sábado, 3 de agosto de 2013

Mensagem do Papa aos muçulmanos pelo fim do Ramadã


Mensagem do Papa Francisco aos muçulmanos pelo fim do Ramadã
Sexta-feira, 2 de agosto de 2013


Aos muçulmanos no mundo inteiro,

É para mim um grande prazer dirigir-lhes a minha saudação por ocasião da celebração do “Id al-Fitr”, que encerra o mês do Ramadã, dedicado principalmente ao jejum, à oração e à esmola.

Tornou-se tradição que, nesta ocasião, o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso vos mande uma mensagem com cumprimentos, acompanhada de um tema oferecido pela reflexão comum. Neste ano, primeiro do meu pontificado, decidi assinar eu mesmo esta tradicional mensagem e de enviá-la a vocês, queridos amigos, como expressão de estima e amizade por todos os muçulmanos, especialmente aqueles que são chefes religiosos.

Como todos sabem, quando os Cardeais me elegeram como Bispo de Roma e Pastor Universal da Igreja católica, escolhi o nome de “Francisco”, um santo muito famoso, que amou profundamente Deus e todo ser humano, ao ponto de ser chamado “irmão universal”. Ele amou, ajudou e serviu os necessitados, os doentes e os pobres; também tomou conta da criação.

Sou consciente de que, neste período, as dimensões familiares e sociais são particularmente importantes para os muçulmanos e vale a pena notar que há certos paralelos em cada uma dessas áreas com a fé e a prática cristã.


Neste ano, o tema sobre o qual gostaria de refletir com vocês e com todos aqueles que lerão esta mensagem, e que diz respeito seja aos muçulmanos seja aos cristãos, é a promoção do mútuo respeito através da educação.

O tema deste ano pretende destacar a importância da educação no modo pelo qual nos compreendemos uns aos outros, na base do mútuo respeito. “Respeito” significa uma atitude de gentileza para com as pessoas pelas quais alimentamos consideração e estima. “Mútuo” significa que este não é um processo em sentido único, mas algo que se compartilha por ambas as partes.

Aquilo a que somos chamados a respeitar em cada pessoa é, antes de tudo, a sua vida, a sua integridade física, a sua dignidade e os direitos decorrentes, a sua reputação, a sua propriedade, a sua identidade étnica e cultural, as suas ideias e as suas escolhas políticas. Somos, por isso, chamados a pensar, falar e escrever sobre o outro de modo respeitoso, não somente na sua presença, mas sempre e em qualquer lugar, evitando críticas injustas ou difamação. Para atingir este objetivo, têm um papel a desenvolver as famílias, as escolas, o ensino religioso e todo tipo de meio de comunicação social.

Passando agora para o mútuo respeito nas relações inter-religiosas, especialmente entre cristãos e muçulmanos, somos chamados a respeitar a religião do outro, os seus ensinamentos, símbolos e valores. Um respeito especial é devido aos chefes religiosos e aos lugares de culto. Quanta dor causam os ataques uns aos outros!

Claramente, no manifestar respeito pela religião dos outros ou no estender a eles bons votos em ocasião de uma celebração religiosa, buscamos simplesmente compartilhar a alegria, sem fazer referência ao conteúdo das suas convicções religiosas.

Quanto à educação da juventude muçulmana e cristã, devemos formar os nossos jovens para pensar e falar de modo respeitoso das outras religiões e dos seus seguidores, evitando colocar no ridículo ou denegrir as suas convicções e práticas.

Todos sabemos que o mútuo respeito é fundamental em toda relação humana, especialmente entre pessoas que professam uma crença religiosa. É assim que pode crescer uma amizade sincera e duradoura

No receber o Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé, em 22 de março de 2013, eu disse: “Não se pode viver laços verdadeiros com Deus ignorando os outros. Por isto, é importante intensificar o diálogo entre as várias religiões, penso antes de tudo naquelas com o Islã, e apreciei muito a presença, durante a Missa de início do meu ministério, de tantas autoridades civis e religiosas do mundo islâmico”. Com estas palavras, quis confirmar uma vez mais a grande importância do diálogo e da cooperação entre os crentes, em particular entre cristãos e muçulmanos, e a necessidade de fortalecê-la.

Com estes sentimentos, renovo a minha esperança de que todos os cristãos e muçulmanos possam ser verdadeiros promotores de mútuo respeito e amizade, em particular através da educação.

Ofereço-vos, finalmente, os meus melhores votos e orações a fim de que as vossas vidas possam glorificar o Altíssimo e causar alegria àqueles que estão ao vosso redor.

Boa festa a todos vocês!

Do Vaticano, 10 de julho de 2013.


FRANCISCUS

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Fonte: Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

Nota da CNBB sobre a sanção da Lei 12.845/2013


Ao reconhecer a importância e a necessidade da lei que garante o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual (Lei 12.845/2013), sancionada pela Presidente da República, nesta quinta-feira, 1º de agosto de 2013, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB lamenta profundamente que o Artigo 2º e os incisos IV e VII do Artigo 3º da referida lei não tenham sido vetados pela Presidente da República, conforme pedido de várias entidades.

A nova lei foi aprovada pelo Congresso com rápida tramitação, sem o adequado e necessário debate parlamentar e público, como o exige a natureza grave e complexa da matéria. Gerou-se, desta forma, imprecisão terminológica e conceitual em diversos dispositivos do texto, com riscos de má interpretação e implementação, conforme evidenciado por importantes juristas e médicos do Brasil.


A opção da Presidente pelo envio de um projeto de lei ao Congresso Nacional, para reparar as imprecisões técnicas constantes na nova lei, dá razão ao pedido das entidades.

O Congresso Nacional tem, portanto, a responsabilidade de reparar os equívocos da Lei 12.845/2013 que, dependendo do modo como venha a ser interpretada, entre outras coisas, pode interferir no direito constitucional de objeção de consciência, inclusive no respeito incondicional à vida humana individual já existente e em desenvolvimento no útero materno, facilitando a prática do aborto.


