A Solenidade de
Pentecostes, que celebramos no dia de hoje, encerra o tempo litúrgico da
Páscoa. Com efeito, o Mistério Pascal – a Paixão, Morte e Ressurreição de
Cristo, e a sua Ascensão ao Céu – encontra o seu cumprimento na poderosa efusão
do Espírito Santo sobre os Apóstolos congregados com Maria, Mãe do Senhor, e
com os demais discípulos. Foi o “batismo” da Igreja, batismo no Espírito Santo
( At 1,5 ). Como narram ao Atos dos Apóstolos, na manhã da festividade do
Pentecostes, um fragor como que de um vento investiu o Cenáculo e sobre cada um
dos discípulos desceram como que línguas de fogo ( At 2, 2-3 ).
Pentecostes era
uma das grandes festas judaicas; muitos israelitas iam nesses dias em
peregrinação a Jerusalém, para adorar a Deus no Templo. A origem da festa
remontava a uma antiquíssima celebração em que se davam graças a Deus pela
safra do ano, em vésperas de ser colhida. Depois acrescentou-se a essa
comemoração, que se celebrava cinquenta dias depois da Páscoa, a da promulgação
da Lei dada por Deus no monte Sinai. Por desígnio divino, a colheita material
que os judeus festejavam com tanto júbilo converteu-se, na Nova Aliança, numa
festa de imensa alegria: a vinda do Espírito Santo com todos os seus dons e
frutos.
Hoje é a
plenitude do Mistério Pascal, com o Dom do Espírito Santo à Igreja. É o
nascimento da Igreja. O Pentecostes é o cumprimento da promessa de Jesus: “… se
Eu for, enviá-lo-ei” (Jo 16,7).
A solenidade de
Pentecostes é a festa da unidade porque a obra da reunificação foi levada a
cabo pelo Pai em Cristo na unidade do Espírito Santo. Assim como o Espírito
Santo, na intimidade da Trindade, é o “lugar” de encontro do Pai e do Filho, o
Espírito Santo é quem nos une a Cristo. A salvação consiste, segundo S.
Agostinho, em ser unidos ao Corpo de Cristo (cfr. In Ioann tract. 52, n.6; PL
35,1771) pela ação do Espírito Santo através da Palavra e dos Sacramentos.
Naturalmente, é
bom ressaltar, de maneira prioritária, o Sacramento da Reconciliação
(Sacramento da Confissão), que Cristo instituiu no mesmo momento em que
comunicou aos discípulos a sua paz e o seu Espírito. Como está na página
evangélica, Jesus soprou sobre os Apóstolos e disse-lhes: “Recebei o Espírito
Santo. “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os
perdoardes, eles lhes serão retidos” ( Jo 20, 21 – 23 ). Como é importante e,
infelizmente, compreendido de forma insuficiente o dom da Reconciliação, que
pacifica os corações! A paz de Cristo só se difunde através dos corações
renovados dos homens e das mulheres reconciliados, que se tornaram servidores
da justiça, prontos a espalhar pelo mundo a paz, unicamente com a força da
verdade, sem fazer compromissos com a mentalidade do mundo, porque o mundo não
pode doar a paz de Cristo: eis como a Igreja pode ser fermento daquela
reconciliação que provém de Deus. Só pode sê-lo se permanecer dócil ao Espírito
e der testemunho do Evangelho, se carregar a Cruz como e com Jesus. É
precisamente isto que testemunham os Santos e as santas de todos os tempos!
“Recebei o
Espírito Santo” ( Jo 20, 22 ) Autorizava-os a perdoar os pecados. Portanto, o
Espírito Santo manifesta-se aqui como força do perdão dos pecados, da renovação
dos nossos corações e da nossa existência; e assim Ele renova a Terra e onde
havia divisão cria unidade.
A vinda do
Espírito Santo no dia de Pentecostes não foi um acontecimento isolado na vida
da Igreja. O Paráclito santifica-a continuamente, como também santifica cada
alma, através das inúmeras inspirações que se escondem em “todos os atrativos,
movimentos, censuras e remorsos interiores, luzes e conhecimentos que Deus
produz em nós, prevenindo o nosso coração com as suas bênçãos, pelo seu cuidado
e amor paternal, a fim de nos despertar, mover, estimular para o amor
celestial, para as boas resoluções, para tudo aquilo que, numa palavra, nos
conduz à nossa vida eterna. A sua ação na alma é suave e aprazível; Ele vem
salvar, curar, iluminar” (São Francisco de Sales).
