa que penso que devem trabalhar.

E a fé em Jesus Cristo não é uma piada; é algo muito sério. É um escândalo que Deus tenha vindo se fazer um de nós, é um escândalo, e que ele morreu na cruz, é um escândalo, o escândalo da cruz. A cruz continua sendo um escândalo, mas é o único caminho seguro: o da cruz, o de Jesus, a encarnação de Jesus.

Por favor, não coloquem a fé em Jesus Cristo no liquidificador. Existe suco líquido de laranja, de maçã, de banana mas, por favor, não tomem uma fé líquida.

A fé deve ser íntegra; não se liquefaz; é a fé em Jesus. É a fé no Filho de Deus feito homem que me amou e morreu por mim.

As bem-aventuranças. O que temos de fazer, padre? Veja, ler as bem-aventuranças vai te fazer bem e se queres saber que coisas mais prática tens que fazer, lê Mateus 25, que é o protocolo pelo qual soeremos julgados. Com essas duas coisas temos o programa de ação: as bem-aventuranças e Mateus 25. Não precisa ler outra coisa. Leia isso, peço de coração.

Bem, obrigado por estarem próximos de mim. Lamento que estão enjaulados. Mas eu lhe digo uma coisa, eu às vezes sinto o quão feio é ser enjaulado, falo de coração.

Mas compreendo a situação. Gostaria de estar mais perto de vocês, mas entendo que por razão de ordem não se pode. Obrigado por vocês se aproximarem. Obrigado por rezarem por mim. Peço de coração. Preciso, necessito da oração de vocês, preciso muito. Obrigado por isso.

Eu vou dar a bênção e depois vamos abençoar a imagem da Virgem que vai percorrer toda república e da cruz de San Francisco que vai  missão.

Mas não se esqueçam: façam confusão, cuidem dos dois extremos da vida, as duas extremidades da história dos povos que são os idosos e os jovens, não dissolvam a fé.



Tradução: Pe. João Carlos Almeida, scj

quinta-feira, 25 de julho de 2013

“Bote fé, bote esperança, bote amor. Bote Cristo em sua vida”.


Viagem Apostólica ao Brasil 
Discurso do Papa Francisco
Festa da Acolhida – Rio de Janeiro
Quinta-feira, 25 de julho de 2013

Jovens amigos,

«É bom estarmos aqui!»: exclamou Pedro, depois de ter visto o Senhor Jesus transfigurado, revestido de glória. Queremos também nós repetir estas palavras? Penso que sim, porque para todos nós, hoje, é bom estar aqui juntos unidos em torno de Jesus! É Ele que nos acolhe e se faz presente em meio a nós, aqui no Rio. Mas, no Evangelho, escutamos também as palavras de Deus Pai: «Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-O!» (Lc 9, 35). Então, se por um lado é Jesus quem nos acolhe, por outro também nós devemos acolhê-lo, ficar à escuta da sua palavra, pois é justamente acolhendo a Jesus Cristo, Palavra encarnada, que o Espírito Santo nos transforma, ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para caminharmos com alegria (cf. Carta enc. Lumen fidei, 7).

Mas o que podemos fazer? “Bote fé”. A cruz da Jornada Mundial da Juventude peregrinou através do Brasil inteiro com este apelo. “Bote fé”: o que significa? Quando se prepara um bom prato e vê que falta o sal, você então “bota” o sal; falta o azeite, então “bota” o azeite… “Botar”, ou seja, colocar, derramar.

É assim também na nossa vida, queridos jovens: se queremos que ela tenha realmente sentido e plenitude, como vocês mesmos desejam e merecem, digo a cada um e a cada uma de vocês: “bote fé” e a vida terá um sabor novo, terá uma bússola que indica a direção; “bote esperança” e todos os seus dias serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; “bote amor” e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. “Bote fé”, “bote esperança”, “bote amor!


Mas quem pode nos dar tudo isso? No Evangelho, escutamos a resposta: Cristo. “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-O”! Jesus é Aquele que nos traz a Deus e que nos leva a Deus; com Ele toda a nossa vida se transforma, se renova e nós podemos olhar a realidade com novos olhos, «a partir da perspectiva de Jesus e com os seus olhos» (Carta enc. Lumen fidei, 18). Por isso, hoje, lhes digo com força: “Bote Cristo” na sua vida, e você encontrará um amigo em quem sempre confiar; “bote Cristo”, e você verá crescer as asas da esperança para percorrer com alegria o caminho do futuro; “bote Cristo” e a sua vida ficará cheia do seu amor, será uma vida fecunda.