Cardeal Raymundo Damasceno Assis                    Dom José Belisário da Silva
              Arcebispo de Aparecida (SP)                                 Arcebispo de São Luís (MA)
                  Presidente da CNBB                                         Vice Presidente da CNBB



Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília (DF)
Secretário Geral da CNBB

JMJ: o caos dos bastidores.


A Jornada foi um estrondoso sucesso, mas este não pode (por questões de Justiça) ser atribuído aos seus organizadores. A todos os que participaram da JMJ, eu, na qualidade de voluntário do evento, gostaria de pedir sinceras desculpas – ex imo cor meum – pelo mais criminoso desleixo com o qual vocês foram tratados pela organização do evento, quer por parte das autoridades seculares, quer pelo Comitê de Organização Local (COL) da Jornada, empenhados todos que estavam – ao que parece – em tornar a experiência desses dias a pior possível.

Não penso que exagero. Falo do que eu vi e vivi ao longo de quinze dias no Rio de Janeiro, e que merece um registro, quando menos para que a glória de Deus resplandeça com um fulgor mais vívido ao se perceber quão adversas eram as circunstâncias em que ela se manifestou. Convivi com incontáveis pessoas de coração generoso e de boa vontade, e justamente por isso posso falar um pouco das dificuldades que encontramos para que esta Jornada Mundial se realizasse de maneira a servir à maior glória de Deus e à salvação das almas.


 
Dizem que peregrino não está à procura de luxo e que a JMJ é uma peregrinação repleta de provações. É verdade. No entanto, não havia nenhuma necessidade de se infligir contrariedades e sofrimentos desnecessários àquelas pessoas que foram ao Rio de Janeiro para ver o Doce Cristo na Terra. A impressão forte que passava a todos os que contemplavam atônitos as absurdas diretrizes emanadas das altas esferas de tomada de decisões era a de que tudo estava sendo feito da pior maneira possível, que por vezes nem o mais irresponsável amadorismo poderia explicar. Muitas vezes, a impressão que nos dava era a de haver uma vontade deliberada de melar de alguma maneira o evento.

Eu não vou nem mencionar as barbaridades feitas com os voluntários, amontoados na Catedral numa fila que nunca andava, alguns jogados para alojamentos distantes e depois tirados deles às pressas no meio da noite, outros obrigados a participar de treinamentos concorrentes, outros ainda separados de seus cônjuges (voluntários igualmente) por uma burocracia estúpida e sem sentido. Concedamos aos organizadores o benefício da dúvida, e concedamos que a semana da pré-Jornada tenha sido o “teste” que eles precisavam para acertar os ponteiros e prestar um serviço melhor na próxima semana. Nada justifica, no entanto, que na semana seguinte os mesmíssimos erros tenham sido repetidos de novo e mais uma vez, transformando todo o evento numa sucessão de martírios kafkianos que, não fosse a sede de Deus daqueles que foram ao Rio de Janeiro, teria certamente comprometido todo o evento.

Havia necessidade de se entregar kits peregrinos para centenas de milhares de pessoas? Que tal descentralizar a distribuição? Que tal separá-los por estado de procedência, por ordem alfabética, por número de inscrição, por qualquer coisa? Que tal antecipar o início da distribuição? Mas, não. Todos os peregrinos foram enviados (alguns inclusive sem o voucher de confirmação da inscrição que deveriam ter recebido…) para um único ponto, o Sambódromo [p.s.: conforme uma voluntária teve a gentileza de me avisar aqui no blog, havia um outro ponto de distribuição, menor, em Santa Cruz], onde enfrentavam diversas filas para pegar sucessivamente as credenciais, as mochilas, os livros que compunham o seu conteúdo, os vales transporte e alimentação.  Custava ao menos entregar o kit completo de uma vez só? Era realmente necessário forçar os peregrinos a pegarem-no aos pedaços, enfrentando uma nova fila quilométrica para cada item do kit que deveriam receber? As filas se formavam desde as primeiras horas da manhã, e a distribuição só começava as 10h. Custava iniciá-la mais cedo, ao se perceber o estado caótico em que as coisas se encontravam?

Para se locomoverem no interior da cidade, os peregrinos recebiam um cartão de transporte que lhes permitia pegar os ônibus e o metrô. De repente, o MetrôRio decide que estes bilhetes não vão valer para a cerimônia de recepção do Papa da quinta-feira e nem para a Via-Sacra da sexta. Exige que adquiram um outro bilhete, válido por horário, para estes dois dias. E, de repente, o peregrino se vê na rua com um bilhete que pode usar para ir pra qualquer canto do Rio de Janeiro, exceto o único lugar para ir ao qual ele estava na cidade: o lugar onde o Papa estava. Pode-se adquirir o bilhete sem ônus na estação “Carioca”, dizem: e lá se vão outras filas quilométricas e mais um dia inteiro perdido para se conseguir um bilhete de metrô.


Na quinta-feira, o metrô do Rio pára, e esta foi uma das situações que me fizeram pensar em sabotagem explícita: de repente, toda a linha metroviária da cidade do Rio de Janeiro pára por completo, e justamente no instante em que todas as pessoas estavam se dirigindo à Zona Sul para recepcionar o Papa! Peregrinos ficam presos no subterrâneo, entre duas estações. Nem ligam: cantam, batem palmas, rezam, depois saem e vão como podem, andando ou de ônibus, ao encontro do Vigário de Cristo. Dizem depois que uma latinha de refrigerante jogada nos trilhos provocou o colapso. Eu fico pensando em quem foi o responsável por este caos.

