segunda-feira, 30 de março de 2015

Que tipo de arma levou esta pequena menina síria a se render imediatamente?


A fotojornalista Nadia Abu Shaban postou em uma rede social a imagem de uma menina síria de 4 anos de idade com as mãos para o alto, em gesto de rendição, com uma expressão facial que mistura medo, fragilidade, resignação e apatia. A foto viralizou e foi compartilhada por dois milhões de internautas.

Mas não foi diante de uma arma de verdade que a criança se rendeu. O que ela confundiu com uma arma era apenas a câmera do fotógrafo.

E isso, talvez, seja ainda mais alarmante do que a cena corriqueira de crianças executadas selvagemente.

Milhares de milhões de crianças nascem, crescem e sobrevivem em permanente estado de medo, tão assombradas pelo fantasma da violência a ponto de reagirem com instintiva resignação diante de qualquer aparência de ameaça. A característica curiosidade infantil, que levaria uma criança em ambientes normais a querer conhecer e tocar no objeto novo, se transforma em uma quase certeza subconsciente de que aquilo é apenas mais uma das incontáveis ferramentas de morte com que elas são torturadas todos os dias em sua própria pátria.

Homilética: Páscoa do Senhor: "Ressuscitou dos mortos…!".


Celebramos hoje a festa das festas, a Ressurreição gloriosa de Jesus. É para nós o dia de alegria maior durante o ano litúrgico.

A festa da Páscoa representa o centro de nossa fé. Muitos líderes e poderosos viveram e morreram, mas somente o túmulo de Jesus se encontra vazio. Na libertação de Jesus, somos todos libertados. A morte, que era poderosa, tornou-se frágil. A maior e mais terrível força já existente, que ameaçava a integridade e dignidade do ser humano, foi vencida de uma vez por todas pela ressurreição de Jesus.

A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto.

A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, Se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este “caminho” a todos os homens.

O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida nunca podem ser geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta (a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira).

A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo batismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova até à transformação plena (que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última barreira da nossa finitude).

Pela Eucaristia Cristo ressuscitado torna-se presente aqui no meio de nós, como há dois mil anos. E quer vir mais uma vez ao nosso coração, purificado pela penitência quaresmal e pelo sacramento do perdão.

domingo, 29 de março de 2015

Jovem católico que enfrentou terrorista em ataque suicida no Paquistão morreu salvando a vida dos paroquianos


No último dia 15 de março, a comunidade cristã em Lahore (Paquistão) foi novamente atacada quando dois suicidas muçulmanos entraram com explosivos em uma igreja católica e em outra protestante, causando pelo menos 17 mortos e 80 feridos; porém, a tragédia não foi maior graças ao sacrifício de Akash Bashir, um jovem salesiano de 19 anos que se lançou contra o atacante para evitar a morte dos fiéis de sua paróquia.

O fato ocorreu na igreja de São João, no bairro de Youhanabad em Lahore, de maioria cristã. O terrorista que atacou a paróquia católica aproveitou a distração de alguns dos guardas de segurança que viam pela televisão o jogo de críquete entre Paquistão e Irlanda.

Entretanto, Akash, que também era guarda de segurança, viu a carga de explosivos e parou o atacante perto da porta da igreja, para segundos depois, ao ver que a sua tentativa de convence-lo era vã, abraçá-lo e colocar o seu corpo como escudo no momento em que o terrorista explodiu o artefato, informou a agência salesiana ANS.

Minutos depois, outro atentado ocorreu em uma igreja protestante próxima. O balanço geral foi de 17 mortos e cerca de 80 feridos. Os dois ataques foram reivindicados pelo grupo Jamaat-ul-Ahrar (JuA). Fontes salesianas indicaram que se não fosse pelo sacrifício de Bashir –antigo aluno da escola profissional salesiana deste bairro-, o número de vítimas teria sido maior, “como pretendiam os terroristas”. 

