segunda-feira, 7 de abril de 2014

CNBB abre concurso para hino da Campanha da Fraternidade 2015


Estão abertas as inscrições do concurso para escolha do Hino da Campanha da Fraternidade 2015. O prazo para envio das composições (áudio e partitura) será até 11 de junho de 2014. Por decisão do Conselho Episcopal de Pastoral (Consep) da CNBB, o concurso será realizado em um único edital, que irá selecionar letra e  música, simultaneamente, podendo haver parceria de letristas e músicos.

 A Campanha da Fraternidade de 2015 terá como tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45). O objetivo é inserir a campanha nas comemorações do jubileu do Concílio Vaticano II, com base nas reflexões propostas pela Constituição Dogmática Lumen Gentium e na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, que tratam da missão na Igreja no mundo.


O assessor de música litúrgica da CNBB, padre José Carlos Sala, destaca a importância do concurso e da colaboração dos profissionais da música.

“A participação de poetas e músicos para a composição de um hino visa traduzir em linguagem poética os conteúdos do tema, lema e objetivos da Campanha da Fraternidade, com uma melodia bela e expressiva que possibilite a participação de todos no canto”, explica.


Reflexões sobre a “ideologia de gênero”


A “revolucionária” ideologia de gênero vem tentando se implantar no Brasil por meio de grandes esforços do poder reinante ou dominante. Diante desta situação, incumbe-nos, enquanto brasileiros e cristãos, saber o que é essa ideologia muito comentada, mas pouco definida, quais são suas raízes, como ela se impõe, que objetivos tem e qual deve ser a nossa posição frente a ela.

É ponto de partida desse sistema ideológico o seguinte postulado: nós nascemos com um sexo biológico definido (homem ou mulher), mas, além dele, existiria o sexo psicológico ou o gênero que poderia ser construído livremente pela sociedade na qual o indivíduo está inserido. Desse modo, em última análise, não existiria uma mulher ou um homem naturais. Ao contrário, o ser humano nasceria sexualmente neutro, do ponto de vista psíquico, e seria constituído socialmente homem ou mulher.

Nada de novo debaixo do sol. Simone de Beauvoir, filósofa existencialista, já dizia exatamente isso. Não se nasce mulher, mas você se torna mulher; não se nasce homem, mas você se torna homem. Em suma, nada dependeria da natureza, mas, sim, de uma construção sociocultural capaz de levar a relações igualitárias entre dois seres humanos, naturalmente, diferentes quanto à sexualidade.

Uma Nota da Conferência Episcopal do Peru, emitida em abril de 1998, com o título La ideologia de género: sus peligros y alcances aponta a raiz marxista e atéia desse sistema ideológico e assegura que segundo a ideologia de gênero, não é a natureza, mas a sociedade quem vai impondo ao homem ou à mulher certos comportamentos típicos. Desse modo, se a menina prefere brincar de casinha ou aconchegar a boneca isso não se deveria ao seu instinto natural à maternidade, mas tão-somente a uma convenção social dominadora. Se as mulheres se casam com homens e não com outras mulheres, isso nada teria de natural, mas dever-se-ia apenas a uma “tradição social” das classes dominantes.

Mais: se o homem brinca de bola e sente necessidade de trabalhar fora de casa a fim de melhor sustentar a família ao passo que as mulheres preferem, via de regra, passar mais tempo em casa junto aos filhos (cf. Sueli C. Uliano. Por um novo feminismo. São Paulo: Quadrante, 1995, p. 51-53), não estariam, de modo algum, atendendo a seus anseios inatos, mas apenas se acomodando ao desejo elitista de uma tradição opressora que deve ser rompida a qualquer momento. Sim, pois segundo os defensores da ideologia de gênero essas construções sociais opressivas só serviram até hoje para minimizar a mulher frente aos homens. Seria necessário conscientizá-las de que a sua vida de casa, cozinha e criança não tem mais sentido, essa conscientização levaria a mulher a entender o quanto é explorada e enganada pelo modelo patriarcal de sociedade em que vivemos.

