terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A importância de celebrar o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro


Sabemos que o Império Romano perseguiu pesadamente os cristãos por quase três séculos; desde Nero em 64, mas, por fim, depois de muitos mártires e o trabalho incansável de evangelização dos primeiros cristãos, o grande Império, o maior de todos os tempos, se converteu ao cristianismo quando o Imperador Constantino, o Grande, se converteu e proibiu a perseguição aos cristãos pelo Edito de Milão, no ano 313. “A espada romana se curvou diante da Cruz de Cristo”, como disse Daniel Rops.

Depois, no ano 385 o grande imperador cristão romano, Teodósio, pelo Edito de Tessalônica, adotou o cristianismo como a religião oficial do Império. Mas, ainda no tempo do paganismo, os romanos adoravam o deus Sol e celebravam a festa do seu nascimento “Natalis solis invicti”. O Imperador de Roma, Aureliano (270-275) tornou oficial e tradicional a comemoração do sol nascente e invencível.

Acontece que no dia 22 de dezembro ocorre o solstício de inverno no hemisfério Norte, isto é, o dia em que a Terra tem o seu eixo vertical com a máxima inclinação, fazendo com que no Norte se tenha o dia mais curto e a noite mais longa do ano; ao contrário do que ocorre no hemisfério Sul na mesma data.

Os romanos pagãos consideravam isso uma ameaça dos deuses, porque dia-a-dia, na chegada do inverno, as horas de sol sobre a Terra diminuía, até chegar ao máximo que eles consideravam ser no dia 25 de dezembro. Então, por medo ofertavam aos deuses desagravos, rituais e celebrações longas, para impedir que a ira dos deuses impedisse a luz do sol de iluminar a Terra.

Os cristãos, embora convertidos, tinham saudades dessas majestosas festas do Sol Invicto Nascente, que começava a voltar a iluminar a Terra. Pedagogicamente, e sabiamente, a Igreja passou a comemorar nesse mesmo dia, o nascimento do verdadeiro Sol, como disse o profeta Malaquias, “Sol da Justiça que traz a salvação em seus raios” (Ml 3, 20). Então, o Messias Salvador passou a ser mostrado na cultura deles, a “Luz para iluminar as nações” (Lc 2, 32). “Eu sou a Luz do mundo” (Jo 1, 9).

Especialistas alertam contra "tendências preocupantes" do secularismo ocidental


Especialistas em liberdade religiosa lançaram o alerta aos participantes de uma conferência em Roma: a discriminação e perseguição contra os cristãos está crescendo em muitas regiões do mundo.
 
Paul Marshall, do Centro para a Liberdade Religiosa, entidade do Instituto Hudson, falou sobre as causas da atual perseguição anticristã no mundo.
 
"O laicismo ocidental tem aumentado nas últimas décadas", disse Marshall em entrevista à CNA em 13 de dezembro. "Quero enfatizar que os modelos de que estamos falando não são os mesmos do mundo comunista nem os do Oriente Médio. Não é uma perseguição naquele sentido, mas está se tornando muito preocupante".
 
"Há tendências muito inquietantes e temos que estar cientes delas.É discriminação no local de trabalho, no direito de falar abertamente,na liberdade de viver a fé... As coisas estão realmente ficando piores no Ocidente".
 
Marshall apontou vários exemplos recentes dessa discriminação:"famílias alemãs adeptas da instrução em casa e que tiveram que pedir asilo nos Estados Unidos, pessoas demitidas do trabalho porque usavam símbolos cristãos, etc".
 
"O Fórum Pew de Religião e Vida Pública, um importante centro dedados e estatísticas religiosas que mede a hostilidade religiosa na Europa Ocidental, diz que os índices[de discriminação] já são tão altos quanto os do Oriente Médio", afirma Marshall, observando que “essas situações nascem de uma mentalidade subjacente. Dentro do sistema de ensino, houve uma insistência muito intensa em modelos baseados no pressuposto de que uma sociedade laica é uma sociedade em que a religião não tem espaço. Ela pode ser privada, pode ficar em casa, na igreja, mas não pode ter espaço na sociedade em geral".