Organizações de Direitos Humanos denunciaram que o Estado Islâmico sequestrou pelo menos 150 cristãos na Síria

A menina síria pensou que o fotojornalista
mantinha uma arma, portanto ela 'se rendeu'

Ativistas cristãos de direitos humanos denunciaram na terça-feira que pelo menos 150 pessoas das vilas cristãs assírias foram sequestradas no nordeste da Síria pelos terroristas do Estado Islâmico (ISIS).

Em declarações feitas à agência Reuters da cidade de Amã (Jordânia), o presidente do Conselho Nacional Siríaco da Síria, Bassam Ishak, disse que “verificamos que pelo menos 150 pessoas foram sequestradas”.

Mais cedo, o Observatório Sírio pelos Direitos Humanos com sede na Grã-Bretanha, disse que 90 foram raptados quando os extremistas islâmicos invadiram as vilas habitadas pela antiga minoria cristã no oeste de Hassakah, uma cidade sustentada principalmente pelos curdos.

Os ataques em Hassakah foram condenados pelos Estados Unidos, que exigiu a imediata e incondicional libertação dos civis. O Departamento de Estado disse que centenas de outros permanecem presos nas vilas rodeadas pelo ISIS, cuja violência deslocou cerca de três mil pessoas.

Milhares de cristãos assírios, que vivem na Síria há várias gerações, estão agora fugindo para evitar a decapitação ou que as mulheres e crianças sejam levadas como escravos pelos jihadistas.

Uma destas vítimas é Francie Yaacoub, uma mulher de 50 anos que se encontra agora na diocese assíria de Sid al-Boushriyeh. “Tivemos que sair de pijamas. Meu filho caminhou descalço, saímos sem sapatos. As bombas caíam ao nosso redor. Tivemos que fugir porque a segurança das nossas crianças é o mais importante”, disse à imprensa internacional.

Não existe humildade sem humilhação, diz Papa Francisco


CELEBRAÇÃO DO DOMINGO DE RAMOS
E DA PAIXÃO DO SENHOR

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Praça de São Pedro
XXX Jornada Mundial da Juventude
Domingo, 29 de Março de 2015


No centro desta celebração, que se apresenta tão festiva, está a palavra que ouvimos no hino da Carta aos Filipenses: «Humilhou-Se a Si mesmo» (2, 8). A humilhação de Jesus.

Esta palavra desvenda-nos o estilo de Deus e, consequentemente, o que deve ser do cristão: a humildade. Um estilo que nunca deixará de nos surpreender e pôr em crise: não chegamos jamais a habituar-nos a um Deus humilde!

Humilhar-se é, antes de mais nada, o estilo de Deus: Deus humilha-Se para caminhar com o seu povo, para suportar as suas infidelidades. Isto é evidente, quando se lê a história do Êxodo: que humilhação para o Senhor ouvir todas aquelas murmurações, aquelas queixas! Embora dirigidas contra Moisés, no fundo eram lançadas contra Ele, o Pai deles, que os fizera sair da condição de escravatura e os guiava pelo caminho através do deserto até à terra da liberdade.

Nesta Semana, a Semana Santa, que nos leva à Páscoa, caminharemos por esta estrada da humilhação de Jesus. E só assim será «santa» também para nós!

Ouviremos o desprezo dos chefes do seu povo e as suas intrigas para O fazerem cair. Assistiremos à traição de Judas, um dos Doze, que O venderá por trinta denários. Veremos ser preso o Senhor e levado como um malfeitor; abandonado pelos discípulos; conduzido perante o Sinédrio, condenado à morte, flagelado e ultrajado. Ouviremos que Pedro, a «rocha» dos discípulos, O negará três vezes. Ouviremos os gritos da multidão, incitada pelos chefes, que pede Barrabás livre e Ele crucificado. Vê-Lo-emos escarnecido pelos soldados, coberto com um manto de púrpura, coroado de espinhos. E depois, ao longo da via dolorosa e junto da cruz, ouviremos os insultos do povo e dos chefes, que zombam de Ele ser Rei e Filho de Deus.

Este é o caminho de Deus, o caminho da humildade. É a estrada de Jesus; não há outra. E não existe humildade, sem humilhação. 