Uma vez liberta, ela poderia optar por reconstruir-se do modo que bem entender. Faria a sua escolha sexual com todas as consequências dela derivadas, ou seja, poderia também optar por levar adiante uma gravidez ou praticar o aborto que, na doutrina de gênero, não seria crime algum, mas, ao contrário um direito que caberia à mãe. Embora, para não chocar a sociedade com o homicídio, prefira-se um termo manipulado por meio de engenharia verbal como é, por exemplo, “interrupção voluntária da gravidez”.

Isso posto, já devemos – com a Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do Homem e da Mulher na Igreja e na Sociedade, da Congregação para a Doutrina da Fé, de 31 de maio de 2004 – aproveitar fazer, rapidamente, a refutação de duas correntes contemporâneas que propalam pensamentos absurdos a respeito da mulher: a subordinacionista, que a vê qual escrava, submissa ao homem em nível familiar e social, e a de gênero, desejosa de apagar as diferenças naturais entre homem e mulher. Afinal, a Escritura apresenta a mulher como ezer (auxiliar ou companheira) do homem por analogia com Deus que é ezer do homem (cf. Gn 2,4-25; Êx 18,4; Sl 10,35). Há entre mulher e homem complementaridade, apesar das diferenças fisiológicas e psicológicas (não meramente culturais). Iguais quanto à sua dignidade – um não é mais que o outro – não se identificam em suas características peculiares, pois Deus criou homem e mulher, não um andrógino polimorfo ou capaz de ter várias formas.

Outro ponto a ser refutado é o que defende a liberdade de construção sexual. Com efeito, assim como toda ideologia, a de gênero – considerada pelo estudioso argentino Jorge Scala, em sua obra Ideologia de gênero: neototalitarismo e morte da família (São Paulo: Katechesis, 2011), a mais radical já conhecida na história, pois se aplicada destruiria o ser humano em sua integralidade e, por conseguinte, a sociedade, cuja célula-mãe é a família – é também mentirosa. Ela oferece às pessoas a ilusão de que serão plenamente livres em matéria sexual, contudo, uma vez que essas pessoas tenham tomado a mentira por verdade, são aqueles que detêm o poder real que escolherão, a seu beneplácito, o modo como o povo deverá – padronizadamente – exercer a sua sexualidade sob o olhar forte do Estado que tutelaria para que cada um fizesse o que bem entendesse. Dentro da cartilha estatal, é óbvio. Só não se toleraria, por enquanto, as relações sexuais não consentidas, todas as demais seriam válidas e deveriam ser toleradas pelo Governo e pela sociedade em geral como lícitas.

Ora, uma ideologia tão antinatural e artificial dessas não consegue se impor do dia para a noite, nem recebe tão fácil acolhida da população, mas, ao contrário, provoca resistências entre as pessoas sensatas em geral. Daí os arautos da ideologia de gênero usarem, de modo conjunto, importantes estratégias para dominarem o grande número de hesitantes.

Sim, é imprescindível contar com os meios de propaganda de grande alcance tais como o rádio, o jornal, as revistas, a TV, a internet, pois são veículos de comunicação unidirecionais, ou seja, não permitem que o receptor da informação dialogue com o emissor (sabemos como são manipuladas as opiniões que se enviam para os sites) para, no caso de gênero, por exemplo, contestá-lo das inverdades que diz. Apenas se aceita muito passivamente aquilo que lhe é transmitido. 

"Casamento" entre pessoas do mesmo sexo: como não combatê-lo.



O casamento está sendo atacado e, em meses recentes, ouvimos algumas concessões surpreendentes e deprimentes: o porta-voz do Vaticano, pe. Federico Lombardi, chegou a opinar que os cristãos poderiam aceitar as "uniões civis" entre parceiros do mesmo sexo. O deputado norte-americano Paul Ryan, ex-candidato republicano à vice-presidência dos Estados Unidos, declarou, durante uma reunião em Wisconsin, que se opõe ao chamado “casamento homossexual”, mas apoia o “direito” dos casais homossexuais de adotar crianças. Pastores evangélicos cristãos, com medo do afastamento dos membros mais jovens das suas igrejas, começaram, eles próprios, a se afastar desta questão. Até mesmo líderes católicos e evangélicos cujos pontos de vista são ortodoxos estão preferindo “não entrar nessa briga”. Um sacerdote católico, escritor talentoso, me confessou: "Estou evitando comentar sobre a questão do casamento. Tenho receio das reações". 

