Desde 1988, a
banda Rosa de Saron trilha uma estrada que a leva a um lugar de consagração na
música católica – e também secular – no Brasil. Na última edição do prêmio Louvemos
o Senhor!, realizado em junho deste ano, o grupo ganhou em sete
categorias, entre elas melhor música e DVD do ano.
Formada por
Guilherme de Sá (voz), Eduardo Faro (guitarra), Rogério Feltrin (baixo) e
Grevão (bateria), o Rosa compõe letras profundas, resgatadas de uma vivência
humana fincada no coração de Cristo. Por aí caminha o sucesso da banda, que
atrai uma juventude sedenta de plenitude.
O termo rosa
de Saron aparece no livro do Cântico dos Cânticos como uma expressão
simbólica de Jesus Cristo, o Amado que desposa a Sua Igreja: ‘Eu sou a rosa
de Saron, o lírio dos vales’. (Cânt 2,1). Esta Rosa traz ao
coração da humanidade aquilo que de mais sublime se busca: o amor eterno e
invencível, que é o próprio Cristo.
É neste conceito
que Guilherme de Sá, casado há 4 anos e com uma filha, mergulha para viver e
cantar. Ele concedeu entrevista a Zenit, em meio à correria de
shows no Brasil para a divulgação do álbum Cartas ao Remetente. Como
ícone para a juventude católica, Guilherme revela histórias e opiniões sobre
música católica, testemunho de vida, religião, política e eleições, em meio a
um cenário de expectativas na realidade do país.
***
Zenit: A
banda Rosa de Saron levou sete prêmios na última edição do Troféu Louvemos o
Senhor. Em 26 anos de caminhada, qual o segredo de tanto sucesso, sobretudo com
os mais jovens?
Guilherme: O
mesmo segredo que faz um profissional de qualquer área obter êxito no que faz:
dedicação e amor. Não demorou muito para percebermos o verdadeiro valor disso,
logo, tratamos o Rosa de Saron com muito zelo. Parece discurso feito, mas é a
pura verdade. A banda é uma parte importante das nossas vidas e cuidamos dela
na mesma proporção. O jovem vem neste embalo, ele respira vida, então colocamos
vida no que fazemos. Este é o nosso maior troféu.
Conseguiram
vencer as críticas a respeito das letras, que falam de Deus de uma forma mais
implícita?
Para quem
aprecia a banda, sim. Para quem nos detesta, não. Então a resposta desta
pergunta é não. Mas não procuramos nos apoiar na aceitação, até porque nesta
hora cai muito bem aquela frase: "Toda unanimidade é burra". Não
pretendemos viver uma alienação, nós escrevemos experiências íntimas, sinceras.
Sempre que lançamos algo, este algo diz muito pra gente. Então costumamos dizer
que somos quatro caras de muita sorte por fazermos o que gostamos e podermos
ter um público que se identifica com o nosso gosto. Isso não tem preço. A
liberdade não tem preço.
Para ser
um bom cantor católico é necessário viver o que se canta. Como você encara a
missão e vocação de cantor sendo referencial para a juventude católica? Como é
sua relação com Deus?
Primeiro que eu
não "cutuco a onça com vara curta". A carne é fraca para todos. Não
faço aventuras. Não me envolvo com ninguém distante da minha família. Não tenho
amigos, não tenho MSN, WhatsApp. Minha família me basta muito e eu sou
muito feliz por tê-los ao meu lado. Faço isso exatamente por saber o peso que
meu nome leva, cansei de ouvir histórias de gente grande na Igreja se perdendo
por aí, queimando seu ministério. Essas histórias vêm a granel, infelizmente.
E, infelizmente, muitos perdem a fé por apoiá-la nos homens. A Igreja é santa, é
onde podemos apoiar nossa fé, é isso que professo no Credo. Acho que é por aí
que temos de ir. As pessoas não são espólios de guerras, são almas que passam
por nossos dedos.
Segundo: A minha
relação com Deus é muito pessoal, não a uso para autopromoção, ninguém sabe
quanto rezo ou quanto doo. Meu chamado são minhas músicas, é onde expresso
minha fé e é assim que gostaria de ser lembrado.