sexta-feira, 13 de março de 2015

Francisco fez com que os católicos se sentissem orgulhosos da sua Igreja


No dia 13 de março de 2013, da varanda da Basílica de São Pedro, o Cardeal Tauran disse: 'Habemus Papam'; e que 'José Mario cardenal Bergoglio' era o novo pontífice com o nome de Francisco. Daquele então até hoje mudou algo na Igreja?, Qual é a percepção e a realidade? ZENIT perguntou para o correspondente espanhol na Itália, que não faz descontos ao Vaticano, Pablo Ordaz, do jornal El País, que tem sido um correspondente no México, América Central e Caribe, e cujas respostas compartilhamos com os nossos leitores.

ZENIT: Desde o começo do pontificado do Papa Francisco, você acha que algo mudou na imagem da Igreja?

Pablo Ordaz: Com certeza. Tanto do ponto de vista dos católicos como do resto da opinião pública. Não podemos nos esquecer que faz só dois anos que o Vaticano estava imerso em guerras de poder que levaram à fuga de documentos do caso Vatileaks, à detenção do mordomo de Bento XVI, à demissão descarada do chefe do IOR, aos escândalos contínuos de pederastia, à renúncia de Joseph Ratzinger... Em um tempo recorde, Jorge Mario Bergoglio conseguiu que os católicos, na sua grande maioria, voltassem a se sentir orgulhosos da sua Igreja – é só olhar para a Praça de São Pedro cada quarta-feira e cada domingo ou o interesse que causam as suas viagens – e que líderes mundiais como Barack Obama tenham vindo a Roma para visita-lo e dizer: “É necessário escutar o Papa”. A sua mensagem social em um momento de crise e sofrimento para muitas pessoas em todo o mundo está chegando com força.

ZENIT: Tem sido somente uma mudança de imagem ou foram mudanças reais?

Pablo Ordaz: Eu acho que o segundo está ligado ao primeiro. Após aquela frase de abertura de seu pontificado - "como eu gostaria de ter uma Igreja pobre para os pobres" - Bergoglio está tentando, embora não sem resistência interna, lançar luz sobre as tradicionais escuras finanças vaticanas, racionalizar gastos, contagiar a Cúria e as diversas congregações, do seu estilo simples de vida, ir à busca dos feridos – divorciados recasados, novos casais, gays... – em vez de ficar protegido na comodidade. Mas, não é fácil. A inércia de muitos séculos nos contemplam e é mais simples acostumar-se a ser rico do que a ser pobre... como também não é fácil que depois de décadas olhando para outro lado, a Igreja, em seu conjunto, esteja se convencendo de que a “tolerância zero” é a única resposta à pederastia. Embora tarde, começa-se a dar passos nesse sentido. 

Iniciativa "24 horas para o Senhor" será nesta sexta e sábado


"Deus rico de misericórdia” é o tema da jornada de oração e confissão “24 horas para o Senhor”, organizada pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização e convocada pelo Papa Francisco em sua mensagem para a Quaresma 2015.

Em sua mensagem de Quaresma o Santo Padre chamou os fiéis a combaterem a globalização da indiferença.

“Também como indivíduos temos a tentação da indiferença. Estamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento humano, sentindo ao mesmo tempo toda a nossa incapacidade de intervir. Que fazer para não nos deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência?”, expressou o Papa.

“Em primeiro lugar, podemos rezar na comunhão da Igreja terrena e celeste. Não subestimemos a força da oração de muitos! A iniciativa 24 horas para o Senhor, que espero se celebre em toda a Igreja – mesmo a nível diocesano – nos dias 13 e 14 de Março, pretende dar expressão a esta necessidade da oração”. 

quinta-feira, 12 de março de 2015

CNBB divulga nota sobre a realidade atual do Brasil


Nota da CNBB sobre a realidade atual do Brasil

“Pratica a justiça todos os dias de tua vida e não sigas os caminhos da iniquidade” (Tb 4, 5)


O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, nos dias 10 a 12 de março de 2015, manifesta sua preocupação diante do delicado momento pelo qual passa o País. O escândalo da corrupção na Petrobras, as recentes medidas de ajuste fiscal adotadas pelo Governo, a crise na relação entre os três Poderes da República e manifestações de insatisfação da população são alguns dos sinais de uma situação crítica que, negada ou mal administrada, poderá enfraquecer o Estado Democrático de Direito, conquistado com muita luta e sofrimento.