 Hoje, queria que nos perguntássemos com sinceridade: em quem depositamos a nossa confiança? Em nós mesmos, nas coisas, ou em Jesus? Sentimo-nos tentados a colocar a nós mesmos no centro, a crer que somos somente nós que construímos a nossa vida, ou que ela se encha de felicidade com o possuir, com o dinheiro, com o poder. Mas não é assim! É verdade, o ter, o dinheiro, o poder podem gerar um momentode embriaguez, a ilusão de ser feliz, mas, no fim de contas, são eles que nos possuem e nos levam a querer ter sempre mais, a nunca estar saciados. “Bote Cristo” na sua vida, deposite n’Ele a sua confiança e você nunca se decepcionará! Vejam, queridos amigos, a fé realiza na nossa vida uma revolução que podíamos chamar copernicana, porque nos tira do centro e o restitui a Deus; a fé nos imerge no seu amor que nos dá segurança, força, esperança. Aparentemente não muda nada, mas, no mais íntimo de nós mesmos, tudo muda. No nosso coração, habita a paz, a mansidão, a ternura, a coragem, a serenidade e a alegria, que são os frutos do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22) e a nossa existência se transforma, o nosso modo de pensar e agir se renova, torna-se o modo de pensar e de agir de Jesus, de Deus. No Ano da Fé, esta Jornada Mundial da Juventude é justamente um dom que nos é oferecido para ficarmos ainda mais perto de Jesus, para ser seus discípulos e seus missionários, para deixar que Ele renove a nossa vida.

Querido jovem: “bote Cristo” na sua vida. Nestes dias, Ele lhe espera na Palavra; escute-O com atenção e o seu coração será inflamado pela sua presença; “Bote Cristo”: Ele lhe acolhe no Sacramento do perdão, para curar, com a sua misericórdia, as feridas do pecado. Não tenham medo de pedir perdão a Deus. Ele nunca se cansa de nos perdoar, como um pai que nos ama. Deus é pura misericórdia! “Bote Cristo: Ele lhe espera no encontro com a sua Carne na Eucaristia, Sacramento da sua presença, do seu sacrifício de amor, e na humanidade de tantos jovens que vão lhe enriquecer com a sua amizade, lhe encorajar com o seu testemunho de fé, lhe ensinar a linguagem da caridade, da bondade, do serviço. Você também, querido jovem, pode ser uma testemunha jubilosa do seu amor, uma testemunha corajosa do seu Evangelho para levar a este nosso mundo um pouco de luz.


“É bom estarmos aqui”, botando Cristo na nossa vida, botando a fé, a esperança, o amor que Ele nos dá. Queridos amigos, nesta celebração acolhemos a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Com Maria, queremos ser discípulos e missionários. Como Ela, queremos dizer «sim» a Deus. Peçamos ao seu coração de mãe que interceda por nós, para que os nossos corações estejam disponíveis para amar a Jesus e fazê-lo amar. Ele está esperando por nós e conta conosco! Amém.

Discurso do Papa durante a Festa de Acolhida na JMJ 2013


Viagem Apostólica ao Brasil 
Discurso do Papa Francisco
Festa da Acolhida – Rio de Janeiro
Quinta-feira, 25 de julho de 2013


Queridos jovens,
Boa tarde!

Vejo em vocês a beleza do rosto jovem de Cristo e meu coração se enche de alegria! Lembro-me da primeira Jornada Mundial da Juventude a nível internacional. Foi celebrada em 1987 na Argentina, na minha cidade de Buenos Aires. Guardo vivas na memória estas palavras do Bem-aventurado João Paulo II aos jovens: «Tenho muita esperança em vocês! Espero, sobretudo, que renovem a fidelidade de vocês a Jesus Cristo e à sua cruz redentora» (Discurso aos jovens (11 de abril de 1987): Insegnamenti, X/1 (1987), 1261).

Antes de continuar, queria lembrar o trágico acidente na Guiana francesa, no qual a jovem Sophie Morinière perdeu a vida, e que deixou outros jovens feridos. Convido-lhes a fazer um minuto de silêncio e dirigir ao Senhor a nossa oração por Sophie, pelos feridos e pelos familiares.