Diferente da noção tradicional de discriminação, "este é um ponto de vista novo e incomum", que está mais ligado à "ideia de que uma sociedade não pode ser realmente aberta se a religião estiver presente nela".

 
"Em vez de uma sociedade para todos, em que os laicos são livres, os cristãos são livres e os hindus são livres", a nova visão da sociedade laica é a de "um Estado que detém uma ideologia particular e pede que todos se rendam a ela".
 
Marshall descreveu a mudança nesse entendimento como "a passagem de uma sociedade plural para uma sociedade ideologicamente laica". E sentencia: "Isso é preocupante".
 
A conferência "Cristianismo e Liberdade: Perspectivas Históricas e Contemporâneas"se realizou de 13 a 14 de dezembro na Pontifícia Universidade Urbaniana, em Roma,como iniciativa dentro do Projeto Liberdade Religiosa,promovido pelo Centro Berkley para a Religião, a Paz e as Relações Internacionais, da Universidade de Georgetown.
 
Dom Dominique Mamberti, Secretário da Santa Sé para as Relações com os Estados, falou na conferência sobre "dissipar o mito errôneo e datado de que o cristianismo é inimigo da liberdade pessoal e de consciência e de que a sua pretensa verdade leve necessariamente à violência e à opressão. Nada poderia ser menos preciso historicamente do que esse tipo de afirmação”, declarou ele.
 
O arcebispo destacou a ligação crucial entre o cristianismo e a liberdade, observando que essa ligação "tem as suas raízes nos ensinamentos de Cristo mesmo. A liberdade é intrínseca ao cristianismo, porque, como diz São Paulo, Cristo nos libertou para permanecermos livres". Embora o apóstolo se referisse principalmente à "liberdade interior", disse Mamberti, "essa liberdade interior tem, naturalmente, consequências sociais".
 
Quando os seres humanos não conseguem dar o devido valor à liberdade religiosa, os resultados para a sociedade como um todo podem ser muito prejudiciais, alertou ainda."Se o homem não pode se abrir para o Infinito de acordo com a sua consciência, a verdade cede espaço para o relativismo mentiroso;a justiça cede aos abusos da ideologia dominante, seja ela ateia, agnóstica ou mesmo de conotação religiosa".
 
A noção moderna de liberdade tende a ser entendida como "mero livre arbítrio" ou, negativamente, como "ausência de vínculos", prosseguiu Mamberti.No entanto, a ideia cristã mais tradicional da liberdade "não é dominada pelo medo, mas pela alegria da verdade que nos liberta".

 
Esta visão, segundo o arcebispo, "é contrária ao relativismo e também às formas de fundamentalismo religioso que, a exemplo do relativismo, veem a liberdade religiosa como uma ameaça para a sua afirmação ideológica".
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Disponível em: Aleteia

Sacerdotisas católicas: uma possibilidade?


Nesta semana, o papa Francisco deve ter franzido a testa ao ouvir o boato de que ele criaria mulheres cardeais. "De onde veio essa ideia?", indagou. Essa ideia vem das mesmas pessoas que, embora saibam que as mulheres não podem receber a ordenação sacerdotal, gostariam de ver mulheres diaconisas e até cardeais, já que, tecnicamente, os cardeais não precisam ser sacerdotes. A coisa toda tem a ver com o interminável debate sobre a ordenação de mulheres, assunto em que a Igreja anglicana tem tido um papel de destaque entre as igrejas históricas.
 
Na década de 1980, de fato, os membros da Igreja da Inglaterra estavam debatendo essa possibilidade. Sua irmã, a Igreja Episcopal dos Estados Unidos, já tinha dado sinal verde a essa prática em 1974. Várias outras igrejas nacionais, no seio da comunhão anglicana, seguiram a rota norte-americana.
 
Enquanto a Igreja da Inglaterra continuava o debate, observadores católicos e ortodoxos orientais analisavam a questão. Eu era padre da Igreja da Inglaterra na época e ouvia atentamente os prós e os contras. Para ser justo, os dois lados tinham argumentos interessantes. Não teria sido um debate tão apaixonado se não houvesse bons argumentos, diga-se de passagem.