Esta situação clama por medidas urgentes. Qualquer resposta, no entanto, que atenda antes ao mercado e aos interesses políticos que às necessidades do povo, especialmente dos mais pobres, nega a ética e desvia-se do caminho da justiça. Cobrar essa resposta é direito da população, desde que se preserve a ordem democrática e se respeitem as instituições da comunidade política. 

Médio Oriente: Vaticano pede donativos para cristãos perseguidos na Síria e Iraque


O Vaticano apelou na última terça-feira aos donativos dos católicos em favor das comunidades cristãs perseguidas na Síria e Iraque, que vivem um “momento dramático”.

O pedido é apresentado pelo cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais (Santa Sé), na carta aos episcopados de todo o mundo, por ocasião da coleta anual de Sexta-feira Santa (3 de abril, em 2015).

O documento, divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé, é acompanhado por um relatório que descreve a aplicação dos donativos de 2014, em particular a ajuda de emergência (cerca de 2 milhões de euros) destinada à Síria e ao Iraque.

“Há milhões de deslocados que fogem da Síria e do Iraque, onde o grito das armas não se cala e o caminho do diálogo e da concórdia parece completamente perdido, ao mesmo tempo que parecem prevalecer o ódio insensato de quem mata e o desespero desarmamento de quem perdeu tudo e foi expulso da terra dos seus pais”, alerta o cardeal Sandri.

Segundo o responsável da Santa Sé, as comunidades católicas têm de estar atentas a estes acontecimentos, para evitar a “fuga” dos cristãos da Terra Santa.

“Só na unidade de espírito e na caridade fraterna de todos os discípulos de Cristo, a Igreja, sua esposa, poderá dar testemunho de esperança aos seus filhos que vivem todos os dias os mesmos sofrimentos do Senhor humilhado e abandonado”, escreve.

A verdade sobre o dom de línguas


 “O dom das línguas é um milagre não para os fiéis, mas para os infiéis” (1Cor 14,22).


O Papa São Gregório Magno comenta esse versículo:


"Estes sinais foram necessários no começo da Igreja. Para que a Fé crescesse, era preciso nutri-la com milagres. Também nós, quando nós plantamos árvores, nós as regamos até que as vemos bem implantadas na terra. Uma vez que elas se enraizaram, cessamos de regá-las. Eis porque São Paulo dizia: “O dom das línguas é um milagre não para os fiéis, mas para os infiéis” (I Cor, XIV,22)." ( Sermões sobre o Evangelho, Livro II, Les éditions du Cerf, Paris, 2008, volume II, pp. 205 a 209).


As línguas faladas em pentecostes eram "idiomas" (At 2,8ss).


“Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotámia, Judéia, Capadócia, Ponto e Asia, e Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.” (At 2,9-11).


O Apóstolo Paulo ao citar o profeta Isaías nos confirma que se referia a idiomas estrangeiros.


“Na lei está escrito: “Será por gente de língua estrangeira e por lábios estrangeiros que falarei a este povo; e nem assim me ouvirão, diz o Senhor (Is 28,11s)” (1 Cor 14,21).


Apesar dos textos bíblicos estarem claros, é bom mostrarmos que dessa forma interpretaram os Santos da Igreja:

Santo Agostinho Disse:


“No período primitivo, o Espírito Santo caiu sobre quem cria e falava em línguas que jamais havia aprendido. O Espírito concedia-lhes que falassem, e estes eram sinais adaptados a época, pois precisava haver aquela evidência do Espírito Santo em todas as línguas, e mostrar que o evangelho de Deus havia de correr através de todas as línguas sobre a terra. Aquele facto foi feito com evidência e passou”. (Fonte: Dez homilias sobre 1ª epístola de João, vol. VII. Os pais nicenos/pós niceno, 6 10).


O dom de língua aconteceu em Pentecostes para que a Igreja atingisse a unidade e assim o mesmo evangelho era pregado em vários idiomas para que todos tivessem a mesma doutrina. Logo após o acontecimento o próprio livro de atos mostra o resultado do evento em relação à unidade da Igreja “A multidão dos que haviam crido era um só coração e uma só alma(At 4,32).