Na sexta, durante a Via-Sacra, a Av. Atlântica é fechada do Forte ao palco (que ficava quase no Leme) para a passagem do Papamóvel. As grades são colocadas quando a avenida estava já tomada: grupos ficaram separados, e quem estava do lado da praia não conseguia atravessar para o lado dos prédios, e nem vice-versa. Passa o Papa, começa a Via-Sacra: eu, no cordão de isolamento, a orientação que recebo é que as grades só serão retiradas quando acabarem todas as estações, dali a uma hora e meia pelo menos. Uma senhorita de língua espanhola me chama às lágrimas: ela está do lado dos prédios, e quer ir à praia para rezar com o Papa. Onde ela está o som não chega, diz, e eu constato que é verdade. Digo-lhe que ela está coberta de razão. Reclamações análogas começam a pulular por todos os cantos: decidimos, nós mesmos voluntários, por conta própria, tirar as grades. Fazemos um cordão somente para impedir que as pessoas seguissem pela avenida, onde a Via Sacra ainda estava acontecendo: mas deixamos que elas passem de um lado para o outro. Lá pelas tantas, uma garota vem correndo dizendo que era para liberar a via para a passagem de não-sei-o-quê e perguntando quem havia mandado tirar as grades. Respondo que nós tiramos a grade sim, e há muito tempo, porque era necessário. Ela reclama alguma coisa e sai praguejando; ainda a ouço dizer que “os voluntários só atrapalham”. Quanto à senhorita de língua hispânica, não a vi mais, mas rezo para que ela tenha conseguido acompanhar a Via-Sacra como desejava.


No sábado, outras filas quilométricas se formam no MAM para pegar o kit vigília. Horas e horas e horas desperdiçadas. Quando chego no lugar de entrega dos kits, percebo que é um pavilhão que possui uns balcões de uns cinqüenta metros no total, atrás dos quais estão voluntários com os kits a serem entregues. A forma mais óbvia de se fazer esta distribuição seria formar diversas filas de frente para os balcões; mas as pessoas fizeram uma fila única vinda por somente um dos lados, no mesmo sentido do comprimento do pavilhão, e as pessoas entravam de dez em dez ou de vinte e vinte e eram orientadas a correrem até o fim para pegarem o kit. Claro que muitas ficavam no início do balcão, em cujo final distribuía-se kits com muito menor freqüência do que era possível.

Ainda no sábado, no percurso entre a Central e Copacabana, disseram haver banheiros para os peregrinos. De fato, há: duas ou três cabines a cada quilômetro ou mais, evidentemente insuficientes para uma marcha de um milhão de católicos. Também aqui formam-se filas. Na praia há também banheiros, em quantidade ridícula e que não foram limpos: no domingo pela manhã, o espetáculo dos peregrinos formando filas a mais de dez metros das cabines (para só correrem rapidamente em direção a ela quando chegasse a sua vez, e saírem depois o mais depressa possível) era digno das mais escabrosas cenas do “Ensaio sobre a Cegueira”. Ainda no domingo pela manhã, uma outra coisa me levou a cogitar a hipótese de sabotagem: fechada mais uma vez a avenida para a passagem do Papa com mais de duas horas de antecedência, as pessoas que estavam na praia não podiam atravessar para o lado dos prédios – e do lado da areia não havia banheiros químicos. Quero dizer, pelo menos um milhão de pessoas que haviam passado a noite em Copacabana e, de manhã, não tinham banheiros para se aliviar! Havia os banheiros dos postos. No que eu estava, o banheiro estava fechado: já há horas que faltava água, papel, material de limpeza. A fila se formava enorme na frente; muitas pessoas pediam pelo amor de Deus para que as deixassem entrar, e não havia como. Já perto das sete horas da manhã, a fila começou a andar em conta-gotas. Dali a que todas entrassem, passaram-se horas: a fila continuou durante toda a manhã.


E não falei do transporte público que escasseava a ponto de praticamente desaparecer à noite; dos protestos (de “Fora Cabral!” e da “Marcha das Vadias”) que permitiram acontecer em meio aos peregrinos; das irresponsabilidades ocorridas com as hospedagens (com locais totalmente inadequados recebendo peregrinos, e casas de família que haviam aberto as suas portas junto à organização do evento esperando os seus hóspedes que nunca chegavam); do pessoal do COL arrogantemente dizendo aos voluntários “só vá trabalhar onde foi alocado” quando era óbvio que havia necessidade de mais gente nos lugares onde a desorganização estava mais crítica (e, quando lá chegávamos, eram as próprias pessoas que lá estavam trabalhando a pedirem a nossa ajuda); dos cafés da manhã servidos não nos alojamentos, mas nos locais de catequese que muitas vezes distavam daqueles uma hora ou mais de locomoção; et cetera. A lista é extensa e este post já vai longo e chato demais. Apenas quero dizer mais três coisinhas.

Primeiro, é óbvio que nenhuma cidade no mundo comporta três milhões de pessoas a mais do que as que já vivem nela. Filas e locais lotados eram naturalmente esperados, mas havia uma infinidade de coisas simples que poderiam ter sido feitas para minimizar estes problemas. Coisas como melhor organização dos pontos de distribuição de kits, maior contingente de veículos de transporte público (inclusive madrugada adentro), maior número de banheiros químicos e melhor cuidado com eles. Estas coisas são básicas, e não existe justificativa possível para que tenham sido tão mal feitas.

Segundo, que os voluntários estão de parabéns por terem sabido se desvencilhar das orientações estapafúrdias do COL e organizarem as coisas à própria maneira, da melhor forma possível dentro das condições precárias em que eram colocados. O que dizíamos entre nós era que quaisquer pessoas conversando por dois minutos diante de um problema específico eram capazes de arranjar uma solução muito melhor do que a que fora dada pelo COL, e isso era verdade; trabalhamos muito e trabalhamos duro, às vezes sem apoio “dos bastidores” algum, para que as coisas pudessem acontecer de modo menos traumático.