As pessoas favoráveis à ordenação de mulheres argumentavam,com base na Sagrada Escritura, que "em Cristo não há homem nem mulher, nem escravo nem livre" (Gal3,28). Assim como a escravidão foi abolida muito embora fosse aceita nos tempos bíblicos, também as mulheres deveriam conquistar a plena igualdade. Os defensores dessa ideia diziam que a visão de Pedro, em Atos 11,sobre os animais que ele considerava impuros e que mesmo assim Deus lhe ordenava comer, significava que o Espírito Santo conduzia a Igreja por novas e radicais estradas, derrubando leis antigas para abraçar novas liberdades. Os proponentes da ordenação de mulheres afirmavam ainda que elas poderiam fazer o trabalho de um padre tão bem quanto um homem, e que, com certo carinho nas funções pastorais, poderiam ser até melhores do que o homem. Quando confrontados com o argumento de que homens e mulheres desempenham papéis complementares, eles respondiam que, se o sacerdócio fosse aberto a homens e mulheres, ele se tornaria plenamente humano, já que, precisamente, os homens e mulheres se complementam e tornariam mais completo o ministério.

 
Os que se opunham à ordenação de mulheres também argumentavam com base na Sagrada Escritura. Citavam São Paulo, que ditou que as mulheres não devem ensinar em posições de autoridade na Igreja (vide I Timóteo 2,11-15). Defendiam que a complementaridade masculina e feminina significa que mulheres e homens têm papéis diferentes, e não meras formas diferentes de exercer as mesmas funções. Ligavam a masculinidade ao papel do sacerdote mencionando o Cristo na Eucaristia e dizendo que, embora tivesse aceitado as mulheres de uma forma radical para a sua época, Jesus não escolheu nenhuma delas como apóstola. Os anglicanos com mentalidade mais católica diziam que a Virgem Maria já tinha dado a resposta feminina mais adequada ao Senhor: uma resposta de humilde submissão à vontade de Deus e, portanto,um exemplo não só para mulheres, mas para os homens também. Se as mulheres fossem ordenadas, aquele exemplo da resposta feminina à iniciativa masculina de Cristo ficaria perdido, diziam eles.
 
Os anglicanos tinham que lidar, enfim, com todos esses argumentos para decidir a polêmica.O assunto foi votado pelo Sínodo Geral,o órgão que dirige a Igreja da Inglaterra,e a ordenação de mulheres foi aprovada em 1992.As primeiras ordenações femininas na Igreja anglicana ocorreram em 1994. Desde então, mulheres também foram ordenadas bispas em várias províncias do mundo todo.A inovação foi recentemente aprovada na Inglaterra e no País de Gales.
 
Enquanto isso, permanece como lei canônica na Igreja católica que "só o batizado católico homem pode receber a ordenação sagrada" (§ 1577). O debate católico sobre a questão vem ofuscando a controvérsia anglicana. Em 1976, dois anos após as primeiras ordenações femininas na Igreja Episcopal, o Vaticano emitiu a Inter Insigniores, documento cujas conclusões afirmam, com base em várias razões doutrinais, teológicas e históricas, que a Igreja “não se considera autorizada a admitir mulheres na ordem sacerdotal”. No mesmo ano, porém, um estudo da Comissão Bíblica Pontifícia concordou que o Novo Testamento não é suficientemente claro a esse respeito: os membros da comissão admitiram, a partir da evidência bíblica, que a possibilidade da ordenação de mulheres poderia ser levada em consideração.
 
Mas a Igreja Católica não é adepta do “sola Scriptura”.Em 1994, ano em que a Igreja da Inglaterra começou a ordenar mulheres, o papa João Paulo II publicou a carta apostólica Ordinatio Sacerdotalise declarou: "A fim de que toda dúvida seja removida a respeito de um assunto de tão grande importância, eu declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja".Para esclarecer a questão ainda mais, a Congregação para a Doutrina da Fé afirmou em 1995que, embora a carta apostólica do papa João Paulo II não fosse em si mesma “infalível”, ela faz parte do “magistério universal e ordinário infalível da Igreja,o que requer assentimento definitivo”.
 
