“O dom das línguas é um milagre não para os fiéis, mas para os infiéis”
(1Cor 14,22).
O Papa São Gregório Magno comenta esse versículo:
"Estes sinais foram necessários no começo da Igreja. Para que a Fé
crescesse, era preciso nutri-la com milagres. Também nós, quando nós plantamos
árvores, nós as regamos até que as vemos bem implantadas na terra. Uma vez que
elas se enraizaram, cessamos de regá-las. Eis porque São Paulo dizia: “O dom
das línguas é um milagre não para os fiéis, mas para os infiéis” (I Cor, XIV,22)."
( Sermões sobre o Evangelho, Livro II, Les éditions du Cerf, Paris, 2008,
volume II, pp. 205 a 209).
As línguas faladas em pentecostes eram "idiomas"
(At 2,8ss).
“Partos e medos, elamitas e os que
habitam na Mesopotámia, Judéia, Capadócia, Ponto e Asia, e Frígia e Panfília,
Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus
como prosélitos, Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das
grandezas de Deus.” (At 2,9-11).
O Apóstolo Paulo ao citar o profeta Isaías nos confirma que se referia a idiomas estrangeiros.
“Na lei está escrito: “Será por gente de língua estrangeira e por lábios
estrangeiros que falarei a este povo; e nem assim me ouvirão, diz o Senhor (Is
28,11s)” (1 Cor 14,21).
Apesar dos textos bíblicos estarem claros, é bom mostrarmos que dessa forma interpretaram
os Santos da Igreja:
Santo Agostinho Disse:
“No período primitivo, o Espírito Santo
caiu sobre quem cria e falava em línguas que jamais havia aprendido. O Espírito
concedia-lhes que falassem, e estes eram sinais adaptados a época, pois
precisava haver aquela evidência do Espírito Santo em todas as línguas, e
mostrar que o evangelho de Deus havia de correr através de todas as línguas
sobre a terra. Aquele facto foi feito com evidência e passou”. (Fonte: Dez homilias sobre 1ª epístola de João, vol.
VII. Os pais nicenos/pós niceno, 6 10).
O dom de língua aconteceu em Pentecostes para que a Igreja atingisse a unidade
e assim o mesmo evangelho era pregado em vários idiomas para que todos tivessem
a mesma doutrina. Logo após o acontecimento o próprio livro de atos mostra o
resultado do evento em relação à unidade da Igreja “A multidão dos que haviam crido era um só coração e uma só alma” (At 4,32).
Como comentou o Papa São Gregório Magno, o dom de língua não permanece quando a
Igreja atinge a unidade. O próprio São Paulo deixa claro que o dom de línguas
cessará.
1Cor 13,8: “[...] o dom das línguas cessará”.
1Cor 13,10: “Quando
chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá”.
1Cor 13,13: "Por ora subsistem a fé, a esperança e a
caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade”.
São João Crisóstomo disse:
“Este lugar está completamente obscuro. A
obscuridade provém de nossa ignorância dos atos referidos e por sua cessação,
sendo que esses então ocorriam. Mas
agora não mais acontecem” (Fonte: Homilias sobre a 1ª aos corintios,
vol XII, os pais niceno e pós niceno. Hom 29,2) GEMIDOS INEFÁVEIS(Rm 8,26).
“O dom de língua era idiomas, e não sílabas
sem sentidos! "Língua dos anjos é o silêncio" (Ortho Pisti, São
João Damasceno).
Essa citação de São João Damasceno nos exorta em relação ao termo gemidos inefáveis (cf. Rm 8,26).
inefável
i.ne.fá.vel
adj (lat ineffabile): Que não se pode exprimir por palavras.
Este termo vem
da palavra grega anekdiegetos e também pode ser traduzida como inexprimível
como está na tradução Ferreira de Almeida.
Geralmente essa
passagem de Rm 8,26 é usada de forma isolada e interpretada de forma
tendenciosa para subentender que se refere ao dom de línguas, porém se lermos o
próximo versículo vemos um significado bastante distinto. Não é nada mais que a
intercessão do Espírito Santo por nós perscrutando nossos corações.
Rm 8,26-28: “Outrossim, o Espírito vem
em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar
como convém, mas o Espírito mesmo INTERCEDE POR NÓS com gemidos inefáveis. E aquele que prescruta os corações sabe o
que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus. Aliás,
sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios”.
Querer usar os textos bíblicos dos
acontecimentos primitivos para associar esse dom à glossolalia atual é dar um
tiro no pé, pois nem no seu formato encaixaria.