No dia de
Pentecostes, os Apóstolos foram robustecidos na sua missão de anunciarem a Boa
Nova a todos os povos. Todos os cristãos têm, desde então, a missão de
anunciar, de cantar as maravilhas que Deus fez no seu Filho e em todos aqueles
que creem nEle. Somos agora um povo santo para publicar as grandezas dAquele
que nos tirou das trevas para a sua luz admirável.
Ao compreendermos
a grandeza da nossa missão, compreendemos também que ela depende da nossa
correspondência às moções do Espírito Santo, e sentimo-nos necessitados de
pedir-lhe frequentemente que lave o que está manchado, regue o que está seco,
cure o que está doente, acenda o que está morno, retifique o que está torcido.
Porque sabemos bem que no nosso interior há manchas, e partes que não dão todo
o fruto que deveriam porque estão secas, e partes doentes, e tibieza e também
pequenos desvios, que é necessário retificar.
Não se pode conceber
vida cristã nem Igreja sem a presença e a ação do Espírito Santo!
Depois que Jesus
completou a sua obra, constituído Senhor a partir de sua Ressurreição, envia ao
mundo o seu Espírito, o Espírito do Pai. Conforme São João (Cf. Jo 20,19-23),
Jesus comunica o seu Espírito, o mesmo Espírito que Ele entregou ao Pai no dia
da Ressurreição. Para isso, sopra sobre eles, transmitindo-lhes a vida nova, a
força, o Espírito Santo: “Recebi o Espírito Santo…” e o Dom do Perdão e da
Reconciliação.
“O Espírito Santo
vem em socorro de nossa fraqueza”, diz S. Paulo (Rom. 8,26). Diz São João da
Cruz que o Espírito Santo, com a sua chama está ferindo a alma, gastando e
consumindo-lhe as imperfeições dos seus maus hábitos.
Na Carta aos
Gálatas, São Paulo recorda que “o fruto do Espírito é amor, alegria, paz,
paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio” ( 5, 22
). Estes são os dons do Espírito Santo que invocamos também hoje para todos os
cristãos, para que, no serviço comum e generoso ao Evangelho, possam ser no
mundo sinal do amor de Deus pela humanidade. “ Todos eles perseveravam na
oração em comum, junto com algumas mulheres e Maria, Mãe de Jesus” ( At 1, 14
).Confiemos todos à intercessão da Virgem Maria, que hoje contemplamos no
Mistério glorioso do Pentecostes. O Espírito Santo, que em Nazaré desceu sobre
ela para a tornar a Mãe do Verbo encarnado ( Lc 1, 35 ), desceu hoje sobre a
Igreja nascente reunida à sua volta no Cenáculo ( At 1, 14 ).
COMENTÁRIOS DOS TEXTOS BÍBLICOS
Leituras: At 2,1-11; Sl 103; 1Cor 12,3b-7.12-13; Jo 20,19-23
Caros irmãos e irmãs, a Igreja
celebra neste domingo o dia de Pentecostes. No Antigo Testamento, Pentecostes
era uma festa agrícola: cinquenta dias depois de recolher os primeiros frutos
da colheita, oferecia-se a Deus as primícias do trabalho. Este é o motivo
do nome hebraico da festa: “Pentecostes”. Era um momento de agradecer a Deus
pelas primeiras colheitas; por isso era conhecida também como “Festa das
Colheitas” ou “Festa das Primícias”. Era o momento adequado para levar os
primeiros frutos amadurecidos ao Templo como oferenda a Deus.
Esta festa teve um desabrochar bem
específico no Novo Testamento. Pouco antes da sua ascensão, Jesus disse aos
discípulos: “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que
permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade” (Jo 14,16-17). Pois foi
cinquenta dias depois da Páscoa que aconteceu em Jerusalém a descida do
Espírito Santo, mistério de infinita significação para a Igreja. Isto
realizou-se no dia do Pentecostes, quando os apóstolos estavam reunidos em
oração no Cenáculo com a Virgem Maria (cf. At 1,13s). É o dom solene do
Espírito Santo, sem o qual não seria completa em nós a ação do Cristo
ressuscitado. Pentecostes é o complemento da Páscoa. É o ponto de
partida para a difusão do Evangelho no mundo.