Como comentou o Papa São Gregório Magno, o dom de língua não permanece quando a Igreja atinge a unidade. O próprio São Paulo deixa claro que o dom de línguas cessará.


1Cor 13,8: “[...] o dom das línguas cessará”.
1Cor 13,10: “Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá”.
1Cor 13,13: "Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade”.


São João Crisóstomo disse:


“Este lugar está completamente obscuro. A obscuridade provém de nossa ignorância dos atos referidos e por sua cessação, sendo que esses então ocorriam. Mas agora não mais acontecem (Fonte: Homilias sobre a 1ª aos corintios, vol XII, os pais niceno e pós niceno. Hom 29,2) GEMIDOS INEFÁVEIS(Rm 8,26).

“O dom de língua era idiomas, e não sílabas sem sentidos! "Língua dos anjos é o silêncio" (Ortho Pisti, São João Damasceno).


Essa citação de São João Damasceno nos exorta em relação ao termo gemidos inefáveis (cf. Rm 8,26).

inefável

i.ne.fá.vel
adj (lat ineffabile): Que não se pode exprimir por palavras.

Este termo vem da palavra grega anekdiegetos e também pode ser traduzida como inexprimível como está na tradução Ferreira de Almeida.

Geralmente essa passagem de Rm 8,26 é usada de forma isolada e interpretada de forma tendenciosa para subentender que se refere ao dom de línguas, porém se lermos o próximo versículo vemos um significado bastante distinto. Não é nada mais que a intercessão do Espírito Santo por nós perscrutando nossos corações.


Rm 8,26-28: “Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo INTERCEDE POR NÓS com gemidos inefáveis. E aquele que prescruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus. Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios”.


Querer usar os textos bíblicos dos acontecimentos primitivos para associar esse dom à glossolalia atual é dar um tiro no pé, pois nem no seu formato encaixaria.


Paulo em 1Coríntios 12,10 nos fala: “a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas” (1 Cor 12,10);


Agora veja bem, se é variedade é porque são diversas línguas diferentes (idiomas), porque não pode haver variedade de “línguas dos anjos”, pois seria uma única língua. Observemos que o verbo interpretar está ligado à palavra língua no plural.

O engraçado é que o dom de falar em línguas na Igreja como acontecia na época do Novo Testamento era dado para apenas duas ou três pessoas no máximo e um por vez, não pode um grupo falar em línguas de uma só vez, e deve-se ter um interprete que em grego é (ερμηνεύει) que se refere à interpretação de línguas estrangeiras (1 Cor 14,27).


Obs.: As mulheres falariam em línguas se fossemos estar de acordo com as Escrituras, São Paulo é claro quando diz que na Igreja as mulheres deveriam silenciar-se (1Cor 14,34).


Nos estatutos da RCC que foram aceitos pela Santa Sé não constam esse fenômeno, foi pura invenção, constatando o perigo de comunidades regidas por leigos.

Homilética: 4º Domingo da Quaresma - Ano B: "Entre a luz e as trevas".


Hoje é o domingo Laetare, isto é, da alegria. O motivo de nossa alegria é: Deus nos ama! Diz São Paulo: “Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa de nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo.” (Ef 2,5).

E no Evangelho (Jo 3, 14-21), João nos apresenta a conclusão do diálogo de Jesus com Nicodemos: “ Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. Pois Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 14-16). A Palavra de Deus é uma Palavra de esperança sem limites. Deus nunca nos considera um caso perdido. Continua a convidar – nos para erguermos os olhos para um futuro de esperança, e promete – nos a força para o realizar.

Muitas vezes temos a impressão de que a maior parte da nossa vida passa-se entre a luz e as trevas. Aquela antiga expressão que afirmava que há pessoas que mantêm duas velas acessas, uma ao diabo e outra a S. Miguel, parece encontrar o seu correlativo na vida de um filho de Deus que procura ser bom e encontra frequentemente as dificuldades da jornada. Uma coisa é bem certa: é preciso apagar a vela ao diabo!