Roma falou, causa encerrada.
 
No entanto, certos grupos de ativistas continuam tentando mudar a doutrina da Igreja. Alguns vão longe o suficiente para ordenar mulheres ilicitamente e continuar afirmando mesmo assim que são "fiéis católicos".
 
A visão do papa Francisco sobre o assunto é iluminadora. Em seus comentários sobre a possibilidade de mulheres cardeais, ele disse que as pessoas que estão pressionando querem “clericalizar as mulheres”. E uma parte importante da missão do papa Francisco é justamente a de reorientar a Igreja para longe do exagerado controle clerical.

 
Ele quer que os leigos,sejam homens,sejam mulheres, ouçam o chamado a evangelizar e a se envolver na emocionante “bagunça” de viver e proclamar o Evangelho. Ele sabe que precisamos de sacerdotes para os sacramentos, para ensinar a fé e para governar aIgreja, mas sabe também que a missão do sacerdote não é um fim em si mesma. A missão do clero é servir constantemente e ajudar os fiéis a viver em plenitude a sua vocação no mundo. Concentrar-se apenas nos padres e nos bispos é perder o foco.Adicionar ainda mais categorias ao clero é prejudicar a proposta original.
 
Em vez de criar sacerdotisas, o próprio sacerdócio deve se tornar, mais claramente, um ramo da vocação de todo o povo de Deus. Ironicamente, ao insistir em não ordenar mulheres, a Igreja católica,muito longe de ser uma instituição antiquada e ultrapassada,está mostrando a todos os cristãos o caminho para um novo modelo de ministério, em que o clero, a exemplo de Cristo, existe “para servir e não para ser servido”. Em vez de se agarrar ao poder, o clero deve capacitar o povo de Deus para ser o Corpo dinâmico de Cristo no mundo.


Pe. Dwight Longenecker

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Disponível em: Aleteia

Papa Francisco celebrará Missa do Galo


O papa Francisco presidirá a tradicional Missa do Galo hoje, às 18h30 (horário de Brasília), no Vaticano. A celebração será transmitida, ao vivo, pela Rádio Vaticano, direto da Basílica de São Pedro. Cardeais, bispos e sacerdotes presentes irão concelebrar com o papa Francisco.

No final da missa, Francisco levará uma imagem do Menino Jesus à manjedoura e se encontrará com dez crianças, que representarão os cinco continentes.

Na ocasião, haverá a inauguração de um presépio erguido diante do obelisco no centro da Praça de São Pedro.


Visita


Ontem à tarde, o papa Francisco visitou Bento XVI para desejar-lhes as felicitações natalinas. Durante o encontro, houve um momento de oração. O papa Francisco saudou também os  membros da família de Bento XVI.
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Fonte: CNBB

Os Reis Magos, uma lição de fé


O Filho de Deus nasceu revestido de nossa miséria humana, escondendo-se sob as feições de um menino comum toda a “plenitude de sua divindade”, como disse São Paulo.

Assim quase ninguém pôde suspeitar que naquele Menino chamado Jesus se ocultasse Deus. Mas Deus, de sua maneira, quis manifestar a sua glória, dignidade e a divindade.

Houve a primeira manifestação aos pastores pobres de Belém, os primeiros judeus a reconhecerem o seu Deus; eles contemplaram os Anjos cantando o “Glória in excelsis Deo”. Esses pastores, avisados pelos Anjos, naquela mesma noite reconheceram e adoraram o recém-nascido Salvador do Mundo.

Uma segunda manifestação da divindade de Jesus aconteceu quarenta dias após o nascimento, em sua apresentação no Templo. Simeão e Ana manifestaram a sua glória. Uma terceira vez, ainda mais solene, aconteceu por meio de ilustres personagens, provenientes de longe: é a terceira Epifania (manifestação) de Jesus ao mundo, mas agora aos pagãos.