Terceiro, e mais importante, e é isso que eu quero que fique deste post (e não somente a reclamação generalizada que pode fazer parecer que nada prestou ou valeu a pena): tenho certeza que cada um daqueles peregrinos passaria por tudo aquilo de novo para viver o que viveu. Aquela multidão era diferente das outras multidões, e os que tentaram expôr os jovens a situações-limite para forçar reações impensadas que pudessem comprometer o espírito da Jornada foram fragorosamente derrotados pelo espírito cristão daquelas multidões que, com cânticos nos lábios e amor a Deus nos corações, ultrapassaram todas as dificuldades com os olhos fitos no Cristo que foram encontrar. Não houve nenhum incidente, nenhuma briga, nenhum confronto com a polícia, nenhum quebra-quebra, nada enfim que pudesse desmerecer a Jornada Mundial da Juventude. Se é na nossa fraqueza que se revela a força de Deus, o fato da JMJ ter sido um sucesso mesmo com todo o caos dos bastidores revela de modo insofismável a ação poderosa d’Ele que, ultrapassando toda a má-vontade humana, foi capaz de congregar junto a Si em espírito de paz e harmonia aqueles milhões de pessoas dos quatro cantos do mundo que foram ao Rio de Janeiro para se encontrar com o Romano Pontífice. Com um tão vasto número de problemas, qualquer evento mundano teria sido um estrondoso fracasso; é somente porque a Jornada era um evento de Deus que tantos que lá estiveram podem hoje se lembrar daqueles dias como uma experiência espiritual positiva e frutuosa, que levarão com gratidão para sempre em suas vidas. Deus não Se deixa vencer em generosidade, mesmo quando O tratam com descaso. Deus realiza a Sua vontade, mesmo quando os homens trabalham e conspiram para a frustrar.
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Polícia investiga casal por quebra de imagens de santos em Marcha das Vadias no Rio

Manifestantes da 'Marcha das Vadias' profanam imagens sagradas durante a JMJ 2013.

A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a ação de um casal durante a Marcha das Vadias no último sábado (27), em Copacabana, zona sul do Rio, em que imagens de santos foram danificadas.

Eles tiraram as roupas, quebraram as imagens e ainda sentaram na cabeça de uma delas. A marcha ocorreu durante a concentração de peregrinos para a 1ª missa da Jornada Mundial da Juventude com o papa Francisco. O caso é investigado pela 12ª DP (Copacabana).

A edição deste ano reuniu cerca de 1.500 (sic) [haviam cerca de 3 milhões e meio de] pessoas na orla de Copacabana. As ativistas protestavam contra a política da Igreja Católica e reivindicavam o Estado laico. Durante a marcha houve, distribuição de camisinhas, mulheres se beijando e cartazes a favor do aborto.

Um peregrino cuspiu no rosto de uma manifestante, mas, em resposta à agressão, as mulheres dançaram mostrando os seios e as nádegas.


A ação do casal que quebrou as imagens não teve relação com as organizadoras do evento, segundo nota em sua página do Facebook. "Tínhamos o compromisso com a segurança das pessoas e fizemos tudo o que esteve ao nosso alcance para garantir isso, seja de quem estava apenas marchando, seja de quem estivesse performando. Acreditamos e defendemos a liberdade de expressão artística, religiosa, de consciência, de pensamento, de crítica, de vestimenta, e todas as liberdades civis individuais e coletivas garantidas pela Constituição Cidadã de 1988", dizia o texto.

O artigo 6º da Constituição diz que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias".


O artigo 208 do Código Penal prevê pena de prisão de um mês a um ano, ou multa, para quem "vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso".


Carolina Farias
Do UOL, no Rio
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Fonte: Uol
OBS: A parte entre colchetes foi acrescentada por nós na tentativa de corrigir o exato número de pessoas presentes no evento.

Como será o Brasil evangélico em 2020?


Longe de ser um exercício de futurologia, o momento em que a maioria dos brasileiros será protestante fica cada vez mais próximo. Porém, com sucessivos escândalos e teologias alienantes que contaminam os púlpitos, permanece a dúvida sobre que tipo de crentes.

Cena um: uma das mais importantes revistas semanais do país publicou recentemente uma extensa reportagem fazendo projeções sobre o futuro do Brasil. Apesar de tratar de diversos temas, da educação à economia, a notícia que realmente caiu como uma bomba e acabou repercutida pela imprensa, por emissoras de rádio e de televisão e por blogs e sites de discussão na internet dizia respeito à religião: o maior país católico do mundo na atualidade se tornará evangélico em poucos anos. Mais precisamente em 2020, a continuarem as impressionantes taxas de crescimento, mais da metade dos brasileiros pertencerá a alguma igreja protestante. Estima-se que já neste mês de dezembro, o número de evangélicos no Brasil chegue próximo dos 50 milhões e, pouco mais de uma década depois, atinja a marca de 105 milhões de pessoas.


Cena dois: após realizarem uma investigação que durou mais de dois anos, promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, acusaram o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, e mais nove pessoas ligadas à denominação, pelo desvio de 8 bilhões de reais de dízimos e contribuições ofertadas por fieis. A dinheirama não teria sido usada em atividades religiosas, mas para aumentar patrimônio pessoal e conseguir lucro, com a -compra de duas emissoras de televisão, terrenos, mansões, um prédio e até um caríssimo jatinho modelo Cessna. A Justiça deu prazo para a defesa se pronunciar e pode aceitar a denúncia. Se assim for, Macedo e seu grupo tornam-se réus num processo criminal que pode condená-los por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Ao mesmo tempo em que os evangélicos crescem numericamente e aumentam de forma considerável sua influência em todas as esferas da vida nacional, escândalos e denúncias envolvendo dinheiro, sexo e abuso de poder multiplicam-se e maculam a imagem das igrejas e de seus líderes. Fala-se em relativização moral e secularização da fé. Em uma geração de crentes que busquem vantagens e não mais a Deus. Em que pese o fato de que por trás das últimas denúncias envolvendo a Universal exista uma guerra de interesses e de cifras na qual estão os principais grupos de comunicação do país, ou mesmo que esteja em curso uma batalha espiritual contra a expansão do Reino de Deus, as críticas e acusações sobre o que acontece nos templos de Norte a Sul do país são tão sérias que, ignorá-las, seria mesmo anti-bíblico. Na esteira do avanço protestante em terras tupiniquins, estudiosos das ciências da religião costumam avaliar que esse fenômeno pode ser muito bom, uma vez que “os evangélicos não vão apenas mudar a sociedade, mas mudarão com ela”. Tal afirmação tem causado arrepios em pastores e trazido um sério questionamento para os cristãos: diante de tal quadro já hoje: afinal, como será esse Brasil evangélico de 2020?