A efusão do Espírito Santo na
Igreja nascente foi o cumprimento de uma promessa de Deus, muito mais antiga,
anunciada e preparada em todo o Antigo Testamento. Na primeira página do livro
do Gênesis, ao narrar a criação do mundo e descrever o caos inicial, se diz que
“o espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,2). Era a referência a um
grande vendaval cósmico e materializava o sopro vivificador de Deus, que vinha
dar força e vida ao mundo que nascia.
Também a Sagrada Escritura
especifica que Deus insuflou pelas narinas do homem um sopro de vida para
infundir-lhe a própria vida (cf. Gn 2,7). Depois do pecado original, o espírito
vivificador de Deus irá manifestar diversas vezes na história dos homens,
suscitando profetas para exortar o povo eleito a se voltar para Deus e a
observar fielmente os seus mandamentos.
A primeira leitura (cf. At 2,1-11),
nos faz voltar novamente ao início do Antigo Testamento, onde temos a antiga
história da construção da Torre de Babel, descrita como um reino no qual os
homens concentraram tanto poder que pensaram que já não precisavam de fazer
referência a um Deus distante e, deste modo, eram tão fortes que podiam
construir sozinhos um caminho que leva ao céu, para abrir as suas portas e
pôr-se no lugar de Deus.
Enquanto os homens estavam a
trabalhar juntos, construindo a torre, repentinamente deram-se conta de que
estavam a construir um contra o outro. Enquanto tentavam ser como Deus, corriam
o perigo de nem sequer ser mais homens, porque tinham perdido um elemento
fundamental próprio da pessoa humana: a capacidade de se aproximarem, de se
compreenderem e de trabalhar juntos (cf. Gn 11,1-9).
Por outro lado, a narração do
Pentecostes contida no livro dos Atos dos Apóstolos, apresenta o novo curso da
obra de Deus, principiado com a ressurreição de Cristo, que voltou para o Pai e
agora envia o sopro divino, o Espírito Santo. Esta abertura de horizontes
confirma a novidade de Cristo na dimensão do espaço humano: o Espírito Santo
supera as divisões e vai além dos muros e barreiras. A contraposição entre
Babel e o Pentecostes está, com efeito na afirmação de São Paulo: “O fruto do
Espírito é amor, alegria, paz, paciência, benevolência, bondade, fidelidade,
mansidão e domínio de si” (Gl 5,22-23). Por esta razão, a dispersão
ocorrida em Babel se contrapõe à unidade manifestada em Pentecostes.
O relato da descida do Espírito
Santo, descrito na primeira leitura, mostra a sua ação por meio do grupo
apostólico no dia de Pentecostes. O contraste entre a situação de antes e
depois do dom do Espírito Santo é significativa. Antes: medo, tristeza, portas
fechadas, não comunicação, dúvida, angústia, silêncio e clandestinidade, como nos
relata o texto evangélico (cf. Jo 20,19). Depois: coragem, alegria,
abertura, comunicação, paz, fé, segurança e proclamação profética em plena
rua. Uma vez batizados com o Espírito Santo, são visíveis nos apóstolos a
força e o dinamismo que vem do alto, que a narrativa da primeira leitura
reflete.
Em Pentecostes, o Espírito Santo
manifesta-se como fogo. Três grandes elementos caracterizam a descida do
Espírito Santo: o vento, o fogo, as línguas. O vento lembra exatamente o
“Espírito”, para o qual na língua hebraica se usava a mesma palavra “ruah”, que
significa “vento”, “respiração”, “sopro”. Era o termo concreto de que se
usava para indicar o misterioso sopro de Deus, que é o Divino Espírito Santo.
A chama do Espírito Santo desceu
sobre os discípulos reunidos, pousou sobre cada um e acendeu neles o fogo
divino, um fogo de amor, capaz de transformar. O receio desapareceu, o coração
sentiu uma nova força, as línguas soltaram-se e começaram a falar com
franqueza, de modo que todos pudessem compreender o anúncio de Jesus Cristo.
Onde havia divisão e indiferença, surgiram unidade e compreensão.