Os defensores das uniões do mesmo sexo ficaram tão arrogantes que começaram a criminalizar a oposição. Em Québec, no Canadá, um ministério do governo está fazendo parceria com ativistas homossexuais para monitorar e punir as manifestações contrárias às uniões do mesmo sexo, acusando-as de "incitação ao ódio". Brian Brown, presidente da indispensável Organização Nacional para o Casamento, afirmou à Conferência de Lideranças Católicas de Charlotte, nos Estados Unidos: "Não se enganem: os defensores do casamento natural estão sendo tachados de racistas. Nossos pontos de vista estão sendo deslegitimados e nós estamos sendo estigmatizados. Em breve, poderemos ser legalmente processados. Isto significa que qualquer igreja cristã que defende o casamento tradicional será tratada como a Universidade Bob Jones quando aplicava políticas racistas. Este é o futuro, a menos que lutemos contra ele”. Quando admitimos que parceiros do mesmo sexo podem se casar, isto se torna um direito fundamental. O tipo de direito que, nos tribunais, passa rotineiramente por cima de direitos “menores”, como o de praticar os princípios controversos de uma religião de minoria. 

Se você acha que o Sr. Brown está sendo alarmista, repare no que está acontecendo em outros “países livres”. Na Dinamarca, o governo ordenou que as igrejas luteranas celebrem cerimônias de casamento entre pessoas do mesmo sexo. No Canadá, uma escola católica particular foi obrigada por juízes a parar de ensinar a moral sexual cristã. Você acha que as autoridades de outros países vão agir de modo diferente depois que os cristãos ficarem marcados como os equivalentes morais dos skinheads? Não é de se admirar que radicais lésbicas de topless se sentiram confiantes o suficiente para atacar um arcebispo católico idoso que estava explicando a moral sexual cristã. Elas sabiam que o seu ataque covarde passaria batido: "Essa gente merece o que recebe”. 

É evidente que nós estamos perdendo: não só o apoio do Estado à lei natural, mas a nossa própria liberdade real, no dia-a-dia, para praticar a nossa fé. Os fiéis cristãos estão sendo empurrados para fora dos limites de uma sociedade aceitável. 

O que está menos claro é por que estamos perdendo. O "casamento" homossexual, até recentemente, parecia tão ultrajante a ponto de um grande “moralista cristão” como Bill Clinton liderar o esforço para proibi-lo nos Estados Unidos. Como foi que ele se tornou de repente uma "questão de direitos civis" aparentemente intocável? 

O que aconteceu foi que nós não conseguimos argumentar de forma eficaz, e, por falta de pensar, cedemos à oposição as premissas maiores. Nós pensamos com o coração e sentimos com a cabeça e, de modo geral, não conseguimos defender nem a fé nem a razão. Agora é hora de começar do zero.

Vamos listar, portanto, primeiramente, os argumentos que NÃO devem ser usados: 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Nota sobre a transferência da data da canonização do Beato Anchieta


Nota sobre a canonização do Beato Anchieta

Informamos que a assinatura do Decreto de canonização do missionário padre José de Anchieta foi transferida para esta quinta-feira, 03 de abril, por volta do meio-dia (horário de Roma).

Comunicamos, ainda, que durante a 52ª Assembleia Geral da CNBB, que acontecerá em Aparecida - SP, será celebrada missa em ação de graças pela canonização do beato, no dia 4 de maio, às 8h, no Santuário Nacional de Aparecida.