Enquanto os anjos, com seus cânticos, anunciavam nos campos de Belém o nascimento de Jesus, uma nova Estrela anunciava-O no Oriente de maneira misteriosa. Os representantes dos pagãos foram os Magos; homens que se ocupavam das ciências, especialmente da astronomia, da medicina e da matemática.

Pouco sabemos sobre esses reis Magos; eram pequenos reis soberanos de tribos primitivas do Oriente, viviam como patriarcas, senhores de rebanhos. Não há consenso sobre o país exato de onde vieram. São Jerônimo (†420) e Santo Agostinho (†430) diziam que os Magos vieram da Caldéia.


Os Padres gregos, a tradição da Síria, vários doutores da Igreja, afirmam que vieram da Pérsia. São Clemente de Alexandria (†215), São João Crisóstomo (†407), Santo Efrém (†373), S. Cirilo de Alexandria (†442), doutores da Igreja, afirmam que vieram da Pérsia, onde eram sacerdotes e pertenciam à uma casta religiosa e científica. Esses têm a seu favor as pinturas das Catacumbas de Roma, dos primeiros séculos, que os representam sempre com roupas persas: chapéus altos com abas caindo sobre os dois lados do rosto; túnica branca e comprida presa na cintura, sobre a qual cai longo manto para trás.


Segundo esses Padres, os reis Magos eram cultos, conheciam os livros dos judeus e professavam uma religião muita acima do paganismo; conheciam a ciência dos astros e liam pergaminhos antigos. De alguma forma conheciam a fé do povo judeu, a espera do Messias que traria salvação não só para Israel, mas também para as demais nação. Não podemos esquecer daquele eunuco etíope, evangelizado e batizado por S. Felipe (At 8,29ss).

E este oriental lia o profeta Isaias, e exatamente o trecho que falava do Servo Sofredor (Is 53,7). Este fato é uma prova de que muitos no oriente conheciam a glória de Israel e a sua fé.

E não podemos esquecer também que: “A rainha de Sabá, tendo ouvido falar de Salomão e da glória do Senhor, veio prová-lo com enigmas.(1Rs 10,1-2).

Ora, se a rainha de Sabá conhecia a fama de Salomão, 900 anos antes de Cristo, então, os reis Magos também podiam conhecer a fé judaica. Eles possuíam os livros dos hebreus deixados no exílio; e neles se falava de um Salvador que nasceria de uma virgem em Israel, e que seria adorado por todas as nações do mundo, e que seria o redentor da humanidade.

Neste tempo muitos no Oriente já usavam o astrolábio para conhecer as estrelas e estudavam atentamente o céu. Não é fantasioso imaginar que no mesmo dia do nascimento de Jesus eles possam ter vislumbrado um astro diferente no céu, de uma beleza singular, que os fez concluir que aparecera  a “estrela de Jacó”, que se movia do sul para o norte, em sentido contrário aos demais astros.

Santo Inácio de Antioquia (†107), mártir em Roma, diz na Carta aos Efésios que este astro que guiou os Magos era como aquela coluna de fogo que guiou Israel pelo deserto em sua marcha à Terra Prometida. Enfim, a fé os levou em busca do Salvador, e eles não desanimaram até encontrá-Lo. Segundo uma tradição esses reis magos simbolizavam as três raças humanas: a amarela, a negra a e branca, descendentes dos três filhos de Noé: Sem (Gaspar), Cam (Balthazar) e Jafé (Melchior).

Gaspar que dizer: “ele vai levado pelo amor”; Balthazar quer dizer: “sua vontade é rápida como a flecha e faz a vontade de Deus”; Melchior significa: “Ele penetra docilmente”. Os reis da Abissínia reivindicam a honra de serem descendentes dos reis Magos.

A estrela milagrosa, servindo-lhes de guia, conduziu-os até a Cidade Santa e desapareceu. A tal desaparecimento, pensaram os Magos que o Menino tivesse nascido nessa cidade, razão pela qual perguntaram: “Onde nasceu o Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-Lo.” (Mt 2, 2)

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Com Deus em nosso colo


Uma das fantásticas es maravilhosas alegrias do Natal é encontrar-se com o Deus Menino, a Criança Adorável que nos inunda de ternura e amor. Ter a Deus no colo nosso coração, na manjedoura de nossa alma, para balançá-lo e afagá-lo com carinho, expressando para Ele o quanto significa para nós, e quanto precisamos Dele. 