Este ano, a Jornada volta, pela segunda vez, à América Latina. E vocês, jovens, responderam numerosos ao convite do Papa Bento XVI, que lhes convocou para celebrá-la. Agradecemos-lhe de todo coração! O meu olhar se estende por esta grande multidão: vocês são muitíssimos! Vocês vêm de todos os continentes! Normalmente vocês estão distantes não somente do ponto de vista geográfico, mas também do ponto de vista existencial, cultural, social, humano. Mas hoje vocês estão aqui, ou melhor, hoje estamos aqui, juntos, unidos para partilhar a fé e a alegria do encontro com Cristo, de ser seus discípulos.


Nesta semana, o Rio se torna o centro da Igreja, o seu coração vivo e jovem, pois vocês responderam com generosidade e coragem ao convite que Jesus lhes fez de permanecerem com Ele, de serem seus amigos. O “trem” desta Jornada Mundial da Juventude, veio de longe e atravessou toda a Nação brasileira seguindo as etapas do projeto «Bote Fé». Hoje chegou ao Rio de Janeiro. Do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e abençoa.

Olhando para este mar, para a praia e todos vocês, me vem ao pensamento o momento em que Jesus chamou os primeiros discípulos a segui-lo nas margens do lago de Tiberíades. Hoje Jesus ainda pergunta: Você quer ser meu discípulo? Você quer ser meu amigo? Você quer ser testemunha do meu Evangelho? No coração do Ano da Fé, estas perguntas nos convidam a renovar o nosso compromisso de cristãos. Suas famílias e comunidades locais transmitiram a vocês o grande dom da fé; Cristo cresceu em vocês. Hoje, vim para lhes confirmar nesta fé, a fé no Cristo Vivo que mora dentro de vocês; mas vim também para ser confirmado pelo entusiasmo da fé de vocês! Saúdo a todos com muito carinho. A vocês, aqui congregados dos cinco Continentes e, por meio de vocês, a todos os jovens do mundo, particularmente aqueles que não puderam vir ao Rio de Janeiro, mas estão em ligação conosco através do rádio, televisão e internet, digo: Bem-vindos a esta grande festa da fé! Em várias partes do mundo, neste mesmo instante, muitos jovens estão reunidos para viver juntos este momento: sintamo-nos unidos uns com os outros, na alegria, na amizade, na fé. E tenham a certeza: o meu coração de Pastor abraça a todos com afeto universal. O Cristo Redentor, do alto da montanha do Corcovado, lhes acolhe na Cidade Maravilhosa.

Quero saudar o Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, estimado Cardeal Estanislau Ryłko, e todos aqueles que com ele trabalham. Agradeço a Dom Orani João Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, pela cordialidade com que me recebeu e pelo grande trabalho realizado para preparar esta Jornada Mundial da Juventude, junto com as diversas dioceses desse imenso Brasil. Agradeço a todas autoridades nacionais, estaduais e locais, além de outros envolvidos, para concretizar esse momento único de celebração da unidade, da fé e da fraternidade. Obrigado aos Irmãos no Episcopado, aos sacerdotes, seminaristas, pessoas consagradas e fieis que acompanham os jovens de diferentes partes do nosso planeta, na sua peregrinação rumo a Jesus. A todos e a cada um meu abraço afetuoso no Senhor.


Irmãos e amigos, bem-vindos à vigésima oitava Jornada Mundial da Juventude, nesta cidade maravilhosa do Rio de Janeiro!

Francisco é sucessor de São Pedro, não de Judas

Um "teólogo da corte" declarou nos últimos dias
que Francisco seria "o Papa da ruptura".
Nunca ele esteve tão enganado. 

Ao final de sua homilia na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, o Papa Francisco citou uma frase de Bento XVI. Não foi a primeira e nem será a última vez que um Pontífice fará referência a seus predecessores. Afinal, ao mesmo tempo em que é visível no Papa o poder de São Pedro, dado pelo próprio Cristo (cf. Mt 16, 19), deve ficar nítida também a dimensão do serviço. O Papa não é o autor da verdade, mas seu servidor fiel; é sucessor de São Pedro e, por isto, tem consciência do imenso número de homens que o antecederam, ajudando a conservar e zelar pelo patrimônio imemorial que é a nossa fé.

Os meios de comunicação foram tomados por um grande "entusiasmo" com a visita de Francisco. Não é para menos. Sua Santidade conquistou com muita facilidade o coração dos brasileiros, com seu sorriso e simpatia cativantes.