No interior do ser humano trava-se uma batalha constante e que poucas vezes dá trégua. Não é à toa que somos chamados “Igreja militante”, isto é, a família de Deus que luta, que combate, que quer viver sempre na luz ainda que as trevas queiram entrar no seu interior. “Aquele que pratica a verdade, vem para a luz” (Jo 3,21). Observemos que a passagem citada não diz “aquele que fala a verdade”, mas “aquele que pratica a verdade”. O que seria então “praticar” a verdade? Poderíamos resumir em poucas palavras: “viver conforme a verdade”.

Viver segundo a verdade de Deus é adaptar a nossa maneira de pensar, querer, sentir e agir à maneira de Jesus, pois ele é a verdade. Não nos esqueçamos de que no cristianismo, a verdade não é simplesmente um argumento, a verdade é uma pessoa: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Viver conforme a verdade de Deus é pensar a própria vida segundo o plano de Deus que se manifestou suficientemente no mistério da Palavra de Deus que se encarnou para a nossa salvação.

Mas, como sabemos e experimentamos, não basta saber essas coisas, é preciso lutar para propor-se seriamente o seguimento de Jesus-Verdade. O ambiente no qual nos movemos oferece muitas atrações que não nos conduzem a bom porto, que não nos levam pelo caminho da salvação. O pecado frequentemente se assemelha a uma maçã que, estando podre por dentro, apresenta-se com belíssimo aspecto, bem atraente aos sentidos. O que fazer? Pedir a luz de Deus para vermos que tal fruta está podre, que não alimenta. O Evangelho de hoje ressalta justamente isso: andar na luz, que é sinônimo de andar na verdade.

O cristão tem que ser consciente de que sem a luz da fé na inteligência e sem a caridade na vontade, não fará o bem que almeja. Ninguém pode mover-se sobrenaturalmente sem a graça de Deus. É impossível! A nossa natureza, depois do pecado original, ficou estragada (não totalmente), posteriormente foi resgatada, e, contudo, nela permanece a ignorância e a concupiscência. Essas duas realidades são as que obscurecem a nossa inteligência e debilitam a nossa vontade. A fé vem para curar a ignorância e o amor de Deus vem para dar força à nossa vontade.

Os sofrimentos e as tribulações acompanham todos os homens na terra, mas o sofrimento, por si só, não transforma nem purifica; pode até causar revolta e ódio. Alguns cristãos separam-se do Mestre quando chegam até a Cruz, porque esperavam uma felicidade puramente humana, que estivesse isenta de dor e acompanhada de bens naturais.

Para O amarmos com obras, o Senhor pede-nos que percamos o medo à dor, às tribulações, e o procuremos onde Ele nos espera: na Cruz. A nossa alma ficará então mais purificada e o nosso amor mais forte. Então compreenderemos que a alegria está muito perto da Cruz. Mais ainda: que nunca seremos felizes se não amarmos o sacrifício.

Essas tribulações que, à luz exclusiva da razão, nos parecem injustas e sem sentido, são necessárias para a nossa santidade pessoal e para a salvação de muitas almas. No mistério da co-redenção, a nossa dor, unida aos sofrimentos de Cristo, adquire um valor incomparável para toda a Igreja e para toda a Humanidade. A dor, quando lhe damos o seu verdadeiro sentido, quando serve para amar mais, produz uma paz íntima e uma profunda alegria. Por isso, em muitas ocasiões, o Senhor abençoa-nos com a Cruz.

Nesta quaresma, tempo de conversão, é preciso ter em conta essa realidade: quem vive habitualmente na graça de Deus não está livre de todas as tentações, também ele se encontra exposto às trevas do pecado. Nunca percamos o bom senso: somos fracos, precisamos da luz e do amor de Deus. Não sejamos ingênuos: fujamos das ocasiões de pecados! Nada dizer: “não importa, eu resisto, pois eu sou forte”. Quantos heróis já foram derrotados por causa de uma confiança exagerada nas próprias forças!
 

quarta-feira, 11 de março de 2015

Papa explica valor e missão dos idosos na família


CATEQUESE
Praça São Pedro
Quarta-feira, 11 de março de 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia.

Na catequese de hoje, prosseguimos a reflexão sobre os avós, considerando o valor e a importância do seu papel na família. Faço isso identificando-me com essas pessoas, porque também eu pertenço a essa faixa de idade.