Uma breve reflexão sobre os Ramos no Domingo de Ramos


Chegados mais uma vez ao Domingo de Ramos, achei pertinente visar, para uma pequena reflexão, um – se não o - elemento proeminente dos santos mistérios deste dia. Creio que o seu significado, talvez devido à familiaridade, seja ignorado por muitos Católicos. Refiro-me, obviamente, aos ramos, que são abençoados e distribuídos neste dia.

Donde a presença dos ramos neste dia? Ora, encontramo-los no Novo Testamento, dirão com certeza, e estão presentes na entrada de Jesus em Jerusalém dias antes da Sua Paixão. Mas a pergunta que coloco aqui é: por que ramos, especificamente? Olhemos para as perícopes da entrada, em especial para aquelas que mencionam a existência de ramos – São Mateus, São Marcos, e São João. Porque nos falam os evangelistas da presença de ramos? Olhemos, não com familiaridade para estes textos, mas com olhos “novos”, de quem os lê (ou melhor, ouve) pela primeira vez. Convido a encarar este texto, não como um Católico do séc. XXI, mas como um Judeu do séc. I. O que a nós poderá passar despercebido como um “mero detalhe” que dá origem a um sacramental neste dia, para um judeu contemporâneo de Jesus encerava um significado profundo. Creio que conhecendo o seu significado para um judeu nos ajudará a entrar mais profundamente nos santos mistérios deste domingo.

A existência de ramos e gritos de Hosanna remetem-nos para o festival de Sucot, geralmente referido como Festa das/dos Tendas/Tabernáculos no Novo Testamento.

A observância de Sucot, cuja duração é uma oitava, foi estabelecida por Deus aquando do estabelecimento da Aliança com Israel no Monte Sinai, sendo uma das três festas de peregrinação obrigatória a Jerusalém. A festa era, grosso modo, uma festa de natureza agrícola, pois calhava na época da colheita (cf. Ex 23,16; 34,22); mas como toda a festa agrícola judaica, estava revestida de significado religioso também. Servia para “fazer memória” do tempo em que Israel vagueou pelo deserto, vivendo em tendas, antes de entrar na Terra Prometida, quando Deus os fez sair da casa do Egito:

«Habitareis nas tendas durante sete dias; todos os que nasceram em Israel deverão habitar em tendas, para que os vossos descendentes saibam que fiz habitar em tendas os filhos de Israel, quando os fiz sair da terra do Egipto.» 

sábado, 28 de março de 2015

Papa Francisco envia carta encorajando os bispos da Nigéria diante do drama da perseguição


O Papa Francisco enviou uma carta aos bispos da Nigéria assegurando a sua proximidade a todos aqueles que nesse país sofrem as ameaças do extremismo como o dos terroristas muçulmanos do Boko Haram que persegue e mata os cristãos neste território.

A carta, publicada dia 17 de março, tem a data de 2 de março. À continuação apresentamos a carta na íntegra:

'Enquanto com toda a Igreja percorremos o caminho quaresmal para a Ressurreição do Senhor, vos envio, queridos arcebispos e bispos, uma saudação fraterna, que estendo às amadas comunidades cristãs confiadas ao vosso cuidado pastoral. Também quero compartilhar convosco algumas reflexões sobre a situação que atualmente vive o vosso país.

Nigéria, conhecida como o "gigante da África", com mais de 160 milhões de habitantes, está chamada a desempenhar um papel importante não só nesse continente, mas também em todo mundo. Nos últimos anos a sua economia experimentou um crescimento e se apresenta no cenário internacional como um mercado de grande interesse tanto por seus recursos naturais como por seu potencial comercial. Oficialmente já se considera a maior economia africana. Também se distinguiu como interlocutor sócio-político por seus esforços na solução das crises do continente.