No entanto, o que se percebe, muitas vezes, nos comentários de jornalistas e analistas religiosos, é aquele entusiasmo enganoso, que vislumbra uma Igreja que ande de mãos dadas com o aborto, com o "casamento" homossexual, com a eutanásia e um monte de outros temas da agenda progressista.

Infelizmente, o cenário é também consequência da falta de compromisso de muitos de nossos supostos católicos. Certamente você já ouviu palavras do tipo: "Eu sou católico, mas...". Em seguida, prepare-se para ouvir qualquer tipo de barbaridade. É-se católico, ma non troppo. A pessoa se diz cristã e em comunhão com a Igreja, mas se recusa a aceitar sua doutrina moral, coloca em xeque os ensinamentos unânimes dos legítimos pastores em comunhão com o Papa, pisoteia o Catecismo e cai na ilusão de um catolicismo self-service – segundo este, seria possível escolher, na doutrina de Cristo, aquilo que lhe agrada e aquilo que lhe incomoda.

Em discurso aos jovens argentinos hoje, o Papa Francisco recordou que a fé "no se licua". O dicionário não ajuda a explicar metáforas, mas "licuar" significa bater no liquidificador, desintegrar algo que é sólido em líquido. É o que se faz quando se tenta transformar a fé em uma substância palatável ou meramente agradável aos ouvidos. Contra esta tentativa de se reduzir a verdadeira fé a uma fábula, o Papa Paulo VI dizia: "Não minimizar em nada a doutrina salutar de Cristo é forma de caridade eminente para com as almas". Aquilo que o Espírito Santo ditou para a Igreja há dois mil anos também vale para hoje, também se encaixa em nosso tempo! A verdade de Cristo não muda, permanece sempre una. E indivisível.

Não é a primeira vez que Francisco declara a importância de se conservar a integridade da fé da Igreja. Certa vez, durante um diálogo, transcrito e publicado antes de ser eleito Papa, Bergoglio foi taxativo:

"Para mim também a essência do que se conserva está no testemunho dos pais. Em nosso caso, o dos apóstolos. Nos séculos III e IV formularam-se teologicamente as verdades de fé reveladas e transmitidas, que são inegociáveis, a herança. (...) Certas coisas são opináveis, mas – repito – a herança não se negocia. O conteúdo de uma fé religiosa é passível de ser aprofundado pelo pensamento humano, mas, quando esse aprofundamento colide com a herança, é heresia".

Um "teólogo da corte" declarou nos últimos dias que este seria "o Papa da ruptura". Nunca ele esteve tão enganado. Francisco pode ter um estilo bem diferente e um comportamento bem peculiar, mas ao essencial – é ele mesmo quem o diz – não dá para renunciar. Afinal, Francisco é sucessor de São Pedro, e não de Judas.

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1.       Referência: FRANCISCO, Papa. Sobre o céu e a terra. 1. ed. São Paulo: Paralela, 2013.

Encontro do Papa com os jovens argentinos na Catedral de São Sebastião (em espanhol)


ENCUENTRO CON LOS JÓVENES ARGENTINOS 
EN LA CATEDRAL DE SAN SEBASTIÁN
PALABRAS DEL SANTO PADRE FRANCISCO
Jueves 25 de julio de 2013


Gracias.. Gracias.. por estar hoy aquí, por haber venido… Gracias a los que están adentro y muchas gracias a los que están afuera. A los 30 mil, que me dicen que hay afuera. Desde acá los saludo; están bajo la lluvia... Gracias por el gesto de acercarse... Gracias por haber venido a la Jornada de la Juventud. Yo le sugerí al doctor Gasbarri, que es el que maneja, el que organiza el viaje, si hubiera un lugarcito para encontrarme con ustedes, y en medio día tenía arreglado todo. Así que también le quiero agradecer públicamente al doctor Gasbarri esto que ha logrado hoy.

Quisiera decir una cosa: ¿qué es lo que espero como consecuencia de la Jornada de la Juventud? Espero lío. Que acá adentro va a haber lío, va a haber. Que acá en Río va a haber lío, va a haber. Pero quiero lío en las diócesis, quiero que se salga afuera… Quiero que la Iglesia salga a la calle, quiero que nos defendamos de todo lo que sea mundanidad, de lo que sea instalación, de lo que sea comodidad, de lo que sea clericalismo, de lo que sea estar encerrados en nosotros mismos.
 