Se o questionamento daqueles que não aceitam o crescimento protestante passou a ser de ordem ética e moral, citando inclusive a própria Palavra de Deus que, segundo eles, só é usada para manipular os incautos, a Universal do Reino de Deus é a vidraça da vez. De acordo com a denúncia do Ministério Público, boa parte do dinheiro recebido pela igreja era repassada em forma de “pagamentos” para empresas de fachada controladas por pessoas ligadas à cúpula da organização. Duas delas, a Cremo Empreendimentos e a Unimetro Empreendimentos receberam, entre 2004 e 2005, mais de 70 milhões de reais, embora não tenham oferecido nenhum serviço ou produto, segundo a Secretaria da Fazenda de São Paulo.

Essas empresas enviariam o dinheiro para outras, sediadas em paraísos fiscais. Tanto a Investholding, nas Ilhas Cayman, quanto a CableInvest, nas Ilhas do Canal, Reino Unido, também pertencem a pessoas supostamente ligadas à igreja. Por fim, o dinheiro retornava ao país como empréstimos para os líderes eclesiásticos, que compravam com eles apartamentos em condomínios de luxo nos Estados Unidos e propriedades no Brasil, como uma mansão de 2 mil metros quadrados em Campos do Jordão (SP), no valor de 6 milhões de reais.

Portas abertas para o aborto.


Isso mesmo, a Dilma, nossa presidenta, sancionou dia 01/08/2013 o Projeto de Lei (PLC 3/2013) que dá direito a qualquer mulher que, segundo os próprios termos da lei “tiver uma relação sexual não consentida” o direito de ir a qualquer hospital da Rede Pública em até 72 horas e realizar a prática abortiva. Mas você deve estar se perguntando: “Qual o problema disso?” Bom, eu já tenho outra matéria escrita sobre isso, e a questão não é somente o aborto no caso de estupro e sim toda a gama de interpretação que se pode dar a este artigo da lei. Sobre este assunto, o Padre Paulo Ricardo disse bem explicando pormenores cada situação condenatória desta lei (Clique aqui). Porém neste artigo irei me deter ao fator Aborto e suas Consequências Iminentes neste país e sobre a falsa promessa da Dilma sobre não ajudar de forma alguma o aborto se instalar neste País.


Todos devem me considerar um filósofo da teoria da conspiração, apocalíptico, não somente eu, assim como o Padre Paulo Ricardo, Olavo de Carvalho e outros mais que denunciam a anos a inculturação pro aborto neste país, acho que não podem mais dizer isto de nós, afinal está ai, sancionado agora o que antes era “ideia de lunáticos” como em um passe de “mágica”, é lei… É o brasileiro a 500 anos tendo que sofrer para acreditar naquilo que já se mostrava óbvio. A lei acima exposta é nada mais que um longo caminho através da História, com ajudas internacionais. Isto que estamos vendo é o que dizem os estudantes de política a “engenharia social” que passa pela moral, ética e política. O nosso amável Papa Emérito Bento XVI nos alertava desde sua época de cardeal que os maiores desafios que iríamos enfrentar neste século, seria o relativismo da verdade e da moral, e assim estamos vendo. No século passado vimos várias questões morais universais sendo colocadas de lado; A Igreja sempre ensinou sobre a importância da castidade e sobre o sexo somente dentro do matrimônio. Porém mesmo assim a camisinha, depois os anticoncepcionais, depois a mais recente, a Pílula do dia seguinte, e hoje vemos a degradação moral da afetividade e sexualidade entre nossos jovens… Mas hoje tudo isso é considerado normal, muitas vezes até mesmo por religiosos, mas isto não mudou o fato de que a moral nos indica o mesmo princípio de antes, mesmo com as “re-evoluções” sexuais assim digamos, e do mesmo modo está sendo realizado em nosso país na questão do aborto. O aborto era totalmente criminalizado. Depois como o Padre Paulo Ricardo explicou, houve uma suspensão para os casos de violação sexual e agora a lei propriamente dita, e tudo sendo imposto a nós, e passivamente estamos assistindo o nosso povo sendo suprimido em suas convicções em troca do que?
Hoje nos encontramos em uma aterrorizadora situação: a de que o nosso país está com as mãos sujas, assinaram o direito de que as mães matem seus filhos, e todos foram avisados desta terrível situação, todos sabiam das consequências de votar em um partido DECLARADAMENTE a favor do aborto. Aquilo que a 4 anos atrás foi avisado, hoje é realidade. Se você votou no PT sabendo destas opiniões pró aborto da Presidenta Dilma, saiba que você colaborou com isso, esta mesma presidenta amedrontada com os protestos realizados contra ela na época de sua eleição, prometeu que nada faria para legalizar o aborto no país, mas como era de se esperar, não cumpriu com a promessa; não vejo caráter em alguém que mente para milhões de brasileiros. Me desculpe Dilma, você não merece nem se quer meu respeito, você autorizou neste país o infanticídio, e contra pessoas assim, não tenho de me dar a educação de respeitar!
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Autor: Pedro Henrique Alves

Revisor Ortográfico: Pâmela Hervatin

Justiça nega liminar de padre Beto contra a Igreja Católica

Padre Beto mostra a capa de seu livro "Verdades Proibidas"

O juiz da 6ª Vara Cível de Bauru, no interior de São Paulo, André Luiz Bicalho, negou o pedido de liminar em medida cautelar proposta pelos advogados de defesa de Roberto Francisco Daniel, o padre Beto, excomungado pela Igreja Católica no final de abril. O objetivo da liminar era garantir a ele o direito de receber novamente os sacramentos na Igreja, enquanto a ação judicial não tramite em julgado, além de poder se defender junto à diocese local. 