A chama do Espírito Santo acendeu e
infundiu nos apóstolos o novo ardor de Deus. Realiza-se assim aquilo que o
Senhor Jesus tinha predito: “Vim lançar fogo sobre a terra; e como
gostaria que ele já tivesse sido ateado!” (Lc 12,49). Juntamente com os fiéis
das diversas comunidades, os Apóstolos levaram esta chama divina até aos
extremos confins da terra; abriram assim um caminho para a humanidade, uma
senda luminosa, e colaboraram com Deus, que com o seu fogo quer renovar a face
da terra. O fogo de Deus, o fogo do Espírito Santo, é aquele da sarça que ardia
sem se consumir (cf. Ex 3,2). É uma chama que arde, mas não destrói; aliás,
ardendo faz emergir a parte melhor e mais verdadeira do homem, como numa fusão
faz sobressair a sua forma interior, a sua vocação à verdade e ao amor.
Esta solenidade que celebramos deve
também nos fazer redescobrir o sacramento da Confirmação e voltar a encontrar o
seu valor e significado. Quem recebeu os sacramentos do Batismo e da
Confirmação deve lembrar que se tornou “templo do Espírito Santo” e, por isto,
deve dar frutos de santidade e torna-se um cristão completo, porque a
Confirmação aperfeiçoa a graça batismal (cf. CIgC, n. 1302-1304). É mediante os
sacramentos do Batismo, da Confirmação e em seguida, de modo continuativo, da
Eucaristia, que o Espírito Santo nos faz filhos de Deus, membros da sua Igreja
e chamados a professar a nossa fé na presença e na ação do Espírito Santo e a invocar
a sua efusão sobre nós, sobre a Igreja e sobre o mundo inteiro.
Nesta Solenidade de Pentecostes,
também nós queremos estar espiritualmente unidos à Virgem Maria, que em Nazaré
o Espírito Santo desceu sobre ela, a fim de que se tornasse a Mãe de Deus (cf.
Lc 1,35). Peçamos a sua intercessão sempre por nós, para que sejamos
fortalecidos pela ação do Espírito Santo e saibamos viver e testemunhar com
alegria mensagem do Cristo Senhor. Assim seja.
PARA REFLETIR
“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava”. Que Espírito é este, que encheu hoje os Apóstolos e a inteira Igreja de Cristo?
Ele é o Espírito do Ressuscitado, soprado pelo Cristo Senhor: “Jesus disse: ‘Como o Pai me enviou (no Espírito Santo), eu também vos envio (neste mesmo Espírito)!’ Depois soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo!’”
Nele, tudo fora criado desde o princípio: “O Espírito do Senhor encheu o universo; ele mantém unidas todas as coisas e conhece todas as línguas” (Sb 1,7). Somente no Santo Espírito podemos compreender que toda a criação e toda a história são penetradas pela vida de Deus que nos vem pelo Cristo; somente no Santo Espírito podemos perceber a unidade e bondade radicais da criação que nos cerca, mesmo com tantas trevas e contradições. É o Santo Espírito, doce Consolador, que nos livra do desespero e da falta de sentido!
Nele tudo se mantém, tudo tem consistência, tudo é precioso: “Encheu-se a terra com as vossas criaturas: se tirais o seu respiro, elas perecem e voltam para o pó de onde vieram. Enviais o vosso Espírito e renascem e da terra toda a face renovais”. É por sua ação constante que tudo existe e persiste no ser. Sem ele, tudo voltaria ao nada e nada teria consistência real. Nele, tudo tem valor, até a mais simples das criaturas…
Sem ele, nada, absolutamente, podemos nós: “Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele!” Por isso Jesus disse: “Sem mim, nada podeis fazer (Jo 15,5)”, porque sem o seu Espírito Santo que nos sustenta e age no mais íntimo de nós, tudo quanto fizéssemos não teria valor para o Reino dos Céus. Jesus é a videira, nós, os ramos, o Espírito é a seiva que, vinda do tronco, nos faz frutificar…
Ele é a nova Lei – não aquela inscrita sobre tábuas de pedra, mas inscrita no nosso coração (cf. Ez 11,19; Jr 31,31-34), pois “o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5,5). A lei de Moisés, em tábuas de pedra, fora dada no Sinai em meio a relâmpagos, trovões, fogo, vento e terremotos (cf. Ex 19); agora, a Nova Lei, o Santo Espírito nos vem em línguas de fogo e vento barulhento e impetuoso, para marcar o início da Nova Aliança, do Amor derramado no íntimo de nós!
Ele tudo perdoa e renova e, Cristo, pois é Espírito para a remissão dos pecados: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados!” É, pois, no Espírito que a Santa Igreja anuncia a paz do Evangelho do perdão de Deus para a humanidade em Cristo Jesus!