Certamente esta presença divina pequenina entre nós, nos faz descobrir a verdadeira face de Deus, a sua infinita misericórdia e bondade. Nos faz acreditar que é possível sonhar com um mundo sem guerras, com uma humanidade nova, fraterna e solidária.

Na sua fragilidade, candura e inocência se fortalece o nosso propósito de lutar pela paz, pela não violência, pela firmeza da verdade. Iluminados pela sua graça nos reconciliarmos com a vida, com as nossas origens superando e curando nossas feridas, machucados e decepções. Existe realmente a terapia do Natal, ela nos permite desvencilharmo-nos do que nos pesa na consciência, o que levamos de lembranças negativas, para renascer e recuperar a alegria e o gozo de viver.

O infinito e o divino irromperam no tempo e fizeram morada permanente na nossa história, se tornando um vizinho, um amigo e companheiro de jornada, para comunicar-se plenamente, sem mediações midiáticas ou virtuais, para poder abraçar e restaurar a nossa pobre condição.

Sim o sagrado se fez gente, para que nós pela graça participássemos da sua divindade, para sanar o mundo, para torná-lo um presépio cheio de harmonia, equilíbrio, de sustentabilidade amorosa em comunhão com toda a criação, acolhendo a todas as criaturas no banquete da vida e do Reino.


Por isso é necessário anunciar como os Anjos o Natal, com a poesia e musicalidade da concórdia dos corações, com a delicadeza e gentileza, de quem cuida, ama e protege, pois, Natal como bem afirmava a imortal poetisa Cecília Meirelles se celebra uma vez no ano, mas acontece infinitas vezes na vida de cada pessoa, quando deixamos o Deus Criança entrar de novo na nossa alma sedenta de amor e de beleza.

Que possamos ter uma vez mais esta experiência de recriançar a nossa vida com fé, ternura e a pureza do Menino Deus. Deus seja louvado!


Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo de Campos (RJ)

Aborto: quando o preço da liberdade é a vida de um bebê

Não é fácil entender uma Carta Magna que declara a vida 

como um direito inviolável – com exceção da vida dos nascituros


"Deixai que as criancinhas venham a mim" (Mt 19, 14): esta é uma das muitas alusões que Jesus faz às crianças no Evangelho. É como se, propositalmente, Ele quisesse nos fazer entender o lugar que cada criança ocupa no seu coração e no coração de Deus Pai.
 
Não é por acaso que hoje existem campanhas de defesa da vida, da educação, do bem-estar e da integridade física e emocional de todos estes pequenos no mundo inteiro. Os direitos das crianças estão acima dos direitos dos adultos, a quem corresponde protegê-las.
 
Apesar de tudo isso, testemunhamos inúmeras ações que atentam contra a vida das crianças. Desde antes de nascer, seu direito de viver é violado, pois se considera mais importante o direito à saúde ou "honra" da mãe.
 
A manipulada e eufemística linguagem dos que afirmam que no óvulo fecundado há vida, mas não existe um ser humano, ou dos que falam de "limpeza uterina", mas não de aborto, para não atormentar a própria consciência, leva a ideias cada vez mais fortes nas legislações de muitos países que se declaram modernos e laicistas (como contraposição à Igreja ou às diversas confissões religiosas, como se a fé fosse contra a lógica ou ameaçasse a liberdade humana).


Antes, os abortos eram praticados de maneira clandestina, e o medo de ser julgados pela lei levava muitas pessoas a camuflar-se nas clínicas de aborto. Hoje, com a garantia da própria lei (que estabelece na Constituição a defesa da vida e o direito a ela), defende-se a interrupção da gravidez em diversos casos: má-formação, risco de vida para a mãe, estupro.
 