O padre alega que não teve direto à defesa e que tomou conhecimento da excomunhão por meio da imprensa local, através de um comunicado publicado no site da diocese de Bauru. Os três advogados do padre buscam na Justiça o direito à defesa das acusações de heresia e cisma feitas pela diocese justificando a excomunhão. 

Na decisão, o magistrado justifica que não há perigo da demora no caso porque a excomunhão não é um ato definitivo e a reversão depende do papa Francisco.

“Alguns pecados particularmente graves são passíveis de excomunhão, a pena eclesiástica mais severa, que impede a recepção dos sacramentos e o exercício de certos atos clericais. Neste caso, a absolvição não pode ser dada, segundo o direito da Igreja, a não ser pelo Papa, pelo bispo local ou por presbíteros autorizados por eles. Logo se vê que a excomunhão imposta pelo autor não é pena definitiva, - mera pena medicinal -, até porque tal conceito conflita com a misericórdia divina”, diz trecho da decisão.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Evangélico se converte à Igreja Católica (testemunho)

Emerson Oliveira se converteu à Igreja Católica

Meu nome é Emerson Oliveira (foto), nasci num lar católico. Minha família sempre foi católica praticante. Meus pais iam à missa cotidianamente. Eu nasci assim. Meu pai, quando eu era ainda criança, me dedicou a Deus, pedindo que eu fosse um pregador do Evangelho. Talvez seja por isso que sempre esta vocação religiosa permeou meu ser. O nome que escolhi para o meu testemunho, Cruzando o Tibre, tem a ver com a metáfora dos conversos à Igreja Católica, que “cruzam o Tibre” (o rio que corta Roma), se bem que no meu caso, como vão ver, foi mais um “retorno” à casa materna.

Desde criança sempre gostei de assuntos religiosos. Quando tinha 12 anos eu, depois de chegar da escola, chamava meus amiguinhos num jardim e eu os ensinava o catecismo. Sempre tive vontade de ensinar religião. Eu amava fazer isso. Às vezes chegava a juntar até 7 amigos.

Minhas grandes influências em religião também foram filmes religiosos, como Os Dez Mandamentos, de Cecil B. DeMille (meu filme religioso favorito) e O Rei dos Reis, de Nicholas Ray. Esses e outros filmes formaram boa parte de minha bagagem religiosa, pois eu sempre fui muito atencioso ao lado espiritual. Depois esta vocação foi se desenvolvendo e até pensei em ser monge redentorista, no Seminário Santo Afonso em Aparecida do Norte. Sempre gostei de estudar hagiografia (vida dos santos) e ver filmes de santos, como Santa Bernadette Soubirous (tenho vários filmes religiosos, como este ‘A Canção de Bernadette’). Com 13 anos eu fiz minha Primeira Comunhão e Crisma. Foram épocas muito felizes. Mas infelizmente, depois dos 16 anos, eu deixei às vezes de ir à missa.


Mas em 88 algo aconteceu. Eu estava passando por um momento delicado, de depressão. Eu sempre tive esses problemas com questões sentimentais, e às vezes isso passava para depressão. Cheguei até a visitar centro espírita e inclusive uma vizinha minha, querendo me ajudar, chamou uma amiga médium para vir fazer uma “sessão” espírita aqui em casa. Imagine, uma família católica tendo aquilo em casa! Católica digo praticante, pois minha mãe tinha horror àquilo. Foi assustador. Sem entrar em detalhes, percebi que minha situação havia piorado em vez de melhorado.

Isso foi numa tarde de sexta-feira. À noite, fui para a escola, mas estava transtornado. Parecia que tudo tinha ficado louco; os meus amigos viravam pra lá e pra cá, parecia uma bagunça e fiquei confuso. Mas naquela noite, em casa, havia um pastor e um diácono da igreja Adventista da Promessa (que é pouco conhecida pelas pessoas, que a confundem com a Adventista do Sétimo Dia. Não é a mesma coisa. A IAP não aceita Ellen White, mas ensina outras coisas iguais ao do adventismo) que estavam em casa vendendo Bíblias. Nesta noite, eu contei o caso para ele e ele orou o Pai-Nosso e a partir desse momento minha vida começou a melhorar.

Foi num domingo de junho de 1988 em que eu, incrivelmente, cheguei até a dar uma passadinha, naquela tarde, numa “igreja Universal do Reino de Deus”. Vi orações e até uma suposta “cura”. No fim, o pastor aproveitou para pedir “dizimo” para os fiéis. À noite, fui à Adventista da Promessa, que é aqui perto de casa, onde minha irmã tinha sido a primeira de nossa família a freqüentá-la. Foi minha irmã que me persuadiu a ir nessa denominação. Ela, que era católica, alegou que ia sair da Igreja Católica “para ir para uma igreja mais organizada” como disse em suas palavras (ela com isso queria dizer por ‘organizada’ uma igreja onde as pessoas eram ‘praticantes’ pois, segundo ela, via nem sempre bons testemunhos nos católicos).

Bom, naquela noite eu “aceitei Jesus”, como dizem. Realmente, tive muitas coisas boas no adventismo (da Promessa) e não digo que tudo que ensinam é errado. Infelizmente, estão equivocados em muitas coisas.