Quando estive nas Filipinas, o povo filipino me saudava dizendo “Lolo Kiko” – isso é, vovô Francisco – “Lolo Kiko”, diziam! Uma primeira coisa é importante destacar: é verdade que a sociedade tende a nos descartar, mas certamente não o Senhor. O Senhor não nos descarta nunca. Ele nos chama a segui-Lo em cada idade da vida e mesmo a velhice contém uma graça e uma missão, uma verdadeira vocação do Senhor. A velhice é uma vocação. Não é ainda o momento de “tirar os remos do barco”. Este período da vida é diferente dos precedentes, não há dúvida; devemos também “criá-lo” um pouco, porque as nossas sociedades não estão prontas, espiritualmente e moralmente, para dar a isso, a esse momento da vida, o seu pleno valor. Uma vez, de fato, não era assim normal ter tempo à disposição; hoje é muito mais. E mesmo a espiritualidade cristã foi pega um pouco de surpresa e se trata de delinear uma espiritualidade das pessoas idosas. Mas graças a Deus não faltam os testemunhos de santos e santas idosos!

Fiquei muito impressionado com o “Dia para os idosos” que fizemos aqui na Praça São Pedro no ano passado, a praça estava cheia. Ouvi histórias de idosos que se gastam pelos outros e também histórias de casais de esposos que diziam: “Completamos os 50 anos de matrimônio, 60 anos de matrimônio”. É importante mostrar isso aos jovens que se cansam cedo; é importante o testemunho dos idosos na fidelidade. E nesta praça estavam tantos naquele dia. É uma reflexão a continuar, em âmbito seja eclesial seja civil. O Evangelho vem ao nosso encontro com uma imagem muito bela e comovente e encorajante. É a imagem de Simeão e de Ana, dos quais nos fala o Evangelho da infância de Jesus composto por Lucas. Eram certamente idosos, o “velho” Simeão e a “profetisa” Ana que tinha 84 anos. Esta mulher não escondia a idade. O Evangelho diz que esperavam a vinda de Deus todos os dias, com grande fidelidade, há muitos anos. Queriam propriamente vê-lo aquele dia, colher os sinais, intuir o início. Talvez estivessem um pouco resignados, por agora, a morrer primeiro: aquela longa espera continuava, porém, a ocupar toda a vida deles, não tinham compromissos mais importantes que isso: esperar o Senhor e rezar. Bem, quando Maria e José foram ao templo para cumprir as disposições da Lei, Simeão e Ana se moveram animados pelo Espírito Santo (cfr Lc 2, 27). O peso da idade e da espera desapareceu em um momento. Esses reconheceram o Menino e descobriram uma nova força, para uma nova tarefa: dar graças e dar testemunho para este Sinal de Deus. Simeão improvisou um belíssimo hino de júbilo (cfr Lc 2, 29-32) – foi um poeta naquele momento – e Ana se tornou a primeira pegadora de Jesus: “falava do menino a quantos esperavam a redenção de Jerusalém” (Lc 2, 38). 

Missão que acolhe haitianos recebe multa por gasto de água


A Paróquia Nossa Senhora da Paz, no Centro de São Paulo, que acolhe imigrantes e virou referência na recepção de haitianos, foi multada pela Sabesp por ter aumentado o consumo de água em fevereiro. Desde outubro de 2014, o fluxo de haitianos se intensificou e a demora para retirar carteiras de trabalho fez com que o abrigo improvisado acolhesse um número elevado de imigrantes nos primeiros meses deste ano.

“Ontem passou o funcionário da Sabesp e ganhamos uma multa. O consumo estourou porque tivemos que acolher muitos imigrantes. A gente ainda controla ao máximo os gastos, mas é muita gente. Você ajuda e ainda recebe multa. Até isso para complicar a situação. Vamos estudar o que fazer”, lamentou o padre Paolo Parisi, que coordena a missão.

O aumento do consumo de 135% fez com que a entidade recebesse uma multa de R$ 1.813,65. Assim, a conta do mês de fevereiro atingiu R$ 5.440,95. “É dinheiro que a gente tem que correr atrás porque é um gasto que não estava previsto”, contou. O valor já engloba o desconto de 50% que a entidade recebe da Sabesp por ser filantrópica.

O G1 entrou em contato e aguarda retorno da Sabesp sobre o tema.