Louvamos a Deus pela vida e missão do Beato José de Anchieta.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB

Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís
Vice-presidente da CNBB


Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB

Papa dedica catequese ao sacramento do matrimônio


CATEQUESE
Praça Pedro
Quarta-feira, 2 de abril de 2014



Hoje concluímos o ciclo de catequeses sobre os sacramentos falando do matrimônio. Este sacramento nos conduz ao coração do desígnio de Deus, que é um desígnio de aliança com o seu povo, com todos nós, um desígnio de comunhão. No início do Livro do Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, no ápice do relato da criação se diz: “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e mulher… Por isto o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne” (Gen 1, 27; 2, 24). A imagem de Deus é o casal matrimonial: o homem e a mulher; não somente o homem, não somente a mulher, mas todos os dois. Esta é a imagem de Deus: o amor, a aliança de Deus conosco é representada naquela aliança entre o homem e a mulher. E isto é muito belo! Fomos criados para amar, como reflexo de Deus e do seu amor. E na união conjugal, o homem e a mulher realizam esta vocação no sinal da reciprocidade e da comunhão de vida plena e definitiva.

1.             Quando um homem e uma mulher celebram o sacramento do matrimônio, Deus, por assim dizer, reflete-se neles, imprime neles seus próprios traços e o caráter indelével do seu amor. O matrimônio é o ícone do amor de Deus por nós. Também Deus, de fato, é comunhão: as três Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo vivem desde sempre e para sempre em perfeita unidade. E é justamente esse o mistério do matrimônio: Deus faz dois esposos uma só existência. A Bíblia usa uma expressão forte e diz “uma única carne”, tão íntima é a união entre o homem e a mulher no matrimônio. E é justamente esse o mistério do matrimônio: o amor de Deus que se reflete no casal que decide viver junto. Por isto, o homem deixa a sua casa, a casa dos seus pais e vai viver com sua esposa e se une tão fortemente a ela que os dois se tornam – diz a Bíblia – uma só carne.

Mas vocês, esposos, lembra-se disso? Estão conscientes do grande presente que o Senhor vos deu? O verdadeiro “presente de casamento” é este! Na vossa união há o reflexo da Santíssima Trindade e com a graça de Cristo vocês são um ícone vivo e credível de Deus e do seu amor.

2.             São Paulo, na Carta aos Efésios, coloca em destaque que nos esposos cristãos se reflete um mistério grande: a relação instituída por Cristo com a Igreja, uma relação nupcial (cfr Ef 5, 21-33). A Igreja é a esposa de Cristo. Esta é a relação. Isto significa que o matrimônio responde a uma vocação específica e deve ser considerada como uma consagração (cfr Gaudium et spes, 48; Familiaris consortio, 56). É uma consagração: o homem e a mulher são consagrados em seu amor. Os esposos, de fato, em força do Sacramento, são revestidos de uma verdadeira e própria missão, para que possam tornar visível, a partir de coisas simples, cotidianas, o amor com que Cristo ama a sua Igreja, continuando a doar a vida por ela, na fidelidade e no serviço.


3.             É realmente um desígnio maravilhoso aquele que é inerente ao matrimônio! E acontece na simplicidade e também na fragilidade da condição humana. Sabemos bem quantas dificuldades e provações conhecem a vida de dois esposos… O importante é manter viva a ligação com Deus, que está na base da ligação conjugal. E a verdadeira ligação é sempre com o Senhor. Quando a família reza, a ligação se mantém. Quando o esposo reza pela esposa e a esposa reza pelo esposo, aquela ligação se torna forte; um reza pelo outro. É verdade que na vida matrimonial há tantas dificuldades, tantas; seja o trabalho, seja que o dinheiro não basta, seja que as crianças tenham problemas. Tantas dificuldades. E tantas vezes o marido e a mulher se tornam um pouco nervosos e brigam entre si. Brigam, é assim, sempre se briga no matrimônio, algumas vezes voam até os pratos. Mas não devemos ficar tristes por isto, a condição humana é assim. E o segredo é que o amor é mais forte que o momento no qual se briga e por isto eu aconselho aos esposos sempre: não terminem um dia no qual tenham brigado sem fazer as pazes. Sempre! E para fazer as pazes não é necessário chamar as Nações Unidas, que venham pra casa fazer a paz. É suficiente um pequeno gesto, um carinho, um olá! E amanhã! E amanhã se começa uma outra vez. E esta é a vida, levá-la adiante assim, levá-la adiante com a coragem de querer vivê-la juntos. E isto é grande, é belo! É algo belíssimo a vida matrimonial e devemos protegê-la sempre, proteger os filhos.