Las parroquias, los colegios, las instituciones son para salir; si no salen se convierten en una ONG, y la Iglesia no puede ser una ONG. Que me perdonen los Obispos y los curas, si algunos después le arman lío a ustedes, pero.. Es el consejo. Y gracias por lo que puedan hacer.

Miren, yo pienso que, en este momento, esta civilización mundial se pasó de rosca, se pasó de rosca, porque es tal el culto que ha hecho al dios dinero, que estamos presenciando una filosofía y una praxis de exclusión de los dos polos de la vida que son las promesas de los pueblos. Exclusión de los ancianos, por supuesto, porque uno podría pensar que podría haber una especie de eutanasia escondida; es decir, no se cuida a los ancianos; pero también está la eutanasia cultural: no se les deja hablar, no se les deja actuar. Y exclusión de los jóvenes. El porcentaje que hay de jóvenes sin trabajo, sin empleo, es muy alto, y es una generación que no tiene la experiencia de la dignidad ganada por el trabajo. O sea, esta civilización nos ha llevado a excluir las dos puntas, que son el futuro nuestro. Entonces, los jóvenes: tienen que salir, tienen que hacerse valer; los jóvenes tienen que salir a luchar por los valores, a luchar por esos valores; y los viejos abran la boca, los ancianos abran la boca y enséñennos; transmítannos la sabiduría de los pueblos. En el pueblo argentino, yo se los pido de corazón a los ancianos: no claudiquen de ser la reserva cultural de nuestro pueblo que trasmite la justicia, que trasmite la historia, que trasmite los valores, que trasmite la memoria del pueblo. Y ustedes, por favor, no se metan contra los viejos; déjenlos hablar, escúchenlos, y lleven adelante. Pero sepan, sepan que, en este momento, ustedes, los jóvenes, y los ancianos, están condenados al mismo destino: exclusión; no se dejen excluir. ¿Está claro? Por eso, creo que tienen que trabajar. Y la fe en Jesucristo no es broma, es algo muy serio. Es un escándalo que Dios haya venido a hacerse uno de nosotros; es un escándalo, y que haya muerto en la Cruz, es un escándalo: El escándalo de la Cruz. La Cruz sigue siendo escándalo, pero es el único camino seguro: el de la Cruz, el de Jesús, la encarnación de Jesús. Por favor, no licuen la fe en Jesucristo. Hay licuado de naranja, hay licuado de manzana, hay licuado de banana, pero, por favor, no tomen licuado de fe. La fe es entera, no se licua. Es la fe en Jesús. Es la fe en el Hijo de Dios hecho hombre, que me amó y murió por mí. Entonces: Hagan lío; cuiden los extremos del pueblo, que son los ancianos y los jóvenes; no se dejen excluir, y que no excluyan a los ancianos. Segundo: no licuen la fe en Jesucristo. Las bienaventuranzas. ¿Qué tenemos que hacer, Padre? Mira, lee las bienaventuranzas que te van a venir bien. Y si querés saber qué cosa práctica tenés que hacer, lee Mateo 25, que es el protocolo con el cual nos van a juzgar. Con esas dos cosas tienen el programa de acción: Las bienaventuranzas y Mateo 25. No necesitan leer otra cosa. Se lo pido de corazón. Bueno, les agradezco ya esta cercanía. Me da pena que estén enjaulados. Pero, les digo una cosa: Yo, por momentos, siento: ¡Qué feo que es estar enjaulados! Se lo confieso de corazón… Pero, veremos… Los comprendo. Y me hubiera gustado estar más cerca de ustedes, pero comprendo que, por razón de orden, no se puede. Gracias por acercarse; gracias por rezar por mí; se lo pido de corazón, necesito, necesito de la oración de ustedes, necesito mucho. Gracias por eso… Y, bueno, les voy a dar la Bendición y después vamos a bendecir la imagen de la Virgen, que va a recorrer toda la República… y la cruz de San Francisco, que van a recorrer ‘misionariamente’. Pero no se olviden: Hagan lío; cuiden los dos extremos de la vida, los dos extremos de la historia de los pueblos, que son los ancianos y los jóvenes, y no licuen la fe.

Y ahora vamos a rezar, para bendecir la imagen de la Virgen y darles después la bendición a ustedes.

Nos ponemos de pie para la Bendición, pero, antes, quiero agradecer lo que dijo Mons. Arancedo, que de puro maleducado no se lo agradecí. Así que gracias por tus palabras.