Parece que todos têm direito de viver, menos os não nascidos. Este é o jogo do Estado frente a uma Constituição que cheira a hipocrisia. Não é fácil entender uma Carta Magna que declara a vida como um direito inviolável, com exceção da vida dos não nascidos.

 
Ainda assim, muitos continuam praticando abortos clandestinos, talvez por saber que, ainda que a lei permita, o coração dita outra coisa. É mais fácil optar pela clandestinidade, para não ter de enfrentar a censura moral externa nem ter de explicar a ninguém os motivos da decisão.
 
O fato de uma ação ser legal não significa que ela seja moralmente boa. O consenso, a democracia, a tomada de decisões generalizadas não muda o objeto da ação. O aborto sempre será um crime – a razão e o instinto humanos sabem isso perfeitamente. Ainda que se conte com o aval de um juiz, a pessoa carregará nos ombros e na consciência o peso de uma vida interrompida.
 
O aborto é a clara manifestação da degradação da consciência, da ruptura dos valores humanos, que antes reconheciam que a vida está acima de tudo, mas hoje concebem o livre arbítrio, a comodidade e o prazer como os verdadeiros referenciais da existência.
 
Como se não bastasse, todos os que defendem a vida da concepção até a morte natural são considerados como uma "seita minoritária" e atacados pelo fato de buscarem ser a voz dos que não têm voz; são declarados intolerantes por aqueles que acham que sua liberdade vale uma vida alheia e que ninguém tem o direito de interferir em suas funestas decisões.
 
Nosso mundo é estranho: uns buscam mil maneiras de evitar filhos, optando inclusive pelo aborto, enquanto outros procuram concebê-los a qualquer preço, com técnicas de reprodução assistida – porque o filho é entendido como um direito, não como um dom.

 
E aqui reside o engano de muitos, pois o outro é concebido como um objeto a ser adquirido. Parece que o mundo já não precisa do anúncio do final dos tempos, porque nós mesmos estamos causando a condenação e o desaparecimento da raça humana.
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Disponível em: Aleteia

Natal: não é a festa de aniversário de Jesus!


Eis o Natal, uma das grandes festas cristãs. Gostaria de explicar o sentido desta celebração, já que atualmente parece que os cristãos andam meio confusos, sem saber bem o que celebram. Alguns pensam que celebrar o Natal é comemorar o aniversário de Jesus; alguns chegam até a cantar “parabéns pra você”! Coisa totalmente fora de propósito, contrária ao sentimento da Igreja e fora do sentido da celebração dos cristãos. Então, se não celebramos o aniversário de Jesus, o que fazemos no Natal?

Antes de tudo é necessário entender o que é a Liturgia, a Celebração da Igreja.

O nosso Deus, quando quis nos salvar, agiu na nossa história. Primeiramente agiu na história de toda a humanidade, guiando de modo secreto e sábio todos os seres humanos e sua história. Basta que pensemos nos santos pagãos do Antigo Testamento – santos que não pertenceram ao povo de Israel: Santo Abel, Santo Henoc, São Matusalém, São Noé, São Melquisedec, São Jó... Nenhum destes pertencia ao Povo de Deus... E, no entanto, Deus agia através deles... Depois, Deus agiu de modo forte, aberto, intenso na história do povo de Israel, com as palavras de fogo dos profetas, com a mão estendida e o braço potente nas obras maravilhosas em benefício do Seu Povo eleito. Finalmente, Deus agiu de modo pleno e total, fazendo-Se pessoalmente presente, em Jesus Cristo, que é o cume, o centro e a finalidade da revelação e da ação de Deus: em Jesus, tudo quanto Deus sonhou para nós se realizou de modo pleno, único, absoluto, completo e definitivo! Então, o nosso Deus não Se revela principalmente com ensinamentos, com doutrinas e conselhos, mas com ações concretas e palavras concretas de amor! E tudo isso chegou à plenitude na vida, nos gestos, palavras e ações de Jesus Cristo!