Ele nos une no Corpo de Cristo, que é a Igreja, pois “fomos batizados num único Espírito para formarmos um só corpo…” – Neste Corpo, ele nos enche de dons, carismas e ministérios, pois “a cada um é dada a manifestação do Espírito para o bem comum”. É no Espírito que a Igreja é uma na diversidade de tantos dons e carismas; uma nas diferenças de seus membros…
Ele faz a Igreja falar todas as línguas, fá-la abrir-se ao mundo, procurar o mundo com “santa inquietude”, não para render-se ao mundo ou imitá-lo ou perder-se nele, mas para “anunciar as maravilhas de Deus” em Cristo Jesus, chamando o mundo à conversão e à vida nova em Cristo!
Enfim, Ele torna Jesus sempre presente no nosso coração e no coração da Igreja e no testemunha incessantemente, sempre e em tudo que Jesus é o Senhor, pois “ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo!” – para a glória de Deus Pai. Amém.
Ele é o Espírito do Ressuscitado, soprado pelo Cristo Senhor: “Jesus disse: ‘Como o Pai me enviou (no Espírito Santo), eu também vos envio (neste mesmo Espírito)!’ Depois soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo!’”
Nele, tudo fora criado desde o princípio: “O Espírito do Senhor encheu o universo; ele mantém unidas todas as coisas e conhece todas as línguas” (Sb 1,7). Somente no Santo Espírito podemos compreender que toda a criação e toda a história são penetradas pela vida de Deus que nos vem pelo Cristo; somente no Santo Espírito podemos perceber a unidade e bondade radicais da criação que nos cerca, mesmo com tantas trevas e contradições. É o Santo Espírito, doce Consolador, que nos livra do desespero e da falta de sentido!
Nele tudo se mantém, tudo tem consistência, tudo é precioso: “Encheu-se a terra com as vossas criaturas: se tirais o seu respiro, elas perecem e voltam para o pó de onde vieram. Enviais o vosso Espírito e renascem e da terra toda a face renovais”. É por sua ação constante que tudo existe e persiste no ser. Sem ele, tudo voltaria ao nada e nada teria consistência real. Nele, tudo tem valor, até a mais simples das criaturas…
Sem ele, nada, absolutamente, podemos nós: “Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele!” Por isso Jesus disse: “Sem mim, nada podeis fazer (Jo 15,5)”, porque sem o seu Espírito Santo que nos sustenta e age no mais íntimo de nós, tudo quanto fizéssemos não teria valor para o Reino dos Céus. Jesus é a videira, nós, os ramos, o Espírito é a seiva que, vinda do tronco, nos faz frutificar…
Ele é a nova Lei – não aquela inscrita sobre tábuas de pedra, mas inscrita no nosso coração (cf. Ez 11,19; Jr 31,31-34), pois “o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5,5). A lei de Moisés, em tábuas de pedra, fora dada no Sinai em meio a relâmpagos, trovões, fogo, vento e terremotos (cf. Ex 19); agora, a Nova Lei, o Santo Espírito nos vem em línguas de fogo e vento barulhento e impetuoso, para marcar o início da Nova Aliança, do Amor derramado no íntimo de nós!
Ele tudo perdoa e renova e, Cristo, pois é Espírito para a remissão dos pecados: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados!” É, pois, no Espírito que a Santa Igreja anuncia a paz do Evangelho do perdão de Deus para a humanidade em Cristo Jesus!
Ele nos une no Corpo de Cristo, que é a Igreja, pois “fomos batizados num único Espírito para formarmos um só corpo…” – Neste Corpo, ele nos enche de dons, carismas e ministérios, pois “a cada um é dada a manifestação do Espírito para o bem comum”. É no Espírito que a Igreja é uma na diversidade de tantos dons e carismas; uma nas diferenças de seus membros…
Ele faz a Igreja falar todas as línguas, fá-la abrir-se ao mundo, procurar o mundo com “santa inquietude”, não para render-se ao mundo ou imitá-lo ou perder-se nele, mas para “anunciar as maravilhas de Deus” em Cristo Jesus, chamando o mundo à conversão e à vida nova em Cristo!
Enfim, Ele torna Jesus sempre presente no nosso coração e no coração da Igreja e no testemunha incessantemente, sempre e em tudo que Jesus é o Senhor, pois “ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo!” – para a glória de Deus Pai. Amém.
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