Oración:

En el nombre del Padre, y del Hijo y del Espíritu Santo.
Dios te salve, María, llena eres de gracia….

Señor, Tú dejaste en medio de nosotros a tu Madre, para que nos acompañara. Que Ella nos cuide, nos proteja en nuestro camino, en nuestro corazón, en nuestra fe. Que Ella nos haga discípulos, como lo fue Ella, y misioneros, como también lo fue Ella. Que nos enseñe a salir a la calle, que nos enseñe a salir de nosotros mismos.

Bendecimos esta  imagen, Señor, que va a recorrer el País. Que Ella con su mansedumbre, con su paz, nos indique el camino.

Señor, Vos sos un escándalo, el escándalo de la Cruz. Una Cruz que es humildad, mansedumbre; una Cruz que nos habla de la cercanía de Dios.

Bendecimos también esta imagen de la Cruz, que recorrerá el país.
Muchas gracias y nos vemos en estos días.


Que Dios los bendiga y recen por mí. No se olviden.
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Fonte: Santa Sé

Os "sem religião" do Brasil ganham destaque em jornais da Europa.


Não é segredo para ninguém que o panorama religioso do Brasil tem mudado nas últimas décadas. Os principais aspectos de tal mudança são o declínio do catolicismo e o crescimento acentuado do número de evangélicos (em especial pentecostais). Os números de cada novo Censo apontam para isto.

No entanto, um grupo que têm aumentado a cada novo Censo e que nem sempre é percebido de forma muito clara é daqueles que se denominam "sem religião". Note que aqui não estamos nos referindo necessariamente a ateus ou agnósticos, mas àqueles que optaram por não estarem sob a tutela de determina instituição religiosa. De acordo com o Censo 2010, este número já alcança 8% da população brasileira. Entre 2000 e 2010 os sem religião tiveram um crescimento de 2,8 milhões de pessoas, totalizando atualmente mais de 15 milhões (destes "apenas" 615 mil se declaram ateus e 124 mil agnósticos).



No dia 23 de julho, três jornais europeus publicaram matéria sobre o perfil do grupo dos "sem religião" no Brasil. A matéria foi feita pela repórter Chantal Rayes, correspondente de São Paulo do jornal francês Libération. A matéria faz parte da cobertura européia da presença do papa Francisco no Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. Além do Liberátion, a matéria também foi reproduzida no Le Temps, da Suiça e Le Soir, da Bélgica.

Foram entrevistados  os professores Paul Freston (doutor em sociologia pela UNICAMP e professor da UFSCar) e Dario Paulo Barrera Rivera (Doutor em Ciências da Religião pela Univ. Metodista de São Paulo e professor da mesma Universidade). Freston declarou que os sem religião "são pessoas que mantêm a fé, ou pelo menos uma forma de espiritualidade, mas rejeitam rótulos religiosos. São a expressão de uma crise geral das instituições que não poupa as Igrejas". 

O professor Paulo Barrera destacou que o grupo dos sem religião não é meramente uma expressão das camadas mais ricas da sociedade, mas que se manifesta com intensidade nas regiões de periferia das grandes metrópoles, também entre pessoas com pouca escolaridade. Nestes espaços as igrejas pentecostais também aparecem com vigor. O professor destacou ainda que o fenômeno dos sem religião também está presente em outros países da América Latina, como Chile, Argentina e Uruguai.

O interesse de um jornal francês sobre o tema reflete um processo que é percebido com maior intensidade nos países europeus: a perca da centralidade das instituições religiosas na pós-modernidade. O livro da pesquisadora francesa Daniele Herviéu-Léger, O peregrino e o convertido (publicado no Brasil pela Paulinas) retrata esta questão e tornou-se referência para o estudo do tema.


Vale a pena lembrar que o professor Paulo Barrera, que foi entrevistado na matéria, coordena o Grupo de Pesquisas Religião e Periferia na América Latina (REPAL) que reúne pesquisadores de diferentes instituições que se debruçam sobre o estudos das formas de manifestação religiosa nas periferias das metrópoles latino-americanas. Marcos Nicolini, membro do grupo, está desenvolvendo pesquisa de doutorado sobre os sem religião, o que sem dúvida trará novos elementos para a discussão do tema. Em 2011, este blogueiro, que também é filiado ao REPAL, defendeu sua dissertação de mestrado sobre os pentecostais na periferia de São Paulo, tendo como estudo de caso o bairro de Perus.
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