Pois bem: são estas obras salvíficas de Deus, realizadas de modo pleno em Jesus, que nós tornamos presente na nossa vida quando celebramos a Santa Liturgia, sobretudo a Eucaristia! Na força do Espírito Santo de Jesus, através das palavras, dos gestos e dos símbolos litúrgicos, os acontecimentos do passado – todos resumidos em Cristo: na Sua Encarnação, no Seu Nascimento,  Ministério, Morte e Ressurreição e no Dom do seu Espírito – tornam-se presentes na nossa vida.


Vejamos, agora, o caso do Natal. Quando a Igreja celebra as festas do Natal, quer celebrar não o aniversariozinho do menininho Jesus... O que ela deseja fazer e faz é tornar presente para nós, na força do Espírito Santo, a graça da Vinda do Cristo! Celebrando a liturgia do Natal, o acontecimento do passado (a Manifestação do Filho de Deus) torna-se presente no hoje da nossa vida! Na liturgia do Natal a Igreja não diz: “Há dois mil anos nasceu Jesus”! Nada disso! O que ela diz é: “Alegremo-nos todos no Senhor: hoje nasceu o Salvador do mundo, desceu do céu a verdadeira paz!”. Então, celebrando as santas festas do Natal, celebramos a Manifestação do Salvador no nosso hoje, na nossa vida, no nosso mundo! A liturgia tem essa característica: na força do Santo Espírito torna presente realmente, de verdade, aquele acontecimento ocorrido no passado. Não é uma repetição do acontecimento, nem uma recordação! É, ao invés, aquilo que a Bíblia chama de memorial, isto é, tornar presente os atos de salvação de Deus!

Agora vejamos: a Eucaristia é a celebração, o memorial da Páscoa do Senhor. Como é, então, que no Natal a gente celebra a Missa, que é a Páscoa? Como é que já no Natal a Igreja mete a celebração da Páscoa? É que a Eucaristia não é simplesmente a celebração da paixão, morte e ressurreição de Cristo! Essa seria uma ideia muito mesquinha, estreita! Em cada Missa é todo o mistério da nossa salvação que se faz presente, é tudo aquilo que Deus realizou por nós, desde a criação até agora... E tudo isso tem o seu centro em Jesus: na Sua encarnação, na Sua vida e na sua pregação, e alcança seu cume na Sua morte e ressurreição, na Sua ascensão e no dom do Santo Espírito. Então, celebramos as cinco festas do Natal celebrando a Missa, porque aí o mistério, o acontecimento da nossa salvação se torna presente e atuante na nossa vida. Voltando para casa após a Missa do Natal, podemos dizer: “Hoje eu vi, hoje eu ouvi, hoje eu experimentei, hoje eu testemunhei e hoje eu anuncio: nasceu para nós, nasceu par o mundo um Salvador! Ele veio, Ele não nos deixou, Ele Se fez nosso companheiro de estrada!” Celebrando a Eucaristia do Natal, recebemos a graça do Natal, entramos em comunhão com o Cristo que veio no Natal, porque recebemos no Corpo e Sangue do Senhor o próprio Cristo que nasceu para nós, e, agora, Cristo ressuscitado, pleno do Santo Espírito! É incrível, mas a graça do Natal chega a nós mais do que chegou para Maria e José e os pastores e os magos. Porque eles viram um menininho no presépio, na Sua natureza humana em estado de humilhação, enquanto nós O recebemos dentro de nós, Seu Corpo no nosso corpo, Seu Sangue no nosso sangue, Sua Alma na nossa alma, Seu Espírito no nosso espírito... E tudo isto num estado de glória! Não mais um menininho frágil, com esta nossa vidinha humana, mas o próprio Filho agora glorificado, com uma natureza humana imortal e gloriosa, que nos transformará para a Vida eterna.

Então, que neste Natal ninguém cante parabéns para o Menino Jesus, nem fique com inveja dos pastores e dos magos... Também para nós HOJE nasceu um Salvador: o Cristo ressuscitado, glorioso, que recebemos no Seu Corpo e Sangue e cujo mistério celebramos nos gestos, palavras e símbolos da liturgia santíssima!


Feliz Natal, Irmão, pleno da graça do Deus nascido da Virgem!
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Disponível em: Visão Cristã