Paulo em 1Coríntios 12,10 nos fala: “a
outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos
espíritos; a outro, a variedade de
línguas; a outro, por fim, a interpretação
das línguas” (1 Cor 12,10);
Agora veja bem, se é variedade é
porque são diversas línguas diferentes (idiomas), porque não pode haver
variedade de “línguas dos anjos”, pois seria uma única língua. Observemos que o
verbo interpretar está ligado à
palavra língua no plural.
O engraçado é
que o dom de falar em línguas na Igreja como acontecia na época do Novo
Testamento era dado para apenas duas ou três pessoas no máximo e um por vez,
não pode um grupo falar em línguas de uma só vez, e deve-se ter um interprete
que em grego é (ερμηνεύει) que se refere à interpretação de línguas
estrangeiras (1 Cor 14,27).
Obs.: As mulheres falariam em línguas se fossemos estar de acordo com as
Escrituras, São Paulo é claro quando diz que na Igreja as mulheres deveriam
silenciar-se (1Cor 14,34).
Nos estatutos da RCC que foram aceitos
pela Santa Sé não constam esse fenômeno, foi pura invenção, constatando o
perigo de comunidades regidas por leigos.
REGIMENTO DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA
CATÓLICA DO BRASIL
A Renovação Carismática Católica, através do
Escritório Internacional (ICCRS), tem seus Estatutos de Serviço reconhecidos pela
Santa Sé, através do Decreto nº. 1.565/93 AIC-73 “Oficium Consilium Pro
Laicis”, conforme o Cânon 116, do Código de Direito Canônico e, doravante aqui
denominada simplesmente RCC, é um movimento eclesial da Igreja Católica
Apostólica Romana que busca uma crescente consciência a respeito da presença e ação do ESPÍRITO SANTO na vida
dos fiéis, propiciando a seus membros uma constante e significativa renovação
espiritual.
Analisemos os objetivos da RCC em
relação aos carismas
“Batismo no Espírito Santo”, ou “Efusão do Espírito Santo”, ou “um deixar atuar livremente o Espírito”, ou, ainda, “uma renovação no Espírito Santo.
Ordinariamente por isso se entende uma aceitação pessoal das graças da
iniciação cristã e um receber força para poder realizar o mesmo serviço pessoal
na Igreja e no mundo.
c) - Fomentar a recepção e o uso dos dons espirituais (carismas), não somente
na RCC, mas também em toda a Igreja, uma vez que estes dons, ordinários e
extraordinários, encontram-se abundantemente nos leigos, religiosos e clérigos,
e sua justa compreensão e uso corretos, em harmonia com outros elementos da
vida da Igreja, são uma fonte de força para os cristãos em seu caminho até a
santidade e no cumprimento de sua missão”.
OBS 1: Os estatutos da RCC falam do uso dos dons espirituais, se o movimento
está inserido na Igreja subentendemos que tais dons se referem especificamente
aos 7 dons do Espírito Santo: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza,
ciência, piedade e temor de Deus.
OBS 2: A verdadeira efusão no Espírito segundo a Igreja se refere à Crisma
“confirmação” (CIC 1300) e não se refere a nenhum movimento corpóreo ou
expressão oral que seja.
A Igreja Católica não define a necessidade de um segundo batismo, conforme a
profissão de fé do Credo Niceno (em latim: Symbolum Nicaenum), ou Credo de
Niceia é o credo ou profissão de fé.
Ser inserido no Espírito Santo é se
tornar uma só fé e um só espírito (Ef 4,4-5).
Ef 1,13: “[...] Depois de terdes ouvido a palavra da verdade, o Evangelho de
vossa salvação no qual tendes crido,
fostes selados com o Espírito Santo”.
O sacramento da CRISMA acontece depois do Batismo para nos selar na unidade.
Os apóstolos "punham as mãos sobre os que tinham sido batizados", e recebiam estes o Espírito Santo (At
8, 12-17).
Algumas vezes em Atos a Crisma era seguida de línguas (Idiomas), S. Paulo
batizou em nome de Jesus os discípulos de João e a "eles impôs as mãos,
para que o Espírito Santo baixasse sobre eles, começaram então a falar em línguas" (At 19, 1-6), essas línguas faladas em atos eram idiomas
e não línguas estranhas.
Pentecostes At 2,10-11: “[...] forasteiros romanos, tanto judeus como
prosélitos, cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus”.
Paulo Leitão De
Gregorio
Texto de 12/06/2014
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Os textos em negrito estão em caixa alta no texto original. Itálico nosso.
Imagem: web.
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