Ao mesmo tempo, vossa nação enfrenta sérias dificuldades, incluindo novas formas violentas de extremismo e fundamentalismo étnico, social e religioso. Tantos nigerianos foram assassinados, feridos e mutilados, sequestrados e privados de tudo: de seus seres queridos, de suas terras, de seus meios de vida, de sua dignidade, de seus direitos. Muitos não puderam retornar aos seus lares. Os fiéis, tanto cristãos como muçulmanos, viram-se unidos em um trágico final às mãos de pessoas que se proclamam religiosas, mas que abusam da religião para fazer dela uma ideologia moldada de acordo com os próprios interesses ultrajantes e de morte. 

O Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor


Visão geral

Com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, inicia-se a Semana Santa, que os antigos cristãos chamavam Grande Semana. Neste dia, a Igreja celebra dois mistérios bem distintos e complementares: (1) a entrada solene de Jesus em Jerusalém para celebrar sua última e definitiva Páscoa e (2) a sua Paixão e morte. A entrada é celebrada com a bênção dos ramos e a procissão; a paixão e morte é celebrada na missa. Então, não existe uma Missa de Ramos; de ramos é a Procissão; a Missa é da Paixão do Senhor.

Isso tem um motivo histórico. Em Roma, não havia uma Semana Santa. Celebrava-se no sexto domingo da Quaresma a Paixão e Morte de Cristo e, no domingo seguinte, a Páscoa do Senhor. Somente no século XI é que a Procissão de Ramos, costume nascido em Jerusalém, passado para a Espanha e, depois, para a Gália (atual França), chegou a Roma, entrando na liturgia romana.

O sentido espiritual

Participar da Bênção e Procissão dos Ramos significa (1) reconhecer e proclamar que Jesus é o Messias prometido a Israel, o Descendente de Davi; o Salvador; (2) significa também reconhecer que ele não é um Messias glorioso, mas humilde – vem num burrico e não num potente cavalo! -, um Messias que vem para servir e dar a vida: seu trono será a cruz; sua coroa, de espinhos! (3) Participar da Procissão significa que queremos nos colocar debaixo do senhorio desse Messias pobre e humilde e desejamos participar da sua sorte: ir com ele até a cruz para participar da sua vitória: “Fiel é esta palavra: se sofrermos com ele, com ele reinaremos; se morrermos com ele, com ele viveremos!” (2Tm 1,11s). No contexto da Bênção dos Ramos, lê-se o Evangelho da entrada do Senhor em Jerusalém – neste ano de 2005 é Mt 21,1-11 e faz-se uma pequena homilia explicando os três aspectos acima elencados.

Os ramos da Procissão devem ser guardado em casa, num lugar visível, para recordar que participamos dessa Profissão, proclamando que estávamos dispostos a ir até a cruz com o Senhor. E nas dores e sofrimentos da vida, olhando os ramos, vamos nos lembrar que as dores e feridas da existência são um modo de participar da Paixão do Senhor. Entremos com ele em Jerusalém!

Terminada a Procissão, termina também toda referência que a liturgia faz aos Ramos. Agora, tudo se volta para a Paixão do Senhor. A primeira leitura, é o Terceiro Canto do Servo Sofredor de Isaías (Is 50,4-7), recordando que o Senhor Jesus se fez obediente ao Pai, um verdadeiro discípulo, aprendendo com o sofrimento, e encontrou forças na confiança no seu Senhor e Deus. O salmo responsorial é o Sl 22, aquele que Jesus rezou na cruz. Rezar esse salmo é ler os pensamentos de Jesus no momento da cruz! A segunda leitura é o profundo hino de Filipenses 2,6-11: O Filho, sendo Deus, humilhou-se até a morte de cruz e foi exaltado pelo Pai acima de tudo. Finalmente, a Paixão segundo o Evangelista de cada ano – este ano de 2005 é o Evangelho segundo Mateus (26,14 – 27,66). Esta Missa tem um Prefácio próprio, que resume de modo admirável o mistério pascal: “Inocente, Jesus quis morrer pelos pecadores. Santíssimo, quis ser condenado a morrer pelos criminosos. Sua morte apagou nossos pecados e sua ressurreição nos trouxe vida nova”. A homilia dessa missa não deve deter-se sobre o tema dos ramos e sim no mistério do amor do Senhor que se entregou ao Pai por nós até a morte e morte de cruz.