Outras vezes eu disse nesta Praça uma coisa que ajuda tanto a vida matrimonial. São três palavras que devem ser ditas sempre, três palavras que devem estar em casa: com licença, obrigado e desculpa. As três palavras mágicas. “Com licença”: para não ser invasivo na vida dos cônjuges. Com licença, mas o que te parece? Com licença, permito-me. “Obrigado”: agradecer o cônjuge; agradecer por aquilo que fez por mim, agradecer por isto. Aquela beleza de dar graças! E como todos nós erramos, aquela outra palavra que é um pouco difícil de dizê-la, mas é preciso dizê-la: “desculpa”. Com licença, obrigado e desculpa. Com estas três palavras, com a oração do esposo pela esposa e vice-versa, com fazer as pazes sempre antes que termine o dia, o matrimônio seguirá adiante. As três palavras mágicas, a oração e fazer as pazes sempre. Que o Senhor vos abençoe e rezem por mim.
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Fonte: Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Nota de Repúdio pela ‘ideologia de gênero’ contida no Plano Nacional de Educação (PNE)


CNBB divulga declaração sobre os 50 anos do golpe civil-militar



DECLARAÇÃO
POR TEMPOS NOVOS, COM LIBERDADE E DEMOCRACIA


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB faz memória, neste 1º de abril, com todo o Brasil, dos 50 anos do golpe civil-militar de 1964, que levou o país a viver um dos períodos mais sombrios de sua história. Recontar os tempos do regime de exceção faz sentido enquanto nos leva a perceber o erro histórico do golpe, a admitir que nem tudo foi devidamente reparado e a alertar as gerações pós-ditadura para que se mantenham atuantes na defesa do Estado Democrático de Direito.

Se é verdade que, no início, setores da Igreja apoiaram as movimentações que resultaram na chamada “revolução” com vistas a combater o comunismo, também é verdade que a Igreja não se omitiu diante da repressão tão logo constatou que os métodos usados pelos novos detentores do poder não respeitavam a dignidade da pessoa humana e seus direitos.

Estabeleceu-se uma espiral da violência com a prática da tortura, o cerceamento da liberdade de expressão, a censura à imprensa, a cassação de políticos; instalaram-se o medo e o terror. Em nome do progresso, que não se realizou, povos foram expulsos de suas terras e outros até dizimados. Ate hoje há mortos que não foram sepultados por seus familiares.


Ainda paira muita sombra a encobrir a verdade sobre os 21 anos que fizeram do Brasil o país da dor e da lágrima. Ajuda-nos a pagar essa dívida histórica com as vítimas do regime a Comissão da Verdade que tem por objetivo trazer à luz, sem revanchismo nem vingança o que insiste em ficar escondido nos porões da ditadura.

Graças a muitos que acreditaram e lutaram pela redemocratização do país, alguns com o sacrifício da própria vida, hoje vivemos tempos novos. Respiramos os ares da liberdade e da democracia. Porém, é necessário superar a injustiça, a desigualdade social, a violência, a corrupção, o descrédito com a política, o desrespeito aos direitos humanos, a tortura... A democracia exige participação constante de todos.

Fiel à sua missão evangelizadora, a CNBB reafirma seu compromisso com a defesa de uma democracia participativa e com justiça social para todos. Conclama a sociedade brasileira a ser protagonista de uma nova história, livre do medo e forte na esperança.

Nossa Senhora Aparecida, padroeira de nossa Pátria, nos projeta com seu manto, ilumine nossas mentes e corações a fim de que trilhemos somente os caminhos da paz, da justiça e do amor.


Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB

Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice Presidente da CNBB


Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília 
Secretário Geral da CNBB

Famoso pastor pentecostal e sua esposa se tornam católicos


O pastor protestante sueco Ulf Ekman e sua esposa Birgitta anunciaram que, na próxima Páscoa, eles se converterão à Igreja Católica. O anúncio, que causou grande surpresa e comoção em muitos, foi feito há alguns dias, durante um sermão na congregação pentecostal que fundaram há 30 anos.
 
A fama de Ekman também se espalhou devido aos seus livros, traduzidos a 60 idiomas, a um programa de televisão, uma escola bíblica fundada por ele, sua comunidade “Palavra de Vida” (com mais de 3 mil membros, 12pastores e uma escola com mil alunos).

 
O “processo” de Ekman leva cerca de 10 anos, durante os quais ele pesquisou com atenção o Catecismo da Igreja Católica e sua doutrina social, e teve contato com líderes da Renovação Carismática Católica, que o marcaram pelo seu testemunho. “Percebemos que nossos preconceitos protestantes não tinham base alguma, em muitos casos”, afirmou.
 
Uma das reflexões que mais o atraíram à Igreja Católica foi a da unidade do Corpo de Cristo.
 
“Acreditar na unidade [dos cristãos] tem consequências práticas, disse. Seus argumentos neste campo foram expostos na revista “Varlden Idag”, em uma entrevista: “Não entendo que se diga que não precisamos de um magistério. Se temos 5 versículos da Bíblia e 18 comentários sobre estas escrituras, quem decidirá? Meu intelecto é melhor que o seu, eu li mais, posso convencer melhor que você... ou existe um magistério que orienta sobre como julgar o assunto.



Do Papa, ele disse que é a máxima expressão de um magistério, e que ele acredita “na necessidade de uma autoridade definitiva”.

 
Para continuar tratando do tema da unidade, o pastor citou João 11, 52: “Sim, Jesus não ia morrer somente pelo povo, mas também para reunir os filhos dispersos de Deus”.

 
“Jesus morreu por isso – comentou. Acho que está muito forte no coração de Deus o desejo de que nos unamos.” Esta unidade não pode ser meramente relacional, pois “a Igreja é o Corpo de Cristo, uma entidade estruturada. É concreta, não uma nuvem de gás. O Corpo é visível. O modelo é Jesus, que teve um corpo visível durante 30 anos.”

 
Um antecedente de cunho místico

 
Ekman era um jovem estudante na década de 70 quando, sentado em um restaurante, sentiu as lágrimas escorrerem e não conseguiu evitar o choro. “Tive uma experiência instantânea de como Jesus sofre porque sua Igreja está dividida. Foi como um relâmpago. Senti: ‘Isso não é do agrado de Deus’. Jesus chorava por isso. Eu o senti naquele restaurante, na hora do almoço. Depois isso desapareceu da minha memória. Mas voltou a surgir nos últimos 10 anos”, recordou.

 
Mas o tema da unidade não é o único. Ao anunciar sua entrada à Igreja Católica, ele recordou algumas das suas razões.

 
“Vimos [na Igreja Católica] um grande amor por Jesus e uma teologia sã, fundada na Bíblia e no dogma clássico. Vivenciamos a riqueza da vida sacramental. Vimos a lógica de ter uma estrutura sólida no sacerdócio, que mantém a fé da Igreja e que a transmite à geração seguinte. Encontramos uma força ética e moral e uma coerência que pode enfrentar a opinião geral, e uma tendência bondosa com relação aos pobres e fracos. Finalmente, mas não menos importante, tivemos contato com representantes de milhões de católicos carismáticos e vimos sua fé viva.”

 
Em seu processo, Ekman destaca também o papel de dois religiosos: Dom Anders Arborius, único bispo católico da Suécia, e o padre carmelita Wilfrid Stinissen, reconhecido escritor.
 
A partir de agora, ele será um “simples católico”. Isso entre aspas, pois certamente a Igreja o convidará a usar seus dons para a missão. “Nós nos sentimos um pouco como Abraão e Sara: dois idosos entrando em um país desconhecido”, acrescentou.


 
Mas eles têm a certeza do auxílio de Deus.
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Disponível em: Aleteia