Com o tempo eu, que fui o segundo a ir para a igreja da Promessa (como eles chamam), comecei a tentar trazer meus pais, que ainda eram católicos, para a igreja. O pastor que nos trouxe à igreja usou de métodos que hoje sei serem falaciosos, como ensinando que ‘na coroa do Papa está escrito: Vicarius Fillis Dei, que soma 666; que a Igreja Católica queimou bíblias, etc.’ e outras fábulas que usam como métodos de arregimentar protestantes. Com meus argumentos, soando convincentes, pouco a pouco fui trazendo-os para a adventista. Eles ainda oravam terço e eu explicava que a Bíblia não ensinava nada daquilo. Eu, que era católico bem informado, havia me transformado num dedicado defensor da Adventista da Promessa.

Eu era muito amigo do pastor que me trouxe a adventista e até o considerava “meu pai na fé”. Com sua ajuda, trouxemos meu pai (que foi o mais difícil para trazer à igreja adventista, pois ele era católico convicto). Eu fui tão influente em trazer meus pais à adventista que minha mãe me chamava de “a chave” (que os trouxe à adventista).

E assim foi e até levei meu irmão também à denominação. Acabei levando meu pai, minha mãe e meu irmão. Somente duas irmãs ficaram sendo católicas. Nós, minha irmã, meus pais e meu irmão, ficamos sendo adventistas da promessa.

Eu fui um dedicado defensor da causa adventista, tanto é que convidei um padre para vir aqui em casa debater com o pastor para ver quem estava certo. Os ânimos estavam exaltados e eu estava crente na adventista. Ficamos “felizes” quando parece que havíamos ganhado (e isso com o pastor usando o Doutrinal, que é o manual de fé da Adventista da Promessa). Eu era o único jovem da igreja, talvez, que mais saía com o pastor para dar estudos bíblicos sobre o sábado. Eu era muito útil, pois tinha vastos conhecimentos de História e outros assuntos, complementando os estudos nas casas. Por isso o pastor me chamava.

Tivemos bons momentos na Adventista da Promessa. Eu tive alguns cargos, como professor de Escola Bíblica e pregador. Cheguei a dar palestras, eu e um amigo meu, tentando “provar” a guarda do sábado na História (hoje eu acho isto engraçado. Eu estava já fazendo o método certo, mas com o ensino errado, já nos anos de adventismo). Eu ensinei em palestras (modéstia à parte, era um dos únicos a dar palestras assim) que ‘Constantino mudou o sábado para o domingo, em 321’ e que ‘a Igreja Católica é a Grande Babilônia de Apocalipse’. Enfim, eu era um adventista, só que com um pouco mais de informações que a média. Ensinei e preguei várias vezes na igreja.

Eu sempre freqüentei algumas listas evangélicas, de debates bíblicos. Nelas, alguns chegavam até a me chamar de “agente católico infiltrado” visto eu defender às vezes mais a Igreja Católica do que o protestantismo, nas discussões. Confesso hoje que eu fui um péssimo apologista protestante, pois nunca defendi mesmo o Sola Scriptura e outros princípios da Reforma. Eu não ligava, pois sempre para mim importava minha consciência de defender o que era certo.

Em 2000 criei o site Logos, influenciado pela revista Ultimato, sendo interdenominacional (não pertencente a nenhuma igreja, defendendo apenas as doutrinas cristãs básicas). Nele, eu não coloquei uma só linha defendendo o sábado. Já ia percebendo que eu também não estava sendo um bom apologista do sábado na Net (apesar de meus profundos conhecimentos sobre a doutrina do sábado) pois o Logos não faz apologia do sábado.

Com o tempo eu, que era ávido estudioso e pesquisador, comecei a perceber que a IAP tinha uma presença pífia na Internet, assim como seus membros (me refiro à comparação com outras membresias onde eles são aplicados em debater doutrinas). Aquilo me desapontou pois eu pensei “ora, se o sábado é tão digno de ser defendido, por que a IAP não aparece mais incisivamente na Internet?” Sua ausência era notória e comecei a perceber que isto era crônico.

Sempre fui dedicado aos estudos apologéticos: Pais da Igreja, História da Igreja, apologética em geral, como podem ver parte em meu site. E isto a Adventista da Promessa deixava muito a desejar (eu pensava: ‘ora, se esta é a verdadeira igreja, porque é tão pobre em conhecimentos gerais?’ Se dependesse da IAP, eu não ia sequer conhecer os primeiros séculos do cristianismo). Comecei a perceber que eu era um ‘estranho no ninho’ pois parecia que meus estudos me faziam ser um tipo ‘extraterrestre’ na denominação. Eu tentei várias vezes conclamar os jovens a estudarem sobre seitas e heresias, mas eles desvaneciam rápido. Isto muito me chateou, pois eu gosto de reciclar idéias.

Com o tempo comecei a perceber que a Adventista da Promessa criava uma espécie de ‘redoma’ em torno das pessoas, quase alienando das idéias externas. Não quero com isso ‘falar mal’ da IAP, como alguns pastores alegaram, mas apenas expor a verdade. O fato é que a IAP (assim como muitas denominações protestantes) estava totalmente despreparada para enfrentar o desafio das seitas. Isto me deixou também frustrado, pois gosto de trocar idéias, mas a IAP não me favorecia em crescimento intelectual. Eles dão muita ênfase às experiências espirituais (falar em línguas) e dons do Espírito Santo, mas são pouco afetos a estudos profundos. Só se “baseiam” mais na Bíblia e no Doutrinal. No mais, são parecidos com qualquer denominação evangélica.

Certa vez, um advogado amigo meu, que é batista, me disse: “Emerson, saia dessa adventista e vai para a batista. Lá darão mais valor para sua inteligência”. Ele falou certo, mas a igreja errada. Se eu saísse da adventista e fosse para qualquer denominação protestante (e olha que visitei sempre a batista e a presbiteriana), estaria “trocando o seis pelo meia-dúzia”, ou seja, saindo de um lugar para passar para o outro que crê a mesma coisa – me refiro ao sola scriptura. Foi exatamente ao ver que toda denominação protestante crê no ensino furado do SS que percebi que não adiantaria eu trocar de lugar – ficaria na mesma. Somente uma Igreja que estivesse fora do SS é que poderia estar certa e esta é a Igreja católica.

Durante este tempo na Adventista da Promessa eu sabia (porque pesquisava bastante) que havia vários textos bíblicos que eram delicados à posição da igreja, como Cl.2.16 mas eu, comodamente, fingia que “não via”, ou aceitava sem pensar a interpretação da IAP de que eram ‘sábados cerimoniais’. Dois livros que me influenciaram bastante foi alguma leitura de “Ensaio sobre o desenvolvimento da Doutrina Cristã” do cardeal John Henry Newman e Adventismo do Sétimo Dia Renunciado, de D. M. Canright (este me fez diluir as últimas reservas adventistas).

A sensação que temos, na igreja, é de que a “sensação” de estarmos com a verdade parece sobrepujar as evidências (quantas vezes eu ouvia falarem que “nós temos a doutrina completa, pois temos os Dez Mandamentos”). A Adventista da Promessa até que incentiva a leitura bíblica mas, infelizmente, como muitas denominações protestantes e pentecostais, de uma leitura fundamentalista e superficial. E eu sabia, como pesquisava teologia e Ciências Bíblicas, que não se podia fazer assim.

Mas a grande virada aconteceu em 2006. Eu estava examinando uma Lição Bíblica do ano de 2005, sobre o sábado e abstinência e uma lição escrita pelo pastor que escreveu o Doutrinal (ele é visto com muito respeito pelos IAPs, visto ter escrito esse livro) me deixou estupefato. Nela, o autor, que aparentemente não sabia nada de grego, comentando sobre At.20.7 (que é uma grande prova para o domingo), chegou a afirmar que no grego “não existe a expressão ‘primeiro dia da semana’”. Essa alegação foi tão ridícula que qualquer professor de grego iria rir disso. Eu não podia acreditar. O autor do Doutrinal, o manual de fé Adventista, cometendo um erro tão primário. Eu tenho conhecimentos razoáveis de línguas bíblicas para estudar e vi que ele estava errado! E vi outros erros semelhantes na lição, onde ele fazia de tudo para distorcer o texto bíblico para defender o sábado.

Com minhas experiências em detectar erros nas Testemunhas de Jeová, vi que ele estava cometendo o mesmo absurdo: não tinha conhecimento nenhum de grego e estava se enveredando por uma área que não conhecia. Depois eu procurei pastores da Central em São Paulo para conversar e até escrevi para o presidente da igreja, mas não obtive respostas rápidas, onde eles alegavam que estavam preocupados com ‘questões administrativas’.

Insisti várias vezes e escrevi para vários pastores perguntando como o autor do Doutrinal pôde ensinar algo tão absurdo! As pessoas confiam no que ele escreveu no Doutrinal! Mas não obtive respostas e as poucas que tive foram respostas minguadas.

Isso me desencantou do adventismo. Eram os últimos momentos. Tentei de toda forma ainda salvar o adventismo, dando direito de resposta aos pastores, mas não me respondiam (fiquei com a ligeira impressão de que não gostam da Internet). Fiquei decepcionado. A igreja que “tinha a doutrina completa” não conseguia defender sua doutrina maior – o sábado.

Aqui, eu posso sumarizar meu roteiro assim:

1 – Eu já era católico com certa informação antes de entrar na adventista, mas havia deixado de ir à missa;

2 – Fui na Adventista da Promessa em parte por uma questão emocional, mas depois me tornei dedicado defensor do Doutrinal (o manual de fé da Adventista da Promessa) dando até palestras. Mas aprendi depois a separar o emocional do racional e isto, infelizmente, poucas pessoas fazem, deixando só o emocional tomar conta;

3 – Mesmo como adventista eu nunca fui anti-católico. Eu só não aceitava os ritos católicos porque havia sido “convencido” de que eram meras invenções humanas. Meu remédio para sair disso foi estudar a História da Igreja e Patrística, onde descobri que a crença da Igreja primitiva não era nada adventista e sim, igual à Igreja católica. Não mudou quase nada nesses 2000 anos;

4 – O adventista da promessa (ou o protestante no geral) é condicionado mentalmente pelos pastores para pensar que os ensinos católicos são invenções que não estão na Bíblia. Se fossem honestos consigo mesmos, iriam perceber que a crença da Igreja primitiva era a mesma da Igreja católica de hoje, no geral, como disse acima;

5 – Eu também era um leitor da Bíblia como adventista, mas aprendi que tem de se ir além. A adventista, infelizmente, tem uma leitura muito fundamentalista da Bíblia, lendo ao pé-da-letra muitos textos que tem se ser entendidos somente com lingüística e exegese. Infelizmente, poucas vezes faz uso disto;

6 – Eu comecei a perceber que os ataques protestantes à Igreja, como “adoração de imagens, Maria, etc.” eram fruto de uma má interpretação e concepção do ensino católico. Vendo em seu devido contexto, o ensino católico faz total sentido. Eu percebi que o protestantismo é uma invenção do séc. XVI;

7 – O único remédio para o adventista, ou o protestante em geral (principalmente os evangélicos neopentecostais) é ESTUDAR a História da Igreja e ver que a crença da Igreja primitiva é mais católica do que gostariam de imaginar.


Finalmente, por causa da incongruência do autor do Doutrinal em distorcer as línguas bíblicas para ensinar o sábado (um método nada honesto) foi que me afastei da Adventista da Promessa. Percebi que se fecham numa fortaleza imaginária e acham que o mundo está longe dali. Mas a questão é a Igreja precisa estar inserida no mundo e não fora do mundo, para poder influenciá-lo e a única Igreja que fez isto nestes 2000 anos foi a Igreja católica. Tenho prazer em recitar o Credo e sei que, fazendo assim, estou compartilhando a mesma crença da Igreja de 2000 anos".
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Disponível em: Blog Católico do Leniéverson
Título original: Testemunho de conversão de um ex-adventista à Igreja Católica